Pangolim,
mamífero em extinção, pode ser possível hospedeiro intermediário do
coronavírus, dizem cientistas chineses - Afirmação é de pesquisadores da Universidade de
Agricultura do Sul da China.
O pangolim, um pequeno mamífero conhecido por suas
escamas e ameaçado de extinção, pode ter tido um papel intermediário na
transmissão ao homem do novo coronavírus, que já matou mais de 600 pessoas na
China, de acordo com as agências de notícias Reuters e France
Presse.
A afirmação é de pesquisadores da Universidade de
Agricultura do Sul da China. Eles identificaram o pangolim como um possível
"hospedeiro intermediário" que facilitou a transmissão do vírus,
informou a universidade em um comunicado, sem dar mais detalhes.
"Esta última descoberta será de grande
importância para a prevenção e o controle da origem [do vírus]", informou
a Universidade Agrícola do Sul da China, que liderou a pesquisa, em comunicado
em seu site.
Dirk Pfeiffer, professor de veterinária da
Universidade da Cidade de Hong Kong, alertou que o estudo ainda está longe de
provar que os pangolins transmitiram o vírus, segundo relato à Reuters.
"Você só pode tirar conclusões mais
definitivas se comparar a prevalência [do coronavírus] entre espécies
diferentes com base em amostras representativas, o que essas quase certamente
não são", afirmou Dirk Pfeiffer.
Mesmo assim, Pfeiffer afirma que ainda é necessário
estabelecer um vínculo com os seres humanos através dos mercados de alimentos
de Wuhan, considerado o ponto inicial da transmissão do vírus.
Embora protegido pelas leis internacionais, o
pangolim é um dos mamíferos mais traficados da Ásia. Sua carne é considerada
uma iguaria em países como a China e o Vietnã e suas escamas são usadas na
medicina tradicional, de acordo com a organização não-governamental World
Wildlife Fund (WWF).
Em 2016, a Convenção Internacional sobre o Comércio
de Espécies Selvagens Ameaçadas de Extinção introduziu o pangolim em uma lista
que proíbe sua comercialização. De acordo com as ONGs, porém, apesar desta medida,
o tráfico ilegal dessa espécie continua aumentando.
Do morcego ao pangolim
Pesquisas anteriores já traçaram que os genomas do 2019-nCOV e os
que circulam no morcego são 96% idênticos.
O vírus do morcego não é, porém, capaz de se fixar em humanos
receptores e, sem dúvida, precisa passar por outra espécie para se adaptar ao
homem, o que é chamado de "hospedeiro intermediário".
Uma das
possibilidades investigadas pelos cientistas é a de que os morcegos são o
reservatório do vírus, que se espalhou de morcegos para humanos através do
tráfego ilegal de pangolins.
Pesquisa
Os cientistas estudaram 1 mil amostras de animais
selvagens. Com isso, determinaram que os genomas das sequências de vírus
estudadas no pangolim eram 99% idênticos aos dos pacientes infectados pelo
coronavírus em Wuhan.
Dada a natureza
do novo coronavírus, os especialistas suspeitam de que havia um mamífero que
agia como um "hospedeiro intermediário". Por algum tempo, pensaram
na cobra, mas essa hipótese foi descartada.
Na epidemia de
Síndrome Respiratória Aguda Grave (Sars), entre 2002 e 2003 na China, também
causada por um coronavírus, o hospedeiro era o civet, um pequeno mamífero de
carne muito apreciada na China.
Para conter a
epidemia, o governo chinês anunciou, no final de janeiro, uma proibição
temporária do comércio de animais silvestres. Criação, transporte e venda de
todas as espécies selvagens também estão proibidos por tempo indeterminado.
Todos os anos,
100.000 pangolins são comercializados ilegalmente na Ásia e na África, sendo
uma espécie mais cobiçada por traficantes de animais selvagens do que elefante,
ou rinoceronte, segundo a ONG WildAid.
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