quinta-feira, 5 de julho de 2012

Futebol é o ópio do povo?


Quem não gosta de assistir aos jogos e socializar com os amigos nessas épocas de copa do mundo? Certamente, poucas pessoas não se enquadram nos perfis de milhares de fanáticos por futebol, as discussões acaloradas acontecem nos jogos do Brasil, porém os atritos são menores do que nas discussões sobre os clubes regionais, já que o povo do país se une nesse momento, infelizmente neste momento para torcer para o Brasil.
Outras implicações mercadológicas dizem respeito a maior comercialização de certos produtos como Televisores, bebidas e roupas relacionadas ao tema copa do mundo. A mídia tem papel importante no resultado de todas essas vendas, pois além de realizar a propaganda dos produtos ainda fortalece o imaginário das pessoas com relação a paixão destas pelo futebol.

Futebol é o ópio do povo?
O futebol é ópio do povo ou a sua mercantilização que o transformou em ópio do povo? 
Em um mundo regido pela economia de mercado, a propaganda, o marketing do produto, deve ser realizado de forma eficaz e ninguém melhor que as grandes empresas televisivas para colocar essa situação a pleno vapor. Essas grandes redes de comunicação atuam em diversas frentes, uma delas é no campo esportivo, caso especial do futebol.
As tardes de domingo e as noites de quarta não seriam as mesmas sem as tradicionais partidas de futebol, onde pode-se perceber que a tônica dos locutores e repórteres é sempre a de mitificar jogadores e clubes, ou seja, dar importância exagerada ao futebol e a tudo que o cerca.
Assistimos inúmeros casos de violência que são gerados pelo fanatismo de torcedores e dirigentes que colocam o amor ao clube sempre em primeiro lugar nas suas vidas, deixando todo o resto de lado. A cobertura feita pela TV ao time formado por jogadores brasileiros que representam o país em campeonatos e principalmente na copa do mundo chega a beirar o enfadonho, pois prega uma divindade a esses grupos de jogadores, um exército único e perfeito que irá salvar o pais da desgraça, e de todos os problemas com a tão aguardada vitória nos jogos.
O Termo "seleção brasileira" é pronunciado com tanta veemência e emoção pelos narradores, o grito de gol denota a total entrega, o ápice do endeusamento... Um jogo que dura 90 minutos de suas vidas, não deixa pensar em nada, sem ser no futebol.
Com tantas coisas belas no planeta, com tantas atitudes nobres para tomar e tantas coisas gostosas de se fazer, muitos homens dedicam seus tempos com isso. Todo e qualquer esporte é benéfico, desde que não seja para manipular e domesticar o publico. Com tantos problemas no mundo, tantos desvios de conduta e coisas a serem corrigidas, homens vivem esses 90 minutos como se não houvesse nada de mais importante na vida, enquanto 22 homens lutam pela posse de uma bola.
O êxtase esta em escapar de uma sociedade afogada na ignorância, porque já não temos vontade de pensar, de agir, já não temos vontade de estar vivos, sobrevivemos em uma sociedade presa as suas crenças, onde aqueles que buscam a felicidade e fazer o bem, são chamados de loucos.
“A religião é o ópio do povo”, cunhou Karl Marx em uma de suas máximas...
 No Brasil, a maior nação católica do mundo, trocou-se a devoção no altar pelo futebol. Na
terra de Pelé, Garrincha e Ronaldinho Gaúcho, dá-se como certo que o futebol é o ópio do povo. Será? (José R. A. Bonfim)
Lamentavelmente o futebol se tornou o ópio do povo. É a "política do pão e circo" para esconder os problemas sociais, esquecendo por um momento as mazelas sociais e econômicos durante esse período.
A Copa do Mundo não deixa de ser um importante evento futebolístico, entretanto será que um país como o Brasil, com tantos problemas sociais, com tantos desníveis sócio-econômicos, com uma economia tão frágil, pode se dar o luxo de parar em dias em que há partidas da seleção brasileira? Será que nós brasileiros, que acompanhamos aos jogos da Copa, temos o direito de esquecer que existe
pobreza no Brasil durante os jogos de futebol?(ALTMAN, 2006 )
O Futebol seria sobretudo a válvula de escape para todos os problemas que todos os brasileiros vivem. No filme “Prá frente Brasil” de Rogério farias, 1983, mostra por exemplo o povo torcendo e vibrando intensamente nos jogos do Brasil na Copa do México de 1970 e no mesmo momento prisioneiros políticos são torturados e inocentes são vítimas da violência do regime militar, ou ainda enquanto muitos não descolam os olhos da TV, milhares de pessoas no mesmo momento passam fome, ou estão cheios de dividas.
A super-valorização do futebol pela mídia brasileira contribui para o agravamento dessas questões relacionadas a alienação de um povo, pois investe muito em comunicação para deixar o imaginário do torcedor cada vez mais fanático pelo futebol, mostrando grandes imagens do campo com as super-câmeras, valorizando sobremaneira tudo que envolve o futebol. Infelizmente isso ocorre a cada quatro anos. Os problemas sociais são esquecidos, a miséria, a segurança, a roubalheira política...etc.
E nesses dias, Tudo funciona  precariamente, os hospitais, as delegacias, os bancos, supermercados, farmácias, as conduções, as escolas.
Do povo faminto, infelizmente, nada pode ser exigido, pois o Mundial é uma das poucas alegrias, apesar de falsa e momentânea. A televisão, manipula as notícias, causando um "efeito Copa", em que as pessoas priorizam os jogos de futebol. Pode surgir sim, alguma notícia importante que precisa ser informada, que logo é sufocada por alguma notícia da concentração da seleção brasileira.  
Como o resultado influir nas pessoas? Se houver um resultado negativo, o país volta à realidade mais cedo. Se vencer, o resultado pode ser prolongado por mais tempo. A situação é irônica, o povo está com fome, mas está feliz, “pobre mas feliz”. Se as
pessoas torcem para que o time jogue bem e ganhe, não há problemas.
Reinará a felicidade no território brasileiro, mas não pode substituir condições dignas de vida. A prioridade deve ser ais condições sociais e humanas. Quem não consegue ver por diversos ângulos, realmente pensa que conhece a realidade nacional, quando, na verdade, é levado pela correnteza do inconsciente coletivo. Será apenas mais uma peça para o consumo, engolindo uma ilusão nefasta. Nossa inteligência é menosprezada. Um imenso circo interativo para consumo. Se quisermos um país campeão nas coisas que realmente importam, como a educação e a saúde, o que deveríamos fazer seria nos informar e participar do andamento dos trabalhos legislativos da nossa cidade. Acompanhar a execução do orçamento municipal.
Se comprometêssemos com as soluções dos problemas de nossa cidade do mesmo jeito que vemos o comprometimento com a copa do mundo, a nossa realidade seria outra. Sabendo que a vitória da seleção na Copa do Mundo é explorada pela propaganda do sistema neoliberal, alguns intelectuais afirmavam que o futebol é o "ópio do povo", pois faz a população se alienar, deixando de lutar pela solução dos problemas sociais.
Se perguntarem aos jovens de hoje sobre os problemas sociais, as injustiças, a fome, a pobreza, a doença, a falta de assistência médica e medicamentos, o analfabetismo, falta de escolas ou professores. Podem ter a certeza que vão demonstrar um sentimento de revolta e de indignação, mas também um ato de rendição, de submissão, influenciado pela ideia da incapacidade de alterar este estado de coisas.
Combater a fome no mundo tornou-se, uma realidade contra a qual ninguém faz nada, porque não é a solidariedade que se transforma num espetáculo midiático, que nos ajuda a mudar. Veja a catástrofe do Haiti que a mídia já quase esqueceu e a morte de Michael Jackson que continua nas manchetes em todo o mundo.
Marx(...) nunca sonhou com este mundo do futebol(...). Ele não contava com as televisões que preferem o imediatismo do futebol a todo resto, que escondem a fome ou desvalorizam a pobreza, em nome do luxo. Ele não imaginava este outro
“ópio do povo”, mais moderno, mais mediático, expandido à escala mundial, que derruba fronteiras com a maior facilidade deste mundo, escondendo misérias que todos conhecem.
Com futebol descansam os governos, podem aumentar os preços, pode dizer que afinal o desemprego vai crescer e o desenvolvimento econômico baixar. Podem até falar todos ao mesmo tempo, porque ninguém desvia o olhar, um segundo que seja, da televisão, dos passes mágicos, das fintas, dos dribles, etc.  
Depois da copa voltamos a falar de novo, os governos voltam a ter menos descanso, as greves e paralisações podem voltar a ser convocadas. Mas até lá, nada. Os combustíveis podem aumentar, o desemprego subir, as empresas desempregar, o custo de vida subir, etc,
Claro que se tudo isto falhar, se o azar nos bater à porta mais cedo do que muitos esperam, então as coisas complicam-se um pouco, mas não tanto até ao menos sabermos qual será a equipe que leva a taça para casa. Sempre gostava de saber o que é que Marx e outros filósofos do seu tempo, à direita ou à esquerda,  conseguiriam fazer contra este novo “ópio do povo”…( MALHEIRO, 2008) Se Marx disse “a religião é o ópio do povo” é porque não conhecia o futebol!
Futebol e Ciências Sociais O tratamento dos esportes pelas ciências sociais explora dois pontos de vistas. De dentro, de quem esta diretamente envolvido emocionalmente com ele e outro, de fora, ou seja, quem não tem influencia emocional com ele. Até a década dos anos oitenta, dominava uma perspectiva crítica, influenciada pelo marxismo e também pela Escola de Frankfurt que, considerava o futebol uma variante do ópio dos povos, uma poderosa força de alienação dos dominados, de distanciamento, de seus verdadeiros interesses emancipatórios( SILVA, 2006).
Hoje temos uma interpretação diferente e uma nova teoria, o esporte tornou-se escola de aprendizado da igualdade e da justiça, de expressão do nacional ou regional e de integração social.
Ao afirmar que o futebol "é o ópio do povo", estamos nos colocando fora e, então, não se pretende manter o futebol nem ajudar a desenvolve-lo, no campo ético ou estético.
Também , se afirmarmos que a religião "é o ópio dos povos"  a mesma forma não temos nenhum compromisso com sua sobrevivência. Difícil imaginar uma cultura sem religião, uma economia sem exploração, uma política sem líderes e um esporte sem competição.
Por outro lado, quando nos situamos dentro, apenas podemos elogiar ou postular reformas que o melhorem. Os comentaristas esportivos manifestam o seu amor e pedem mudanças. Reconhecem a ambiguidade ética, e acreditam que podem fazer algo melhor, fazendo que aumente o respeito voluntário pelas regras e diminua a violência entre
jogadores e torcedores. Uma boa parte dos que falam de dentro do esporte, postulam reformas para o seu aperfeiçoamento.
Um exemplo é a crítica à mercantilização do esporte ou perda de uma condição originária, pelo domínio da exploração capitalista. Segundo Efraim Maciel e Silva "Essa crítica já estava na famosa obra de Huizinga, Homo ludens". Exemplo também são os professores de educação física, amam o esporte e pretendem reformá-lo para que perda seu caráter comercial, competitivo ou degradado. Algumas propostas sobre o esporte modificam os seus aspectos centrais que dificilmente concordaríamos.
Por exemplo, quando parecem pretender eliminar a competição do esporte. O esporte socialista durante sua vigência tinha dois traços que o distinguiam do capitalista: era mais utilizado em benefício do Estado do que dos particulares e recompensava muito mais com benefícios não monetários do que monetários, o central, continuou igual.(SILVA, 2006).
No campo da ciências sociais, a relação emotiva com o esporte está levando na direção de interpretações que destacam seus traços positivos, se superarmos as suas falhas ou degradações atuais.
A análise atual do esporte baseia-se no estabelecimento de relações emotivas, de pertencimento, de estar dentro, que leva apenas na direção do aperfeiçoamento do que está ai. Como também, se manifesta o espírito reformista e aperfeiçoador da época. É importante observar o papel das redes de comunicações, principalmente as televisivas, em massificar a pseudo importância do futebol para a vida das pessoas, fazendo com que ultrapasse o limite de simples horas de lazer para se tornar a própria vida das pessoas, pois tudo que envolve o futebol é glorificado e considerado como algo extraordinário e intocável.
Claro que os meios de comunicação precisam sobreviver vendendo o futebol, mas a lavagem cerebral do povo atinge níveis absurdos, como exemplo, na época de copa do mundo pessoas que detestam futebol acompanham como se fosse o torcedor mais fanático, sem ao menos saber o que está acontecendo dentro das quatro linhas, tudo se esquece, até seus próprios gostos são esquecidos, tudo para  se inserir no mundo de fantasia criado chamado futebol.  
Sabemos que o futebol é uma modalidade de exporte coletivo, e por isso é importante para a sociedade, como integração e saúde. O que chamamos a atenção e a utilização dele pelo mercado, transformando-o num negócio de alta rentabilidade de um grupo as custas de muita manipulação midiática a ponto de o transformar em devoção para um grande número de seguidores. È  isso que problematizamos.
Futebol é ópio do povo? Como criar consciência nos espectadores desta mídia? È possível reencaminhar a pratica exportiva do futebol apenas para lazer e saúde? Com este artigo queremos apenas debater esse assunto. Pense sobre, e tire suas conclusões...
Considerações gerais
Sabemos que o futebol é uma modalidade de exporte coletivo, e por isso é  importante para a sociedade, como integração e saúde. O que chamamos a atenção e a utilização dele pelo mercado, transformando-o num negócio de alta rentabilidade de um grupo as custas da manipulação midiática a ponto de o transformar em devoção para um grande número de seguidores.
È isso que problematizamos. Futebol é ópio do povo? Como criar consciência nos espectadores desta mídia? È possível reencaminhar a pratica
esportiva do futebol apenas para lazer e saúde?
Autores:
João Gerber - Assessor Pedagógico do Portal Dia a Dia Educação – SEED/PR
Wilson Brasilio - Técnico Pedagógico do Monitoramento da Educação a Distância - SEED/PR

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