sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

Culinária Chinesa




A principal característica da culinária chinesa é o contraste das cores, aromas e sabores de cada prato, além das exóticas iguarias, como carne de cachorro e escorpiões.
A China possui uma das mais exóticas e conhecidas culinárias de todo o mundo. Na maioria das grandes e médias cidades do planeta, é possível encontrarmos algum restaurante chinês, mesmo que seja um fast-food. A principal característica da culinária chinesa é o contraste das cores, aromas e sabores de cada prato, uma tradição baseada no yin e yan: os pólos contrários se complementam. É comum vermos a mistura de pratos doces e salgados, picantes e agridoces, quentes e frios, etc.
Para os chineses, a cor, o aroma e o sabor dos alimentos possuem a mesma importância. Por isso são usados ingredientes específicos, como o alho-poró, o gengibre e a pimenta, que conferem um aroma bastante agradável aos pratos, que também são bastante coloridos.
A culinária da parte norte da China (inclusive de Pequim) se caracteriza principalmente pela importância das massas e frituras: talharim, pastéis, bolinhos de carne, etc. Já os pratos da região do sul do país são bastante variados. Não é novidade a utilização de iguarias muito exóticas, como barbatanas de tubarão, carne de cachorro, cobras, escorpiões e gafanhotos. Tais hábitos, bastante exóticos para os padrões ocidentais, foram assimilados pelos chineses em virtude dos períodos de pobreza, guerra e carência alimentar por que passaram ao longo da história.
Para comer, os chineses usam instrumentos parecidos com o hashi japonês, que segundo eles, tornam a comida mais saborosa. Geralmente, os mesmos não gostam de tomar bebidas junto com as refeições; dão preferência à sopa de soja.

Relato de um amigo chinês, guia turístico que está agora na China:

Amigo - Paulo como está a situação por ai? O Coronavírus é graveVou cancelar minha viagem ou nãoPor que vocês comem rato, cobra e morcego
Paulo – A situação é grave realmente, o número de infectados aumenta em cada dia, (5926 infectados e 132 mortos (29/01). Possivelmente esta situação vai ser mudada daqui 10 dias, significa os números vão cair na próxima semana. O governo mobilizou todos os recursos para conter o vírus.

Amigo - Por que vocês comem rato, cobra e morcego

Paulo - Eu e meus amigos, minha família e ninguém que conheço comem rato,  cobra ou morcego nem 99.99% dos chineses.  Somos pessoas com paladar iguais a vocês, nós não gostamos também. Um vídeo mostra duas chinesas comendo sopa de morcego, pra mim, é horrível, mas elas comem, opção delas, só querem chamar atenção, fazem por curiosidade. Outra situação é a cultura do povo, na china temos 56 povos diferentes. Algumas minorias comem rato, cobra, (morcego não), é tradicional deles, igual o índio come jiboia na Amazônia, eu não posso perguntar a qualquer um de vocêsOi, tudo bem, brasileiro gosta de comer jiboia Eu sei, 99.99% dos brasileiros nunca comeram jiboia na vida. Ainda bem que o governo proibiu o povo de comer animais selvagens.

Alguns pratos chineses: https://www.getninjas.com.br/guia/eventos/cozinha-para-eventos/10-comidas-tipicas-da-culinaria-chinesa/

O capitalismo e seus impactos ambientais


O capitalismo e seus impactos ambientais

Em decorrência de diversos impactos destrutivos ao cenário ecológico, essa dualidade no que se denomina evolução se choca com a realidade de destruição do meio ambiente.


Ao longo do tempo, a realidade emergencial para a preservação do meio ambiente teve a incumbência de expor ao homem que os recursos naturais não eram inesgotáveis. Porém, essa verdade persiste em ser ignorada pela economia capitalista, que ainda utiliza apenas sua estratégia de adicionar riqueza aos países desenvolvidos.
Desde a sua evolução até o convívio em sociedade, o ser humano, dotado de intelectualidade, aprendeu a construir, inventou a energia elétrica, o gás, a telefonia e tantas outras descobertas que revolucionaram - ou seja, transformações que alteraram bruscamente o habitat natural tanto para o bem como também pelo surgimento de tantos males.
Em decorrência de diversos impactos destrutivos ao cenário ecológico, essa dualidade no que se denomina evolução se choca com a realidade de destruição do meio ambiente. Consequentemente, mesmo antes do século XVIII, o capitalismo começava a dar mostras do poder e na Revolução Industrial na Inglaterra ocorreu o agravamento da relação entre o capitalismo e o meio ambiente.
Deste modo, o fato em que a natureza e o capitalismo, na pessoa do homem, estão se digladiando desde então, o contexto da crise ambiental e social se arrasta por muitos anos alterando as classes sociais.
De acordo a tantas alterações climáticas, causando mudanças nas regiões globais, não basta apenas responsabilizarmos o Capitalismo pela degradação ambiental, até mesmo o Socialismo, cometeram atentados contra a natureza. Ambos os sistemas produziram a crise ambiental com suas perversas políticas de: destruição de ecossistemas, exploração excessiva dos recursos naturais, geração de resíduos de toda a espécie, descarte de matérias nos esgotos e também pela massiva emissão de gases poluentes
Portanto, nesse estudo de caso, o capitalismo é responsabilizado pela situação degradante em que se encontra o meio ambiente, pois colabora com seus processos de alta produtividade e a continuidade dos fatores que causa danos e destruições.


Para tanto, existe a impossibilidade de eliminarmos a realidade capitalista de um modo geral, queiramos aceitar ou negar esse conceito, que depende de tantos fatores. Por isso, com a incapacidade do capitalismo, foi necessária a introdução do desenvolvimento sustentável para que se pudesse dotar a manutenção dos recursos naturais. A partir dessa mudança de comportamento, o homem, além de beneficiar a sociedade, também se contrapõe ao capitalismo quanto ao progresso irresponsável e pela atitude predatória utilizada por tantos anos.
Erros irreversíveis
Entre tantos elementos contraditórios, o capitalismo e o meio ambiente precisam de ajustes urgentes, pois a velocidade em que se esgotam os recursos naturais, a autodestruição se aproxima galopante.
Será o final de nossos dias, ou a esperança de uma rápida mudança?
É imperativo agir em função da preservação do meio ambiente para que as gerações futuras não nos condenem pelos erros irreversíveis e pela destruição gradativa do planeta.
Fonte: Gilberto Barros Lima é especialista em Relações Internacionais (IBES-SC) e professor de metodologia do ensino superior (ICPG-SC). Artigo originalmente publicado no portal MundoRI.

Peixe pode ter sido hospedeiro do novo coronavírus, diz pesquisa


Estudo indiano encontrou vestígios da espécie 'Myripristis murdjan' em seu DNA, o que indica que ele pode ter sido o hospedeiro da doença


“DNA do peixe Myripristis murdjan está presente no código genético do novo coronavírus Foto: Reprodução


RIO — Um estudo indiano encontrou vestígios de DNA do peixe da espécie Myripristis murdjan no código genético do novo coronavírus. Isso significa que ele pode ter sido o hospedeiro anterior à contaminação humana.
O trabalho lembra que esse novo vírus está associado a um surto de doença respiratória febril na cidade de Wuhan, província de Hubei, na China, com uma associação epidemiológica ao mercado atacadista de frutos do mar de Huanan, que vende animais silvestres vivos.
Coronavírus:  O que se sabe até agora?
A Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou nesta quinta-feira emergência de saúde pública de interesse internacional por conta da epidemia do coronavírus, que já deixou 213 mortos na China e mais de 9 mil infectados. É a sexta vez que a entidade aciona o dispositivo desde a criação do mecanismo, em 2005.
estudo é conduzido por Arunachalam Ramaiah, da Universidade da Califórnia e do instituto indiano Tata for Genetics and Society, e por Vaithilingaraja Arumugaswami, também da Universidade da Califórnia.
O objetivo do estudo é, segundo os autores, encontrar "determinantes imunológicos de seu proteoma", o que seria "crucial para a contenção de surtos e os esforços preventivos".
"A identificação das espécies animais de origem para esse surto facilitaria as autoridades globais de saúde pública a inspecionar a rota comercial e o movimento de animais selvagens e domésticos em Wuhan e tomar medidas de controle para limitar a propagação desta doença", afirma o documento, publicado no portal Biorxiv.
A pesquisa afirma que os coronavírus são comumente encontrados em espécies de animais como morcegos, camelos e seres humanos.
Ocasionalmente, os vírus em animais podem adquirir mutações genéticas por erros durante a replicação do genoma ou mecanismo de recombinação, o que pode expandir ainda mais seu contágio em seres humanos.
Os primeiros coronavírus em humanos, segundo o estudo indiano, foram descobertos em meados da década de 1960. Um total de seis tipos de CoV humanos foi identificado como responsável por causar doenças respiratórias humanas.
"Normalmente, esses CoVs causam infecção assintomática ou doença respiratória aguda grave, incluindo febre, tosse e falta de ar. No entanto, outros sintomas, como gastroenterite e doenças neurológicas de gravidade variável, também foram relatados".

Morcego

Outro estudo, publicado na terça-feira na revista "Science China Life Sciences", patrocinado pela Academia Chinesa de Ciências de Pequim, analisou a relação entre a nova cepa e outros vírus.
A pesquisa aponta que o coronavírus que surgiu na cidade de Wuhan está estreitamente relacionado a uma cepa existente em morcegos.
Essa teoria levanta a possibilidade de o vírus ter se originado em morcegos e ter sido transmitido aos humanos por cobras.
"Os resultados derivados de nossa análise de sequência sugerem pela primeira vez que a cobra é o reservatório de animais silvestres mais provável", escreveram os cientistas.
O estudo sugere ainda que o 2019-nCoV pode ter sido resultado de uma combinação de vírus de morcegos e cobras, o que acontece quando animais vivos são mantidos juntos em locais fechados.

Coronavirus e 'sopa de morcego"? Teoria de conspiração e fake news se espalham com avanço de surto


Coronavirus e 'sopa de morcego"? Teoria de conspiração e fake news se espalham com avanço de surto


“Passageiro mostra ilustração do coronavírus em seu celular no aeroporto de Guangzhou, na província chinesa de Guangdong”

O número de casos confirmados subiu para 7.711 e lugares como Hong Kong anunciaram planos de proibir viagens para a China continental na tentativa de conter o avanço do vírus.
Mas não é só a doença que se espalha pela China e por outros países — a desinformação também cresce em ritmo alarmante e teorias de conspiração se espalham pelas redes. Você deve ter visto, por exemplo, os já famosos vídeos virais sobre sopas de morcego.
Desde a divulgação dos primeiros casos, a origem do coronavírus é alvo de debate na internet. Isso ganhou força com uma série de vídeos que supostamente mostrariam chineses comendo morcegos em meio a eclosão do vírus na cidade de Wuhan.
Um dos vídeos mostra uma mulher chinesa sorridente mostrando um morcego cozido para a câmara e dizendo que ele "tem gosto de frango". O vídeo causou revolta e alguns internautas começaram a culpar os hábitos alimentares dos chineses pela expansão da doença.
Mas o vídeo não foi filmado em Wuhan, nem na China. Originalmente filmado em 2016, ele mostra a blogueira e apresentadora Mengyum Wang durante uma viagem a Palau, um arquipélago no oceano Pacífico.

Morcegos
O vídeo voltou à tona nas redes sociais depois que casos de coronavírus emergiram em Wuhan no fim do ano passado.
Em meio à reação negativa nas redes, Wang pediu desculpas, dizendo que ela estava "apenas tentando apresentar a vida das pessoas locais" a sua audiência e não sabia que morcegos poderiam ser vetores de vírus.
O vídeo dela foi tirado do ar desde a controvérsia.


“Wang pediu desculpas, dizendo que ela estava "apenas tentando apresentar a vida das pessoas locais" a sua audiência”
Acredita-se que o novo coronavírus tenha surgido a partir do comércio ilegal de animais selvagens em um mercado de frutos do mar em Wuhan.
Apesar de os morcegos terem sido citados em pesquisa chinesa recente como possível origem do vídeo, a sopa de morcego não é particularmente comum no país e as investigações sobre a origem real da doença continuam.

'Epidemia planejada'


Com o anúncio do primeiro caso de coronavírus nos EUA, na semana passada, começaram a circular pelo Twitter e pelo Facebook documentos de registros e patentes que à primeira vista sugeririam que especialistas sabiam da existência do vírus há anos.
Um dos primeiros a ecoarem essas suspeitas foi o youtuber Jordan Sather, um conhecido adepto de teorias de conspiração.
Em em uma longa sequência de tuítes compartilhada milhares de vezes, ele compartilhou um link para um registro de 2015 feito pelo Instituto Pirbright, em Surrey, na Inglaterra, que fala sobre o desenvolvimento de uma versão enfraquecida do coronavírus para uso potencial em vacinas para prevenir ou tratar doenças respiratórias.
O mesmo link também circulou amplamente em grupos antivacinas no Facebook.
Sather usou o fato de que a Fundação Bill & Melinda Gates é doadora tanto do Instituto Pirbright quanto de órgãos ligados ao desenvolvimento de vacinas para sugerir que a eclosão atual do vírus estaria teria sido deliberadamente fabricada para atrair recursos para a criação de uma vacina.
"Quanto dinheiro a Fundação Gates deu para programas de vacinação ao longo dos anos? O surto da doença foi planejado? A imprensa está sendo usada para espalhar medo sobre isso?", tuitou Sather.
Mas a patente do Pilbright não é para o novo coronavírus. O documento é um registro sobre a bronquite infecciosa das galinhas (BIG), uma linhagem que faz parte da grande família do coronavírus e que afeta aves.
Sobre a especulação em torno da Fundação Bill & Melinda, a porta-voz da Pirbright, Teresa Maughan, disse ao site Buzzfeed News que o estudo do instituto sobre o vírus da bronquite infecciosa não foi financiado pela fundação.

Conspirações de 'armas biológicas'



“Artigos falsos sobre origem da doença  foram compartilhados por centenas de perfis, atingindo milhões de pessoas”.
Outra afirmação sem embasamento que viralizou sugere que o vírus seria parte de um "programa secreto de armas biológicas" da China e teria sido espalhado pelo Instituto de Virologia de Wuhan.
Muitos perfis citam dois artigos amplamente compartilhados do jornal Washington Times que citam uma frase de um ex-oficial da inteligência israelense sobre o tema.
No entanto, nenhum dos dois artigos apresenta provas para a alegação e a fonte israelense diz nos textos que "até o momento, não há evidência ou indicação" que sugira que o instituto tenha espalhado o vírus.
Os dois artigos foram compartilhados por centenas de perfis, atingindo milhões de pessoas. A BBC News pediu comentários ao Washington Times, mas não obteve resposta.
O jornal britânico Daily Star publicou uma notícia similar na semana passada, afirmando que o vírus pode ter surgido em um laboratório secreto.
No entanto, a reportagem foi alterada e o jornal adicionou que não havia provas para a sugestão.
Pesquisas oficiais indicam que o vírus teria emergido do comércio ilegal de animais selvagens no mercado Huanan, que vende frutos do mar em Wuhan.

'Equipe de espionagem'
Outra teoria associou incorretamente o vírus à suspensão de uma pesquisadora do Laboratório Nacional de Microbiologia do Canadá.
A virologista Xiangguo Qiu, seu marido e alguns de seus estudantes chineses teriam sido afastados do laboratório no ano passado após desobedecerem regras, de acordo a TV pública canadense CBC. Na época, a polícia informou à rede que "não houve ameaças à saúde pública".
Outra teoria aponta que a virologista Qiu visitou duas vezes por ano, durante dois anos, o Laboratório Nacional de Biosegurança de Wuhan, da Academia Chinesa de Ciências.
Um texto com mais de 12 mil retuítes e 13 mil curtidas — dizia, sem provas, que Giu e seu marido seriam uma "equipe de espiões" que teria enviado "agentes patogênicos" para Wuhan, e que o marido seria "especialista em coronavírus".
Nenhuma das três afirmações do tuíte pode ser encontrada nas reportagens transmitidas pela CBC. Os termos coronavírus e espiões nem aparecem nas matérias.
A CBC informou que as alegações não têm fundamento.

Vídeo da 'enfermeira de Wuhan'


Versões distintas do vídeo de uma "denunciante", supostamente registrado por um "médico ou enfermeira" na província de Ubei, acumularam milhões de visualizações em várias redes sociais e apareceram em diversos blogs.
A versão mais popular foi divulgada no YouTube por um usuário coreano e trazia legendas em inglês e coreano — o vídeo já foi tirado do ar.
De acordo com as legendas em inglês, a mulher seria uma enfermeira no hospital de Wuhan. No entanto, ela não diz em nenhum momento ser enfermeira ou médica no vídeo. Isso parece ser apenas um chute feito pelos que compartilharam as imagens.
A mulher, que não se identifica, está vestindo roupa de proteção em um local desconhecido. No entanto, seu traje e a máscara não são os mesmos usados ​​pela equipe médica em Hubei.
Devido a um bloqueio imposto pelas autoridades, é difícil verificar vídeos da província. Mas a mulher faz uma série de afirmações infundadas sobre o vírus, o que torna improvável que ela seja enfermeira ou paramédica.
Ela diz, por exemplo, que o número real de pessoas infectadas na China é de 90 mil. Mas, segundo dados oficiais, houve pouco mais de 7.700 infecções confirmadas até a publicação desta reportagem.
Ela também afirma que o vírus tem uma "segunda mutação", que poderia infectar até 14 pessoas. A Organização Mundial da Saúde tinha estimado, preliminarmente, que o número de infecções que um indivíduo portador do vírus poderia causar é de 1,4 a 2,5. Mas autoridades chinesas relataram nesta quinta o caso de um paciente "supercontagiante" que teria infectado ao menos 14 pessoas.
Seja como for, segundo Muyi Xiao, nativo de Wuhan e editor de imagens da revista online ChinaFile, a "enfermeira de Wuhan" não parece "alguém com formação profissional médica".
Embora a localização exata do vídeo seja desconhecida, é provável que a mulher seja um residente de Hubei compartilhando sua opinião pessoal sobre o surto.
"Acho que há [uma] possibilidade de que ela ache que está dizendo a verdade. Porque ninguém sabe a verdade", disse à BBC Badiucao, um ativista político chinês atualmente baseado na Austrália.
"A falta de transparência deixou as pessoas à mercê de palpites e pânico", disse.
*Com reportagem da BBC Monitoring e da BBC UGC Newsgathering
Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-51311226

Desastres ambientais ampliam circulação de vírus da febre amarela



Desmatamento e desequilíbrios ecológicos são responsáveis pelo crescente número de mortes de primatas na Mata Atlântica. Com o avanço da zona urbana sobre as matas, humanos estão mais perto da doença


“Os macacos são altamente sensíveis ao vírus da febre amarela, especialmente os bugios ou guaribas e os saguis ou micos. E não têm acesso à vacina, como os humanos”

São Paulo – As manchetes sobre as filas nos postos de saúde, com pessoas assustadas em busca de vacina contra a febre amarela escondem um desastre ambiental: a morte de macacos em regiões de remanescentes de Mata Atlântica, especialmente na região Sudeste.
Só neste ano foram confirmadas 172 mortes de macacos por febre amarela em regiões próximas a Campinas, Ribeirão Preto, São João da Boa Vista, São José do Rio Preto e Sorocaba. A prefeitura de Jundiaí, a 60 km da capital paulista, confirmou no início da semana a morte de 48 animais pelo flavivírus. Na capital foi confirmada a morte de um macaco devido à doença no Horto Florestal. E como apareceram animais mortos em outros parques, a prefeitura e o governo de São Paulo determinaram o fechamento de 15 deles, por tempo indeterminado, como medida preventiva. 
Para a Sociedade Brasileira de Primatologia (SBPr), as mortes de macacos devido à intensa circulação do vírus nos estados de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Goiás, Mato Grosso do Sul e São Paulo expõem a gravidade de uma das maiores mortandades de primatas de toda a história da Mata Atlântica.
Em nota de esclarecimento, assinada por especialistas no tema que atuam no Ministério da Saúde, na vigilância em saúde dos estados, institutos públicos de conservação da biodiversidade, universidades públicas e privadas e organizações ambientalistas, entre outras, eles destacam que a febre amarela não é contagiosa, que os macacos, assim como os humanos, não a transmitem diretamente e que o vírus pode circular no chamado ciclo urbano, transmitido pelo Aedes aegypti, o que não é registrado no Brasil desde 1942. E que a febre amarela silvestre, com circulação apenas entre os macacos e outros animais, pode ser transmitida por algumas espécies de mosquitos, como o Haemagogus e o Sabethes.
“Ao entrar nas matas, humanos que não tenham sido vacinados podem ser picados por esses mosquitos que tenham se alimentado do sangue de animais ou de humanos contaminados com o vírus”, afirma a nota.
O que também preocupa os primatólogos é que a abordagem de diversos meios de comunicação leva o público a um erro de interpretação. Nessa distorção, segundo eles, os macacos passam de vítimas a vilões. E são vistos como vetores no ciclo de transmissão da febre amarela. Eles lembram que, entre 2008 e 2009, no Rio Grande do Sul, foram feitos ataques a macacos em função disso. E o bugio-ruivo voltou a ser listado como espécie ameaçada de extinção no país.
Ainda segundo a nota, os macacos não são reservatórios de doença, mas hospedeiros, porque vão adoecer ou morrer. Os reservatórios e responsáveis por sua manutenção na natureza são os mosquitos silvestres, que podem transmitir o vírus durante toda a sua vida – cerca de 30 dias.
“Na verdade, os primatas sinalizam a presença da doença. São sentinelas. Desflorestar ou matar macacos não impede a circulação do vírus da febre amarela. E ainda traz um efeito danoso para a saúde pública ao eliminar o papel de “sentinela” dos primatas que, ao morrerem pela doença, avisam as autoridades sobre a sua ocorrência. Os macacos têm, portanto, uma valiosa e insubstituível contribuição para a saúde pública.”

Horto Florestal e Parque da Cantareira, entre outros, foram fechados como medida preventiva contra o avanço da febre amarela
Não está ainda totalmente esclarecido o mecanismo pelo qual a doença pode percorrer extensões geográficas tão vastas, como estamos presenciando neste momento. Entretanto, os especialistas acreditam que os macacos não sejam os responsáveis pela chegada do vírus em suas matas e não sejam responsáveis pela disseminação da doença.
Todo o conhecimento disponível sobre os hábitos dos macacos indica que eles permanecem em áreas restritas nas suas matas e raramente usam o solo e áreas desmatadas para se deslocar de um local para outro. “Assim, é improvável que os macacos levem a doença adiante por grandes distâncias. Os mosquitos são vetores-reservatórios – transmissores do vírus – e, embora não seja cientificamente comprovado, pessoas não vacinadas e infectadas pelo vírus, poderiam, em tese, transportar o vírus por grandes distâncias e contribuir para essa disseminação.
“Horto Florestal e Parque da Cantareira, entre outros, foram fechados como medida preventiva contra o avanço da febre amarela.”
Estreita relação
Há consenso entre especialistas em primatas e em saúde pública da estreita relação entre o desmatamento de áreas florestais e os surtos da febre amarela. Uma das hipóteses mais defendidas é a de que, ao diminuir o tamanho do habitat natural dos macacos, a destruição de florestas os obriga a se concentrar em áreas menores. E essa concentração os tornaria presas mais fáceis para os mosquitos Haemagogus e Sabethes. Insetos esses que também são vítimas do desmatamento ao não terem outra opção de sobrevivência senão encontrar circunstâncias mais propícias para proliferação.
Nesse limite cada vez mais tênue entre espaços silvestres e urbanos, a febre amarela é outro aspecto da relação entre a saúde humana e ambiental. Somente neste ano, foram registrados mais de 797 casos da doença em todo o país, com 275 pessoas mortas. Em São Paulo, em 2017, foram registrados 22 casos, com dez mortes – todas vítimas do ciclo silvestre, picadas dentro ou perto de matas.
A bióloga Márcia Chame, que coordena estudos de Biodiversidade e Saúde Silvestre na Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), disse à revista Radis, da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, vinculada à mesma instituição (Ensp/Fiocruz), que a redução de ambientes naturais restringe as espécies a uma área menor, aumentando a concentração de agentes infecciosos em circulação.
“No caso da febre amarela, observa-se a mortalidade de macacos nos locais em que os fragmentos florestais são muito pequenos”, destaca à publicação. Dentro das faixas de matas, cada vez mais restritas, há menos recursos para sobrevivência, como alimentação e abrigo, e muitos tipos de seres vivos tendem a desaparecer naquele local. As espécies que permanecem são as que têm a capacidade de se adaptar às mudanças ambientais. “E o que a gente vem percebendo é que são boas mantenedoras e transmissoras de agentes infecciosos.”
Entre as razões de degradação ambiental, segundo ela, estão as mudanças no uso e ocupação da terra, a exploração dos recursos biológicos, a poluição e as atividades extrativistas predatórias, como a mineração.
Em janeiro, a bióloga disse ao jornal O Estado de S. Paulo que o surto de febre amarela poderia estar relacionado ao crime ambiental da Samarco, ocorrido em Mariana (MG), em dezembro 2015. No entanto, não há apenas uma causa para o grande surto da doença, conforme ela própria esclareceu à Radis. “É um processo complexo que vem sendo observado em diversas situações. São impactos de muitas origens, inclusive ao longo da história”, explicou ao órgão de comunicação da Fiocruz. Essa situação, segundo ela, não é nova. E já era esperado um “encontro marcado” com a doença.
Ainda segundo a publicação da , já existem estudos no Brasil que apontam a associação de algumas doenças com a degradação ambiental. É o caso da febre maculosa e da doença de Chagas, por exemplo. Nessa última, o inseto transmissor — o barbeiro — prefere se acomodar em palmeiras — plantas comuns em áreas que sofreram degradação. A perda da biodiversidade, ou seja, de um conjunto de espécies silvestres que estão relacionadas entre si em um mesmo ciclo, faz com que uma doença silvestre extravase para a zona rural e para a área urbana, como acontece em parques próximos a grandes centros como o Horto Florestal, na zona norte da capital paulista, que tem origem na Serra da Cantareira.
Conforme a Radis, quanto maior a diversidade de espécies dentro de áreas naturais, maior a chance de ser mantido o equilíbrio ambiental, assim como o ciclo natural das doenças tende a permanecer restrito a esses espaços.

Surto de febre amarela
Professora do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal da Bahia (ISC/UFBA) e integrante da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Maria da Glória Teixeira aprova o fechamento dos parques na capital como medida preventiva.
“O surto de febre amarela silvestre, ainda entre os animais, pode contagiar pessoas picadas por mosquitos que carregam o vírus”, disse, destacando que o ciclo urbana da doença, transmitido principalmente pelo mosquito Aedes aegypti (o mesmo que transmite doenças como dengue, zika e chikungunya) não tem registro no Brasil desde 1942.
Apesar de o vírus causador da febre amarela ser o mesmo nos dois ciclos, a contaminação do vetor urbano, o Aedes, não é um processo simples e rápido. Primeiro, é preciso que uma pessoa, após ter adquirido a doença em uma zona de mata, seja picada, pouco antes de adoecer ou logo nos primeiros dias da doença, por um mosquito Aedes aegypti.
Em seguida, é preciso que parte do ciclo do vírus se processe no organismo desse mosquito, tornando-o capaz de transmitir o vírus a outras pessoas. Glória ressalta que a transmissão da febre amarela não acontece de pessoa para pessoa, nem de macaco para macaco, nem de macaco para pessoa. Assim, não há nenhuma indicação de se eliminar macaco.
Fonte: Publicado por Cida De Oliveira, Da RBA 27/10/2017 11:42