Período Cambriano (570 Milhões de anos)
O período cambriano é o mais antigo dos seis períodos em que se divide a
era paleozoica. Iniciado há cerca de 570 milhões de anos, durou
aproximadamente setenta milhões de anos. Divide-se em três partes:
inferior, médio e superior. O nome originou-se de Câmbria, antiga
denominação latina do país de Gales, e foi empregado pela primeira vez
em 1836 pelo geólogo inglês Adam Sedgwick com relação a um grupo de
rochas ali localizado. As sequências mais completas do sistema, no
entanto, encontram-se na região ocidental da América do Norte. As rochas
cambrianas distribuem-se também pela Groenlândia, América do Sul,
Europa, África, Ásia, Austrália e Antártica.
Período geológico sem grandes perturbações tectônicas, o cambriano apresenta, em suas rochas mais antigas, grande número de fósseis com partes duras e já com certo grau de evolução. Caracterizou-se por uma explosão evolutiva da vida marinha.
No início do cambriano, as terras continentais -- que de modo geral
coincidiam com as áreas atuais do continente americano, Sibéria,
península indiana, África central e Austrália -- eram extensas e os
mares, rasos, restringiam-se a bacias lineares que cercavam as margens
dos continentes. Durante o período, os mares invadiram as bordas dos
continentes, avançando sobre a terra e retraindo-se esporadicamente. No
cambriano superior, as águas marinhas espalharam-se pelo interior da
maioria dos continentes, reduzindo-os a grupos de ilhotas que
pontilhavam os rasos mares interiores, onde lentamente se acumularam
areia, lama e carapaças de muitos animais primitivos.
As rochas sedimentares geradas nesse período contêm abundantes fósseis de animais, ao contrário do que sucede com os terrenos pré-cambrianos. Entre os fósseis destacam-se os trilobitas, classe extinta de invertebrados que constituíam sessenta por cento da fauna e são os instrumentos mais utilizados pelos geólogos na subdivisão e nas correlações das camadas dessa idade. Depois deles, os mais frequentes foram os braquiópodes, na maior parte pertencentes ao grupo dos inarticulados.
Toda a vida conhecida do cambriano é marinha. Os continentes, inclusive os lagos e rios, deveriam ser desertos, a menos que tenham existido ali organismos microscópicos difíceis de identificar nas rochas. Dos vegetais, conhecem-se apenas algas marinhas. Os animais, com exceção dos cordados, briozoários e protozoários, acham-se todos representados.
O folhelho Burgess, na Colúmbia Britânica (Canadá) constitui uma das rochas fossilíferas mais famosas. Trata-se de sedimentos escuros do cambriano médio, sob forma de películas carbonosas: apêndices externos delicados, muitas vezes até vísceras (estômago, coração etc), podem ser observados. Obtiveram-se 130 espécies de animais pertencentes a setenta gêneros. O documentário conta com esponjas, medusas, uma notável série de anelídeos (com cerdas, escamas e tratos intestinais conservados) e uma variada série de artrópodes primitivos.
Essa perfeita preservação deve-se, possivelmente, à acumulação de lama muito fina e rica em matéria orgânica no fundo de um mar sereno, deficiente em oxigênio. As condições reinantes nesse tipo de ambiente não foram favoráveis à vida de animais necrófagos, que destroem os restos de organismos. A fauna do período é rica e indica um alto grau de evolução, embora seja ainda primitiva em alguns aspectos. Os trilobitas do cambriano inferior, por exemplo, mostram ainda fase incipiente de cefalização.
O cambriano foi, em geral, um período calmo, sem grandes perturbações tectônicas. Algumas fases orogenéticas ocorreram, contudo, em certos lugares, com dobramentos precedidos por manifestações vulcânicas e plutônicas, com intrusões de granitos. Dada a ausência de vida terrestre, supõe-se que as condições de intemperismo então predominantes devem ter diferido das atuais. Em alguns lugares deve ter predominado um tipo de clima em que a evaporação suplantava a precipitação. A escassez de calcário nas sequências inferiores do cambriano sugere que o clima não foi quente, mas as ocorrências generalizadas de calcário no cambriano médio e superior, além das semelhanças entre os organismos das latitudes altas e baixas, faz supor climas uniformemente quentes. É importante considerar, no entanto, que existem grandes regiões do globo sem registro sedimentar, nas quais pode ter havido climas diversos.
Período Ordoviciano (505 milhões de anos)
Ordoviciano é o segundo dos seis períodos da era paleozóica, posterior
ao cambriano e anterior ao siluriano. Iniciou-se há cerca de 505 milhões
de anos e teve duração de quase setenta milhões de anos. Do ponto de
vista paleontológico, caracterizou-se pelo aparecimento dos
graptoloides, ordem de graptozoários. A vida era predominantemente
marinha: nessa época surgiram os peixes, ao que tudo indica, nas águas
doces. As únicas plantas conhecidas do ordoviciano são as algas
marinhas.
O termo ordoviciano deriva do nome de uma antiga tribo do país de Gales, os "ordovices", que habitava uma região onde as rochas desse período geológico se encontram bem desenvolvidas e expostas.
Na América do Sul, o geossinclinal andino configurou-se melhor no ordoviciano. Sedimentos marinhos apareceram na Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia e Venezuela. No início do ordoviciano, o mar invadiu o lado ocidental da América do Sul, ocupando não só as regiões previamente inundadas pelo mar cambriano, como áreas localizadas mais a leste. Elas avançavam através do Chaco, mas, ao que parece, não atingiram a borda ocidental do escudo brasileiro.
No Brasil, encontram-se depósitos afossilíferos nas bordas das bacias
sedimentares do Paraná, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Sergipe e
Ceará: são esses os últimos depósitos de molassas pós-tectônicas,
formadas após a inversão dos geossinclíneos pré-cambrianos. Esses
sedimentos são muitas vezes chamados de cambro-ordovicianos, sendo
difícil a separação dos estratos depositados num ou noutro período.
No ordoviciano médio ocorreu na América do Norte a maior transgressão marinha de todos os tempos: o mar, que se restringia aos geossinclíneos cordilheirano e apalachiano durante o cambriano, invadiu quase todos os territórios dos Estados Unidos, deixando emersas somente pequenas ilhas. Os depósitos, constituídos em grande parte de calcários e folhelhos calcíferos, são ricamente fossilíferos, pois os mares ordovicianos interiores possuíam numerosas conexões com o oceano.
Os sedimentos terrígenos acamados nos mares do interior dos Estados Unidos, que foram rasos e provavelmente quentes, constituem a chamada fácies calcária ou conchífera, em vista da abundância de invertebrados dotados de carapaças ou esqueletos, entre os quais os corais, briozoários, braquiópodes e trilobitas.
Em contraposição, a chamada fácies de folhelho ou de graptolites, caracterizada por uma associação faunística diferente, menos diversificada e menos abundante do que a da fácies conchífera, constitui-se de sedimentos marinhos de idade equivalente, depositados no geossinclíneo oriental e consiste principalmente em grauvacas e folhelhos indicativos de águas profundas.
Na Europa, o ordoviciano também se caracterizou pela grande extensão dos mares. O geossinclíneo uraliano, situado na região onde hoje estão os montes Urais, surgiu com maior nitidez nesse período. Grande parte da Europa foi invadida pelos mares, vindos dos geossinclíneos caledoniano e uraliano e de Tétis. No domínio do geossinclíneo caledoniano e na passagem deste para os depósitos de plataforma da Europa central encontram-se as mesmas duas fácies já assinaladas na América do Norte (calcária e de folhelhos).
No norte da África, na região das montanhas Atlas, o ordoviciano está representado por espessa sequência de folhelhos. Apesar da grande transgressão marinha do ordoviciano, a maior parte da África esteve emersa nesse período. Grande parte da plataforma russa era terra emersa. Na China, a máxima transgressão ocorreu no ordoviciano superior. No fim do período, a Coreia, a Manchúria e a maior parte do norte da China tornaram-se terras emersas. Na Austrália, do mesmo modo que na América do Norte, ocorreu no ordoviciano a maior transgressão marinha desde o fim do pré-cambriano até hoje. O geossinclíneo tasmaniano caracterizou-se muito bem nesse período.
Como consequência das grandes transgressões marinhas do ordoviciano, é provável que o clima fosse relativamente quente e não tão delimitado pela latitude quanto hoje. Houve extensiva deposição de calcários e as faunas gozaram de extensa distribuição geográfica. Proliferaram os graptolites, que são os fósseis índices do ordoviciano, permitindo uma estratigrafia bem pormenorizada.
Período Siluriano (438 milhões de anos)
Siluriano é o intervalo de tempo geológico iniciado há cerca de 438
milhões de anos, que durou cerca de trinta milhões de anos. É o terceiro
dos seis períodos da era paleozoica; segue-se ao ordoviciano e antecede
o devoniano. As rochas originadas no período compõem o sistema
siluriano, do qual há exemplares em todo o mundo.
O surgimento das plantas terrestres é o marco do siluriano, período geológico de menor duração da era paleozoica. A designação foi cunhada pelo geólogo britânico Roderick Murchison em 1835 e se inspira no nome de uma antiga tribo do sudeste do País de Gales, onde se encontram muitas rochas do período.
Período de grande importância na história geológica da Terra, no siluriano surgiram as plantas terrestres, documentadas por restos muito raros e fragmentados de pteridófitas. Nos mares silurianos, ocorreu o declínio dos graptozoários, embora ainda fossem comuns as colônias unisseriadas, do tipo Monograptus. Expandiram-se os corais e predominaram os braquiópodes. Entre os peixes, apareceram os placodermos, que viveram nas águas doces. Característicos do período foram os euripterídeos: exemplares do gênero Pterygotus, que atingiram 2,70m de comprimento, eram dotados de poderosas pinças, pelo que se deduz terem sido predadores. Os animais terrestres foram representados por miriápodes e escorpiões, estes possivelmente derivados dos euripterídeos.
Do ponto de vista estratigráfico, o sistema siluriano divide-se em
quatro séries: (1) valentiana, a mais antiga, também chamada
llandoveriana; (2) wenlockiana; (3) ludloviana; e (4) pridoliana, a mais
recente. Embora se considere essa divisão como padrão, há variações
dependendo do lugar em estudo. Na América do Norte, o sistema foi
originalmente subdividido em três séries: (1) medinana, correspondente à
parte inferior da série valentiana; (2) niagarana, correspondente à
parte superior da série valentiana e toda a série wenlockiana; e (3)
cayugana, correspondente à série ludloviana.
Os calcários niagaranos mais conhecidos são os das cataratas do Niágara, entre os lagos Erie e Ontário. A esses calcários se seguem, especialmente na bacia do Michigan, depósitos muito espessos de sal, que evidenciam uma regressão generalizada dos mares no fim do período siluriano. Essa regressão também se evidencia na Europa, na forma de leitos de transição com fósseis como os grandes artrópodes conhecidos como eurípteros. Esses depósitos de sal se converteram gradualmente na fácies continental conhecida como folhelhos vermelhos, que são do devoniano e se encontram em todo o norte da Europa, da Irlanda à Rússia, e em outros pontos, como o leste do Canadá e Cachemir.
Durante o siluriano, os continentes se distribuíam de uma maneira totalmente diferente de hoje. O Ártico canadense, a Escandinávia e a Austrália se situavam provavelmente nos trópicos; o Japão e as Filipinas, possivelmente, no círculo Ártico; a América do Sul e a África se localizavam mais provavelmente na região do polo sul. Essas terras estavam sob uma camada de gelo que pode ter sido maior do que a da atual Antártica.
A atividade vulcânica foi comparativamente menor durante o período siluriano, mas houve importantes movimentos orogenéticos, como a formação de montanhas da América do Norte, marco divisório entre o ordoviciano e o siluriano, e a orogênese caledoniana no noroeste europeu, que provavelmente atingiu seu clímax no fim do siluriano. A última orogênese, cujos efeitos são particularmente evidentes na Escandinávia e na região noroeste das ilhas britânicas, provavelmente resultou do fechamento de um precursor paleozoico do oceano Atlântico.
Na América do Sul assinalam-se sedimentos marinhos silurianos no Paraguai e em Buenos Aires. No Brasil, sedimentos marinhos de idade siluriana (llandoverianos) ocorrem nas bacias do Amazonas (formação Trombetas) e do Parnaíba (formação Serra Grande e Itaim). Essas formações incluem os sedimentos brasileiros mais antigos, que contêm fósseis de diversos tipos de invertebrados. O mar siluriano que invadiu essas bacias não provinha, ao que parece, do geossinclíneo andino, mas do norte. O fim do siluriano médio caracterizou-se por emersão generalizada causada por movimentos epirogenéticos, sem fases de dobramentos. Desconhecem-se sedimentos de idade siluriana superior em toda a América do Sul.
Período Devoniano (408 milhões de anos)
O devoniano é o quarto dos seis períodos geológicos, posterior ao
siluriano e anterior ao carbonífero, em que se divide a era paleozoica.
Iniciou-se há 408 milhões de anos e durou cerca de 48 milhões. A
fisionomia da Terra era substancialmente diferente da atual: um
gigantesco continente se localizava no hemisfério sul e outras porções
de terra se encontravam nas regiões equatoriais. A Sibéria se achava
separada da Europa por um oceano. Durante o período, houve a colisão dos
continentes europeu e norte-americano e muitas regiões sofreram intenso
vulcanismo e movimentos sísmicos.
O nome devoniano alude ao condado inglês de Devon, onde as rochas representativas desse período geológico foram encontradas pela primeira vez. A explosiva evolução dos animais aquáticos no período valeu-lhe também o nome de idade dos peixes.
América do Sul
Sedimentos marinhos devonianos estão bem representados
na região andina, desde a Argentina até a Venezuela. Na Bolívia, a
sedimentação marinha não se restringiu à depressão alongada situada no
bordo do continente denominada geossinclíneo andino, mas estendeu-se até
o chaco paraguaio e o chaco argentino. Conhecem-se, ainda, sedimentos
devonianos marinhos no Uruguai, no sul da província de Buenos Aires e
nas ilhas Malvinas.
No Brasil, ocorreu no devoniano a maior transgressão marinha conhecida
da era paleozoica: a terça parte do território foi coberta por mares.
Conhecem-se depósitos marinhos devonianos nas bacias dos rios Paraná,
Parnaíba e Amazonas. A máxima transgressão em território brasileiro
ocorreu provavelmente no devoniano médio, quando o mar fez extravasar as
três bacias, unindo-as.
América do Norte
O devoniano teve início, na América do Norte, com uma
transgressão marinha que cobriu a região geossinclinal dos montes
Apalaches, no litoral atlântico. Depósitos continentais do devoniano
inferior, contendo peixes e plantas terrestres, foram encontrados em
Wyoming, nos Estados Unidos. No devoniano médio, os mares ocuparam os
dois grandes geossinclinais, deixando emersa a região central. Na fase
de máxima transgressão, no devoniano superior, parte da área central foi
ocupada pelo mar. É possível que quarenta por cento do território
continental tenha ficado então submerso.
Europa, África, Ásia e Oceania
O norte da Europa foi intensamente
afetado pela orogênese caledoniana, isto é, pelos fenômenos que
determinaram a formação de montanhas ocorridos no fim do período
siluriano. Resultou disso que o escudo báltico, a plataforma russa, o
norte da Grã-Bretanha e a Groenlândia uniram-se, formando um só
continente, que ficou conhecido como "velho continente vermelho". Os
sedimentos devonianos acumulados sobre ele receberam o nome de "velho
arenito vermelho".
No início do devoniano, o velho continente vermelho incluía toda a plataforma russa e as regiões onde atualmente se situam os mares Cáspio e Negro. Os mares devonianos atingiram, ao sul, o escudo etíope. O Saara ocidental esteve submerso, assim como os Urais. A plataforma siberiana manteve-se emersa.
Na China, os mares devonianos restringiram-se à parte sudoeste do país. No Japão, ocorrem rochas sedimentares e vulcânicas da idade devoniana. O geossinclíneo tasmaniano persistiu na região ocidental da Austrália, que sofreu intenso vulcanismo durante o período.
Vida no devoniano
O período devoniano caracterizou-se pela
diversificação da fauna e da flora. Entre os invertebrados marinhos, os
braquiópodes bivalves se multiplicaram. Os moluscos evoluíram e surgiram
certos cefalópodes hoje extintos. Tornaram-se abundantes os corais e
similares, enquanto muitos tipos de peixes primitivos apareceram e
proliferaram na água doce e salgada.
No final do devoniano, grande número de invertebrados marinhos desapareceram sem que se conheça o motivo. As hipóteses mais prováveis apontam para o aprofundamento das plataformas marinhas e para a deficiência de oxigênio decorrente das sucessivas transgressões e regressões das águas oceânicas. A vegetação, modesta no início do período, desenvolveu-se gradativamente e apareceram, no devoniano médio, as primeiras florestas. A flora do período é, no entanto, relativamente pobre em comparação com a do carbonífero.
Período Carbonífero (350 Milhões de anos)
Penúltimo período da era paleozoica, o carbonífero situa-se entre os
períodos devoniano e permiano, e teve início há cerca de 360 milhões de
anos, com duração estimada em 75 milhões de anos. O nome carbonífero foi
tomado das importantes camadas de carvão que integram a sequência de
rochas depositadas durante o período, que se divide em carbonífero
inferior e superior.
Os primeiros répteis surgiram no período carbonífero, durante o qual se formaram também grandes florestas em que predominavam gigantescas pteridófitas, das quais derivaram espessas camadas de carvão.
Carbonífero inferior
Os invertebrados marinhos constituem os elementos
principais da fauna do carbonífero inferior, superiores em número e
variedade aos vertebrados e aos primeiros tetrápodes. Quanto à vida nos
mares, o período caracterizou-se pelo declínio de alguns grupos
desenvolvidos no paleozoico inferior e médio, como trilobitas e corais, e
pela expansão de outros invertebrados, entre os quais equinodermos,
briozoários criptostomados e productoides (braquiópodes munidos de
espinhos).
A história dos vertebrados durante o carbonífero inferior inclui bom número de peixes, ainda que não tão diversificados quanto no devoniano. Alguns peixes especializados, como os tubarões comedores de crustáceos e moluscos, desenvolveram dentição reforçada, adequada à fragmentação de seu alimento.
Grande parte do hemisfério norte foi submetida à transgressão marinha, tendo havido generalizada submergência dos continentes. Na América do Norte, as camadas carboníferas inferiores ocorreram ao longo do vale do Mississippi. O continente foi palco de extensa submergência, responsável pelo caráter predominantemente marinho dos depósitos desse período,especialmente calcários.
Na América do Sul, a glaciação sobreveio ao primeiro evento tectônico ocorrido entre o devoniano e o carbonífero inferior, ao qual se deve, por exemplo, a gênese da protoprecordilheira argentina. No território brasileiro, conhecem-se sedimentos procedentes com segurança do carbonífero inferior somente na bacia do rio Parnaíba, inclusive fácies continentais com camadas subsidiárias de carvão e restos de plantas fósseis.
Carbonífero superior
A fauna de invertebrados marinhos apresentou
também grande diversidade e abundância no carbonífero superior,
mantendo, em alguns aspectos, as mesmas características da fauna do
carbonífero inferior.
O registro dos animais terrestres vertebrados e invertebrados nesse período é mais satisfatório que no carbonífero inferior, principalmente em função da ocorrência generalizada de ambientes paludais no hemisfério norte. Nesse tipo de ambiente, as lagoas efêmeras propiciaram a preservação de restos de animais, como os artrópodes, especialmente insetos (baratas, libélulas), escorpiões e aranhas das florestas tropicais úmidas.
Alguns insetos foram notáveis pelo tamanho excepcional: as libélulas fósseis da Europa ocidental ultrapassam setenta centímetros de envergadura. Enormes baratas eram tão abundantes que o período é frequentemente chamado "idade das baratas". Centenas de outras espécies de insetos foram reconhecidas em estratos dessa idade. Dentre os vertebrados, os anfíbios constituíram o grupo mais característico da época, especialmente no hemisfério norte, por encontrarem nos ambientes paludais condições favoráveis ao desenvolvimento.
A história do período foi marcada por fenômenos climáticos muito variados em ambos os hemisférios, além dos complexos eventos tectônicos. As florestas densas, das quais derivaram espessas camadas de carvão, indicam clima tropical úmido para grande parte do hemisfério norte. O aparecimento dessas florestas, formadas principalmente de enormes pteridófitas que chegavam a trinta metros de altura, foi talvez o fenômeno biológico mais notável na flora do carbonífero superior.
As evidências indicam que os vegetais que se transformaram em carvão cresceram em pântanos, onde as águas os protegiam de decomposição ulterior. Seu acúmulo deu-se, muitas vezes, no próprio sítio onde viveram, como se pode concluir da ocorrência de solos fósseis com raízes (Stigmaria) associados às camadas de carvão. Além disso, as características morfológicas e anatômicas dos vegetais fazem supor o mesmo tipo de ambiente de umidade intensa. A distribuição extensiva de espessas camadas de carvão indica que tais condições persistiram por longo tempo, em grandes áreas, embora essa situação provavelmente não tenha sido universal.
Período Permiano (285 milhões de anos)
Permiano é o último dos seis períodos da era paleozoica. Começou há
cerca de 285 milhões de anos e durou cerca de quarenta milhões de anos. O
permiano segue-se ao período carbonífero da era paleozoica e antecede o
triásico, primeiro da era mesozoica.
Da província russa de Perm originou-se a designação de permiano para o período geológico em que se formou um característico conjunto de rochas ali localizado. No permiano, grandes movimentos orogenéticos resultaram na formação de importantes cadeias de montanhas, inclusive os Apalaches, no leste dos Estados Unidos.
O nome do período foi cunhado pelo geólogo escocês Sir Roderick Impey Murchison em 1841 para uma sequência de rochas sedimentares marinhas, salobras e de água doce, extensivamente desenvolvidas em Perm, no flanco ocidental dos Urais, estratigraficamente situadas entre o carbonífero e o triásico. O sistema definido por Murchison corresponde atualmente ao permiano superior. Uma sequência inferior de camadas marinhas fossilíferas então ditas do permocarbonífero e tidas como de transição entre o carbonífero e o permiano constitui atualmente o permiano inferior.
Classificação
Em muitos locais, os sedimentos do permiano recobrem
tanto rochas carboníferas como outras mais antigas, dobradas e erodidas.
Em grande parte da área-tipo, na Rússia, contudo, o contato entre as
rochas do carbonífero e do permiano é transicional, e o limite se
estabelece com base no aparecimento de certos fósseis característicos
das formações permianas. A separação entre as sequências do carbonífero
superior e do permiano inferior é feita, portanto, de maneira
convencional. Já o limite entre o permiano e o triásico é facilmente
estabelecido em muitos locais graças a uma discordância erosiva, mas em
vários outros o contato é transicional e a separação entre as eras
paleozoica e mesozoica é então feita com base paleontológica.
Do ponto de vista paleontológico, o limite entre o permiano e o triásico
corresponde a uma das maiores descontinuidades conhecidas na coluna
geológica. Durante esse intervalo, cerca de cinquenta por cento das
famílias de invertebrados do fim da era paleozoica desapareceram da face
da Terra. Trata-se, portanto, de um período de intensa crise biológica.
No hemisfério norte e em partes do hemisfério sul a sedimentação do permiano foi em grande parte influenciada pela orogênese herciniana, registrada no período carbonífero, que provocou a formação de extensas áreas secas sobre as quais se depositaram sedimentos continentais e marinhos em mares epicontinentais. De uma maneira geral, as características dos sistemas carbonífero e permiano indicam não apenas maior complexidade faciológica, paleogeográfica e paleoclimática no decorrer do permiano, como também a progressão para maior homogeneidade climática na parte final do período.
Eventos físicos
O clima do permiano parece ter sido variado,
possivelmente mais seco e árido que no carbonífero e mais complexo que
no triásico. Em contraposição ao clima quente e em geral árido do
hemisfério norte, parte da área de Gonduana, particularmente a
Austrália, sofria os efeitos da glaciação paleozoica superior. O término
do permiano foi marcado por uma emergência geral dos continentes.
Vida no permiano
A vegetação do permiano, em comparação com a do
carbonífero superior, caracterizou-se por uma maior variedade de formas.
Essa situação pode estar relacionada com a variação climática e a
diferenciação regional dos grupos florísticos durante os dois períodos.
No hemisfério norte, o clima apresentou temperaturas elevadas e altos
índices de umidade, o que permitiu o desenvolvimento de uma luxuriante
flora. No hemisfério sul, que durante parte do período ainda sofria os
efeitos da glaciação paleozoica superior, a flora era mais pobre e menos
desenvolvida.
Nas rochas do permiano ocorrem restos de peixes, entre os quais citam-se os paleoniscóides e os pleuracantídeos, e anfíbios labirintodontes, como Seymouria e Diadectes, com características intermediárias entre os anfíbios e os répteis. Em muitas localidades da América do Norte, são abundantes os fósseis de répteis, particularmente no Texas, mas também ocorrem na Rússia, na Índia, na América do Sul e na África. Os depósitos do Texas são extremamente importantes, pois contêm restos de formas já com características mamiferóides (pelicossauros). O permiano do hemisfério sul (Gonduana) é caracterizado pela presença de répteis aquáticos do grupo dos mesossaurídeos (Mesosauros, Stereosternum etc.), que ocorrem na África austral e no Brasil. No ambiente continental ressalta-se ainda a ocorrência de insetos que representam a maioria das principais subdivisões da classe.
A fauna marinha do permiano foi também muito diversificada e abundante. Os trilobitas, contudo, desapareceram no fim do período. Os fusulinídeos foram abundantes, bem como os cefalópodes, braquiópodes, briozoários e corais.
Imagem ilustrativa do Período Triássico. O clima tornou-se uniforme, quente e seco |
Período Triássico (245 milhões de anos)
Período mais antigo da era mesozoica, o triássico iniciou-se há
aproximadamente 245 milhões de anos e durou quase quarenta milhões de
anos. O período triássico divide-se em três épocas: superior (entre 245 e
240 milhões de anos atrás); médio (240-230 milhões de anos); e inferior
(230-208 milhões de anos).
Presentes na Terra desde o período carbonífero, os répteis só dominaram os continentes a partir do triássico, quando a falta de competição provocou uma evolução explosiva da classe. No período surgiram os primeiros dinossauros, de início pequenos e bípedes.
O nome triássico, proposto pelo geólogo alemão Friedrich August von Alberti, deriva do latim trias e identifica uma superposição rochosa de três camadas encontrada na Alemanha, a fácies germânica. A camada base compreende sedimentos avermelhados de origem não-marinha chamados Bunter; a intermediária compõe-se de rocha calcária de origem marinha, arenito e rocha calcária folheada (Muschelkalk); e a camada superior, de rochas não-marinhas (Keuper), se assemelha, em cor e composição, à camada base.
Distribuição dos continentes
Durante o período anterior ao triássico, o
permiano, no fim da era paleozoica, uma estreita faixa de terra
estendia-se de um polo a outro. Essa massa continental, chamada Pangeia,
compunha-se da Laurásia (América do Norte, Europa e Ásia) e de Gonduana
(América do Sul, África, Índia, Austrália e Antártica). No fim do
triássico, a Pangeia sofreu movimentos tectônicos, no sentido
leste-oeste, ao longo do mar de Tétis, entre a Laurásia e Gonduana. O
geossinclinal de Tétis ocupou toda a região alpino-mediterrânea, o
Oriente Médio, o mar Negro e o norte da Índia. O limite sul passava pela
península do Sinai e tinha ramificações: uma em direção às ilhas da
Indonésia, passando por Myanmar, Tailândia e península malaia, e a outra
via Paquistão e Irã, até o norte de Madagascar.
Entre as várias massas continentais que compunham Gonduana surgiram
pontos dos quais irradiaram alargamentos. Em decorrência dessa atividade
tectônica, nos períodos seguintes da era mesozoica a Pangeia
fragmentou-se e do afastamento de suas partes resultaram os atuais
continentes. Nos Alpes se encontra a sequência mais completa do sistema
triássico, embora a amostragem típica tenha sido descoberta na Alemanha.
No fim do permiano e início do triássico, os continentes ocupavam área
superior à alcançada em qualquer outra época da era paleozoica e
formavam uma massa continental contínua. Pangeia, até então intacta,
apresentou os primeiros sinais de quebra no permiano, de separação
continental no triássico e de separação principal no jurássico e no
cretáceo.
No Brasil as rochas de origem vulcânica ocupam um milhão de quilômetros quadrados, mas o triássico é pouco documentado. Encontram-se ainda depósitos clásticos na Argentina e no Chile. Um geossinclinal andino, da Bolívia à Colômbia, e outro cordilheirano, do México ao Alasca, completam o quadro triássico das Américas. Os depósitos sedimentares nesses sistemas variam de 4.500 a 7.500m de espessura.
Formas de vida
Durante o triássico, os oceanos passaram a ser habitados
por grandes répteis marinhos: placodontes, semelhantes às tartarugas, e
ictiossauros, semelhantes aos golfinhos. Em terra, além dos anfíbios
labirintodontes que sobreviveram ao fim da era paleozoica (permiano),
surgiram formas precursoras de animais da atualidade. Incluem-se entre
elas os sapos, as tartarugas marinhas e os crocodilos. No triássico
superior apareceram répteis do grupo dos sáurios, pterossauros e
fitossauros, com predominância de tecodontes. Dessa espécie descenderam
no mesmo período os dinossauros.
Moluscos do tipo cefalópodes foram comuns no triássico, principalmente os amonoides do tipo ceratítico. Surgiram os primeiros complexos de corais. Houve grande enriquecimento na flora nesse período. Os corais escleractíneos dominaram os recifes e despontaram algas pelágicas do tipo cocolitoforidáceas, hoje extintas. Em terra, no sul de Gonduana predominou um pteridosperma do gênero Dicroidium. Na maior parte da Pangeia disseminaram-se gimnospermas das variedades cicadófitas, coníferas e ginkgófitas.
Período Jurássico (208 milhões de anos)
O jurássico foi o segundo dos três períodos geológicos da era mesozoica.
Iniciou-se há cerca de 208 milhões de anos e terminou há cerca de 144
milhões de anos. Na cadeia de montanhas do Jura (França) havia muitas
formações geológicas típicas do segundo período da era mesozoica e, por
isso, em 1829, o mineralogista e geólogo francês Alexandre Brongniart
chamou o período de jurássico.
Durante o período jurássico, havia na Terra imensas regiões pantanosas e outras desérticas. Na fauna, predominavam os répteis, entre os quais a espécie mais numerosa era a dos dinossauros.
No período jurássico, os mares cobriam faixas relativamente estreitas na parte ocidental das Américas, dos polos à linha do equador. Um braço marinho atravessava a América Central e se ligava à região do Mediterrâneo, onde outro mar cobria grande parte da Europa, o sul da Inglaterra e o norte da África. Outro braço de mar atravessava a Rússia para se unir ao Ártico. A grande zona inundada atravessava o Oriente Médio, a Índia, o centro e o sul da China. Quase todo o resto das superfícies continentais de hoje eram terras firmes.
Grande variedade de depósitos sedimentares se acumulou nesses mares,
inclusive materiais clásticos, calcários, evaporitos e carvão mineral. O
clima não foi rigoroso, mas temperado ou quente, favorecendo a vida
animal, tanto terrestre quanto marinha.
Formas de vida
Na flora jurássica, predominaram as cicadeoidales. As
ginkgoales e coníferas foram também comuns, além de pequenos
pteridófitas arborescentes. Quase todas as ordens de insetos apareceram
no jurássico, embora viessem a ganhar maior importância no cretáceo.
Surgiram, no período, pela primeira vez, térmitas, formigas, moscas,
cigarras etc.
O traço característico do jurássico foram os répteis, que não só conquistaram os diversos ambientes continentais, como também o ar e os mares. Os dinossauros, que possuíam cabeça relativamente pequena, atingiram os maiores tamanhos jamais alcançados por outros animais terrestres. Os mais gigantescos eram herbívoros e podiam ser bípedes ou quadrúpedes -- o diplódoco, por exemplo, do jurássico superior da América do Norte, ultrapassava 25m de comprimento. Esses dinossauros serviam de alimento para os carnívoros, todos bípedes. As formas carnívoras tinham a cabeça grande, com poderosos maxilares. O maior réptil carnívoro do jurássico foi o alossauro, com mais de dez metros de comprimento.
Os estegossauros, formas bizarras de dinossauros quadrúpedes, possuíam
grandes placas ósseas na região dorsal e cauda provida de aguilhões. Os
ranforrincos eram répteis voadores. Entre os que se adaptaram à vida nos
mares, citam-se os ictiossauros, de corpo semelhante ao dos peixes com
nadadeiras, e os plesiossauros, répteis marinhos de pescoço comprido e
membros transformados numa espécie de remo. Durante o jurássico, o
evento mais importante no reino animal foi o aparecimento das aves e dos
mamíferos.
Os peixes marinhos pertenceram aos grupos dos condrictes e dos holósteos. Os corais já pertenciam ao grupo dos hexacorais. Foram abundantes os bivalves e os gastrópodes, assim como as ostras, lagostas, camarões, crinoides, ouriços e esponjas.
Minerais
As rochas do período jurássico são de grande utilidade para o
homem. Isso se deve principalmente a seu conteúdo de carvão mineral, sal
e gesso, petróleo, fosfatos e jazidas de minerais metálicos, inclusive
urânio.
No Brasil não ocorrem rochas seguramente jurássicas. Alguns autores associam a esse período o vulcanismo de que resultaram as grandes capas de basalto da região Sul brasileira.
Presentes na Terra desde o período carbonífero, os répteis só dominaram os continentes a partir do triásico, quando a falta de competição provocou uma evolução explosiva da classe. No período surgiram os primeiros dinossauros, de início pequenos e bípedes.
O nome triásico, proposto pelo geólogo alemão Friedrich August von Alberti, deriva do latim trias e identifica uma superposição rochosa de três camadas encontrada na Alemanha, a fácies germânica. A camada base compreende sedimentos avermelhados de origem não-marinha chamados Bunter; a intermediária compõe-se de rocha calcária de origem marinha, arenito e rocha calcária folheada (Muschelkalk); e a camada superior, de rochas não-marinhas (Keuper), se assemelha, em cor e composição, à camada base.
Entre as várias massas continentais que compunham Gonduana surgiram pontos dos quais irradiaram alargamentos. Em decorrência dessa atividade tectônica, nos períodos seguintes da era mesozóica a Pangéia fragmentou-se e do afastamento de suas partes resultaram os atuais continentes. Nos Alpes se encontra a seqüência mais completa do sistema triásico, embora a amostragem típica tenha sido descoberta na Alemanha. No fim do permiano e início do triásico, os continentes ocupavam área superior à alcançada em qualquer outra época da era paleozóica e formavam uma massa continental contínua. Pangéia, até então intacta, apresentou os primeiros sinais de quebra no permiano, de separação continental no triásico e de separação principal no jurássico e no cretáceo.
No Brasil as rochas de origem vulcânica ocupam um milhão de quilômetros quadrados, mas o triásico é pouco documentado. Encontram-se ainda depósitos clásticos na Argentina e no Chile. Um geossinclinal andino, da Bolívia à Colômbia, e outro cordilheirano, do México ao Alasca, completam o quadro triásico das Américas. Os depósitos sedimentares nesses sistemas variam de 4.500 a 7.500m de espessura.
Formas de vida
Moluscos do tipo cefalópodes foram comuns no triásico, principalmente os amonóides do tipo ceratítico. Surgiram os primeiros complexos de corais. Houve grande enriquecimento na flora nesse período. Os corais escleractíneos dominaram os recifes e despontaram algas pelágicas do tipo cocolitoforidáceas, hoje extintas. Em terra, no sul de Gonduana predominou um pteridosperma do gênero Dicroidium. Na maior parte da Pangéia disseminaram-se gimnospermas das variedades cicadófitas, coníferas e ginkgófitas.
No Brasil não ocorrem rochas seguramente jurássicas. Alguns autores associam a esse período o vulcanismo de que resultaram as grandes capas de basalto da região Sul brasileira.
Período Triássico (240-230 Milhões de Anos)
Período mais antigo da era mesozóica, o triásico iniciou-se há aproximadamente 245 milhões de anos e durou quase quarenta milhões de anos. O período triásico divide-se em três épocas: superior (entre 245 e 240 milhões de anos atrás); médio (240-230 milhões de anos); e inferior (230-208 milhões de anos).Presentes na Terra desde o período carbonífero, os répteis só dominaram os continentes a partir do triásico, quando a falta de competição provocou uma evolução explosiva da classe. No período surgiram os primeiros dinossauros, de início pequenos e bípedes.
O nome triásico, proposto pelo geólogo alemão Friedrich August von Alberti, deriva do latim trias e identifica uma superposição rochosa de três camadas encontrada na Alemanha, a fácies germânica. A camada base compreende sedimentos avermelhados de origem não-marinha chamados Bunter; a intermediária compõe-se de rocha calcária de origem marinha, arenito e rocha calcária folheada (Muschelkalk); e a camada superior, de rochas não-marinhas (Keuper), se assemelha, em cor e composição, à camada base.
Distribuição dos continentes
Durante o período anterior ao triásico, o permiano, no fim da era
paleozóica, uma estreita faixa de terra estendia-se de um pólo a outro.
Essa massa continental, chamada Pangéia, compunha-se da Laurásia
(América do Norte, Europa e Ásia) e de Gonduana (América do Sul, África,
Índia, Austrália e Antártica). No fim do triásico, a Pangéia sofreu
movimentos tectônicos, no sentido leste-oeste, ao longo do mar de Tétis,
entre a Laurásia e Gonduana. O geossinclinal de Tétis ocupou toda a
região alpino-mediterrânea, o Oriente Médio, o mar Negro e o norte da
Índia. O limite sul passava pela península do Sinai e tinha
ramificações: uma em direção às ilhas da Indonésia, passando por
Myanmar, Tailândia e península malaia, e a outra via Paquistão e Irã,
até o norte de Madagascar.
Entre as várias massas continentais que compunham Gonduana surgiram pontos dos quais irradiaram alargamentos. Em decorrência dessa atividade tectônica, nos períodos seguintes da era mesozóica a Pangéia fragmentou-se e do afastamento de suas partes resultaram os atuais continentes. Nos Alpes se encontra a seqüência mais completa do sistema triásico, embora a amostragem típica tenha sido descoberta na Alemanha. No fim do permiano e início do triásico, os continentes ocupavam área superior à alcançada em qualquer outra época da era paleozóica e formavam uma massa continental contínua. Pangéia, até então intacta, apresentou os primeiros sinais de quebra no permiano, de separação continental no triásico e de separação principal no jurássico e no cretáceo.
No Brasil as rochas de origem vulcânica ocupam um milhão de quilômetros quadrados, mas o triásico é pouco documentado. Encontram-se ainda depósitos clásticos na Argentina e no Chile. Um geossinclinal andino, da Bolívia à Colômbia, e outro cordilheirano, do México ao Alasca, completam o quadro triásico das Américas. Os depósitos sedimentares nesses sistemas variam de 4.500 a 7.500m de espessura.
Formas de vida
Durante o triásico, os oceanos passaram a ser habitados por grandes
répteis marinhos: placodontes, semelhantes às tartarugas, e
ictiossauros, semelhantes aos golfinhos. Em terra, além dos anfíbios
labirintodontes que sobreviveram ao fim da era paleozóica (permiano),
surgiram formas precursoras de animais da atualidade. Incluem-se entre
elas os sapos, as tartarugas marinhas e os crocodilos. No triásico
superior apareceram répteis do grupo dos sáurios, pterossauros e
fitossauros, com predominância de tecodontes. Dessa espécie descenderam
no mesmo período os dinossauros.
Moluscos do tipo cefalópodes foram comuns no triásico, principalmente os amonóides do tipo ceratítico. Surgiram os primeiros complexos de corais. Houve grande enriquecimento na flora nesse período. Os corais escleractíneos dominaram os recifes e despontaram algas pelágicas do tipo cocolitoforidáceas, hoje extintas. Em terra, no sul de Gonduana predominou um pteridosperma do gênero Dicroidium. Na maior parte da Pangéia disseminaram-se gimnospermas das variedades cicadófitas, coníferas e ginkgófitas.
Período Cretáceo (77,6 milhões de anos)
Último e
mais longo período da era mesozoica, o cretáceo iniciou-se há cerca de
144 milhões de anos e se prolongou por 77,6 milhões de anos. É
normalmente dividido em cretáceo superior (144 a 97,5 milhões de anos) e
cretáceo inferior (97,5 a 66,4 milhões de anos). O nome vem do latim
creta, "greda", "giz", e divulgou-se por ter sido aplicado à floração de
giz natural dos penhascos brancos de Dover, na Inglaterra. Entretanto, a
denominação mostrou-se inadequada, pois no cretáceo geraram-se rochas
das mais diversas naturezas.
As rochas cretáceas são de extrema importância para o homem, pois nelas se concentra grande parte das reservas de petróleo, bem como extensas jazidas de carvão e de outros minerais.
Configuração dos continentes
No começo do cretáceo, a América do Sul
ainda estava ligada à África, e a Austrália à Antártica. A América do
Norte se separara da África, mas continuava ligada à Europa, e um mar
profundo, o Tétis, estendia-se da Espanha em direção ao sul da Ásia. Na
fase média do período, as Américas iniciaram sua separação da África e
da Europa. No final do período, a Austrália começou a separar-se da
Antártica, e a África aproximou-se da Europa, fechando o Tétis e dando
início ao processo orogênico que daria origem aos Alpes.
Fauna e flora
O cretáceo se caracteriza pela fauna de dinossauros
bizarros, como os ceratopsídeos, ou quadrúpedes dotados de chifres; o
tracodonte, bípede, com um bico semelhante ao do pato; e o
anquilossauro, curioso quadrúpede protegido por uma espécie de armadura,
com escudos ósseos no alto da cabeça, no dorso e na cauda.
Tartarugas e crocodilos eram abundantes
Uma espécie de tartaruga
gigante atingiu três metros de comprimento e os lagartos tornaram-se
dominantes no fim do período. Multiplicaram-se os mosassauros, de até
dez metros de comprimento; adaptados à vida marinha, a mandíbula
inferior era dotada de uma articulação especial que lhes permitia abrir
desmesuradamente a boca, como as cobras. Os plesiossauros, outro grupo
de répteis marinhos, chegaram a ultrapassar 12m de comprimento.
Os répteis voadores especializaram-se mais que no período anterior, o jurássico. O maior deles, o pteranodonte, chegava a medir 7,5m de envergadura. Em Pernambuco foram descobertos restos de um réptil voador do cretáceo, o nictossauro. As poucas aves conhecidas no cretáceo ainda possuíam dentes. Algumas, adaptadas à vida aquática, perderam a capacidade de voar.
Duas ordens de mamíferos, os marsupiais e os insetívoros, do cretáceo superior, persistem até hoje. Os triconodontes desapareceram no cretáceo inferior e os multituberculados, no paleoceno. Entre os peixes, os teleósteos passaram a predominar e mantiveram essa hegemonia até a atualidade. Cefalópodes e bivalves eram abundantes no mar.
O fim do cretáceo marcou uma época de crise para a vida, tal como no fim da era paleozoica. Alguns grupos decresceram gradativamente; outros, como os dinossauros, os répteis voadores e os mosassauros, se extinguiram abruptamente no fim do período. Essa extinção em massa atingiu também os mamíferos triconodontes e as aves com dentes. Entre as causas dessa extinção em massa foram aventadas a grande retração e desaparecimento dos mares epicontinentais, a elevação de grandes cadeias de montanhas, queda de temperatura, aumento da aridez e desaparecimento de regiões pantanosas, mudanças das características da vegetação do globo e impactos de meteoros.
No reino vegetal, as angiospermas tornaram-se progressivamente mais abundantes no cretáceo. No início tiveram importância muito inferior à das outras classes. Depois dominaram em algumas regiões e no cretáceo superior conquistaram a maioria dos ambientes. A partir do cretáceo inferior, as gimnospermas passaram a desempenhar papel secundário.
Brasil
Os depósitos do cretáceo inferior no Brasil são extensos. O mar
não avançou muito para o interior, a não ser em certas partes do
Nordeste, assim mesmo com ingressões de curta duração. Deduz-se daí que
no cretáceo o Brasil já tinha mais ou menos a configuração atual.
Depositaram-se nesse período sedimentos que chegaram a sete mil metros
de espessura na bacia de Barreirinhas, na faixa litorânea maranhense.
Na bacia do Parnaíba e, principalmente, no sul do Brasil, na bacia do Paraná, os distúrbios cretácicos manifestaram-se na forma de grandes derrames de lavas basálticas, os maiores do mundo.
Período Terciário (65 milhões de anos)
O período terciário é o primeiro dos dois em que se divide a era
cenozoica ou atual. Abrange pouco mais de 65 milhões de anos, a partir
do fim do período cretáceo da era mesozoica, há mais de sessenta milhões
de anos, até o princípio do pleistoceno, já no período quaternário.
Durante o terciário, ocorreu um progressivo esfriamento climático (muito
intenso nos mares), alternado com fases de aumento sensível da
temperatura nos continentes. Caracterizou-se ainda pela intensidade dos
fenômenos geológicos, sobretudo orogênicos, vulcânicos e ligados à
elevação e rebaixamento das placas continentais.
Desaparecidos os grandes répteis que habitaram o planeta durante a era mesozoica, os mamíferos se espalharam rapidamente no período terciário, caracterizado por uma intensa atividade geológica, que deu origem a algumas das principais cordilheiras atuais, como o Himalaia, os Alpes e os Andes.
Cinco grandes épocas formam o período terciário. No paleoceno, a partir de aproximadamente 66,4 milhões de anos, iniciaram-se as quedas de temperatura em escala planetária. O eoceno começou há 57,8 milhões de anos e, na Europa, se caracterizou pelo clima ameno, como demonstram muitos fósseis de palmeiras encontrados em extratos geológicos de diversas regiões europeias. Durante o oligoceno, iniciado há 36,6 milhões de anos, intensificou-se a atividade orogênica. No mioceno, que começou há 23,7 milhões de anos, completou-se o dobramento de cadeias montanhosas como o Himalaia e os Andes. O plioceno, com suas diversas manifestações vulcânicas, teve início há 5,3 milhões de anos e durou até 1,6 milhão de anos atrás, quando teve início o período quaternário.
Do ponto de vista litogenético (que diz respeito à origem e à formação
de rochas), ocorreram extensos depósitos de sedimentos argilosos, gessos
e diversos sais em bacias marinhas no noroeste da Europa. Junto a eles,
são comuns as formações calcárias, tanto nos mares, provenientes de
depósitos de corais, como em muitas áreas continentais. No terciário
ocorreram também grandes derrames de lavas de fissuras -- como os que
formaram o planalto do Deccan, na Índia, o planalto de Columbia, nos
Estados Unidos, e a bacia do Paraná, no Brasil -- e episódios vulcânicos
como os do cinturão de fogo do Pacífico e do mar do Caribe. Evento
geomorfológico importante foi o aprofundamento do Grand Canyon, nos
Estados Unidos, a mais de cinco mil metros.
Os fenômenos orogênicos alcançaram enorme amplitude no terciário e deram origem ao dobramento conhecido como alpino, que começou no eoceno e chegou a seu auge nas épocas seguintes, oligoceno e mioceno. Os terrenos resultantes das amplas sedimentações dos períodos anteriores experimentaram forte compressão, seguida de levantamento, que se estendeu tanto na América, com a formação dos Andes, como na Europa, onde se originaram os Pireneus, os Alpes, os Cárpatos, os Balcãs, os Apeninos e as montanhas do Cáucaso, e na Ásia, com a progressiva formação do Himalaia.
Com relação às massas continentais, a Europa estava separada da Ásia pelo mar, mas unida a noroeste com a América do Norte, como atestam vários fósseis vegetais e animais comuns a ambas as regiões. A América do Sul constituía um bloco próprio, distanciado da América do Norte, com exceção de períodos curtos em que as duas massas de terra se uniram transitoriamente pelo istmo do Panamá, o que permitiu o intercâmbio de fauna entre o norte e o sul. O mesmo ocorreu entre América e Ásia, que estiveram ligadas, também temporariamente, por uma ponte intercontinental onde é hoje o estreito de Bering. Dessa forma, muitas espécies animais da Sibéria passaram para a América do Norte.
Flora
A característica fundamental da era cenozoica foi a expansão da
flora de angiospermas, principalmente do tipo tropical, como mostram os
vários fósseis descobertos de folhas e frutos que pertencem a famílias
como a das palmeiras e das magnoliáceas. As coníferas experimentaram
redução em suas áreas de distribuição, embora no hemisfério norte se
tenham conservado extensas florestas dessas árvores. Também se
desenvolveram as plantas herbáceas superiores, que ocuparam áreas amplas
e deram origem às pradarias, frequentadas por mamíferos ungulados. Na
Europa, o aumento da temperatura durante o eoceno fez com que ali se
disseminassem diversas espécies de famílias tropicais, como as
palmeiras, enquanto no norte subsistiam as formações de coníferas.
Fauna
Durante as três primeiras épocas do período terciário (paleoceno,
eoceno e oligoceno), a abundância de foraminíferos foi tamanha,
especialmente do gênero dos numulitídeos, que o eoceno também é
conhecido como "época numulítica". Por serem fósseis característicos de
uma determinada época geológica, esses animais são extremamente úteis
para a realização de perfis estratigráficos (estudos para determinar as
sequências das rochas na crosta terrestre). No oligoceno, os
numulitídeos desapareceram. Suas carapaças foram depositadas no fundo
dos oceanos e formaram espessas camadas de sedimentos calcários. A fauna
marinha também era composta de crustáceos e moluscos, principalmente
gastrópodes (concha univalve em espiral) e bivalves (concha formada por
duas partes que se fecham uma sobre a outra como tampas).
No que se refere aos invertebrados terrestres, experimentaram notável expansão os insetos, dos quais foram encontrados muitos restos preservados em âmbar, material procedente da resina das coníferas posteriormente endurecida e fossilizada. Entre os vertebrados, diversificaram-se e expandiram-se os peixes teleósteos, de esqueleto perfeitamente ossificado, assim como as aves e os mamíferos. Os anfíbios, e mais especificamente os répteis, mostraram notável regressão após a grande difusão e evolução do período anterior. As aves perderam pouco a pouco suas características de répteis, como os dentes, e desenvolveram bicos.
Em princípio pequenos, os mamíferos, livres da pressão dos grandes répteis, aumentaram de tamanho. Surgiram, assim, corpulentos proboscídeos (animais dotados de tromba) como os mastodontes (com quatro presas). Os artiodáctilos primitivos foram substituídos pelos ruminantes de chifres ocos (antílope, boi) ou maciços (girafa, cervo), hipopótamos e suídeos (porco). Os cavalos primitivos evoluíram na América do Norte, e, no Egito, surgiu a primeira forma conhecida de macaco. Os mais antigos hominídeos conhecidos até o fim do século XX e que viveram há cerca de seis milhões de anos foram encontrados no noroeste da África.
Período Quaternário (1,6 milhão de anos)
O
período quaternário, também denominado antropozoico, é o mais recente
da história da Terra e abrange, segundo alguns geólogos, 1,6 milhão de
anos. Dado o intervalo de tempo relativamente curto que lhe é atribuído,
certos autores sustentam que na verdade seria uma espécie de
prolongamento do período terciário, que durou até o presente. Os fatos
geológicos e biológicos registrados nessa etapa da história da Terra,
porém, permitem considerá-lo um período isolado, com características
próprias.
O aparecimento do homem foi um dos fatos mais importantes do quaternário, o último e mais breve dos períodos da era cenozoica.
O quaternário se subdivide em duas épocas: a mais antiga, o pleistoceno, se prolonga desde o início do período, há 1,6 milhão de anos, e o holoceno, época atual, abrange os últimos dez mil anos. Do ponto de vista climático, a principal característica desse intervalo de tempo foi a significativa redução das temperaturas, registrada em ondas sucessivas em grande parte do hemisfério boreal e em algumas áreas do austral, com avanços das geleiras e consequentes alterações na flora e na fauna das regiões afetadas. Esses fenômenos, denominados glaciações, se alternaram com fases interglaciais de maior duração, nas quais o clima se suavizava de maneira notável. Nas regiões tropicais e subtropicais, porém, as mudanças climáticas e ecológicas de maior vulto estiveram associadas às variações dos índices pluviométricos. As fases úmidas, nas quais se registravam precipitações intensas, foram seguidas de intervalos de estiagem, com chuvas escassas, o que produziu significativas modificações nos territórios ocupados pelas savanas e pelas selvas.
No quaternário alcançaram pleno desenvolvimento os hominídeos. Esse
grupo evoluiu a partir de antepassados comuns aos símios atuais até
culminar com o aparecimento dos primeiros seres que podem ser
qualificados de humanos.
Entre as formações geológicas características do período quaternário cabe citar os terraços fluviais, formados pelo acúmulo de materiais nas margens dos rios. A diferente espessura desses terraços indica que sua formação se deu em fases de predomínio da erosão provocada pelo degelo, com a consequente elevação do nível das águas, ou em etapas nas quais a sedimentação era maior, quando sobrevinha uma nova glaciação e os cursos fluviais tinham seu caudal reduzido. Deve-se também destacar a formação de depósitos de fragmentos de rochas arrastados pelas geleiras em seu avanço (till glacial), de grutas com diferentes depósitos calcários, além de depósitos de loess e paleossolos.
Glaciações
Tradicionalmente se admite que houve quatro glaciações
sucessivas, ou períodos de clima frio, mas estudos mais recentes
mostraram ter havido outras grandes glaciações durante a parte final do
terciário, assim como em outros períodos geológicos. Na Europa, as
glaciações do quaternário receberam os nomes de rios da Alemanha: Günz,
Mindel, Riss e Würm, correspondentes às glaciações de Nebraska, Kansas,
Illinois e Wisconsin na América do Norte.
As glaciações, separadas por períodos interglaciais, tiveram durações diversas. Assim, enquanto o período glacial conhecido como Mindel se prolongou por 140.000 anos, o Riss durou apenas oitenta mil anos. No decorrer dessas glaciações, amplas áreas do hemisfério norte e algumas do hemisfério sul ficaram cobertas por uma espessa camada de gelo. Toda a Europa setentrional, Canadá e parte dos Estados Unidos, assim como algumas zonas do norte da Ásia e da América do Sul, tinham aspecto semelhante ao dos círculos polares da atualidade.
Não se conhece com precisão a causa das glaciações, embora diversas hipóteses tenham sido elaboradas na tentativa de explicar as consideráveis transformações climáticas registradas no planeta durante o pleistoceno. Algumas dessas interpretações se referem a possíveis perturbações no Sol, que teriam dado lugar a fenômenos semelhantes aos que geram as manchas solares observadas na atualidade. Outras teorias se baseiam na mudança da inclinação do eixo da Terra, o que provocou modificações na intensidade da radiação solar recebida pela superfície do planeta.
Várias foram as consequências das glaciações. Com a redução da temperatura e o congelamento de grandes massas de água, o nível dos oceanos baixou durante os períodos glaciais e voltou a elevar-se nos períodos interglaciais. Nesses últimos, as águas marinhas invadiram parte do curso inferior dos rios e provocaram grandes mudanças no perfil dos litorais. O frio também afetou a flora e a fauna, com o consequente desaparecimento de algumas espécies vegetais e animais e a ocorrência de movimentos migratórios de outras espécies para regiões meridionais, de clima mais ameno. Nos períodos interglaciais, ao contrário, registraram-se novas invasões biológicas das regiões do norte, que ficavam livres do gelo.
Flora e fauna
As pesquisas sobre as mudanças registradas na flora no
período quaternário foram possíveis graças ao estudo dos diferentes
tipos de grãos de pólen encontrados nos sedimentos de rios e lagos,
objeto da disciplina científica denominada palinologia. Protegidos por
uma camada externa de grande resistência, esses grãos se conservaram em
determinados terrenos lacustres, como as turfeiras e as terras
argilosas. Cada gênero botânico produz diversas formações, como
protuberâncias, espinhos etc., em sua superfície, o que permite
distinguir com precisão o tipo de planta superior que o desenvolveu.
Dessa maneira, deduziu-se que a maior parte das espécies vegetais
existentes no quaternário corresponde a formas atuais.
Pelo contrário, na fauna registraram-se mudanças significativas. Foram
encontrados fósseis de moluscos marinhos, sobretudo de bivalves (grupo
ao qual pertencem as ostras e amêijoas) e gastrópodes (caracóis)
associados tanto a mares de regiões de clima quente quanto de clima
frio. Na fauna terrestre do quaternário alternaram-se espécies próprias
de habitat de clima quente, entre as quais elefantes (Elephas
meridionalis e Elephas antiquus), rinocerontes e hipopótamos, e de clima
ártico, como o mamute (Elephas primigenius), o rinoceronte lanudo
(Rhinoceros tichorhinus), a rena (Rangifer tarandus), o grande cervo
(Cervus megaceros), cujos galhos alcançavam grande envergadura, o urso
das cavernas (Ursus speleus) e o felino conhecido como
tigre-dentes-de-sabre (do gênero Smilodon). Na América do Sul
proliferaram os mamíferos desdentados, como o megatério, do gênero
Megatherium, que alcançava grande tamanho e os gliptodontes, providos de
uma resistente couraça.
Aparição do homem
Um acontecimento de grande importância registrado no
período quaternário foi o notável desenvolvimento experimentado pelos
hominídeos, grupo de primatas muito evoluídos, caracterizados pela
posição ereta e bípede.
Ao longo do paleolítico, etapa cultural caracterizada pelo uso de
utensílios de pedra, as formas mais primitivas correspondem a hominídeos
do gênero Australopithecus, espécies de escassa capacidade craniana e
reduzida aptidão no uso de instrumentos. O mais desenvolvido foi o Homo
erectus, encontrado em diversas zonas da Ásia e também na África, dotado
de volume craniano superior ao dos Australopithecus.
Os primeiros homens propriamente ditos foram os homens de Neandertal (Homo sapiens neandertalensis), que viveram cerca de dez mil anos e dos quais foram encontrados numerosos restos na Europa, Ásia e norte da África. Utilizavam diversos materiais, como o osso e a pedra, para fabricar instrumentos cortantes, achas etc., que empregavam na caça.
Por sua constituição e capacidade craniana, o homem de Cro-Magnon (Homo sapiens fossilis) era muito semelhante ao atual Homo sapiens sapiens. A partir do neolítico, período cultural caracterizado pelo uso da pedra polida, pelo início da agricultura e pela criação das primeiras cidades, o homem já apresentava os traços anatômicos e a capacidade intelectual dos indivíduos dos tempos modernos.
http://www-storia.blogspot.com/
Fonte: http://www.megatimes.com.br/2014/06/periodo-permiano.html
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