Em Dezembro
de 2011; por alguma razão, tivemos que realizar uma viagem ao México
para um Congresso de Educação e Consciência que se realizaria em
Mexicali.
Neste
congresso, iriam pessoas relacionadas à Educação, mas ainda assim, sua
organizadora, uma mulher de uns 80 anos com o espírito e vitalidade de
20, convidou, a mim e a Diego, junto com German e Vero, para falarmos da
Educação de outra perspectiva. Claramente, o que eu e Diego tínhamos
para compartilhar não tinha nada a ver com um sistema educativo, e sim
com a aprendizagem de algo muito mais amplo, a saber, a aprendizagem
Universal.
Nesta
palestra, ou aula, foi a primeira vez que falei do Grande Pai. Soubemos
que Mexico tinha a forma de um homem, um sábio aborígene, sentado. Seu
Coração se localizava em algum lugar no peito, a que chamam Chihuahua;
Cidade Juarez era sua garganta, laringe (bastante suja e dolorida), seus
rins frustrados e parte inferior das costas, a província de Sinaloa,
seu estômago e plexo, a região central, onde estava a capital e suas
pernas, joelhos, era Yucatán. Onde nós estávamos era seu ombro direito,
sobre seu braço, que era a península da Baixa Califórnia.
México havia sido um país muito antigo e importante que abrigava muitos povos aborígenes civilizados, mas foi dominado pela Espanha, a Grande Mãe dando seus novos limites e objetivos.
Naquela
estadia em Mexicali, nos demos conta de que estávamos, de certa forma,
fazendo uma massagem nos ombros do Grande Pai, e foi assim que
percebemos que a este padre faltava algo muito importante: a CABEÇA.
Os
Estados Unidos haviam cortado a cabeça daquele Velho Sábio, deixando–o
sem sentido. Desde aqueles tempos, quando os estados da Consciência,
quais sejam: Novo México, Arizona, Colorado, Nevada e Califórnia, foram
separados deste território de união, o espírito do Pai se perdeu, e,
portanto, todo o sentido pelo qual existia. A partir desse momento, os
povos aborígenes tiveram uma divisão muito grande entre seus chakras
superiores e os inferiores, fazendo com que os povos originais dos USA
perdessem sentido na Terra, e fazendo com que o povo mexicano se
tornasse emocional e irascível.
Mas era
hora de reconhecer esta sabedoria a partir de um aspecto muito além das
tribos, dos povos nativos, dos maias, navajo, hopi, astecas, isto devia
ser observado de uma perspectiva muito mais global: aquilo que a Grande
Mãe tirou do Grande Pai devia ser liberado, para que sua sabedoria
geográfica permita que a nova mensagem chegue à Nova Mãe: o sul
Sulamericano.
Terra Hopi, o centro da Consciência
Foi por esta razão que a vida me levou a conhecer Roy.
Roy Littlesun,
é um nativo da ilha de Java, Indonésia. Em suas viagens, chegou ao
deserto do Arizona, várias décadas atrás, onde conheceu Titus, seu pai
adotivo hopi.
Titus
sabia que entre os Hopi havia se passado algo há muito tempo que fez com
que, dentro da mesma família aborígene, houvesse confrontos e
desentendimentos.
Isto
levou a compreender que os Hopi não estavam preparados para levar sua
milenar mensagem ao mundo, e teriam que ser aqueles que viessem de fora,
aqueles que portavam a energia da viagem e da comunicação, os que
levassem a mensagem dos Hopi para o mundo.
Foi por
isso que Titus ensinou tudo que esteve em seu alcance a Roy, o qual
seria encarregado de fazer esta mensagem chegar até as terras que
deveriam recordar e liberar: Ibéria e Europa.
Ali
conheci a este pequeno avô de setenta e tantos anos, com quem tivemos
conversas sobre o futuro e as chaves da Nova Humanidade. Nunca pensei
que no ano seguinte estaria pisando em suas terras, que me mostrariam
realidades muito diferentes das que imaginava.
Ao chegar
a Phoenix, uma energia muito estranha me envolveu...pareciam serpentes
gigantes que saiam das montanhas e faziam com que meu campo se sentisse
doente. Arizona me recebia com a sensação de que no deserto havia
energias contraditórias muito grandes, e estes animais etéricos
mostravam tal realidade. Depois de aterrissar em Flagstaff, me esperava
uma viagem de duas horas de carro até a Granja de Titus, na reserva dos
Navajo, em terras Hopi.
Roy me
explicou que quando os Navajos começaram a atacar a Coroa Espanhola, os
espanhóis ameaçaram fazer praticamente desaparecer este povo. Mas os
Hopi interviram, pedindo que houvesse uma trégua e, para isto, em troca,
os hopi pediram aos navajo que cuidassem de seus limites. É por isso
que o território das Quatro Esquinas (Arizona, Colorado, Novo México e
Utah) está sob custódia da Reserva dos Navajo, e, no centro, as Terras
Hopi.
Ao
chegar, me encontrei em pleno deserto, sem nada ao seu redor, uns poucos
pés de milho crescidos, e duas casas, umas das quais era um trailer de
caminhão enorme, e a outra, uma cozinha.
Sem luz
nem água, ali vivia Roy, dividindo o lugar com algumas pessoas que
estão, normalmente, de passagem. Caroline e seu parceiro do Japão, há
dois anos estavam ali, e em março haviam tido seu pequeno bebê ali
mesmo.
Um
alemão, Fritz, uma colombiana, Camila, e um norte-americano, Rusty,
estavam por ali de passagem por tempo indeterminado. De vez em quando
aparecia algum xamã guatemalteco, mexicano, alguns visitantes de Los
Angeles, mas todos iam e vinham.
Ali me
dei conta de algo. Passeando pelo deserto com Roy, pude conectar-me com a
energia do lugar, e percebi que estava adormecida.
Todos concordavam comigo. A consciência do Grande Pai dormia, e não podia despertar por meio daqueles que a habitavam.
Esta
terra foi, supostamente, o Primeiro Polo Norte da Terra,por isso é um
território completamente vulcânico, e com milhares de minerais que
surgiram do centro da terra. A informação que possui este território é
poderosa, mas ninguém a utiliza.
Desde
que os Estados Unidos (a Grande Vaca), cortou a cabeça do Sábio, os
povos nativos perderam seu sentido. O sentido da voz, do espírito, do
coração, do ser, todos estavam separados. Isso se refletia em sua
sociedade. O povo Hopi é um povo de tradições. Percorrer seus povoados é
como transportar-se ao Altiplano Andino, uma imagem pouco esperada nos
EEUU, mas este está, sem dúvida, ali, porém infiltrado entre eles;
centenas de comércios americanos invadiram suas ideias e formas de vida:
Mc Donald´s, Coca Cola, Hospitais, 4x4, negociados pelas terras,
incluindo a atual disputa pela venda das únicas águas.
Os Hopi,
observei, ainda possuem, como povo, uma inocência que mantém suas
tradicções, suas histórias, mas pude notar que não acontecia o mesmo com
sua Consciência. Como muitos povos aborígenes, absorveram apenas o mais
degradante das culturas ocidentais, ou permanecem desconectados do
mundo. Muitos nem sequer sabiam que as pessoas do mundo conhecem suas
histórias e profecias, muitos jamais saíram do Arizona. É uma sociedade
que reflete o mundo: dividida e em decadência, mas com uma esperança em
suas intenções de manter o que são.
Sem dúvida, parecia que a Terra já não responde há séculos ou milênios, e que as Kachinas (mensageiros ou mestres de Luz) já não vêm por suas terras.
Roy e a
maioria do Hopi não se dão muito bem. Roy pensa que os Hopi se
desconectaram de seu propósito, e os Hopi pensam que Roy se mete muito.
Sem dúvida, ambos estão cumprindo o que devem fazer...mas algo faltava
ali, algo que a terra está constantemente refletindo, e que parece
difícil compreender.
A mensagem dos Três Conceitos
Para
observar a realidade Hopi, um dia nos dispusemos a ir de carro, Camila,
Fritz e Rusty, a uma dança de Kachinas para pedir chuva, em um povoado
que estava magicamente localizado sobre um planalto. Com surpresa vimos
que chegamos justamente para a última kachina do ano, na qual os payasos seriam os anfitriões.
Segundo
me contou Ruben, um nativo Hopi que compartilhou conosco os encontros
de Barcelona e Madri, há milhares de anos as Kachinas eram mensageiros
de luz que vinham ensinar aos homens e mulheres. Se pareciam com
humanos, mas não eram. Em um momento, um dos humanos tentou aparentar
ser como eles, e isso os aborreceu. Por esta razão, desde aquele
momento, as kachinas não voltaram nunca mais. Somente às vezes voltavam
em forma de elementos da natureza, como o vento, nuvens ou chuva. Estes
enviavam mensagens, até que um dia uma pessoa conseguiu comunicar-se com
eles, e após idas e vindas, discussões e oferendas dos sábios humanos,
as kachinas decidiram ensinar a alguns deles como poderiam, eles
próprios, humanos, a sua maneira, fazer aquilo que antes faziam estes
mensageiros. Lhes disseram que se queriam tanto ser como eles, que
deveriam praticá-lo. Desde esse momento, as cerimônias kachinas
invadiram as culturas do sul norte-americano.
A festa
era grandiosa, gente de todas as idades e arredores visitava o povoado. A
praça central se encheu de gente feliz, e dezenas, senão umas poucas
centenas, rodeavam caminhando, sentados ou correndo sobre os
telhados dos vizinhos. A imagem de centenas de pessoas sentadas nos
telhados, enquanto os payasos kachinas lançavam a todos: frutas e
doces, que voavam pelo ares, enquanto todos felizes corriam para
agarrá-los, era impressionante. As danças para a chuva começaram e
duraram até que o sol se pôs no horizonte.
Infelizmente,
proíbem as câmeras fotográficas, por isso lamento dizer que não pude
obter nenhuma imagem de semelhante festa, já que me advertiram,
inclusive, que me poderiam tomá-la.
Não havia
ninguém tirando fotos...talvez, para não pegar os espírito do momento,
mas esta é outra das razões pelas quais o mundo não pode aprofundar-se
na mensagem atual do povo indígena.
Minha pergunta foi muito ocidental: por que fazem tanto esforço para pedir chuva, e não se mudam para onde chova?
Obviamente,
me respondeu Roy, este seria o caminho fácil. Os antigos sabiam que o
espírito puro, o espelho da vida, somente poderia ser encontrado no
deserto, e por isso muitas das antigas tribos e civilizações procuraram
viver no deserto ou perto dele, para poder encontrar a conexão com o
espírito interno e externo. O esforço de consegui-lo, o caminho, era o
importante, e as facilidades não ajudavam o povo a encontrar essas
respostas.
Caminhando
pelos telhados, enquanto a festa continuava, pude encontrar no céu algo
que em seguida me atraiu e soube que queria me dizer algo. Então soube
que de uma maneira ou de outra, essas nuvens eram uma daquelas kachinas…
Antes
do pôr-do-sol, uma estranha nuvem se formou no horizonte, tomando
estranhas formas que com a luz do entardecer pareciam divinas e
pintadas.
Três
picos rodeados de três bolas mostravam três conceitos esquecidos, mas
cravados como espinhos na terra. Três coisas que não podiam soltar-se e
que as próprias pessoas haviam enterrado e esquecido. Esta terra estava
adormecida e devia despertar. Faria isso quando suas três mensagens
fossem compreendidas e fossem devolvidas ao redor da terra como
mensagens, e assim, no novo amanhecer, o Leão se levantaria e a
sabedoria floresceria nas novas terras.
Três conceitos, que não entendi naquele momento.
Ao
retornar, comentei com Roy, e começamos a indagar sobre o que esta terra
nos estava pedindo. Mas isso seria algo que entenderíamos quando as
águas limpassem nossa âncora no deserto.
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