domingo, 6 de janeiro de 2013

“Os trabalhadores precisam de mais direitos, não de menos” - Entrevista de Ruy Braga na Folha de S. Paulo



Por Eleonora de Lucena
Na discussão sobre mudanças na CLT, “os trabalhadores precisam de mais direitos, não de menos”. A avaliação é do sociólogo Ruy Braga, 40. Para ele, o trabalho precário tem absorvido o impacto da forte desaceleração da economia no mercado de trabalho. Mas a manutenção da anemia do crescimento deve provocar desemprego no próximo ano.
Professor da USP, ele está lançando “A Política do Precariado”, que trata do “proletariado precarizado”, de sindicalismo, greves e história.
Nesta entrevista, ele afirma que, apesar da ascensão social de setores mais pobres, “o precariado está inquieto”, mas ainda “não identificou alternativas à hegemonia lulista”. Braga fala aqui das greves em hidrelétricas e obras do PAC, mudanças na CLT e migrações. A íntegra:
Folha – Com o atual ritmo de crescimento da economia brasileira o Sr.. prevê mudança no mercado de trabalho? Aumento do desemprego e queda nos salários?
Ruy Braga – É provável. Muitos se perguntam por que após uma forte desaceleração econômica no biênio as demissões ainda não começaram? Além das medidas do governo, como a desoneração da folha salarial em alguns setores, o mercado de trabalho brasileiro é muito flexível.
Apesar do assalariamento formal ter aumentado na última década, o emprego precário, isto é, as ocupações onde se encontram os trabalhadores marginalmente ligados à População Economicamente Ativa (PEA), ainda é muito numeroso, absorvendo o impacto da atual desaceleração sobre o emprego.
No entanto, se essa tendência persistir, muito provavelmente teremos demissões no próximo ano e a taxa de desemprego de 5,3% deve aumentar.
Como o Sr.. define o que chama de precariado hoje no Brasil?
É o proletariado precarizado. Trata-se de trabalhadores que, pelo fato de não possuírem qualificações especiais, entram e saem muito rapidamente do mercado de trabalho.
Além disso, devemos acrescentar jovens trabalhadores à procura do primeiro emprego, indivíduos que estão na informalidade e desejam alcançar o emprego formal, além de trabalhadores subremunerados e inseridos em condições degradantes de trabalho. Uma população que cresceu muito desde a década de 1990.
Não nos esqueçamos que, mesmo com o recente avanço da formalização do emprego, as taxas de rotatividade, de flexibilização, de terceirização e o número de acidentes de trabalho no país subiram na última década. O “precariado” é formado pelo setor da classe trabalhadora pressionado pelo aumento da exploração econômica e pela ameaça da exclusão social.
O Sr.. avalia que a gestão Lula despolitizou os trabalhadores e amansou sindicatos. Por quê? Qual sua visão do movimento sindical no Brasil atualmente?
Sim. Não há dúvida de que a gestão Lula fundiu o movimento sindical brasileiro com o aparelho de Estado. Além de garantir posições estratégicas nos fundos de pensão das empresas estatais, o governo preencheu milhares de cargos superiores de direção e assessoramento com sindicalistas.
Posições de grande prestígio em empresas estatais também foram ocupadas por líderes sindicais. E não nos esqueçamos que a reforma sindical de Lula oficializou as centrais brasileiras, aumentando o imposto sindical. Isso pacificou o sindicalismo.
Ocorre que as direções não são as bases, e o atual modelo de desenvolvimento, como disse, apoia-se em condições cada dia mais precárias de trabalho, promovendo muita inquietação entre os trabalhadores. Isso sem falar nos baixos salários e no crescente endividamento das famílias trabalhadoras.
Tudo somado, é possível perceber uma certa reorganização do movimento, com a criação de centrais sindicais antigovernistas, como a CSP-Conlutas, por exemplo.
Quais os efeitos da chamada ascensão social de camadas mais pobres nos últimos anos no movimento sindical? Emprego e entrada no mercado consumidor contribuíram para arrefecer o movimento sindical e reivindicativo? O precariado está satisfeito com o modelo de desenvolvimento e está quieto, votando no PT?
É verdade que o número de greves nos anos 2000 refluiu para um nível historicamente baixo. No entanto, a partir de 2008, a atividade grevista voltou a subir, alcançando, em 2011, o mesmo patamar do final dos anos 1990. Se essa tendência vai se manter ou não é difícil dizer.
Eu apostaria que a atividade grevista deve aumentar, pois a relação do precariado com o atual modelo é ambígua. Por um lado, há uma certa satisfação com o consumo, em especial, de bens duráveis. No entanto os salários continuam baixos, as condições de trabalho muito duras e o endividamento segue aumentando.
Meu argumento é de que o precariado está inquieto, isto é, percebe que o atual modelo trouxe certo progresso, mas conclui que este progresso é transitório.
Até o momento, o precariado não identificou alternativas à hegemonia lulista. Mas está à procura. Veja o fenômeno Celso Russomanno, por exemplo.
Como explica os movimentos grevistas que ocorrem em hidrelétricas e obras do PAC? Qual sua avaliação das posições que sindicatos, empregadores e governos têm tomados nessas situações?
Estes são movimentos motivados pelas condições de trabalho. Basta olharmos as demandas dos operários: adicional de periculosidade, direito de voltar para as regiões de origem a cada três meses, fim dos maus-tratos, melhoria de segurança, da estrutura sanitária e da alimentação nos alojamentos, etc.
Ao invés de representar os trabalhadores, o movimento sindical lulista optou por pacificar os canteiros. Caso contrário, como explicar o silêncio da CUT após a empreiteira Camargo Corrêa demitir no ano passado 4 mil trabalhadores em Jirau, poucas horas depois de um acordo ter sido celebrado entre a empresa e a Central?
É evidente que existem interesses comuns entre as empreiteiras e o movimento sindical. Quem são os principais investidores institucionais das obras do PAC? Os fundos de pensão controlados por sindicalistas governistas.
Essas mobilizações têm um significado maior e podem ser vistas como o prenúncio de uma insatisfação mais profunda entre trabalhadores?
Sim. Desde 2008, a retomada da atividade grevista parece consistente e aponta para uma insatisfação mais profunda. Entre 2010 e 2011 houve um aumento de 24% no número de greves. Algumas delas, como a dos bancários e a dos correios, por exemplo, foram inusualmente longas. Qual o significado disso? Em minha opinião, os trabalhadores começaram a perceber que o atual modelo de desenvolvimento encontra sérias dificuldades para entregar aquilo que promete, isto é, progresso material.
Observando a história o Sr.. afirma que houve habilidade do precariado brasileiro em transitar muito rápido da aparente acomodação reivindicativa à mobilização por direitos sociais. O Sr.. vislumbra alguma mudança nesse sentido atualmente?
Essa é a história da formação da classe operária fordista brasileira. Os trabalhadores migraram para as grandes cidades atraídos por qualificações industriais e direitos sociais. Encontraram condições de vida degradantes, mobilizando-se por seus direitos em diferentes ciclos grevistas. A aparente satisfação com o nacional-desenvolvimentismo foi sucedida pelos ciclos de 1953-1957 e de 1960-1964. A aparente satisfação com o “milagre econômico” foi sucedida pelo ciclo de 1978-1980.
A situação atual é diferente, pois aquela burocracia sindical oriunda desse último ciclo pilota o atual modelo de desenvolvimento. Se não é capaz de suprimir, isso tende a retardar o ritmo de mobilização.
O Sr.. faz um relato da história do movimento sindical e fala das condições despóticas nas fábricas brasileiras no século 20. O que mudou nas condições de trabalho?
Muito pouco. Apesar da existência de leis que protegem os trabalhadores, o país tem um déficit crônico de fiscais do trabalho. Quando acontece, a fiscalização limita-se a firmar Termos de Ajustamento de Conduta trabalhista que são ignorados pelos empresários.
Além disso, não há cláusula contra a demissão imotivada. Ou seja, a rotatividade predomina, favorecendo a usura precoce do trabalhador. Se o trabalhador adoece, acidenta-se ou se sua produtividade cai, é demitido e um outro contratado. Assim, o número de acidentes de trabalho saltou de um patamar de 400 mil, no início da década passada, para quase 800 mil hoje em dia.
Isso aponta para a reprodução de condições despóticas de trabalho, ainda que em um contexto diferente, marcado pela feminização do trabalho e pelo deslocamento dos empregos para os serviços.
O Sr.. afirma que na empresa brasileira o trabalho se transformou no principal instrumento do ajuste anticíclico e anti-inflacionário da rentabilidade dos ativos. Por quê? Como poderia ser diferente?
Sim. Com inovações em processos, produtos… O problema é que o fluxo de capital das empresas para os proprietários de ativos financeiros enfraquece os ganhos de produtividade. Assim, o trabalho transformou-se no principal instrumento de ajuste anticíclico.
Daí a busca por flexibilidade. Não é acidental que a economia brasileira não perceba ganhos reais de produtividade há mais de uma década. A financeirização das empresas contribuiu para degradar o trabalho e enfraquecer a inovação tecnológica.
O Sr.. afirma que as atuais condições de trabalho reforçam o individualismo, a competição entre trabalhadores, desmanchando as redes de solidariedade fordista e a militância sindical. Esse quadro está em mudança ou se aprofunda? O que representa para o sindicalismo?
O colapso da solidariedade fordista é uma realidade mundial. Mesmo nos países da Europa ocidental onde o compromisso social-democrata chegou mais longe em termos de proteção trabalhista as atuais formas contratuais privilegiam a flexibilidade e a individualização.
A mercantilização do trabalho apoiada em sistemas de informação que controlam o desempenho individual do trabalhador avança rapidamente. No entanto, isto não é uma fatalidade. Trata-se de uma correlação de forças muito desfavorável para a classe trabalhadora desde os anos 1980. Reverter esse quadro é a principal tarefa de um sindicalismo que privilegie a ação direta balizada pelo internacionalismo proletário.
A crise europeia revelou o aparecimento de embriões desse “novo sindicalismo” na Grécia e na Espanha.
Na sua visão, a ascensão social de quadros do sindicalismo para a burocracia estatal provocou mudanças nas lutas sindicais. Esse quadro permanece? Qual o impacto do mensalão nesse ponto? Algo está em mudança?
A transformação das camadas superiores do sindicalismo em gestores do capital financeiro e a fusão dos sindicatos com o aparelho de Estado praticamente sepultaram as chances do sindicalismo lulista voltar a defender os interesses da classe trabalhadora. Basta olharmos para a proposta do Acordo Coletivo Especial (ACE) apresentada recentemente pela burocracia sindical para chegarmos a essa conclusão.
Não me parece que o julgamento do Mensalão vá modificar isso. Apenas a revivificação das lutas sociais na base associada ao surgimento de novas lideranças poderá transformar esse quadro.
O Sr.. constata que a legislação trabalhista foi fruto de conquista. Como avalia a atual pressão empresarial para mudanças na CLT? Mudar a CLT seria um retrocesso do ponto de vista dos trabalhadores?
É preciso mudar a CLT em vários pontos. Mas, não naqueles advogados por empresários e sindicalistas governistas. Para a esmagadora maioria dos trabalhadores que não está representada por sindicatos fortes, a predominância do negociado sobre o legislado significa perda de direitos.
Aqueles que clamam pela reforma da CLT pensam apenas em flexibilizar o trabalho. Na realidade, a força de trabalho brasileira é muito barata e nosso mercado de trabalho excessivamente flexível. É necessário reformar a CLT para garantir mais liberdade sindical e mais direitos aos trabalhadores. Necessitamos de uma cláusula contra a demissão imotivada. Os trabalhadores precisam de mais direitos, não de menos.
Qual o impacto das migrações internas e dos imigrantes de outros países no mercado de trabalho e no movimento sindical?
Historicamente, o movimento operário iniciou-se no final do século 19 com as imigrações italiana e espanhola. A crise da sociedade imperial e o advento da República oligárquica estimularam políticas imigratórias, revolucionando o mercado de trabalho.
Os trabalhadores imigrantes e seus descendentes tornaram-se protagonistas políticos na primeira metade do século 20. A Greve Geral de julho de 1917, de flagrante inspiração anarquista, foi a certidão de nascimento do movimento operário no país.
Por sua vez, ao longo da industrialização fordista das décadas de 1950 e 1960, os migrantes nordestinos e mineiros assumiram progressivamente o controle dos sindicatos, deslocando os trabalhadores italianos e espanhóis para um plano secundário.
Ou seja, o militantismo está muito associado aos fluxos migratórios.
Fonte: http://blogconvergencia.org

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Enquanto eles lucram nós (trabalhadores) continuamos escravos


Empresas em destaque

Pão de Açúcar, que tem metade do capital pertencente ao grupo francês Casino, é ainda a maior companhia brasileira 

Nas próximas páginas, preparamos dez tabelas especiais, todas retiradas do ranking das 500, com listas específicas das 50 maiores empresas, mas agora divididas em critérios diversos como lucro, patrimônio, ativo, margem líquida e outros. Para começar, temos duas listas, a de maiores empresas de capital nacional e a de maiores de capital estrangeiro, em atuação no mercado brasileiro, avaliadas de acordo com a receita líquida.A maior empresa de capital nacional com atuação no agronegócio é a rede de supermercados Pão de Açúcar, com receita líquida de 8,8 bilhões de reais, e que figura na terceira colocação do ranking das 500. A empresa, pertencente à CBD - Companhia Brasileira de Distribuição, vendeu metade de seu controle acionário ao grupo francês Casino.
Já a segunda colocação ficou com a Sadia que, com uma receita líquida de 6,1 bilhões de reais em 2004, figura em quinto lugar no ranking das 500 maiores. Sua concorrente direta, a Perdigão, com receita líquida de 4,3 bilhões, é a terceira maior empresa nacional. Ambas atuam no mercado de abate de aves e suínos e na produção de carnes e também em diversos tipos de embutidos e alimentos em geral.
Estrangeiras
Os destaques entre as companhias de capital estrangeiro são as duas primeiras colocadas também no ranking geral das 500: a Bunge Alimentos, que tem uma receita líquida de 12,7 bilhões de reais, e a Cargill, que fechou o exercício com receita de 12,2 bilhões de reais. Ambas, com capital norte-americano, têm atuação na compra, no processamento e na exportação de soja e de derivados, farelo e óleo.

Ativo
Depois delas, surgem o francês Carrefour, com 8,5 bilhões de reais, e a Bunge Fertilizantes, de capital norte-americano, com 5,8 bilhões de reais de receita líquida. Há, no ranking das 500 maiores, 69 empresas estrangeiras sem nenhum sócio brasileiro, ou seja, 13,8% do total.

Se for levado em consideração as maiores empresas por ativo, a maior do ranking é a rede de supermercados Pão de Açúcar, com nove bilhões de reais, que também é dona do maior patrimônio líquido, no total de quatro bilhões de reais, em dezembro de 2004. A segunda colocada entre as maiores por ativo é a Bunge Alimentos, com 6,5 bilhões de reais.


O maior lucro líquido do ranking pertence à fabricante de cigarros Souza Cruz, com 732,7 milhões de reais. A melhor rentabilidade do patrimônio ficou com uma empresa de comércio exterior do Rio de Janeiro, a Sab Trading, com 102,6%. No que se refere à margem líquida, que é a relação entre o lucro líquido e a receita líquida, a melhor empresa do agronegócio é a Fosfértil, com 50,4%. Já em margem da atividade, quem lidera é a Kibon Sorvane, com 42,7%.
A Ocrim, fabricante de massas e farinhas, registra a melhor liquidez corrente com o índice de 10,28 pontos, enquanto a Amcel, do grupo International Paper, é a lider no ranking das empresas de menor endividamento, com 6,5% sobre o capital próprio. Veja a seguir todas as tabelas.
 AINDA NESTA MATÉRIA

  
 Página 1: Empresas em destaque
 Página 2Como ler e entender a tabela
 Página 3As 50 maiores empresas nacionais
 Página 4As 50 maiores empresas estrangeiras
 Página 5As 50 maiores empresas ativo total
 Página 6As 50 maiores empresas patrimônio líquido
 Página 7As 50 maiores empresas lucro líquido
 Página 8As 50 maiores empresas rentabilidade
 Página 9As 50 maiores empresas margem líquida
 Página 10As 50 maiores empresas margem de atividade
 Página 11As 50 maiores empresas liquidez


Fonte: http://revistagloborural.globo.com

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Novo Ano Velhas lutas: TODO APOIO AOS TRABALHADORES DA DIPLOMATA EM CAPANEMA!


RELATO-MANIFESTO SOBRE A SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES DA DIPLOMATA

Milhares de trabalhadores da empresa Diplomata de Capanema-PR, controlada pelo Deputado Federal Alfredo Kaefer (PSDB), estão sendo vítimas de diversos ataques da empresa contra seus direitos. Desde 2008 a empresa não deposita o FGTS, há três meses não fornece cesta-básica, há dois não paga os salários e, neste final de ano, não pagou o 13º e nem outros benefícios. A empresa, assim como outras da família Kaefer, já vem sendo motivo de protestos em diversos municípios do Paraná e de outros estados.

A EMPRESA PODE TER ADIADO A "FALÊNCIA" PARA APLICAR UM GOLPE ECONÔMICO?
A suspeita foi levantada pelos credores na ação de recuperação judicial que tramita na 1ª Vara Cível de Cascavel-PR

A Diplomata buscou em agosto a recuperação judicial, para evitar a falência, em função das dívidas milionárias e irresponsáveis que fizeram. Porém, desde então, não se apresentou informações necessárias para a justiça. Uma dessas informações referente a real riqueza de Alfredo Kaefer. A justiça decidiu investigar mais a fundo e constatou que, às vésperas do pedido de recuperação judicial, Kaefer transferiu diversos bens para terceiros e, após isso, se afastou da direção da empresa, a fim de evitar que suas propriedades fossem executadas devido às dívidas. Há fortes indícios de que o empresário e político tucano ainda controla a empresa, direta ou indiretamente. Em outubro foi entregue o plano de recuperação, porém, quase nada vem sendo cumprido. A justiça determinou o bloqueio das contas bancárias. A dívida ultrapassa R$600 milhões e aumenta a cada dia. Somente com folha de pagamento, são mais de R$3 milhões.

Em função destas circunstâncias, os trabalhadores, ao perceberem que não tinham suporte por parte do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação de Francisco Beltrão e Região – que se eximiu quase que inteiramente nesse processo, decidiram pela greve no dia 15 de dezembro. Dias após, dezenas de famílias resolveram cercar a empresa e acampar em frente aos portões, devido não terem mais condições sequer de pagarem o aluguel, as contas de água e luz e mesmo garantir sua alimentação diária. Fizeram isso como forma de não deixar que as mais de 150 toneladas de frango que se encontram no interior do frigorífico deixem o local sem garantia de que essa mercadoria possa se converter no pagamento de seus salários. Mesmo a situação estando tão complicada, pouca coisa está sendo feita para resolver a questão.

Situação similar ocorreu em Cascavel, na empresa Globoaves - também da família Kaefer, em que os trabalhadores tiveram o 13º salário atrasado e ameaçam greve. Em Xaxim-SC, a justiça determinou a suspensão das atividades da Diplomata, devido à falta de pagamento dos trabalhadores e o endividamento de pequenos agricultores.

A SITUAÇÃO DOS TRABALHADORES ESTÁ DRAMÁTICA
Diante dessa grave situação, membros de organizações de luta política da região oeste e sudoeste deslocaram-se para o local onde os trabalhadores estão acampados para acompanhar de perto, tomar o relato dos próprios trabalhadores e verificar possibilidades de apoio. Chegando lá, observaram-se as condições subumanas de sobrevivência a que foram submetidos os trabalhadores.

Sem contar com qualquer apoio por parte da Prefeitura ou do Governo do Estado, improvisaram uma cozinha coletiva e revezam-se diariamente para recolher doações nas ruas da cidade e no comércio, a fim de conseguirem comprar alimentos. Um dia garantindo o próximo. Alguns já perderam a moradia e grande parte deles corre risco de despejo por falta de pagamento de aluguel. Os pagamentos de prestações de casa própria também estão em atraso. Passaram a comemoração do natal na rua, o que deve se repetir na virada do ano. E, ainda, estariam sendo chantageados e ameaçados para que deixem o local. Além disso, a empresa demitiu os trabalhadores da segurança, que estavam também com os salários atrasados, e contratou uma grande equipe de segurança privada armada de Cascavel para fazerem ronda.

Confira o vídeo da passeata que os trabalhadores organizaram autonomamente no centro de Capanema exigindo os seus direitos e os salários:
http://www.facebook.com/photo.php?v=313092078809344


Mesmo a empresa não depositando o FGTS há cinco anos, nas eleições de 2010 a Diplomata doou aproximadamente R$2 milhões para a campanha de Alfredo Kaefer, este político irresponsável que levou a empresa para a falência. Já a Globoaves repassou quase R$1 milhão para a campanha dele. As mesmas empresas que alegam não terem recursos para pagar os trabalhadores, esbanjam no financiamento político daquele que coloca em risco as condições de vida dos trabalhadores e, segundo a justiça, pode estar aplicando golpes econômicos com manobras jurídicas.

A omissão por parte da prefeitura de Capanema, a ineficiência e o silêncio do sindicato, a truculência da empresa e a tentativa de fuga de responsabilidades de Alfredo Kaefer, tudo isso recai sobre os próprios trabalhadores que tem somente seu corpo e seu espírito para garantir o seu sustento, que lhes está sendo negado. Sem contar que também está prejudicando os fornecedores de aves e trabalhadores das granjas e do transporte de cargas, que também passam por privações devido à falta de pagamentos. E isso tudo traz também um grave impacto na economia regional.

Não se pode deixar que uma crise dos patrões seja utilizada como motivo para descontar todo ônus nos trabalhadores! Destacamos a necessidade de ampla solidariedade das pessoas e organizações para com a causa e de que o município auxilie essas famílias. É urgente que a empresa acerte com os trabalhadores todas as pendências e que sejam punidos os responsáveis por esses crimes. Repudiamos publicamente o Dep. Fed. Alfredo Kaefer (PSDB) por não respeitar nem a dignidade tampouco o direito dos trabalhadores.
-PELA ATENÇÃO IMEDIATA DA PREFEITURA DE CAPANEMA E DO GOVERNO DO ESTADO AOS TRABALHADORES!
-PELO PAGAMENTO IMEDIATO DOS SALÁRIOS!
-PELA PUNIÇÃO DE ALFREDO KAEFER!
-PARA SALVAR A ECONOMIA LOCAL E OS EMPREGOS: ESTATIZAÇÃO DA EMPRESA SOB O CONTROLE DOS TRABALHADORES!

Capanema, 29 de dezembro de 2012.

Representações presentes na ocupação dos trabalhadores
ADVT – Associação de Defesa dos Vitimados pelo Trabalho/Francisco Beltrão
Partido Socialismo e Liberdade – PSOL | Núcleos de Francisco Beltrão e Toledo
Diretório Central dos Estudantes da UNIOESTE/Marechal Cândido Rondon
Centro Acadêmico de Historia da UNIOESTE/Marechal Cândido Rondon

Representações que se somam à luta dos trabalhadores
APP de Luta e Pela Base – Oposição APP Sindicato/Região Oeste
Assembléia Nacional dos Estudantes Livre – ANEL Paraná
ASSIBGE - Sindicato Nacional IBGE - Núcleo Sindical Paraná
Associação de Estudos, Orientação e Assistência Rural  - ASSESSOAR
Associação dos Estudantes de São Pedro do Iguaçu – AESPI
Associação dos Geógrafos Brasileiros - AGB Seção Marechal Cândido Rondon
Associação dos Pós-Graduandos da Unioeste – APG
Casa da América Latina - Foz do Iguaçu
Centro Acadêmico de Ciências Sociais "Florestan Fernandes"  - UEM
Centro Acadêmico de Ciências Sociais da Unioeste/Toledo
Centro Acadêmico de Comunicação Institucional UTFPR
Centro Acadêmico de Direito “XVIII de Novembro” da Unioeste/Marechal Cândido Rondon
Centro Acadêmico de História "Nadir Aparecida Cancian" – UEM
Centro Acadêmico de Serviço Social "Divanir Munhoz" – UEPG
Centro de Direitos Humanos - CDH Foz do Iguaçu
Centro de Direitos Humanos – CDH Londrina
Centro de Estudos Políticos e Culturais de Londrina
Coletivo Barricadas Abrem Caminhos
Diretório Acadêmico de Biologia Erasmus Darwin - UEPG
Diretório Acadêmico de Geografia Luis André Sartori - UEPG
Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Maringá – DCE UEM
Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual de Ponta Grossa – DCE UEPG
Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual do Centro Oeste – DCE UNICENTRO (Irati)
Diretório Central dos Estudantes da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – DCEs UNIOESTE (Francisco Beltrão/Toledo)
Grêmio Estudantil do Colégio Estadual Ceretta - Marechal Cândido Rondon
Partido Comunista Brasileiro - PCB Foz do Iguaçu
Partido Socialismo e Liberdade – PSOL Paraná | DIREÇÃO ESTADUAL
Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado - PSTU Região Oeste
Pastoral Operária de Marechal Cândido Rondon
Rompendo Amarras – Campo de Juventude e Movimento Estudantil
Sindicato Docente da Unioeste - ADUNIOESTE/Seção Sindial do ANDES-SN
União da Juventude Comunista - UJC Foz do Iguaçu
Unidade Classista - Foz do Iguaçu

Confira mais informações:
Frangos são abatidos fora do peso ideal por falta de ração no PR
Diplomata paga conta de luz e Copel restabelece energia elétrica no frigorífico
Funcionários do Frigorífico Diplomata protestam contra falta de pagamento
Funcionários impedem a entrada de caminhões com frangos no frigorífico Diplomata
Funcionários cercam Diplomata por salários atrasados
Funcionários do frigorífico em Capanema fizeram um pedágio hoje pra comprar comida

Fotos: Lorenzo Gabriel Balen 

Fonte: http://lutasparana.blogspot.com.br