sábado, 28 de dezembro de 2013

A pirâmide da riqueza globa



por Credit Suisse Research Institute [*]

Este capítulo aborda o padrão da propriedade de riqueza entre indivíduos, examinando não só os escalões de topo dos possuidores de riqueza como também as, muitas vezes esquecidas, secções média e baixa da pirâmide de riqueza. Dois terços dos adultos do mundo têm riqueza inferior a US$ 10 mil e em conjunto representam meramente 3% da riqueza global, ao passo que os 32 milhões de milionários em dólares possuem 41% de todos os activos.
Figura 1.Disparidade de riqueza 

A riqueza pessoal varia entre os adultos por muitas razões. Alguns indivíduos com pouca riqueza podem estar nas etapas iniciais das suas carreiras, com pouca oportunidade ou motivação para acumular activos. Outros podem ter sofrido contratempos nos negócios ou infortúnios pessoais, ou viverem em partes do mundo onde oportunidades para a criação de riqueza são severamente limitadas. No outro extremo do espectro, há indivíduos que adquiriram uma grande fortuna através de uma combinação de talento, trabalho árduo ou simplesmente por estar no lugar certo no momento certo.

A pirâmide de riqueza na Figura 1 mostra estas diferenças com notável pormenor. Ela tem uma grande base de possuidores de baixa riqueza, mais acima camadas ocupadas por cada vez menos pessoas. Em 2013 estimámos que 3,2 mil milhões de indivíduos – mais de dois terços dos adultos do mundo – têm riqueza inferior a US$10.000. Uma nova camada acima com mil milhões (23% da população adulta) cai dentro da amplitude dos US$10.000 – US$100.000. Se bem que a riqueza média possuída seja modesta nos segmentos da base e médios da pirâmide, sua riqueza total monta a US$40 milhões de milhões (trillion),destacando o potencial para produtos de consumo original e serviços financeiros inovadores destinados a este segmento muitas vezes menosprezado.

Os remanescentes 393 milhões de adultos (8% do mundo) têm valor líquido acima dos US$100.000. Eles incluem 32 milhões de milionários em dólares, um grupo compreende menos do que 1% da população adulta mundial, ainda que colectivamente possua 41% da riqueza familiar global. Dentro deste grupo estimamos que 98.700 indivíduos possuem mais dos US$50 milhões e 33.900 possuem mais de US$100 milhões.

A base da pirâmide 

Figura 2.Os diferentes estratos de riqueza têm distintas características. Embora aqueles ao nível da base estejam amplamente dispersos por todas as regiões, a representação na Índia e na África é desproporcionadamente elevada, ao passo que a Europa e a América do Norte estão correspondentemente sub-representadas (ver Figura 2). A camada da base tem na maior parte a mesma distribuição entre regiões e países, mas é também a mais heterogénea, abarcando um vasto conjunto de circunstâncias familiares. Em países desenvolvidos, apenas cerca de 30% da população cai dentro desta categoria e para a maior parte destes indivíduos, a pertença é um fenómeno transitório ou de ciclo de vida associado à juventude, idade avançada ou períodos de desemprego. Em contraste, mais de 90% da população adulta na Índia e na África estão situadas dentro desta base. Em alguns países de baixo rendimento da África, a percentagem da população nesta amplitude de riqueza está próxima dos 100%. Para muitos residentes em países de baixo rendimento, a pertença por toda a vida na camada da base é a norma ao invés da excepção.

Riqueza da classe média 

Os mil milhões de adultos situados na amplitude dos US$10.000 – 100.000 constituem a classe média no contexto da riqueza global. A riqueza média possuída está próxima da média global para todos os níveis de riqueza e o patrimônio líquido total de US$33 milhões de milhões proporciona a este segmento considerável poder económico. Esta é a camada cuja composição regional acompanha mais de perto a distribuição regional de adultos no mundo, embora a Índia e a África estejam sub-representadas e a China esteja super-representada. O contraste entre a China e a Índia é particularmente interessante. A Índia abriga apenas 4% da classe média global e a sua participação tem estado a elevar-se bastante vagarosamente nos últimos anos. A participação da China, por outro lado, tem estado a crescer rapidamente a agora representa mais de um terço da pertença global, quase dez vezes mais elevada do que a da Índia.

O segmento de alta riqueza da pirâmide 

Figura 3.A composição regional altera-se significativamente quando se chega aos 393 milhões de adultos do mundo todo que compõem o segmento elevado da pirâmide de riqueza – aqueles com valor líquido de mais de US$100.000. A Améríca do Norte, a Europa e a região da Ásia-Pacífico (omitindo a China e a Índia) em conjunto representam 89% da pertença global a este grupo, com a Europa sozinha abrigando 153 milhões de membros (39% do total). Isto compara-se com 2,8 milhões de membros adultos na Índia (0,7% do total global) e um número semelhante em África.

O padrão de pertença altera-se mais uma vez quando a atenção se volta para os milionários em dólares no topo da pirâmide. O número de milionários em qualquer país dado é determinado por três factores: a dimensão da população adulta, a riqueza média e a desigualdade de riqueza. Os Estados Unidos têm classificação elevada em todos os três critérios e têm de longe o maior número de milionários: 13,2 milhões, ou 42% do total mundial (ver Figura 3). Há poucos anos o número de milionários japoneses não estava muito longe do número dos Estados Unidos. Mas o número de milionários em dólar tem subido gradualmente assim como o número de milionários japoneses tem caído – especialmente este ano. Em consequência, a proporção de milionários globais do Japão afundou abaixo dos 10% pela primeira vez em 30 anos ou mais.

Os onze países remanescentes com mais de 1% do total global são encimados pelos países europeus do G7, França, Reino Unido e Itália, todos os quais têm proporções na amplitude dos 5-7%. A China está pouco atrás com uma pertença de 4% e parece provável que ultrapasse os principais países europeus dentro de uma década. A Suécia e Suíça tem populações relativamente pequenas, mas as suas altas riquezas médias elevam-nas às lita dos países que têm pelo menos 300.000 milionários, o número exigido para 1% do total mundial.

Alteração de pertença do grupo milionário 

Alterações nos níveis de riqueza desde meados de 2012 afectaram o padrão da sua distribuição. A ascensão em riqueza média combinada com um aumento de população elevaram o número de adultos com pelo menos US$10.000, dos quais só os Estados Unidos representam 1,7 milhão de novos membros (ver Tabela 1). Pode parecer estranho que a Eurozona tenha adquirido tantos novos milionários no ano passado, mais notavelmente a França (287.000), Alemanha (221.000), Itália (127.000), Espanha (47.000) e Bélgica (38.000), mas isto simplesmente compensa em parte a grande queda no número de milionários experimentada um ano atrás. A Austrália, Canadá e Suécia também reduziram o número de milionários em 2011-2012 e agora surgem entre os dez principais ganhadores. O Japão dominante completamente a lista de países que perdem milionários, representando perdas de 1,2 milhão, ou 98% do total global.
Figura .
Indivíduos com riqueza líquida elevada 

Figura 4.Estimar o padrão de riqueza dos que possuem mais de US$1 milhão exige um alto grau de engenhosidade porque em altos níveis de riqueza as fontes de dados habituais – inquéritos familiares oficiais – se tornam muito menos confiáveis. Ultrapassámos esta deficiência através da exploração de regularidades estatísticas para assegurar que a riqueza do topo extremo é consistente com os registos anuais daForbes de bilionários globais e outras listas de dados publicadas em outros lados. Isto produz estimativas plausíveis do padrão global de activos possuídos na categoria alto valor líquido (high net worth, HNW) dos US$1 milhão a US$50 milhões, e na categoria ultra alto valor líquido (ultra high net worth, UHNW) dos US$50 milhões para cima. Se bem que a base da pirâmide de riqueza seja ocupada por pessoas de todos os países em várias etapas dos seus ciclos de vida, os indivíduos HNW e UHNW estão fortemente concentrados em regiões e países particulares, e tendem a partilhar estilos de vida razoavelmente semelhante, participando nos mesmos mercados global por bens de luxo, mesmo quando residem em continentes diferentes. Também é provável que as carteiras de riqueza destes indivíduos sejam semelhantes, dominadas por activos financeiros e, em particular, acções em companhias públicas comerciadas em mercados internacionais. Por estas razões, utilizar taxas de câmbio oficiais para avaliar activos é mais adequado do que utilizar os níveis de preços locais. Estimamos que há agora 31,4 milhão de adultos HNW com riqueza entre US$1 milhão e US$50 milhões, a maior parte dos quais (28,1 milhões) fica na amplitude US$1-5 milhões (ver Figura 4). Este ano, pela primeira vez, mais de dois milhões de adultos estão no valor entre US$5 milhões e US$10 milhões, e mais de um milhão têm activos na amplitude dos US$10-50 milhões. Dois anos atrás a Europa tornou-se brevemente a região com o maior número de indivíduos HNW, mas a América do Norte recuperou a liderança e agora representa um número muito maior: 14,2 milhões (45% do total), a comparar com 10,1 milhões (32%) na Europa. Os países da Ásia-Pacífico excluindo a China e a Índia têm 5,2 milhões de membros (17%) e estimamos que haja agora mais de um milhão de indivíduos HNW na China (3,6% do total global). Os restantes 804.000 indivíduos HNW (2,5% do total) residem na Índia, África ou América Latina.

Indivíduos com riqueza líquida ultra elevada 

Figura 5.À escala mundial estimamos que haja 98.700 indivíduos UHNW, definidos como aqueles cuja riqueza líquida excede os US$50 milhões. Destes, 33.900 valem pelo menos US$100 milhões e 3.100 têm activos superiores a US$500 milhões. A América do Norte domina as classificações regionais, com 48.000 residentes UHNW (49%), ao passo que a Europa tem 24.800 indivíduos (25%) e 14.200 residem em países da Ásia-Pacífico, excluindo a China e a Índia. Dentre países individuais, os EUA vão à frente por uma margem enorme com 45.650 indivíduos UHNW, equivalente a 45% do grupo (ver Figura 5) e quase oito vezes o número na China, a qual está em segundo lugar com 5.830 representantes (5,9% do total global). Este ano a Suíça (3.460) subiu para o quarto lugar saltando o Japão (2.890) e o Reino Unidos (3.190), mas ainda por trás da Alemanha (4.500). O número de indivíduos UHNW no Japão realmente caiu este ano. Os números no Canadá, Hong Kong e Rússia subiram, mas não tão rápido como em outros países, de modo que eles desceram um lugar ou dois nas classificações. Uma forte amostragem de indivíduos UHNW também é evidente na Turquia (1.210), a qual subiu um par de lugares, e na Índia (1.760), Brasil (1.700), Formosa (1.370) e Coreia (1.210), todos os quais mantêm suas posições nas classificações por país do ano passado.

Conclusão 

Diferenças em haveres pessoais de activos podem ser detectadas através de uma pirâmide de riqueza, na qual milionários estão situados no estrato do topo e as camadas da base são preenchidas com pessoas mais pobres. Comentários sobre riqueza muitas vezes centram-se exclusivamente na parte do topo da pirâmide, o que é lamentável porque US$40 milhões de milhões de riqueza familiar é possuída nos segmentos da base e médios, e satisfazer as necessidades destes possuidores de activos pode muito bem conduzir a novas tendências no consumo, na indústria e na finança. O Brasil, China, Coreia e Formosa são países que já estão a ascender rapidamente através desta parte da pirâmide de riqueza, com a Indonésia logo atrás e a Índia a crescer rapidamente a partir de um baixo ponto de partida. Ao mesmo tempo, o segmento do topo da pirâmide provavelmente continuará a ser o mais forte condutor das tendências de fluxos e investimento de activos privados. Nossos números para meados de 2013 indicam que há agora mais de 30 milhões de indivíduos HNW, com mais de um milhão localizado na China e 5,2 milhões a residirem em outros países da Ásia-Pacífico além da China e Índia.

Fortunas cambiantes 

No cume da pirâmide, cada um 98.700 indivíduos UHNW agora vale mais de US$50 milhões. As fortunas recentes criadas na China levam-nos a estimar que 5.830 chineses adultos (5,9% do total global) agora pertencem ao grupo UHNW, e um número semelhante são de residente no Brasil, Índia ou Rússia. Apesar da haver pouco informação confiável sobre tendências ao longo do tempo nos dados da pirâmide de riqueza, parece quase certos que a riqueza tem estado a crescer mais rapidamente no estrato do topo da pirâmide desde pelo menos o ano 2000 e que esta tendência continua. Por exemplo: o total global de riqueza cresceu 4,9% desde meados de 2012 a meados de 2013, mas o número de milionários no mundo cresceu 6,1% durante o mesmo período, e o número de indivíduos UHNW ascendeu em mais de 10%. Parece portanto que a economia mundial permanece propícia à aquisição e preservação de fortunas de grande e média dimensão.
[*] Excerto de Global Wealth Report 2013, elaborado por Hans-Ulrich Meister e Robert S. Shafir, do Credit Suisse Research Institute, 64p., Outubro/2013.   O seu texto integral pode ser descarregado aqui (2121 kB). 

Este documento encontra-se em http://resistir.info/ .

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Conservadorismo em Alta...

antonio prata

 

03/11/2013 - 03h00

Guinada à direita

DE SÃO PAULO

Ouvir o texto
Há uma década, escrevi um texto em que me definia como "meio intelectual, meio de esquerda". Não me arrependo. Era jovem e ignorante, vivia ainda enclausurado na primeira parte da célebre frase atribuída a Clemenceau, a Shaw e a Churchill, mas na verdade cunhada pelo próprio Senhor: "Um homem que não seja socialista aos 20 anos não tem coração; um homem que permaneça socialista aos 40 não tem cabeça". Agora que me aproximo dos 40, os cabelos rareiam e arejam-se as ideias, percebo que é chegado o momento de trocar as sístoles pelas sinapses.
Como todos sabem, vivemos num totalitarismo de esquerda. A rubra súcia domina o governo, as universidades, a mídia, a cúpula da CBF e a Comissão de Direitos Humanos e Minorias, na Câmara. O pensamento que se queira libertário não pode ser outra coisa, portanto, senão reacionário. E quem há de negar que é preciso reagir? Quando terroristas, gays, índios, quilombolas, vândalos, maconheiros e aborteiros tentam levar a nação para o abismo, ou os cidadãos de bem se unem, como na saudosa Marcha da Família com Deus pela Liberdade, que nos salvou do comunismo e nos garantiu 20 anos de paz, ou nos preparemos para a barbárie.
Se é que a barbárie já não começou... Veja as cotas, por exemplo. Após anos dessa boquinha descolada pelos negros nas universidades, o que aconteceu? O branco encontra-se escanteado. Para todo lado que se olhe, da direção das empresas aos volantes dos SUVs, das mesas do Fasano à primeira classe dos aviões, o que encontramos? Negros ricos e despreparados caçoando da meritocracia que reinava por estes costados desde a chegada de Cabral.
Antes que me acusem de racista, digo que meu problema não é com os negros, mas com os privilégios das "minorias". Vejam os índios, por exemplo. Não fosse por eles, seríamos uma potência agrícola. O Centro-Oeste produziria soja suficiente para a China fazer tofus do tamanho da Groenlândia, encheríamos nossos cofres e financiaríamos inúmeros estádios padrão Fifa, mas, como você sabe, esses ágrafos, apoiados pelo poderosíssimo lobby dos antropólogos, transformaram toda nossa área cultivável numa enorme taba. Lá estão, agora, improdutivos e nus, catando piolho e tomando 51.
Contra o poder desmesurado dado a negros, índios, gays e mulheres (as feias, inclusive), sem falar nos ex-pobres, que agora possuem dinheiro para avacalhar, com sua ignorância, a cultura reconhecidamente letrada de nossas elites, nós, da direita, temos uma arma: o humor. A esquerda, contudo, sabe do poder libertário de uma piada de preto, de gorda, de baiano, por isso tenta nos calar com o cabresto do politicamente correto. Só não jogo a toalha e mudo de vez pro Texas por acreditar que neste espaço, pelo menos, eu ainda posso lutar contra esses absurdos.
Peço perdão aos antigos leitores, desde já, se minha nova persona não lhes agradar, mas no pé que as coisas estão é preciso não apenas ser reacionário, mas sê-lo de modo grosseiro, raivoso e estridente. Do contrário, seguiremos dominados pelo crioléu, pelas bichas, pelas feministas rançosas e por velhos intelectuais da USP, essa gentalha que, finalmente compreendi, é a culpada por sermos um dos países mais desiguais, mais injustos e violentos sobre a Terra. Me aguardem.
antonio prata
Antonio Prata é escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles "Meio Intelectual, Meio de Esquerda" (editora 34). Escreve aos domingos na versão impressa de "Cotidiano".
Explicação da Ironia

antonio prata

 

10/11/2013 - 03h00

Abaixo, a ironia

Ouvir o texto
Domingo passado, escrevi aqui uma crônica em que satirizava o discurso mais raivoso da direita brasileira.
Muita gente não entendeu: alguns se chocaram pensando que eu de fato acreditava que o problema do país era a suposta supremacia de negros, homossexuais, feministas, índios e o "poderosíssimo lobby dos antropólogos"; outros me chocaram, cumprimentando-me pela coragem (!) de apontar os verdadeiros culpados por nosso atraso. Volto ao tema para que não haja risco algum de eu estar reforçando as ideias nefastas que tentei ridicularizar.
Uma sátira é uma caricatura. Escolhemos certos traços de uma obra e produzimos outra, exagerando tais características. Narizes aparecem desproporcionalmente grandes, orelhas podem ser maiores que a cabeça, um bigode talvez chegue até o chão. É como se puséssemos uma lupa nos defeitos do original, a fim de expô-los.
Na crônica de domingo, achei que havia carregado o bastante nas tintas retrógradas para que a sátira ficasse evidente. Descrevi um quadro que, pensava eu, só poderia ser pintado por um paranoico delirante.
No país bisonho do meu texto, José Maria Marin e o pastor Marco Feliciano eram de esquerda, os brancos estavam escanteados por negros, que ocupavam a direção das empresas, as mesas do Fasano e os assentos de primeira classe dos aviões.
O Brasil (segundo maior exportador de soja do mundo) não era, na crônica, uma potência agrícola, por culpa das reservas indígenas. No fim, me levantava contra "as bichas" e "o crioléu". O texto não estava suficientemente descolado da realidade para que todos percebessem a impossibilidade de ser literal?
Talvez, infelizmente, não: fui menos grosseiro, violento e delirante na sátira do que muitos têm sido a sério. Poucos dias antes da crônica ser publicada, um vereador afirmou em discurso que os mendigos deveriam virar "ração pra peixe".
Com esse pano de fundo, ser "apenas" racista, machista, homo e demofóbico pode não soar absurdo. Quem se chocou achou o personagem equivocado, mas plausível. Quem me cumprimentou achou minha "análise" perfeitamente coerente.
Ora, só dá para concordar com o texto se você acreditar que as cotas criaram uma elite negra e oprimiram os brancos, acabando com a "meritocracia que reinava por estes costados desde a chegada de Cabral", se achar que os 20 anos de ditadura foram "20 anos de paz" e que é legítimo e bem-vindo levantar-se contra "as bichas" e "o crioléu".
Em "Hanna e Suas Irmãs", do Woody Allen, Lee, uma das irmãs, é casada com um intelectual rabugento chamado Frederick. Lá pelas tantas, o personagem assiste a um documentário sobre Auschwitz, em que o narrador indaga "como isso foi possível?".
Frederick bufa e resmunga: "A pergunta não é essa! Do jeito que as pessoas são, a pergunta é: como não acontece mais vezes?". Esta semana, diante dos e-mails elogiosos que recebi, a fala me voltou algumas vezes à memória: "Como não acontece mais vezes?". Vontade é o que não falta, por aí -e, infelizmente, não estou sendo irônico.
antonio prata
Antonio Prata é escritor. Publicou livros de contos e crônicas, entre eles "Meio Intelectual, Meio de Esquerda" (editora 34). Escreve aos domingos na versão impressa de "Cotidiano".

domingo, 15 de dezembro de 2013

Fotos de borboletas e mariposas da Amazônia


Alguns machos de mariposa, como esse do gênero Rothschildia, possuem antenas que se assemelham a penas - Foto: Fábio Paschoal

Alguns machos de mariposa, como esse do gênero Rothschildia, possuem antenas que se assemelham a penas – Foto: Fábio Paschoal
No post passado – Fotos de borboletas da Amazônia (lagartas) – falei das quatro fases da vida de umaborboleta (ovo, lagarta, pupa ou crisálida e inseto alado). No post de hoje vamos ver as diferenças entre mariposas e borboletas.
Existem borboletas que parecem mariposas e mariposas que parecem borboletas. Para diferenciar os insetos você pode olhar para as antenas. Borboletas possuem uma estrutura globular na ponta enquanto mariposas não apresentam essa característica.
A maioria das borboletas é diurna e possui uma coloração vibrante que serve para identificação de um possível parceiro. Mariposas estão mais ligadas à noite e por isso possuem cores menos vistosas. Para achar uma companheira os machos não podem contar com a visão. Eles usam substâncias químicas, captadas pelas antenas, para se orientarem no escuro. Muitos machos de mariposas apresentam antenas que se assemelham a uma pena. Essa forma aumenta a superfície de contato e, consequentemente, a chance de encontrar e fecundar uma fêmea.
Deixo aqui uma pequena amostra de algumas borboletas e mariposas que encontrei na região do rio Cristalino, na Floresta Amazônica.
As borboleta do gênero Callicore apresentam um padrão gráfico na parte de baixo das asas que lembram números ou letras do alfabeto. Infelizmente, devido à sua beleza, essas borboletas são mortas para serem utilizadas na confecção de bijuterias - Foto: Fábio Paschoal
As borboleta do gênero Callicore apresentam um padrão gráfico na parte de baixo das asas que lembram números ou letras do alfabeto. Infelizmente, devido à sua beleza, esses insetos são mortos para serem utilizadas na confecção de bijuterias – Foto: Fábio Paschoal
Mariposa na região do rio Cristalino, Amazônia - Foto: Fábio Paschoal
Mariposa na região do rio Cristalino, Amazônia – Foto: Fábio Paschoal
Machos de borboletas da subfamília Coliadinae procuram por sais minerais na beira dos rios da Floresta Amazônica - Foto: Fábio Paschoal
Machos de borboletas da subfamília Coliadinae procuram por sais minerais na beira dos rios da Floresta Amazônica – Foto: Fábio Paschoal
Algumas mariposas podem ser parecidas com borboletas. Essa, do gênero Urania é diurna e possui cores vibrantes - Foto: Fábio Paschoal
Algumas mariposas podem ser parecidas com borboletas. Essa, do gênero Urania, é diurna e possui cores vibrantes – Foto: Fábio Paschoal
Algumas borboletas, como essa do gênero Haetera, perderam as escamas das asas. Ser transparente significa estar camuflada em qualquer tipo de ambiente - Foto: Fábio Paschoal
Algumas borboletas, como essa do gênero Haetera, perderam as escamas das asas. Ser transparente significa estar camuflada em qualquer tipo de ambiente – Foto: Fábio Paschoal
A camuflagem pode ser uma estratégia para se esconder de predadores. Essa mariposa se parece com o acúleo de uma rosa - Foto: Fábio Paschoal
A camuflagem pode ser uma estratégia para se esconder de predadores. Essa mariposa se parece com o acúleo de uma rosa – Foto: Fábio Paschoal
Essa borboleta do gênero  Napeocles fica extremamente bem camuflada no chão de folhas secas da Floresta Amazônica – Foto: Fábio Paschoal
A borboleta do gênero Napeocles fica extremamente bem camuflada no chão de folhas secas da Floresta Amazônica – Foto: Fábio Paschoal
Em repouso as borboletas do gênero morpho ficam com as asas fechadas. O padrão discreto as deixam camufladas quando estão pousadas em meio às folhas secas do chão da floresta (direita). Quando elas abrem as asas (esquerda), expõem escamas iridescentes que confudem os predadores - Fotos: Fábio Paschoal
Em repouso as borboletas do gênero Morpho ficam com as asas fechadas. O padrão discreto as deixam camufladas quando estão pousadas em meio às folhas secas do chão da floresta (esquerda). Quando elas abrem as asas (direita), expõem escamas iridescentes que confundem os predadores – Fotos: Fábio Paschoal
Algumas mariposas revelam asas coloridas quando se sentem ameaçadas. a intenção é assustar um possível predador - Foto: Fábio Paschoal
Algumas mariposas revelam asas coloridas quando se sentem ameaçadas. A intenção é assustar um possível predador – Foto: Fábio Paschoal
Machos precisam de sais minerais para produção de esperma. Essa borboleta do gênero Rhetus está procurando por eles em um saleiro na Amazônia – Foto: Fábio Paschoal
Machos precisam de sais minerais para produção de esperma. Essa borboleta do gênero Rhetus está procurando por eles em um saleiro na Amazônia – Foto: Fábio Paschoal
As estaladeiras (Hamadryas sp.) produzem estalos quando voam. O som é produzido somente pelos machos, mas pode ser captado por ambos os sexos. Os cientistas acreditam que o barulho serve para demarcar o território ou para iniciar o ritual do acasalamento – Foto: Fábio Paschoal
As estaladeiras (Hamadryas sp.) produzem estalos quando voam. O som é feito somente pelos machos, mas pode ser captado por ambos os sexos. Os cientistas acreditam que o barulho serve para demarcar o território ou para iniciar o ritual do acasalamento – Foto: Fábio Paschoal
As borboletas do gênero Pyrrhopyge podem seguir grupos de pássaros para se alimentarem das fezes das aves – Foto: Fábio Paschoal
As borboletas do gênero Pyrrhopyge podem seguir grupos de pássaros para se alimentarem das fezes das aves – Foto: Fábio Paschoal
As borboletas-asa-de-tigre (Heliconius sp.) se alimenta de plantas tóxicas durante a fase de lagarta. Quando se transforma em borboleta, anuncia essa característica com cores vibrantes. Algumas borboletas não são tóxicas, mas imitam esse padrão para evitar predadores - Foto: Fábio Paschoal
As asas-de-tigre (Heliconius sp.) se alimentam de plantas tóxicas durante a fase de lagarta. Quando se transformam em borboletas, anunciam que não são comestíveis com cores vibrantes. Algumas borboletas não são tóxicas, mas imitam esse padrão para evitar predadores – Foto: Fábio Paschoal
Com 30 centímetros de envergadura, a mariposa-imperial (Thysania sp.) é a maior mariposa do mundo - Foto: Fábio Paschoal
Com 30 centímetros de envergadura, a mariposa-imperial (Thysania sp.) é a maior mariposa do mundo – Foto: Fábio Paschoal
Borboleta do gênero Siproeta na região do rio Cristalino, Amazônia - Foto: Fábio Paschoal
Borboleta do gênero Siproeta na região do rio Cristalino, Amazônia – Foto: Fábio Paschoal
Círculos nas asas das borboletas-coruja (Caligo sp.) se parecem com os olhos de uma coruja e assustam potenciais predadores - Foto: Fábio Paschoal
Círculos nas asas das borboletas-coruja (Caligo sp.) se parecem com os olhos de uma coruja e assustam potenciais predadores – Foto: Fábio Paschoal

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Filme La Commune – A Comuna de Paris foi televisionada

251113 lacomuneFrança - A Verdade - [Glauber Ataide] Um filme ao mesmo tempo vibrante e reflexivo: assim podemos definir La Commune, do diretor inglês Peter Watkins. A obra retrata a Comuna de Paris pelo lado de dentro, vista em meio à classe trabalhadora, que, por poucas semanas em 1871, "tomou o céu de assalto".


Com duração de 5 horas e 45 minutos e todo em preto e branco, La Commune pretende ser uma cobertura popular e documental da Comuna de Paris, mostrando o seu dia a dia por meio de uma TV fictícia criada peloscommunards. Ao mesmo tempo em que faz a dramatização da cobertura dos eventos, o filme também os contextualiza, exibindo informações históricas em formato de documentário – um gênero chamado docudrama, em inglês. Também trata do papel da mídia de massas, tanto no passado quanto no presente.
Logo nos primeiros dias da Comuna, ao perceberem que a mídia burguesa mentia, omitia e distorcia os fatos, os communards viram a necessidade de ter seu próprio veículo de comunicação. Assim, criaram a TV Comuna, que com seus dois repórteres acompanhará toda a revolução em seus aspectos mais particulares.
Um filme militante
O calor transmitido pela obra é contagiante. O povo se reúne e debate a organização da nova sociedade a todo o momento. As novas cooperativas de trabalhadores reativando oficinas abandonadas, a nova organização das mulheres, a nova administração e a nova educação desvinculada da Igreja, enfim, não há um só minuto de silêncio no decorrer do filme, com exceção das cenas que mostram como o canal de televisão da burguesia noticiava esses mesmos fatos.
Mas a característica mais marcante da obra é que, por diversos momentos, perde-se a barreira que separa o que é ficção e o que é realidade, o que é passado e o que é presente: durante o filme, os próprios atores são questionados sobre determinadas cenas da Comuna que estão representando. É assim, por exemplo, quando durante a defesa em uma barricada contra o avanço do exército de Versalhes, o repórter da TV Comuna se aproxima para entrevistar uma trabalhadora que ali lutava. No entanto, ele ultrapassa a linha do ficcional e entrevista não a personagem, mas a própria atriz, que lhe responde sob a emoção da cena que continua em andamento com os outros atores.
La Commune é também um filme para reflexão. A obra registra debates políticos entre os atores, ainda trajando seus figurinos dentro do cenário, sem que se avise antes ao telespectador que foi interrompido o fluxo dos eventos e que entramos em uma discussão sobre o mundo atual. Somente no decorrer do diálogo é que se percebe que ocorreu tal transição.
Meses antes das filmagens, cada ator estudou sobre a Comuna de Paris e sobre o que considerou necessário para compreender o tema. Suas opiniões registradas nos debates, portanto, resultaram do confronto entre suas leituras, a recriação dos eventos da Comuna e os debates com outros atores. E foi o resultado de todas essas experiências o que levou uma atriz a revelar durante um debate: “Quando eu ouvi falar desse filme eu reli Valles, Louise Michel, Lissagaray. Eu terminei os três livros e pensei: eu entendi Lênin!”. Para ela, foi somente pela experiência de recriação da Comuna de Paris que foi possível perceber a necessidade de uma organização centralizada como proposta por Lênin para dirigir a revolução – o Partido Comunista –, o que, em sua opinião, faltou na Comuna. Quando outro ator discorda de sua posição devido à repressão ao levante de Kronstadt (um levante que colocava em perigo o novo poder soviético), ela ainda replica: “Sim, mas eles [os bolcheviques] venceram a revolução”.
Por ser um filme engajado, militante, não se poderia esperar, obviamente, que fosse facilmente financiado. E a própria obra denuncia isto, quando, após um debate entre os atores, escreve: “A participação do elenco na produção deste filme é exatamente o que a mídia global teme, e uma das principais razões dos canais de televisão, aos quais foram solicitados recursos para este filme, terem se recusado a financiá-lo. O que a mídia teme, mais especificamente, é ver o homem no pequeno retângulo [televisão] ser substituído por uma multidão de pessoas, pelo público”.
Apesar de lançado no ano 2000, as dificuldades de financiamento e distribuição impediram sua ampla divulgação, somando-se o fato de que suas únicas legendas originais são em inglês (com áudio em francês). No entanto, graças à livre colaboração na internet, já é possível encontrar legendas não oficiais também em português. La Commune é um filme obrigatório.
Glauber Ataide, Belo Horizonte

sábado, 23 de novembro de 2013

O capitalismo realmente é um sucesso, não é mesmo?

Man-in-american
















Estados Unidos - Diário Liberdade - [Idelber Avelar] Parabéns, capitalismo! Parabéns, teóricos do livre mercado! Tá funcionando que é uma beleza a utopia de vocês.

Na sua maior e mais poderosa vitrine, os EUA (enriquecidos às custas de processos que muito pouco têm a ver com a retórica da livre concorrência, como a escravidão, a expoliação de recursos alheios através da guerra e o protecionismo tarifário -- mas deixemos isso entre parênteses), acaba de ser publicado um estudo que mostra que o número daqueles que vivem abaixo da linha da pobreza chegou a impressionantes 49,7 MILHÕES de pessoas. Sim, já são 50 milhões os cidadãos dos EUA que vivem ABAIXO da linha da pobreza: http://bit.ly/1dORJ7F.(Parênteses para ressalvar que, claro, eu não acredito que a linha da pobreza seja sempre um medidor universalmente confiável: uma coisa é dizer que um determinado pescador, em algum canto da Amazônia aonde os lagos de malária das hidrelétricas de Dilma Rousseff ainda não tenham chegado, está abaixo da linha da pobreza porque vive com menos de US$2 por dia. Esse pescador pode perfeitamente -- ainda -- viver com dignidade de sua pesca e/ou lavoura, mesmo tendo renda inferior a US$2 por dia. No caso dos EUA, no entanto, sabemos bem o que significa renda inferior a US$2 por dia para a esmagadora maioria dos atingidos: é situação de desesperadora insegurança alimentar).E a parte mais incrível do estudo não é nem essa. Em outra parte, revela-se que estão abaixo ou perto da linha da pobreza nada menos que 4 de cada 5 habitantes dos EUA (http://bit.ly/1dOUCFI). Sim, OITENTA por cento dos habitantes dos EUA estão ou estiveram abaixo ou próximos da linha da pobreza, uma linha que, nos EUA, representa uma situação muito mais desesperadora que na maioria dos outros países do mundo.Parabéns, capitalismo! Parabéns, teóricos do livre mercado! Tá funcionando que é uma beleza a utopia de vocês.Idelber Avelar é proofessor de literatura na Tulane University, Nova Orleães (EUA). Fonte: http://www.diarioliberdade.org/

domingo, 13 de outubro de 2013

CHACINA QUE O MUNDO TODO VIU MENOS OS BRASILEIROS...

Imagem Página

Genocidio no Brasil, Campo de concentração em Minas Gerais,  aquela que depois se tornaria o grande ícone da imprensa no Brasil da um show de desinformação; estrangeiros vem no Brasil, filmam tudo e as imagens rodam o mundo. 

Tibet_blog_3.jpg

O grande ícone da grande imprensa brasileira, estrategicamente, acusa erroneamente garimpeiros brasileiros da chacina mobilizando a opinião pública mundial contra o Brasil. A justiça brasileira investiga e, um mês depois, descobre que a culpa são de empresas como a Arruda e Junqueira, empresas terceirizadas por Nelson Rockefeller e pela CIA para o extermínio generalizado de centenas de tribos que vivem em regiões de interesse de mineradoras internacionais. Mas isso não é transmitido para o mundo e nem para o Brasil. Segundo decisão dos donos da grande emissora "para não gerar uma visão negativa do Brasil do exterior". 
 
 O ano é 1963. O padre Edgar Smith recebe em seu confessionário o genocida Ataíde Pereira que prevendo a morte breve e atormentado pelos crimes que havia cometido procura o padre para confessar seus pecados e tentar de alguma forma mudar o rumo das coisas. Todos seus companheiros já estão mortos, o chefe da expedição, Francisco Brito, o piloto do avião que bombardeara a tribo e até o próprio padre Edgar estariam mortos algumas semanas mais tarde. Além disso não havia recebido os quinze dólares prometidos pelo serviço. O padre convenceu Pereira de repetir sua confissão em um gravador e entregou a fita ao SPI, Serviço de Proteção ao Indio. O caso foi abafado no Brasil mas não no mundo. Finalmente, com toda a pressão internacional o caso chega ao procurador geral de justiça que pede uma investigação completa do caso. 
As provas do genocidio são incontestáveis, 20 volumes de provas são coletados e acusam que entre 1957 e 1968 cerca de 100 mil indios foram assassinados por mineradoras estrangeiras. 
Os que não resistiram a ocupação, tiveram a vida poupada e foram levados para Crenaque em M.G. onde existia um enorme campo de concentração onde mais alguns milhares morreriam de fome e maus tratos. O detalhamento do genocidio é chocante, os Nambikuaras haviam sido mortos com metralhadoras, os Pataxós com variola inoculada no lugar de vacinas, os Canelas mortos por jagunços, os Maxakalís drogados e mortos a tiros, os Beiços de Pau receberam alimentos com formicida e arsênico. 
Todas as tribos estudadas pelo SIL haviam sido mortas, o Instituto Summer de Linguistica aprendia a lingua da tribo o suficiente para dar alternativa aos indios. Ou eles fugiam para o campo de Crenaque ou morreriam. Trechos da confissão de Pereira mostram como era a vida do matador. ..." estavamos com bastante medos uns dos outros. Nesse tipo de lugar, as pessoas atiram umas nas outras e são alvejadas, pode-se dizer, sem saber a razão. Quando abrem um buraco em você , eles tem mania de enfiar uma flecha na ferida, para colocar a culpa nos indios..." 
As próximas vítimas eram os Cintas-Largas, uma pequena tribo indígena da Amazônia brasileira que havia cometido o erro de se instalar sobre uma mina de nióbio e se recusavam a sair. O depoimento de Pereira, da chacina dos cintas largas mosta como era o cotidiano desses matadores. Após metralhar toda tribo haviam sobrado somente uma jovem menina e uma criança que chorava abraçada a menina no centro da aldeia. Os matadores pedem pela vida da menina alegando que pode ser usada para prostituição. ..." Chico atravessou a cabeça da criança com um tiro, ele parecia descontrolado ficamos muito assustados. Ele amarrou a garota índia de cabeça para baixo numa árvore, as pernas separadas, e a rasgou ao meio com o facão. Quase com um único golpe, eu diria. A aldeia parecia um matadouro. 
Ele se acalmou depois de cortar a mulher e nos disse para queimar as cabanas, jogar os corpos no rio. Depois disso, pegamos nossas coisas e retomamos o caminho de volta, tomando cuidado para esconder nossas pegadas. Mal sabia que um dia a pegada a ser apagada seria ele. No fim foi provado que o SPI estava diretamente envolvido nas chacinas com a distribuição de roupas contaminadas por variola, alimentos envenenados, crianças escravizadas, mulheres prostituidas e muito mais. Dos 700 funcionários 134 foram processados mas todos perdoados na ditadura, foram então treinados pela CIA aos moldes da Policia Tribal do Departamento de Assuntos Indios(BIA) dos EUA e colocados sob a chefia do ex-chefe do serviço militar de informações. Assim por mais alguns anos a FUNAI adotou a politica de arrendar terras indigenas para empresas mineradoras, encaminhando os índios para morrerem em Crenaque. 
Os militares do ministério do interior cooperavam com a agência americana de pesquisa geológica mapeando a Amazônia. Trechos do livro Seja Feita a Vossa Vontade de Gerard Colby com Charlotte Dennett. A grande e maior rede de TV do Brasil é  uma ferramenta criada pela CIA para esconder a operação Brother Sam e a extração de niobio do Brasil. Através de Nelson Rockefeller a CIA obtém, usando a CBMM do falecido amigo e sócio, Walter Moreira Salles o nióbio de Araxá praticamente de graça. 
Quando Getulio Vargas, descobriu e tentou interromper esse processo foi deposto no golpe militar que levaria a sua morte. Quando Jango descobriu, cassou a Hanna Mineradora e anunciou as reformas de base também morreu. Em todos esses momentos Moreira Salles estava presente. Agora que o Ministério Público começou a investigar a relação desta emissora com a CBMM surgiu a PEC 37. Se não colar, os tumultos estão ai nas ruas, como o IPES fez em 1964 criando o caos para justificar a intervenção militar. 
Não podemos fazer protestos violentos e a razão da luta não pode ser aumento do preço da passagem e sim o fim da exploração oculta do nióbio. Isso é a origem de todo problema. Precisamos mostrar aos EUA que nós sabemos o que está se passando para que ele libere ainda mais a famosa emissora e grande rede de TV brasileira da obrigação de nos manter desinformados, sempre sabotando o QI dos brasileiros com programas alienativos, condenando ao esquecimento nossos heróis e politicos honestos e escondendo o extermínio sistemático dos nossos índios para beneficiar as empresas estrangeiras, facilitando seus interesses, até  tomarem posse de suas terras sem serem notadas. 
Acorda Brasil !
Fonte: http://joaosilvio.blogspot.com.br/

sábado, 12 de outubro de 2013

WWF APONTA CUBA COMO ÚNICO PAÍS COM DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL


Cuba é o único país do mundo com desenvolvimento sustentável, segundo o relatório bienal apresentado hoje pela organização WWF em Pequim, e que afirma que o ecossistema "está se degradando a um ritmo sem precedentes na história".
De acordo com o relatório, elaborado pela WWF a cada dois anos e que foi apresentado pela primeira vez na capital chinesa, se as coisas continuarem como estão, por volta de 2050 a humanidade precisaria consumir os recursos naturais e a energia equivalente a dois planetas Terra.
É um círculo vicioso: os países pobres produzem um dano per capita à natureza muito menor, mas, à medida que vão se desenvolvendo (exemplos de China e Índia), o índice vai aumentando a níveis insustentáveis pelo planeta.
A WWF elaborou em seu relatório um gráfico no qual sobrepõe duas variáveis: o índice de desenvolvimento humano (estabelecido pela ONU) e o "rastro ecológico", que indica a energia e recursos por pessoa consumidos em cada país.
Surpreendentemente, apenas Cuba tem nos dois casos níveis suficientes que permitem que o país seja considerado que "cumpre os critérios mínimos" para a sustentabilidade.
"Não significa, certamente, que Cuba seja um país perfeito, mas é o que cumpre as condições", disse à Efe, Jonathan Loh, um dos autores do estudo.
"Cuba alcança um bom nível de desenvolvimento, segundo a ONU, graças a seu alto nível de alfabetização e expectativa de vida bastante alta, enquanto seu 'rastro ecológico' não é grande, por ser um país com baixo consumo de energia", acrescentou Loh, que apresentou o estudo em Pequim.
De fato, a região latino-americana em geral parece ser a que está mais perto da sustentabilidade, já que outros países como Brasil ou México estão perto dos mínimos necessários, frente à situação de regiões como África -- com baixo consumo energético, mas muito subdesenvolvida -- e Europa, onde ocorre o inverso.
"Não sei exatamente a que se deve este fato (a boa situação da América Latina), mas é possível perceber que é ali onde as pessoas parecem mais felizes, e talvez se deva ao maior equilíbrio entre desenvolvimento e meio ambiente", disse o autor do estudo.
Apesar das boas vibrações transmitidas pelo bloco latino, a situação global mostrada pelo relatório da WWF é desanimadora. Por exemplo, o número de espécies de animais vertebrados caiu 30% nos últimos 33 anos.
O rastro deixado pelo homem é tamanho que "são consumidos recursos em tempo muito rápido, que impede a Terra de recuperá-los", disse o diretor-geral da WWF, James Leape, que também participou da apresentação do relatório em Pequim.
O "rastro ecológico" do homem, seu consumo de recursos, triplicou segundo a WWF entre 1961 e 2003, por isso o ser humano já pressiona o planeta 25% a mais do que o processo regenerativo natural da Terra pode suportar.
Além disso, há uma piora da situação, apesar de esforços como o Protocolo de Kioto. No relatório da WWF anterior, publicado em 2004, o impacto do homem ultrapassava em 21% a capacidade de regeneração do planeta.
O novo relatório da organização coloca na "lista negra" de países com alto consumo per capita de energia e recursos os Emirados Árabes Unidos, EUA, Finlândia, Canadá, Kuwait, Austrália, Estônia, Suécia, Nova Zelândia e Noruega.
O fato de o relatório ter sido apresentado na China mostra a importância que a WWF dá ao futuro da economia asiática, pois a forma como escolher se desenvolver "é fundamental para que o mundo avance rumo ao desenvolvimento sustentável".
Apesar de China ser o segundo maior emissor mundial de gases poluentes, devido à grande população seu "rastro ecológico" per capita é muito baixo em comparação aos países mais desenvolvidos, o que ocorre também no caso da Índia.
O especialista Jiang Yi, da universidade pequinesa de Tsinghua, disse no ato realizado em Pequim que uma das chaves para melhorar o consumo de recursos e energia na China é "desenvolver um sistema rural de equilíbrio energético" e investigar alternativas de calefação e ar condicionado para as casas chinesas.