Estudo indiano encontrou vestígios da espécie 'Myripristis murdjan' em
seu DNA, o que indica que ele pode ter sido o hospedeiro da doença
“DNA do peixe Myripristis murdjan está presente no código
genético do novo coronavírus Foto: Reprodução”
RIO — Um estudo indiano encontrou vestígios de DNA do peixe
da espécie Myripristis murdjan no código genético do novo coronavírus. Isso significa
que ele pode ter sido o hospedeiro anterior à contaminação humana.
O trabalho
lembra que esse novo vírus está associado a um surto de doença
respiratória febril na cidade de Wuhan,
província de Hubei, na China, com uma associação epidemiológica ao
mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, que
vende animais silvestres vivos.
Coronavírus: O
que se sabe até agora?
A Organização Mundial
da Saúde (OMS) decretou nesta quinta-feira emergência de
saúde pública de interesse internacional por conta da epidemia do coronavírus,
que já deixou 213 mortos na China e
mais de 9 mil infectados. É a sexta vez que a entidade aciona o
dispositivo desde a criação do mecanismo, em 2005.
O estudo é conduzido por Arunachalam
Ramaiah, da Universidade da Califórnia e do instituto indiano Tata for Genetics
and Society, e por Vaithilingaraja Arumugaswami, também da Universidade da
Califórnia.
O objetivo do estudo é,
segundo os autores, encontrar "determinantes imunológicos de seu
proteoma", o que seria "crucial para a contenção de surtos e os
esforços preventivos".
"A
identificação das espécies animais de origem para esse surto facilitaria as
autoridades globais de saúde pública a inspecionar a rota comercial e o
movimento de animais selvagens e domésticos em Wuhan e tomar medidas de controle
para limitar a propagação desta doença", afirma o documento, publicado no
portal Biorxiv.
A pesquisa afirma que
os coronavírus são comumente encontrados em espécies de animais como morcegos,
camelos e seres humanos.
Ocasionalmente, os
vírus em animais podem adquirir mutações genéticas por erros durante a
replicação do genoma ou mecanismo de recombinação, o que pode expandir ainda
mais seu contágio em seres humanos.
Os primeiros
coronavírus em humanos, segundo o estudo indiano, foram descobertos em meados
da década de 1960. Um total de seis tipos de CoV humanos foi identificado como
responsável por causar doenças respiratórias humanas.
"Normalmente,
esses CoVs causam infecção assintomática ou doença respiratória aguda grave,
incluindo febre, tosse e falta de ar. No entanto, outros sintomas, como
gastroenterite e doenças neurológicas de gravidade variável, também foram
relatados".
Morcego
Outro estudo, publicado
na terça-feira na revista "Science China Life Sciences", patrocinado
pela Academia Chinesa de Ciências de Pequim, analisou a
relação entre a nova cepa e outros vírus.
A pesquisa aponta que o
coronavírus que surgiu na cidade de Wuhan está estreitamente relacionado a uma
cepa existente em morcegos.
Essa teoria levanta a
possibilidade de o vírus ter se originado em morcegos e ter sido transmitido
aos humanos por cobras.
"Os resultados
derivados de nossa análise de sequência sugerem pela primeira vez que a cobra é
o reservatório de animais silvestres mais provável", escreveram os
cientistas.
O estudo sugere ainda
que o 2019-nCoV pode ter sido resultado de uma combinação de vírus de
morcegos e cobras, o que acontece quando animais vivos são mantidos juntos
em locais fechados.
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