Como ala independente no ato convocado pelo testa da CGT, para esconder
com as frases a imundície dos gestos, subordinando as legítimas
reivindicações operárias ao seu jogo dentro do peronismo, nossos
companheiros do PTS na Argentina aturam junto aos operários classistas
das internas de fábrica, no sentido da construção de um partido
revolucionário de trabalhadores sem burocratas nem patrões.
Numa situação mundial infectada com a crise, as discussões de
estratégia para uma nova etapa política dos trabalhadores, contra os
“Moyanos” e demais burocratas deste lado e do outro da fronteira, se
reaquecem. Da mesma forma, as possibilidades de uma ofensiva na
redefinição dos marcos estratégicos a partir da difusão da tradição
marxista revolucionária contida no trotskismo se incrementam como não
víamos há décadas (durante toda a “restauração burguesa” dos últimos 30
anos, etapa caracterizada pela ausência de revoluções); em medida
semelhante, não menos dignas de atenção são as possibilidades de que a
economia mundial, doente em seu organismo, regurgite no domínio político
“novas mediações” políticas (como a Frente de Esquerda na França, ou o Syriza
na Grécia), fenômenos eleitorais reformistas de esquerda a serviço de
conter a emergência da independência política dos trabalhadores e frear
suas tendências à auto-organização – no caso do Syriza, importantes
correntes do centrismo de origem trotskista, como a LIT-PSTU e o
PO-CRCI, se lançaram, com reservas, no apoio a essas reedições
parlamentares da reforma das instituições imperialistas. A própria
burocracia sindical tende a cumprir um papel distinto do que tinha o
luxo de desempenhar em períodos de prosperidade. Isso torna ainda mais
imperiosa a compreensão de que a derrota desses “novos” projetos de
conciliação com a democracia burguesa estará intimamente vinculada ao
“trabalho sem descanso da estratégia” dos marxistas revolucionários
(trotskistas) em todos os domínios dos novos fenômenos da luta de
classes.
O fenômeno argentino me invadiu a cabeça, deu lugar a algumas idéias,
que por sua vez buscaram meios para religar algumas “lâmpadas” de nossa
grande tradição e iluminar algumas questões chave em que os
revolucionários combateram as diversas manifestações da “teoria da
contenção” dos antagonismos de classe dentro dos limites da democracia
dos ricos (ainda que com reformas), e como o fizeram. Já na II
Internacional podemos encontrar brilhantes elaborações sobre isso. Nesse
interesse, já há algum tempo queríamos resgatar as lições de Rosa
Luxemburgo, forjada no calor de lutas políticas e teóricas contra os
“Moyanos” de sua época e o aparato burocrático da social-democracia
alemã, retomando a importância de reabrir o diálogo teórico-político
interrompido entre Rosa, Lênin e Trotsky, herdeiros do marxismo
revolucionário[1].
Não trataremos aqui das divergências que atravessaram o pensamento de
Rosa em relação ao bolchevismo (que deve ficar para reflexão próxima),
cuja importância não é menos digna de consideração, mas frisaremos
algumas questões de estratégia que os ligavam.
Alguns apontamentos sobre a política na social-democracia alemã
A discussão da utilidade das reformas sociais, no temário histórico do
marxismo, é de longa data. Uma das primeiras (certamente a primeira mais
importante) investidas do socialismo científico, depois da primeira
geração clássica de marxistas (Marx e Engels), contra o caráter útil das
reformas tomadas autonomamente, por fora da subordinação aos métodos da luta de classes revolucionária,
foi de Rosa Luxemburgo contra Eduard Bernstein. Em 1897-98, Bernstein
publicou uma série de artigos no órgão teórico do Partido
Social-Democrata alemão (Neue Zeit) em que tratava de refutar a
doutrina básica do socialismo científico, particularmente a afirmação
marxista de que o capitalismo contém em si mesmo o gérmen de sua própria
destruição. Quando os artigos de Bernstein, que culminavam na conclusão
de que a revolução não era necessária, de que os socialismo podia ser
alcançado pela reforma gradual do sistema capitalista, começaram a
aparecer, não causaram grande furor na direção da social-democracia
alemã, que não tomou a controvérsia a sério. Kautsky, por exemplo, o
maior expoente teórico do marxismo no mundo de então e editor da Neue Zeit – foi incumbido pelo próprio Engels de terminar os volumes inconclusos d'O Capital
de Marx! – sequer se deu ao trabalho de comentar ou advertir ao seu
amigo os sintomas de necrose do marxismo que infeccionavam suas
elaborações, mas considerava de alta qualidade os artigos e os aceitava
para publicação.
Quando Bernstein culminara a compilação de suas idéias no livro “O
socialismo evolucionista”, dentre a apatia da direção do SPD, foi Rosa
Luxemburgo quem soou o alarme e aplicou golpes teóricos habilidosos em
dois artigos de polêmica contra Bernstein, publicados posteriormente em
1900 sob o título de “Reforma ou Revolução?”. Segundo a revolucionária: “O
livro de Bernstein é de grande importância para o movimento operário
alemão e internacional. É a primeira tentativa de dar uma base teórica
às correntes oportunistas comuns na social-democracia”[2].
Os escritos de Bernstein foram a primeira tentativa, portanto, de uma
justificação teórica sistematizada para aquelas correntes dentro da
social-democracia que na prática rejeitavam o marxismo revolucionário e
seu programa, que embasava o partido. As condições para o surgimento
deste fenômeno político revisionista no desenvolvimento do partido se
incubaram desde a proscrição da Social-Democracia alemã em 1878, pela
leis anti-socialistas de Bismarck; e o interesse reside em que, ao se
suprimirem essas leis, em 1890, as tendências oportunistas aparecerem
com um caráter claramente definido, como produto da aceitação do partido
a existir, dali em diante, com os cuidados de não incorrer no risco de
“regenerar” as leis proscritivas, adaptando-se ao regime parlamentar
como atuação “na base de todas as coisas” para os socialistas. Nessa
década, o partido emergiu como uma importante e legalizada força
política com significativa representação no Reichstag e nas legislaturas
provinciais. Mas tudo isso, o partido conquistou pacificamente, dentro
das leis, estando afastado do elemento do combate, da educação
revolucionária dos trabalhadores em choque com as forças do estado. As
consequências desses “meios para fazer emergir partido” não se podem
desligar do surgimento de tendências revisionistas em particular, e da
orientação cada vez mais reformista da social-democracia alemã em geral.
Isso é de grande interesse para nós, mesmo estando numa época distinta
daquela.
Conscientes de não dedicar a atenção devida a aspectos importantes da
luta de Rosa contra Bernstein e outros revisionistas, como David e
Konrad Schmidt – como o papel do crédito e das formações monopólicas nas
crises capitalistas, contra as teses revisionistas de que esses são
“meios de adaptação” do capitalismo que atenua suas contradições –
tomaremos neste artigo os aspectos referentes ao caráter das reformas no
Estado capitalista e estratégia revolucionária.
As reformas sociais pelos seus reformadores: não confundir o instrumento pela mão que o dirige
Rosa Luxemburgo e August Bebel
Rosa será a continuadora direta de Marx no tratamento do Estado enquanto máquina da organização da violência de uma classe sobre a outra, com eixo da discussão teórico-política na natureza de classe do estado, antecipando as reflexões contundentes de Lênin em seu “Estado e Revolução” de 1917.
Bernstein tinha como ponto de partida a concepção de que é impossível que a classe operária possa conquistar o poder através da revolução, como impulso das pressões históricas, mas a realização gradual de reformas sociais "poderia" sim gradualmente colocar os meios de produção nas mãos da classe operária. Os sindicatos, as reformas sociais e a democratização política do estado são os meios da realização progressiva do socialismo.
Konrad Schmidt, da ala revisionista do partido, teoriza que: “a
luta sindical, referente às horas de trabalho e os salários, e a luta
política conduzirão a um controle progressivamente mais extensivo sobre
as condições da produção”, e “na medida em que os direitos do
proprietário capitalista sejam diminuídos através da legislação, será
reduzido com o tempo ao papel de simples administrador [...] até que a
direção e administração da exploração serão tiradas de suas mãos
inteiramente”[3].
Como veremos adiante, contrária a toda a tradição marxista clássica –
que foi capaz de analisar e extrair as lições estratégicas vitais da
Comuna de Paris (o primeiro “ensaio tímido” do poder proletário) para
cujo arsenal teórico as correntes oportunistas só tinham hostilidade –
os revisionistas apresentavam as lutas sindicais (esforços importantes,
porém limitados à regulação da exploração capitalista de acordo com a
situação do mercado) e a “velha tática provada” do parlamentarismo, como
as duas vias para se alcançar o socialismo. Sem duas “reservas”: não
subordinavam essas operações parciais a um sistema combinado de ações,
ou seja, as “independentizavam” da estratégia, diluíam a estratégia na
rotina das táticas; além disso, ao não tratar da natureza de classe do
estado, não chegava à conclusão de que as atividades parlamentares e
mesmo sindicais, dentro de certos limites, eram admitidas pelo estado
burguês, e vias que escolhera para manter os antagonismos dentro dos
marcos da sua ordem.
Dos autores marxistas revolucionários a tratar desse tema, Trotsky foi
um dos máximos expoentes. Defendendo a ditadura do proletariado na
Rússia na heróica luta pela sobrevivência do poder dos soviets – assim
como o exigiam imperiosamente os interesses da revolução mundial –
Trotsky investiu contundentemente contra a “metafísica da democracia” de
Kautsky, dissociando a democracia de seu conteúdo histórico e apoiando o
manuseio imperialista da democracia contra a democracia soviética. Na
obra “Terrorismo e Comunismo – o anti-Kautsky”, Trotsky trata do tema acima:
“A
doutrina proletária considerava a democracia como um instrumento a
serviço da sociedade burguesa, perfeitamente adaptado, por outro lado,
às necessidades e propósitos das classes dominantes. Mas, como vivia do
trabalho do proletariado e não podia, sob pena de arruinar-se, deixar de
legalizar alguns aspectos, ao menos, da luta de classes, a sociedade
burguesa oferecia deste modo aos partidos socialistas a possibilidade de
utilizar, em certa medida, e em períodos determinados, o mecanismo da
democracia, sem ocasionar o menor arranhão no seu princípio intangível”.[4]
Veremos
abaixo que Rosa Luxemburgo, desde sua primeira obra de peso, adotava
este ponto de vista revolucionário sobre o tema, e, assim como faz aqui
Trotsky com tamanha desenvoltura, desmascara o tratamento que a
social-democracia européia dedicava à “democracia”, supostamente
superior à História e às classes sociais.
Sobre as crenças de Schmidt, sobre o aspecto das reformas sociais, Rosa escreve: “Ele
espera que as reformas sociais, como as organizações sindicais,
'ditarão aos capitalistas as únicas condições sob as quais serão capazes
de empregar a força de trabalho'. Vendo a reforma sob essa luz,
Bernstein chama a legislação trabalhista uma peça de 'controle social'
e, como tal, uma porção de socialismo”[5].
Como resultado desse truque de substituição, as inocentes leis
trabalhistas promulgadas pelo Conselho Federal Alemão são transformadas
em medidas socialistas transicionais supostamente promulgadas pelo
proletariado alemão. A estas alegações, que destituem a máquina estatal
de uma classe dominante, convertendo, como todos os reformistas fazem, a
questão do Estado para os marxistas numa questão da “busca pela maioria
prometida” numa aparelho “que é de todos”, como responde Rosa? Têm
razão os reformistas quando reivindicam Rosa em nome de seu programa?
Eis a resposta da revolucionária: “A mistificação é óbvia. Sabemos
que o presente estado não é a 'sociedade' representando a 'ascendente
classe operária'. É ele mesmo um representante da sociedade capitalista.
É um estado de classe. Portanto, suas medidas de reforma não são a
aplicação do 'controle social' [...] mas formas de controle aplicadas
pela organização de classe capitalista sobre a produção do capital.”[6]
A definição da natureza de classe da democracia define também a natureza de classe das reformas sociais, ou seja, que sociedade se reforma.
As reformas sociais não apoderam as massas de um suposto “controle
social” progressivo sobre o modo de produção, tornando-o gradualmente
menos capitalista, mas, como medidas lançadas pelas mãos do estado dos
capitalistas, têm a função de proteger as formas privadas da
propriedade. A pergunta a se fazer é sempre: a reforma é feita por
quem? sob quais condições? em que medida é uma concessão, seus limites, e
até onde os capitalistas podem levá-la? Essas reformas
sociais, do ponto de vista econômico, ao contrário de Bernstein e
Schmidt, não são uma ameaça à exploração capitalista, são concessões que
regulam provisoriamente essa exploração, para serem removidas quando as
circunstâncias o permitirem.
Se, politicamente, os marxistas partem de conhecer que classe concede as reformas na sociedade em que é senhora das leis, em sua orientação na luta de classes, impulsionam junto à classe trabalhadora a maneira como se arrancam as conquistas parciais, e em que direção se encaminham.
Para retornar ao exemplo de Moyano na Argentina, sua principal
preocupação estava justamente neste aspecto da política: como impedir
que a classe operária, independente de seus distintos postos na
produção, se unificasse por seus métodos. As “Erínias” burocráticas
urraram, nos tempos de Rosa como nos nossos, para adormecer a
consciência de classe e domesticar a potência dos trabalhadores
organizados, castrando as ferramentas que deviam favorecer a ligação
entre as tarefas imediatas e as tarefas da revolução. Ao impedir o
método, Moyano impedia passar da “negociação” da exploração, para a
aniquilação dela. Daí seu grande valor para o regime kirchnerista e a
patronal, a despeito de dissidências provisórias.
Por isso, as reformas sempre devem ser vistas estrategicamente (e só aí consiste sua importância), ou seja, como conquistas parciais que determinam, em função do objetivo em questão, uma série de ações que a ele conduzem; nesse caso, para os revolucionários, as reformas nunca tem uma força própria independente da estratégia revolucionária. O mais importante aqui é o “como” se conquistam, que marcas subjetivas deixam no curso de sua busca, já que não se pode esquecer nunca que, quem tem o poder de estado para arrancá-las no dia seguinte, não tem poder sobre a experiência adquirida pelos trabalhadores.
Por isso, as reformas sempre devem ser vistas estrategicamente (e só aí consiste sua importância), ou seja, como conquistas parciais que determinam, em função do objetivo em questão, uma série de ações que a ele conduzem; nesse caso, para os revolucionários, as reformas nunca tem uma força própria independente da estratégia revolucionária. O mais importante aqui é o “como” se conquistam, que marcas subjetivas deixam no curso de sua busca, já que não se pode esquecer nunca que, quem tem o poder de estado para arrancá-las no dia seguinte, não tem poder sobre a experiência adquirida pelos trabalhadores.
Estado de classe e parlamentarismo: o “para quê” da reforma em Rosa
“A
prática partidária que resulta da teoria de Bernstein não parece
diferir da prática seguida pela social-democracia até agora.
Anteriormente, a atividade do Partido Social-Democrata consistiu no
trabalho sindical, na agitação pelas reformas sociais e pela
democratização das instituições políticas existentes. A diferença não está no quê, mas no como”[7].
Para Bernstein, a luta sindical e a atividade parlamentar dirigidas
pela social-democracia estão a serviço da “gradual redução da exploração
capitalista, para extensão do controle social”. Ambas as atividades
aqui se opõem às tarefas da revolução e da conquista do poder.
Essas atividades que podem ser feitas, dentro de certos limites, com o
consentimento da burguesia, são apresentadas como únicas vias aceitáveis
de atuação dos trabalhadores. Enquanto para o partido, até então, tais
atividades eram importantes porque preparavam o proletariado, isto é, “criam o fator subjetivo” para a transformação socialista pela revolução, de acordo com Bernstein, essas atividades, por si sós, gradualmente reduzem a exploração capitalista, “removendo” da sociedade capitalista seu caráter capitalista.
O “como” para Rosa Luxemburgo, o modo como nos propomos conquistar o
programa, era chave também, e aqui ela se aproxima desde muito cedo com
o que serão as elaborações estratégicas da III Internacional Comunista,
dirigidas por Lênin e Trotsky, depois da Revolução de Outubro. Seu “como”
era totalmente distinto do “como” revisionista de então, como foi
posteriormente com os meios da II Internacional social-patriota. Para
ela “o caráter de classe do estado o obriga a mover sua atividade e
seus meios de coerção cada vez mais para um domínio útil à burguesia, e
tem para a sociedade como um todo apenas uma importância negativa, como
no caso do militarismo, das tarifas e das políticas coloniais”[8].
Estabelecendo os fios tesos de continuidade com a crítica da teoria do
Estado feita por Marx e Engels, Rosa Luxemburgo, na contra-corrente de
toda a social-democracia alemã, ao considerar este estado como a
organização política do capitalismo, antecipa discussões chave como o
caráter de classe da democracia, sua “forma” democrática e seu
verdadeiro conteúdo: uma forma específica do estado de classe da
burguesia, instrumento de seus interesses:
“O
que o parlamentarismo expressa aqui é a sociedade capitalista, isto é, a
sociedade em que os interesses capitalistas predominam. Nessa
sociedade, as instituições representativas, democráticas na forma, são
em conteúdo os instrumentos do interesse da classe dominante. Isso se
manifesta de maneira tangível no fato de que, tão cedo a democracia
demonstre a tendência em negar o seu caráter de classe e ser
transformada no instrumento dos reais interesses da população, as formas
democráticas são sacrificadas pela burguesia e pelos seus
representantes de estado. Está aí a razão do porque a ideia da conquista
de uma maioria parlamentar reformista é um cálculo que, inteiramente no
espírito do liberalismo burguês, preocupa-se apenas com um lado – o
lado formal – da democracia, mas não leva em conta o seu outro lado, seu
conteúdo real. [...] O parlamentarismo é uma forma específica do estado
de classe burguês.”
Não
admira que Rosa não seja tratada com atenção na academia, nem
reivindicada pelos reformistas antes de “prudentes” restrições. Ao
contrário de “introduzir gradualmente” o socialismo na máquina de
opressão de classe da burguesia, por meio de reformas progressivas (por quem?),
Rosa atesta que a muralha existente entre as sociedades capitalista e a
socialista não são derrubadas, mas fortificadas pelo desenvolvimento
das reformas sociais e o curso da democracia. Apenas a “conquista do poder político pelo proletariado pode quebrar esta muralha”.
Mais uma vez a estratégia em Rosa Luxemburgo, mesmo na época anterior à
das revoluções proletárias, se prova contundente.
“Do
ponto de vista de um movimento para o socialismo, a luta sindical e
nossa prática parlamentar são vastamente importantes na medida em que
tornam socialistas a prontidão, a consciência do
proletariado, e o ajuda a se organizar como classe. Mas, uma vez
considerados como instrumentos da socialização direta da economia
capitalista, perdem não apenas sua eficácia usual, mas cessam de ser
meios preparatórios da classe operária para a conquista do poder. [...]
Isso é verdade, sempre que um esforço firme e verdadeiro para a
conquista do poder político impregna a luta sindical e o trabalho por
reformas sociais. Mas, se esse esforço é separado do próprio movimento e
as reformas sociais são tornadas um fim em si mesmas, então, tais
atividades não apenas não conduzem ao objetivo final do socialismo, mas
se movem precisamente na direção oposta”.[9]
Independentemente de seu conhecimento do estratega prussiano, Carl von
Clausewitz, Rosa se aproxima muito de sua definição de estratégia, e é o
queremos frisar aqui: “A estratégia é a utilização dos combates para atingir a finalidade da guerra”,
o que para Rosa se trata de guerra de classes. A continuidade dos meios
de classe nos fins de classe, a coerência entre eles, são usados como
arma teórica para combater a corrente oportunista, para além do conteúdo
dos métodos que serão debatidos acaloradamente depois da Revolução
Russa de 1905, principalmente sobre a greve geral de massas, tudo o que
deixaremos para uma próxima reflexão.
Para o primado da estratégia no marxismo
“Numa
palavra, a democracia é indispensável, não porque torna supérflua a
conquista do poder político pelo proletariado, mas porque torna essa
conquista do poder tanto necessária como possível”. Daí vem que, aqueles que se pronunciam a favor do método de reformas legislativas em lugar de e em contradição com a conquista do poder pelos trabalhadores, não estão escolhendo um caminho mais tranquilo e calmo para um mesmo objetivo, mas para um objetivo diferente
da revolução social. É assim que, como dizia Trotsky de Rosa, rodeada
de inimigos, os calava com o rigor de sua lógica e sua intransigência
revolucionária.
Moyano, (e é a última vez que mencionamos a escória, ao lado das mentes poderosas do marxismo), não queria sequer reformar algo, queria manter seus privilégios intactos mostrando sua importância para o governo Kirchner e a patronal, que tanto atacou a posição dos sindicatos na política. Como no Brasil, Artur Henrique da CUT persuade a patronal, representada pela FIESP, da perícia com que defende as reformas para a burguesia. “Quão lamentáveis são aqueles que carecem de paciência”, pensa Moyano, que trata de quebrar o que uniria os operários da Argentina, que independentemente disso protagonizam a primeira crise do kirchnerismo oriunda de mobilizações operárias. Contra os reformadores utópicos da burguesia (e aqueles que só querem sugar a seiva dos lugarzinhos rentáveis dos aparatos), os trotskistas (aqui, em completo acordo com Rosa) obrigamos as reformas a servir propósitos mais destrutivos nas mãos daqueles que as arrancam.
Obrigamos sempre a tática a servir a estratégia.
Moyano, (e é a última vez que mencionamos a escória, ao lado das mentes poderosas do marxismo), não queria sequer reformar algo, queria manter seus privilégios intactos mostrando sua importância para o governo Kirchner e a patronal, que tanto atacou a posição dos sindicatos na política. Como no Brasil, Artur Henrique da CUT persuade a patronal, representada pela FIESP, da perícia com que defende as reformas para a burguesia. “Quão lamentáveis são aqueles que carecem de paciência”, pensa Moyano, que trata de quebrar o que uniria os operários da Argentina, que independentemente disso protagonizam a primeira crise do kirchnerismo oriunda de mobilizações operárias. Contra os reformadores utópicos da burguesia (e aqueles que só querem sugar a seiva dos lugarzinhos rentáveis dos aparatos), os trotskistas (aqui, em completo acordo com Rosa) obrigamos as reformas a servir propósitos mais destrutivos nas mãos daqueles que as arrancam.
Obrigamos sempre a tática a servir a estratégia.
[1] “Apresentaram-se as Obras Escolhidas de Leon Trotsky”, http://www.cephs.blogspot.com.br/2012/05/apresentaram-se-as-obras-escolhidas-de.html.
[2] Luxemburgo, ROSA. “Reforma ou revolução?”, in: “Rosa Luxemburg, Speaks”. New York: Pathfinder Press, 2004, p. 120.
[3] Luxemburgo, ROSA. “Reforma ou revolução?”, in: “Rosa Luxemburg, Speaks”. New York: Pathfinder Press, 2004, pp. 69-70
[4] TROTSKY, Leon. “Terrorismo e Comunismo – o anti-Kautsky”. Editora Saga, p. 41.
[5] Reforma ou revolução?, p.73
[6] Idem, ibidem.
[7] Idem, p. 83
[8] Idem, p.79
[9] Idem, p. 83
Fonte: http://cephs.blogspot.com.br/
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