Fumaça de incêndios
criminosos na Amazônia se espalha por todo o continente
Fazendeiros avançam sobre a floresta;
queimadas cresceram 82% em relação ao mesmo período de 2018.
A
fumaça originada nas queimadas em ritmo acelerado na floresta amazônica
tornou-se visível nesta segunda-feira (19) na capital paulista. As partículas
das queimadas viajaram milhares de quilômetros, primeiro rumo ao
oeste do continente, chocando-se contra a cordilheira dos Andes, para depois
vir para o sul. A fumaça que atingiu São Paulo retornou ao Brasil
potencializada pelos incêndios da floresta na Bolívia e no Paraguai.
O
Brasil vive a maior onda de queimadas dos últimos
cinco anos, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Nesta
época de seca na Amazônia e em outras zonas de florestas do Brasil, a mata
torna-se suscetível a incêndios. Porém, nesse caso específico, o fogo tem
origem majoritariamente na ação predatória de fazendeiros, em busca de expansão
das áreas de pastagem ou para plantações de soja, por exemplo.
No
sudoeste do Pará, fazendeiros chegaram a realizar um "dia do fogo", promovendo queimadas simultâneas
às margens da BR 163, para chamar a atenção do governo de que "o único
jeito que tem para trabalhar é derrubando".
Enquanto
isso, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), que se autointitulou "capitão motosserra" segue brigando com os dados divulgados pelo Inpe e já trocou
o comando do Instituto, substituindo o físico Ricardo Galvão por um oficial da
Força Aérea.
Desde
janeiro, foram registrados 71.497 focos de incêndio, um número
82% maior do que o mesmo período do ano passado, quando foram registrados
39.194 focos.
Ao G1, o pesquisador do programa de queimadas do Inpe,
Alberto Setzer enfatizou que a seca pode ajudar alastrar o fogo, mas que as
queimadas são todas de origem humana.
Ao
lado, observe a imagem do sistema de monitoramento climático Windy do dia 18 de
agosto mostra alta concentração atmosférica (manchas
vermelhas) de monóxido de carbono (CO) nos Estados do Acre, Rondônia, Mato
Grosso e Mato Grosso do Sul, passando por Bolívia e Paraguai. (Foto:
windy.com)
Somente
entre 17 e 19 de agosto, o Inpe registrou 5.253 focos de queimadas no Brasil,
1.618 na Bolívia, 1.116 no Peru e 465 no Paraguai.
Entrevistado
pelo UOL, o pesquisador da Agência Espacial Norte Americana (Nasa) Santiago
Gasso explicou as características da fumaça que atingiu São Paulo, e afirmou
que a matéria pode percorrer grandes distâncias na atmosfera, causando má
qualidade do ar, impactos no clima e no ecossistema.
"Existe
um componente internacional importante, porque provoca a má qualidade do ar no
Paraguai, na Argentina e no Uruguai, países que não são necessariamente os
principais produtores de fumaça", afirmou.
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Amazônia em chamas
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