Uma Projeção Cartográfica é o resultado de um processo de conversão ou transformação de coordenadas de um ponto na superfície de uma esfera (latitude/longitude) para coordenadas em um plano (x/y).
Nesta conversão, as distorções acontecem. Qualquer projeção tem uma distorção embutida. Escolher uma determinada projeção para minimizar a distorção em uma área a ser cartografada é um problema que faz parte do dia-a-dia dos cartógrafos há muito tempo.
As Projeções Cartográficas já eram conhecidas, usadas e discutidas na Grécia Antiga antes de 200 AC. O famoso astrônomo grego Claudius Ptolomeu (aproximadamente 150 DC) escreveu extensivamente sobre assunto. Os europeus, sempre um pouco atrás, só começaram a se preocupar com o assunto no princípio do Século 16 (quando finalmente se deram conta que o mundo era uma esfera – ou quase).
Os tipos de propriedades geométricas que caracterizam as projeções cartográficas, em suas relações entre a esfera (Terra) e um plano, que é o mapa, são:
- Conformes – os ângulos são mantidos idênticos (na esfera e no plano) e as áreas são deformadas.
- Equivalentes – quando as áreas apresentam-se idênticas e os ângulos deformados.
- Afiláticas – quando as áreas e os ângulos apresentam-se deformados.
Tipos de projeções cartográficas
São conhecidos e disponíveis mais de 200 tipos de projeções cartográficas criadas pelo homem ao longo de sua história, desde as primeiras manifestações, atribuídas aos gregos (Eratóstenes, século III a.C.), passando por Gerhard Kremer Mercator (matemático e geógrafo belga que criou o sistema que leva o seu nome, utilizado pela primeira vez em 1569 na preparação de mapas para uso dos navegadores), até os nossos dias.
Quanto à sua origem construtiva, as projeções podem ser classificadas em três categorias principais, em função da figura geométrica adotada – cilindro, cone ou plano – como base de transformação da esfera em mapas.
1. Projeções cilíndricas
A esfera terrestre é envolvida por um cilindro, estabelecendo uma situação que irá privilegiar linhas referenciais (paralelos e meridianos) particulares nas zonas de contato entre elas.
Os meridianos e os paralelos são projetados, de dentro para fora da Terra, sobre esse cilindro envolvente que após desdobrado resultará, genericamente, em um retângulo no qual essas linhas de referência se apresentam retas, paralelas e perpendiculares entre si. A disposição e os intervalos entre essas linhas dependerão da posição assumida pelo cilindro em relação à esfera terrestre.
Numa projeção cilíndrica, todas as linhas longitudinais aparecem paralelas e não se encontram nos polos. Em consequência, as regiões polares aparecem desproporcionalmente grandes.
Na projeção de Mercator as linhas de latitude e longitude formam quadrados ou retângulos. É uma projeção que se adapta bem às cartas náuticas, porque uma linha reta que conecta dois pontos quaisquer em um mapa de Mercator faz o mesmo ângulo em cada meridiano que atravessa.
Essa linha de rumo, como é chamada, oferece aos marinheiros uma rota que podem seguir, mantendo constante a orientação da bússola. A conservação dos ângulos verdadeiros facilita a utilização dessa projeção na navegação marítima e aérea. Na prática, sua utilização se limita às latitudes inferiores a 60° já que, quanto mais distante do Equador, mais exageradas são as distâncias entre os paralelos e maior é a distorção verificada em relação à superfície real representada.
Atualmente, a projeção utilizada com mais frequência é a UTM – Universal Transversa de Mercator, também chamada de MTU – Mercator Transverse Universal, uma das mais importantes projeções cilíndricas, por sua difusão em todo o mundo.
Desde 1950, foi adotada como a mais adequada representação cartográfica para a cobertura completa e sistemática dos países. É particularmente utilizada na elaboração das cartas topográficas de grande escala (1:100.000 1:50.000 e 1:10.000).
A projeção de Peters (historiador e cartógrafo alemão), desenvolvida em 1973, é do tipo cilíndrica equivalente, que utiliza como bases dois paralelos fundamentais: 60° norte e sul, com foco de projeção no centro da Terra. Ela determina uma distribuição dos paralelos com intervalos decrescentes desde o Equador até os polos, reformando o traçado das latitudes altas e principalmente das baixas.
Desse sistema de projeção resulta, na representação das massas continentais, um significativo achatamento no sentido leste-oeste (forma afilada da África e da América do Sul), invertendo-se esse tipo de deformação no sentido norte-sul, especialmente nas latitudes de 60° e acima, até os polos (não representáveis).
Por apresentar propriedade equivalente, essa projeção tem a vantagem de conservar as posições relativas norte-sul e leste-oeste e manter as proporções de área das superfícies, permitindo assim apreender e comparar o tamanho e a situação geográfica dos diferentes países, embora deforme as medidas de ângulo.
A projeção de Peters pode ser considerada como uma forma de “representação solidária”, pois desprestigia o eurocentrismo, dando uma visão de dimensões mais reais e proporções igualitárias para o mundo.
Saiba mais: Projeções de Mercator e Peters.
2. Projeções cônicas
As projeções cônicas produzem um efeito exatamente oposto ao das cilíndricas e, por causa disso, são usadas de preferência na representação das zonas temperadas, enquanto as cilíndricas reproduzem com maior fidelidade a região equatorial.
Para essa projeção, a esfera terrestre ou parte dela é envolvida por um cone. Do centro da esfera, tomado
como posição ideal de um observador, projetam-se os infinitos pontos da superfície da Terra sobre o cone, que será posteriormente desenvolvido no plano do mapa.
como posição ideal de um observador, projetam-se os infinitos pontos da superfície da Terra sobre o cone, que será posteriormente desenvolvido no plano do mapa.
Essa condição resulta numa configuração afunilada, onde os meridianos são linhas retas e convergentes aos polos, e os paralelos são arcos concêntricos dos polos, que cruzam as linhas meridianas perpendicularmente.
Por suas peculiaridades e condição geométrica, essas projeções são mais apropriadas à representação cartográfica das áreas de latitudes médias. A Europa, a Ásia e os Estados Unidos as utilizam com frequência.
3. Projeções planas ou azimutais
São aquelas que se desenvolvem no contato de um plano tangente à esfera terrestre, de tal forma que esse ponto de tangência transforma-se no centro da projeção. Quando esse centro é o polo (N ou S), chamamos a projeção de direta, normal ou polar, sendo esta a situação mais privilegiada para sua aplicação.
Nas projeções azimutais, os meridianos são linhas retas convergentes ao polo e os paralelos são círculos concêntricos, abrangendo apenas um hemisfério.
Essas projeções são mais comumente usadas para mapear áreas compactas, como as regiões polares.
Por: Edmilson dos Santos
Fonte: https://www.coladaweb.com/
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