sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Peixe pode ter sido hospedeiro do novo coronavírus, diz pesquisa


Estudo indiano encontrou vestígios da espécie 'Myripristis murdjan' em seu DNA, o que indica que ele pode ter sido o hospedeiro da doença


“DNA do peixe Myripristis murdjan está presente no código genético do novo coronavírus Foto: Reprodução


RIO — Um estudo indiano encontrou vestígios de DNA do peixe da espécie Myripristis murdjan no código genético do novo coronavírus. Isso significa que ele pode ter sido o hospedeiro anterior à contaminação humana.
O trabalho lembra que esse novo vírus está associado a um surto de doença respiratória febril na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China, com uma associação epidemiológica ao mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, que vende animais silvestres vivos.
Coronavírus:  O que se sabe até agora?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou nesta quinta-feira emergência de saúde pública de interesse internacional por conta da epidemia do coronavírus, que já deixou 213 mortos na China e mais de 9 mil infectados. É a sexta vez que a entidade aciona o dispositivo desde a criação do mecanismo, em 2005.
estudo é conduzido por Arunachalam Ramaiah, da Universidade da Califórnia e do instituto indiano Tata for Genetics and Society, e por Vaithilingaraja Arumugaswami, também da Universidade da Califórnia.
O objetivo do estudo é, segundo os autores, encontrar "determinantes imunológicos de seu proteoma", o que seria "crucial para a contenção de surtos e os esforços preventivos".
"A identificação das espécies animais de origem para esse surto facilitaria as autoridades globais de saúde pública a inspecionar a rota comercial e o movimento de animais selvagens e domésticos em Wuhan e tomar medidas de controle para limitar a propagação desta doença", afirma o documento, publicado no portal Biorxiv.
A pesquisa afirma que os coronavírus são comumente encontrados em espécies de animais como morcegos, camelos e seres humanos.
Ocasionalmente, os vírus em animais podem adquirir mutações genéticas por erros durante a replicação do genoma ou mecanismo de recombinação, o que pode expandir ainda mais seu contágio em seres humanos.
Os primeiros coronavírus em humanos, segundo o estudo indiano, foram descobertos em meados da década de 1960. Um total de seis tipos de CoV humanos foi identificado como responsável por causar doenças respiratórias humanas.
"Normalmente, esses CoVs causam infecção assintomática ou doença respiratória aguda grave, incluindo febre, tosse e falta de ar. No entanto, outros sintomas, como gastroenterite e doenças neurológicas de gravidade variável, também foram relatados".

Morcego

Outro estudo, publicado na terça-feira na revista "Science China Life Sciences", patrocinado pela Academia Chinesa de Ciências de Pequim, analisou a relação entre a nova cepa e outros vírus.
A pesquisa aponta que o coronavírus que surgiu na cidade de Wuhan está estreitamente relacionado a uma cepa existente em morcegos.
Essa teoria levanta a possibilidade de o vírus ter se originado em morcegos e ter sido transmitido aos humanos por cobras.
"Os resultados derivados de nossa análise de sequência sugerem pela primeira vez que a cobra é o reservatório de animais silvestres mais provável", escreveram os cientistas.
O estudo sugere ainda que o 2019-nCoV pode ter sido resultado de uma combinação de vírus de morcegos e cobras, o que acontece quando animais vivos são mantidos juntos em locais fechados.

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