Quero a utopia, quero tudo e mais
Quero a felicidade nos olhos de um pai
Quero a alegria muita gente feliz
Quero que a justiça reine em meu país
Quero a liberdade, quero o vinho e o pão
Quero ser amizade, quero amor, prazer
Quero nossa cidade sempre ensolarada
Os meninos e o povo no poder, eu quero ver”
(Milton Nascimento -Coração Civil)
****************************************
Por Marcelo Barros
Além do feriadão que o 07 de setembro deste ano nos proporciona, a Semana da Pátria nos oferece a possibilidade de sermos não somente beneficiários de uma independência que ocorreu há quase 200 anos, mas protagonistas de um processo contínuo e sempre renovado de libertação comunitária e pessoal.
De fato, a independência jurídica e oficial do Estado brasileiro não está em questão. Mesmo com toda a ingerência do governo dos Estados Unidos e dos bancos internacionais na realidade brasileira, apesar do etanol que promete transformar nossas melhores terras em canaviais e de todas as pressões para se internacionalizar a Amazônia, não interessa mais aos impérios atuais manter países como colônias. Eles querem apenas explorar economicamente os países pobres, sem compromissos com sua administração. Dizem que, por ocasião do 2º turno das mais recentes eleições presidenciais brasileiras, um famoso banqueiro norte-americano afirmou com certa má educação: "A senzala pode escolher o dirigente que quiser. Nós só impomos o presidente do Banco Central".
Por isso, nesta semana, a sociedade civil não é apenas convidada a ver a marcha militar do dia 07, mas a participar dos movimentos sociais que, no 13º Grito dos Excluídos, clamam por justiça e independência sócio-econômica para todos os brasileiros.
Cada vez mais, em todo o continente latino-americano, (no 12 de outubro) e, no Brasil, em torno da Semana da Pátria, o "Grito dos Excluídos" é importante, tanto pelas manifestações populares que realiza, como porque gera uma ação permanente de cidadania, com uma rede de educação e conscientização social e política em camadas da população não atingidas por outro tipo de organização educativa. Através deste evento, muitas pessoas e comunidades, antes inteiramente excluídas da cidadania, passam a se sentir responsáveis pelo destino do Brasil e discutem possíveis saídas e alternativas para o país.
Neste ano, o tema do Grito dos Excluídos no Brasil é a luta pela anulação do leilão de privatização da Companhia do Vale do Rio Doce. Esta empresa que, no mundo, é uma das maiores no campo da mineração, foi vendida pelo governo FHC (1997) por pouco mais de três milhões de reais quando, conforme os analistas, o preço justo seria mais de 44 milhões. Desde que a venda foi anunciada, entidades da sociedade civil e movimentos sociais têm processado os responsáveis por este crime e pedido a anulação do processo. Agora, dez anos depois, os movimentos populares organizam uma consulta popular. Se mais de um milhão de brasileiros assinarem uma petição para que se anule o leilão de privatização da Vale, aquele procedimento desonesto pode ser desfeito e o povo brasileiro voltar a ser proprietário do que lhe pertencia. Por isso, o lema do Grito dos Excluídos de 2007 é "Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação".
Para participar no destino do Brasil, o Grito dos Excluídos critica o governo Lula por manter inalterado o sistema econômico, mesmo se reconhece que, como diz a ONU, desde 2002, oito milhões de pessoas neste país deixaram a pobreza absoluta. Restam ainda 52 milhões de brasileiros a serem levantados da situação de miséria. Os programas de inclusão social do governo brasileiro têm sido reconhecidos pelos organismos internacionais como válidos e corretos, tanto que estão sendo implantados em outros países do mundo. Entretanto, acima de tudo, são medidas emergenciais que, para ser eficientes, precisam de reformas estruturais da sociedade que o governo brasileiro parece não desejar. O Grito dos Excluídos critica o governo pelo projeto não democrático e anti-ecológico da transposição do rio São Francisco e pela empolgação com a qual patrocina a produção de Etanol, no lugar de garantir terra para o povo plantar e ter o que comer. Neste país que ainda conta com mais de 27 milhões de trabalhadores desempregados (quase 40% de toda a população ativa) e onde milhões de família vivem com uma renda mensal inferior a dois salários mínimos, como recuperar a dignidade do povo e manifestar que a independência comemorada neste dia 07 é para valer?
O Grito dos Excluídos é suprapartidário e não deve ser confundido com movimentos ressentidos das elites como o tal "Cansei". Grupos sociais de classe alta e classe média deslumbrada, que nunca se conformaram em ver um operário na presidência da República, criticam o governo por motivos opostos aos dos setores comprometidos com a vida do povo brasileiro. Todos nós queremos ver o Brasil limpo e independente das tantas corrupções, que, desde séculos, ainda dominam setores que detêm o poder. Todos concordam que não poucos parlamentares do PT transformaram o que era antes um projeto de nação por um mero instrumento para ganhar eleições. Todos nós esperamos do governo que dialogue não somente com o Congresso, mas com toda a sociedade civil e principalmente com as organizações de base. Mas, reconhecemos que, apesar disso tudo, o governo atual é imensamente melhor do que os que lhe antecederam e queremos avançar para o futuro e não voltar a um passado elitista.
Temos consciência de que não serão os armamentos apresentados no desfile militar do dia 07 que garantirão ao Brasil uma independência verdadeira. Esta só ocorrerá se o país souber integrar todos os segmentos da população em um projeto de pátria comum; se cuidar mais atentamente da Amazônia e, em todo o seu território, conseguir deter o desflorestamento e as queimadas, assim como zelar para que a camada de Ozônio que envolve a atmosfera não continue a ser destruída.
No "Grande Sertão Veredas", Guimarães Rosa dizia que o bonito das pessoas é que elas estão sempre inacabadas e por ser completadas. Se isso é verdade de cada pessoa, o é também das sociedades e países. Mais do que uma mera organização política, o Brasil é um projeto amoroso a ser realizado e todos nós estamos convocados para este mutirão.
De fato, a independência jurídica e oficial do Estado brasileiro não está em questão. Mesmo com toda a ingerência do governo dos Estados Unidos e dos bancos internacionais na realidade brasileira, apesar do etanol que promete transformar nossas melhores terras em canaviais e de todas as pressões para se internacionalizar a Amazônia, não interessa mais aos impérios atuais manter países como colônias. Eles querem apenas explorar economicamente os países pobres, sem compromissos com sua administração. Dizem que, por ocasião do 2º turno das mais recentes eleições presidenciais brasileiras, um famoso banqueiro norte-americano afirmou com certa má educação: "A senzala pode escolher o dirigente que quiser. Nós só impomos o presidente do Banco Central".
Por isso, nesta semana, a sociedade civil não é apenas convidada a ver a marcha militar do dia 07, mas a participar dos movimentos sociais que, no 13º Grito dos Excluídos, clamam por justiça e independência sócio-econômica para todos os brasileiros.
Cada vez mais, em todo o continente latino-americano, (no 12 de outubro) e, no Brasil, em torno da Semana da Pátria, o "Grito dos Excluídos" é importante, tanto pelas manifestações populares que realiza, como porque gera uma ação permanente de cidadania, com uma rede de educação e conscientização social e política em camadas da população não atingidas por outro tipo de organização educativa. Através deste evento, muitas pessoas e comunidades, antes inteiramente excluídas da cidadania, passam a se sentir responsáveis pelo destino do Brasil e discutem possíveis saídas e alternativas para o país.
Neste ano, o tema do Grito dos Excluídos no Brasil é a luta pela anulação do leilão de privatização da Companhia do Vale do Rio Doce. Esta empresa que, no mundo, é uma das maiores no campo da mineração, foi vendida pelo governo FHC (1997) por pouco mais de três milhões de reais quando, conforme os analistas, o preço justo seria mais de 44 milhões. Desde que a venda foi anunciada, entidades da sociedade civil e movimentos sociais têm processado os responsáveis por este crime e pedido a anulação do processo. Agora, dez anos depois, os movimentos populares organizam uma consulta popular. Se mais de um milhão de brasileiros assinarem uma petição para que se anule o leilão de privatização da Vale, aquele procedimento desonesto pode ser desfeito e o povo brasileiro voltar a ser proprietário do que lhe pertencia. Por isso, o lema do Grito dos Excluídos de 2007 é "Isto não Vale: Queremos Participação no Destino da Nação".
Para participar no destino do Brasil, o Grito dos Excluídos critica o governo Lula por manter inalterado o sistema econômico, mesmo se reconhece que, como diz a ONU, desde 2002, oito milhões de pessoas neste país deixaram a pobreza absoluta. Restam ainda 52 milhões de brasileiros a serem levantados da situação de miséria. Os programas de inclusão social do governo brasileiro têm sido reconhecidos pelos organismos internacionais como válidos e corretos, tanto que estão sendo implantados em outros países do mundo. Entretanto, acima de tudo, são medidas emergenciais que, para ser eficientes, precisam de reformas estruturais da sociedade que o governo brasileiro parece não desejar. O Grito dos Excluídos critica o governo pelo projeto não democrático e anti-ecológico da transposição do rio São Francisco e pela empolgação com a qual patrocina a produção de Etanol, no lugar de garantir terra para o povo plantar e ter o que comer. Neste país que ainda conta com mais de 27 milhões de trabalhadores desempregados (quase 40% de toda a população ativa) e onde milhões de família vivem com uma renda mensal inferior a dois salários mínimos, como recuperar a dignidade do povo e manifestar que a independência comemorada neste dia 07 é para valer?
O Grito dos Excluídos é suprapartidário e não deve ser confundido com movimentos ressentidos das elites como o tal "Cansei". Grupos sociais de classe alta e classe média deslumbrada, que nunca se conformaram em ver um operário na presidência da República, criticam o governo por motivos opostos aos dos setores comprometidos com a vida do povo brasileiro. Todos nós queremos ver o Brasil limpo e independente das tantas corrupções, que, desde séculos, ainda dominam setores que detêm o poder. Todos concordam que não poucos parlamentares do PT transformaram o que era antes um projeto de nação por um mero instrumento para ganhar eleições. Todos nós esperamos do governo que dialogue não somente com o Congresso, mas com toda a sociedade civil e principalmente com as organizações de base. Mas, reconhecemos que, apesar disso tudo, o governo atual é imensamente melhor do que os que lhe antecederam e queremos avançar para o futuro e não voltar a um passado elitista.
Temos consciência de que não serão os armamentos apresentados no desfile militar do dia 07 que garantirão ao Brasil uma independência verdadeira. Esta só ocorrerá se o país souber integrar todos os segmentos da população em um projeto de pátria comum; se cuidar mais atentamente da Amazônia e, em todo o seu território, conseguir deter o desflorestamento e as queimadas, assim como zelar para que a camada de Ozônio que envolve a atmosfera não continue a ser destruída.
No "Grande Sertão Veredas", Guimarães Rosa dizia que o bonito das pessoas é que elas estão sempre inacabadas e por ser completadas. Se isso é verdade de cada pessoa, o é também das sociedades e países. Mais do que uma mera organização política, o Brasil é um projeto amoroso a ser realizado e todos nós estamos convocados para este mutirão.
Texto Original Postado Em:
Nenhum comentário:
Postar um comentário