terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Vídeo: Os Palestinos da Amazonia

Vídeo em 3 partes com depoimentos de lavradores amazônicos nos acampamentos da Liga dos Camponeses Pobres, no interior de Rondônia. A luta de um povo forte, que sofre o diabo, mas que não tem medo dele.

Parte 1


Parte 2


Parte 3

Fonte: http://www.youtube.com/user/Latuff

Soja: em nome do progre$$o

A expansão da soja na Amazônia tem atraído fazendeiros de outras regiões do Brasil, que se mudam com a ambição de se tornarem ricos rapidamente. Mas tudo tem seu preço... Comunidades locais são ameaçadas e expulsas de suas terras. E a floresta é destruída para dar lugar à soja. Para o Brasil, tudo em nome do "progresso". Mas, para aqueles que perderam suas terras e viram a destruição que a soja trouxe para a região de Santarém, o avanço da fronteira agrícola na Amazônia não significa nada a não ser devastação e miséria...
Veja o documentário "Soja: em Nome do Progresso" que aborda essa Questão;

Parte 1


Parte 2


Veja algumas máterias relacionadas ao Tema:
Município do Tocantins lidera ranking de soja e de pobreza
Fartura de grãos contrasta com precariedade de políticas sociais

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

A humanidade deve pensar que sociedade quer: uma que destrói trabalhadores ou uma que os dignifica

Para Ricardo Antunes, humanidade deve pensar que sociedade quer: uma que destrói trabalhadores ou uma que os dignifica

Por Vinicius Mansur

O EMPRESARIADO se movimenta para obrigar os assalariados a pagar pela atual crise econômica. A principal tática é utilizar as demissões para garantir os lucros e pressionar pela flexibilização de direitos. Para resistir, os trabalhadores devem atuar de modo organizado, pautando um debate sobre qual deve ser a sociedade do século 21. Em entrevista, Ricardo Antunes, professor de sociologia da Unicamp, aprofunda essa análise, elogia os governos da Bolívia, Cuba, Equador e Venezuela e critica o brasileiro, “um partícipe da ordem”.

Brasil de Fato – O senhor tem dito que é falsa a dicotomia flexibilização dos direitos trabalhistas e desemprego? Por quê?
Ricardo Antunes – A ideia de flexibilizar direitos para preservar empregos é uma falácia e, no limite, uma falsidade. Vários países, como Inglaterra, Argentina, Espanha, Itália e até mesmo a França, tentaram flexibilizar direitos com o pretexto de melhorar as condições de emprego e o que se vê, de todas essas experiências, é que a flexibilização foi uma forma de precarizar os direitos. Isso porque, em situações adversas, os trabalhadores flexibilizam os direitos e, com isso, perdem direitos que eles não recuperam depois.
Na verdade, o empresariado quer é fazer com que as contas nesse momento de crise sejam jogadas em cima da classe trabalhadora. Quem deve pagar essa conta é o próprio empresariado e o seu sistema financeiro, pois eles são os agentes partícipes e os responsáveis por essa crise. Porém, o empresariado não diz “trabalhadores, vocês vão pagar a conta”. Eles afirmam, “trabalhadores, vamos flexibilizar para garantir os seus empregos”.
Ora, quem acredita que irá se fortalecer tendo os seus direitos destruídos? É uma fala mistificadora e é muito importante que a classe trabalhadora perceba, porque, se em um momento de crise como essa ela aceita a redução de direitos, não conseguirá recuperá-los depois facilmente. Lembre-se que no governo Fernando Henrique Cardoso houve, entre várias medidas para flexibilizar o contrato de trabalho, aquela que permitia os contratos temporários. Isso fez com que muitos trabalhadores hoje peguem empregos temporários e, quando eles vão completar três meses de experiência para ficar no emprego, as empresas os demitem para não configurar estabilidade. O que tenho mostrado é que este momento que o capital chama para flexibilizar direitos é de fato para que a conta [da crise] seja paga pela classe trabalhadora.

Como pode acontecer essa flexibilização?
O empresariado começa a falar em várias alternativas. Por exemplo, suspender o contrato de trabalho por um período de dez meses. Na verdade, a suspensão do contrato é a iminência do desemprego completo. A CLT [Consolidação das Leis do Trabalho] já contempla modalidades desse tipo de suspensão do contrato por um período de até cinco meses. O problema é que o empresariado está fazendo várias propostas para tirar dele o ônus da crise.
É importante ficar claro que o empresariado deve reduzir os seus lucros. Todos falam em reduzir direitos do trabalho, por que não falar em flexibilizar a propriedade privada? Ou seja, por que não pensar em propriedade não inteiramente privada, mas que os trabalhadores tenham acesso à propriedade do capital? Porque eles não flexibilizam aquilo que, para eles, é o fundamental. Agora, é preciso que a sociedade entenda que, para a classe trabalhadora, o trabalho é a única atividade que lhe permite sobreviver. Se não a exerce, ele está na indigência social, está próximo da economia política do crime, do narcotráfico.
A OIT [Organização Internacional do Trabalho] já fala em 1,5 bilhão de trabalhadores que perderiam, em 2009, salários e viveriam em condições de trabalho mais adversas. Essa é a dimensão do problema. E, dentro dele, ampliar o seguro desemprego é legítimo. O Estado garantir que os trabalhadores desempregados tenham formas de sobrevivência é legítimo. O que não é legítimo é o empresariado, na primeira ameaça de crise, já reduzir custos cortando trabalho para garantir que os prejuízos em seus lucros não sejam grandes. Os trabalhadores não são os responsáveis pela crise, mas sim o próprio sistema de competitividade destrutiva interempresa, acentuado nesse contexto de globalização.

E, dentro desse cenário de globalização do capital, podemos dizer que proposições como essa do layoff (suspensão do contrato de trabalho) fazem parte de uma movimentação global de empresários?
Um traço muito importante da mundialização ou globalização é que o capital se transnacionalizou e, nesse sentido, o seu receituário. Não é por acaso que as propostas de flexibilização atingiram praticamente todos os países do mundo que têm um certo tipo de atividade econômica industrial e de serviços forte. Todos os países sofreram isso: Inglaterra, França, Itália, Estados Unidos, Alemanha e até a China.
E como as empresas são transnacionais, ainda que marcadas pelas particularidades de cada país, elas têm um receituário que é geral. Uma das receitas mais gerais agora é usar o momento para dar um outro salto no sentido de precarizar as condições de trabalho. Por isso que a ideia de que o negociado se sobreponha ao legislado é uma imposição global. Ou seja, vale o que se negocia em cada espaço de trabalho, e não o que diz a lei. Isso porque os empresários estão achando que, em uma situação adversa para os trabalhadores, estes aceitariam negociar situações piores do que aquelas que estão estabelecidas na legislação.
Mas, por outro lado, é muito importante nós percebermos que as lutas dos trabalhadores também são globais.
Uma resistência no Brasil, no México, nos Estados Unidos, dos trabalhadores chineses, na Alemanha, na Bolívia, na Venezuela, na Coreia, no Japão, enfim, essas lutas que nós estamos presenciando hoje têm uma dimensão mundial.

Quais os caminhos práticos a se trilhar para responsabilizar os verdadeiros responsáveis?
A primeira coisa é que mais uma vez querem responsabilizar os migrantes pela crise. Esses trabalhadores já estão comendo o pão que o diabo amassou. Porque, evidentemente, a primeira tacada, o fechamento dos trabalhos mais precarizados, mostra o fundo do poço para vários setores dos trabalhadores. Por exemplo, os decasséguis brasileiros que estão no Japão são mandados embora de suas empresas e não têm mais onde dormir, pois, no geral, moram em alojamentos das companhias.
O primeiro desafio então é resistir e impedir que essas mudanças sejam impostas agora nessa situação de crise. E só há um jeito de impedir essa medidas, entre aspas, de flexibilização: resistir de modo organizado, nos locais de trabalho, com apoio do sindicato. E também com apoios de todo tipo, que permitam mostrar para a sociedade que não é justo a classe trabalhadora pagar pela crise.
O empresariado tem uma visão microcósmica. Ele pensa assim, “tem crise, eu vou arrochar, diminuir os custos da minha empresa e, então, desempregar”. Só que essa racionalidade empresarial gera uma monumental irracionalidade na sociedade.
Porque explode e aumentam os bolsões de desempregados, de precarizados, de miseráveis e isso cria uma sociedade na qual não é mais possível viver.
Não adianta o empresariado andar de carro blindado ou morar em condomínios fechados ultrassecretos quando, em algum momento, ele se torna vulnerável, dada essa verdadeira guerra civil latente que existe nas grande capitais do mundo. Assim, o desafio, agora, é questionar que sociedade nós queremos. Faz sentido uma sociedade que, numa primeira crise, penalize os que não são culpados por ela? Faz sentido jogar bolsões de trabalhadores nas ruas, na medida em que eles não terão outra alternativa de trabalho? Ou não será o momento do empresariado pensar num plano de sociedade e não no seu plano microcósmico e dizer: “Agora é o momento do empresariado pagar por isso”?
Sabe por que, nos Estados Unidos, uma parte importante do Congresso não concedeu recursos para as montadoras? Pois disseram que os recursos eram para desempregar trabalhadores e os altos gestores não teriam nenhuma redução nos seus monumentais ganhos. Ou seja, eles foram os responsáveis pela crise e não foram penalizados. Por isso, uma parte dos que disseram não a esse subsídio para General Motors, Ford e Chrysler perguntaram: “qual vai ser a contrapartida que essas empresas vão dar? Elas vão tocar nos seus ganhos, nos seus lucros, nos seus benefícios?”

E a crise abre uma possibilidade real da sociedade fazer esse debate?
Claro, primeiro porque uma grande parte da esquerda acreditou que o capitalismo era a única alternativa e está há décadas tentando consertar o inconsertável. Mas agora o capitalismo está numa crise profunda. A sociedade está em ebulição e uma parte importante dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda tem a consciência de que o capitalismo não é o remédio. E é nesse momento de tensão, de crise profunda, que nós somos chacoalhados a buscar a alternativa.
A virada do século 19 para o 20 foi um momento de turbulência. A guerra mundial, a disputa interimperialista. Naquele momento se viveu uma era turbulenta que balançou os alicerces da sociedade instaurada. Fazendo as devidas diferenciações, nós estamos também numa época assim. O que está acontecendo na Venezuela? Na Bolívia? No Equador? São exemplos alternativos, são movimentos populares fortes, há uma impulsão da luta social dizendo, “não queremos a mesma resposta”. Diferente do caso brasileiro, no qual o governo é um partícipe da ordem.
Mas há na luta latino-americana sinais do novo, contra a privatização do petróleo, da água, dos recursos naturais. Lutas sociais pedindo mudanças políticas mais profundas. A América Latina está vivendo novas experiências. Há também no mundo asiático uma tensão diária, lutas sociais. É evidente que nós estamos presenciando no mundo hoje algo muito diferente do que [Jürgen] Habermas chamou há 20 e tantos anos de “pacificação das lutas sociais”. Nós estamos vivendo um momento de tensão das lutas sociais. E isso é muito importante, porque é nesse quadro de tensões que, por exemplo, um lema que estava completamente abandonado voltou a ser lema inclusive de alguns governos: o socialismo do século 21. Você deve se recordar que há dez anos se dizia que o socialismo tinha morrido.

Só que mesmo esses governos ainda não apontaram saídas para a crise.
Certamente. O quadro de crise, dessa vez, começou nos Estados Unidos há pelo menos um ano, mas a sua forma avassaladora, intensa, se desenvolveu nos últimos cinco, seis meses. Agora, veja, esses governos estão, ao seu modo, há anos, tomando medidas preventivas importantes.
Quando o governo [Hugo] Chavéz impediu a privatização da PDVSA, há 10 anos, ele estava tomando uma medida decisiva para que o futuro da Venezuela não fosse leiloado, como havia sido o do México na crise dos anos de 1990. Na ocasião, uma parte do petróleo mexicano se tornou de utilização direta dos EUA. A saída não tem um receituário. Até porque ninguém sabe, com todas as letras, qual é a sua amplitude e fundamentação mais estrutural. Há reflexões importantes nessa direção, mas nós estamos carentes de estudos mais aprofundados na perspectiva crítica.
De todo modo, é muito importante saber que a saída é a auto-organização popular, não uma série de medidas. Não adianta o governo dos EUA estatizar os bancos, isso é chafurdar o Estado em um sistema financeiro que ele não controla. Os desafios são mais profundos. Em um segundo plano, [a saída para a crise] passa por preservar os direitos até aqui conquistados e não permitir que eles sejam destruídos. Em terceiro lugar, é preciso avançar e fazer com que qualquer penalização sobre os trabalhadores seja, na medida do possível, impedida. Essas são as medidas que podem ser tomadas.
É evidente o esforço da Venezuela, da Bolívia, do Equador e de Cuba, que sabem que é mais fácil sair desse quadro crítico em bloco. Essa é uma diferença muito clara entre o governo Lula e o governo venezuelano. O primeiro imagina que é possível sair dessa crise integrando- se com alguma autonomia no mundo globalizado, ao passo que Venezuela, Bolívia, Equador etc. estão buscando uma forma de integração que não seja dependente das regras destrutivas do mercado.

Alguma consideração ainda a fazer?
Quem sabia, no início do século 20, quais seriam as alternativas possíveis? Ninguém. E olha que se tinha uma camada de intelectuais revolucionários que era majestosa, brilhante. Quer dizer, no século 21, a humanidade tem que trazer para si o desafio de pensar que sociedade ela quer. Ela quer manter essa sociedade destrutiva como está, na qual todas as penalizações incidem sobre as classes que vivem do trabalho? Ou vai buscar uma alternativa na qual a dignidade do trabalho será dotada de sentido contra as regras destrutivas do mercado?

FOnte: Jornal Brasil de Fato

Foto: http://www.gutierrez.pro.br/im/charge_fabrica.jpg

Obama, Bush, e os golpes na América Latina

Por Immanuel Wallerstein



Algo estranho está a acontecer na América Latina. As forças de direita na região têm condições de obter um melhor desempenho durante a presidência de Barack Obama do que durante os oito anos de George W. Bush. Este liderava um regime de extrema-direita que não tinha qualquer simpatia pelas forças populares latino-americanas. Pelo contrário, Obama lidera um regime centrista que tenta replicar a "política de boa vizinhança" que Franklin Roosevelt proclamou como forma de sinalizar o fim da intervenção militar directa dos Estados Unidos na América Latina.

Durante a presidência de Bush, a única tentativa séria de golpe de Estado apoiado pelos Estados Unidos ocorreu em 2002 contra Hugo Chávez na Venezuela, mas falhou. Foi seguida por uma série de eleições em toda a América Latina e nas Caraíbas, quase todas ganhas por candidatos de centro-esquerda. O ponto alto foi uma reunião no Brasil em 2008 - para a qual os Estados Unidos não foram convidados e onde o presidente de Cuba, Raúl Castro, recebeu tratamento de herói.

Desde que Obama assumiu a presidência, houve um golpe de Estado bem sucedido em Honduras. Apesar da condenação de Obama, a política norte-americana tem sido ambígua, e os líderes do golpe ganharam a aposta de se manter no poder. Há pouco tempo, no Paraguai, o presidente católico de esquerda Fernando Lugo conseguiu evitar um golpe militar. Mas o seu vice-presidente, Federico Franco, de direita, está a manobrar para obter de um Parlamento nacional hostil a Lugo um golpe de Estado que assuma a forma de impedimento (impeachment). E os dentes militares estão a cerrar-se numa série de outros países.

Para entender esta aparente anomalia, devemos observar a política interna dos Estados Unidos e como ela afecta a sua política externa. Era uma vez - e não há muito tempo - um país onde os dois principais partidos representavam coligações de forças sociais sobrepostas, na qual a balança interna era de certa forma à direita do centro no caso do Partido Republicano e à esquerda do centro no caso do Partido Democrata.

Como os dois partidos se sobrepunham, as eleições tendiam a empurrar mais ou menos para o centro os candidatos presidenciais de ambos os partidos, para conquistar a pequena fracção de eleitores "independentes" no centro.

Já não é assim. O Partido Democrata é a mesma coligação ampla que sempre foi, mas o Partido Republicano foi mais para a direita. Isso significa que os republicanos têm uma base menor. O lógico seria que isso significasse muitos problemas eleitorais. Mas, como estamos a ver, não é exactamente assim que funciona.

As forças da extrema-direita que dominam o Partido Republicano estão muito motivadas e são bastante agressivas. Procuram afastar todos e cada um dos políticos republicanos que considerem demasiado "moderados" e procuram forçar os republicanos no Congresso a uma atitude uniformemente negativa em relação a todas as propostas do Partido Democrata, e particularmente do presidente Obama. Os compromissos políticos já não são vistos como politicamente desejáveis. Pelo contrário. Os republicanos são pressionados a marchar ao ritmo de um único tamborileiro.

Entretanto, o Partido Democrata age como sempre agiu. A sua ampla coligação vai da esquerda ao centro-direita. Os democratas no Congresso investem quase toda a sua energia política na negociação uns com os outros. A consequência é que é muito difícil aprovar legislação significativa, como vemos actualmente na tentativa de reformar as estruturas de saúde norte-americanas.

Qual o significado para a América Latina (e para outras partes do mundo)? Bush podia obter quase tudo o que quisesse dos republicanos no Congresso, no qual tinha uma clara maioria nos primeiros seis anos do seu regime. Ocorriam debates reais no círculo executivo interno de Bush, que era basicamente dominado pelo vice-presidente Cheney nos primeiros seis anos. Quando Bush perdeu as eleições para o Congresso de 2006, a influência de Cheney entrou em declínio e a política mudou ligeiramente.

A era Bush ficou marcada por uma obsessão pelo Iraque e, numa extensão menor, pelo resto do Médio Oriente. Ainda sobrou alguma energia para lidar com a China e a Europa ocidental. A América Latina ficou para trás na perspectiva do regime Bush. Para a sua frustração, a direita da América Latina não teve o habitual compromisso a seu favor, que esperava e queria, por parte do governo dos EUA.

Obama enfrenta uma situação totalmente diferente. Tem uma base diversa e uma agenda ambiciosa. A sua postura pública balança entre uma firme posição centrista e gestos moderados de centro-esquerda. Isso torna a sua posição política essencialmente frágil. Obama desilude os eleitores de esquerda, e a realidade de uma depressão mundial faz com que alguns de seus eleitores centristas independentes se afastem dele por medo de uma dívida nacional crescente.

Para Obama, tal como para Bush, a América Latina não está no topo das prioridades. Contudo, Obama (diferente de Bush) está a lutar muito para manter a cabeça à tona da água política. Está muito preocupado com as eleições de 2010 e de 2012. Compreende-se. A sua política externa é consideravelmente influenciada pelo seu potencial impacto nestas eleições.

O que a direita latino-americana faz é tirar vantagem das dificuldades políticas internas de Obama para pressioná-lo. Dão-se conta de que ele não tem a energia política disponível para frustrá-los. Além disso, a situação económica mundial tende a prejudicar os regimes no poder. E na América Latina de hoje são os partidos de centro-esquerda os que estão no poder.

Se Obama conseguisse algum triunfo político importante nos próximos dois anos (uma legislação de saúde decente, uma retirada real do Iraque, a redução do desemprego), isso complicaria, realmente, o retorno da direita latino-americana. Mas conseguirá ele esses triunfos?

Immanuel Wallerstein

Comentário nº. 269, 15 de Novembro de 2009

Tradução de Luis Leiria

Fonte: http://www.esquerda.net/content/view/14753/130/

Ano de 2009: Avanços e Retrocessos



O portal Correio da Cidadania publicou artigo de Waldemar Rossi, coordenador da Pastoral Operária da arquidiocese de São Paulo, fazendo a avaliação do ano que se finda. Publicamos na íntegra o artigo.

2009, avanços e retrocessos

O ano de 2009 vem sendo marcado por avanços e retrocessos das forças sociais. Houve retomada de algumas lutas até então estagnadas, apesar dos movimentos atrelados aos interesses do governo federal e do capital, que por essa razão se tornaram imobilizadores descarados.

Descontentes com a contínua recusa do governo Lula em realizar a tão prometida reforma agrária, o MST e outras forças menores dos sem terra esquentaram os meses de abril e maio, com ocupações de fazendas improdutivas, de terras devolutas griladas, de sedes regionais do INCRA e de outros espaços dos governos federal e estaduais. E isto apesar das violentas repressões e dos mandados judiciais de reintegração de posses (posses de terras griladas, como a Fazenda da CUTRALE).

Ora, a justiça neste país! Pena que o enfrentamento mais importante, diretamente com o governo Lula, não tenha ocorrido. Pena porque Lula prometeu à direção do MST que faria a reforma agrária "numa canetada". Usou de sua caneta para liberar, neste ano, a produção do milho transgênico e para entregar terras devolutas aos grandes fazendeiros grileiros, legalizando o que é ilegítimo.

O MST foi e continua sendo o movimento que mais dá ibope (pois a imprensa cai matando sobre ele em defesa dos latifundiários). Mas outros movimentos também colocaram as manguinhas de fora. Assim foi com os carteiros em todo o Brasil, com sua greve prolongada; os bancários não deixaram por menos e enfrentaram com galhardia os poderosos bancos nacionais e internacionais, numa greve de vários dias; metalúrgicos de várias cidades do país enfrentaram as montadoras, sobretudo ante as dispensas provocadas pela crise financeira que se abateu sobre o sistema neoliberal - por óbvio, não houve greves nos sindicatos ligados à Força Sindical.

Méritos maiores para sindicatos da Conlutas e da Intersindical. Professores universitários também tiveram seus movimentos reivindicatórios, assim como os sindicatos de funcionários da USP, por exemplo. Merece destaque a resistência dos petroleiros ao processo de cessão de áreas petrolíferas para a exploração de empresas internacionais, assim como à entrega do pré-sal. Neste caso - da luta em defesa do petróleo como exclusividade nacional -, contradições permearam o movimento, porque setores ligados ao governo federal, de um lado, e aos partidos da direita, do outro, se engalfinharam numa luta inglória (inglória para os trabalhadores) em denúncias de corrupção na Petrobrás ou em defesa da sua direção, neste caso, contra a implantação da CPI. Em ambas as posições, o que prevaleceu foram os mesquinhos interesses eleitoreiros e não uma postura verdadeiramente nacionalista.

Por outro lado, o povo estarrecido vem assistindo às seguidas denúncias de corrupção nas altas esferas políticas, seja na Câmara de Deputados, no Senado, no Judiciário ou ainda nos vários governos estaduais, com destaque para o governo gaúcho de Yeda Crusius e, mais recentemente, com o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda. Da quadrilha de Brasília fazem parte pelo menos mais 18 políticos ligados ao governador, todos envolvidos no novo mensalão, amplamente divulgado pela mídia televisiva e imprensa escrita.

Aconteceu algo de novo que foi a "unificação" do movimento sindical nacional na luta pela redução da jornada de trabalho, sem redução salarial. Muitos panfletos, discursos, entrevistas e até uma caminhada em Brasília. Esse "fato novo" se deve à aproximação entre as centrais que estão mancomunadas com o governo de um lado e a Conlutas e Intersindical do outro.

Porém, como já era de se esperar, tal movimentação serviu apenas para manter uma antiga bandeira de lutas, já que depois da Constituinte de 1988 - que reduziu a jornada para 44 horas semanais – jamais houve mobilização da classe trabalhadora para um enfrentamento real com os interesses do capital. Se não houver a paralisação da produção de bens capitalistas, nenhuma vitória é conseguida, como nos mostra a longa da história das lutas entre o capital e o trabalho.

E esse enfrentamento, uma greve geral, não aconteceu, o que deixa o capital muito senhor de si para simplesmente ignorar tais protestos vazios e inconseqüentes, que contam sempre com muita gente desempregada e aposentados, contratados pelo peleguismo para inchar suas manifestações.

Merece destaque os esforços da Conlutas e da Intersindical para organizar uma nova força sindical - que venha superar as limitações do sindicalismo pelego que vigora no país desde Getúlio Vargas. A proposta da nova organização sindical dá destaque para a organização de base, a inclusão dos desempregados e de vários movimentos sociais de trabalhadores em sua estrutura e planos de lutas. Se isto ocorrer, será, de fato, um enorme avanço na construção de novos e mais eficientes instrumentos de lutas dos trabalhadores.

Em nível mundial, merece citação o atual confronto entre as forças populares e os reacionários governos dos países capitalistas no encontro de Copenhague, por conta do aquecimento global. Os protestos populares vêm sendo reprimidos pela polícia, sempre em defesa dos interesses do capital.

Avanço pra valer se deu no setor da repressão oficial. Os esforços para criminalizar os movimentos sociais nos fazem lembrar os tempos da ditadura militar. As polícias dos vários estados da União não hesitaram em reprimir com selvageria as manifestações populares ocorridas durante o ano. É o sinal claro do recrudescimento dos conflitos entre o capital e o trabalho, com o aparato estatal sempre a serviço dos exploradores.

A perseguição aos sem terra do RS, envolvendo a máfia do Ministério Público estadual mancomunado com as empresas grileiras e com os tucanos do governo de Yeda Crussius, mereceu protesto no país inteiro; a repressão sobre os sem terras que ocuparam a sede da empresa Cutrale, as mentiras e meias-verdades veiculadas pela mídia sobre o episódio, negando a verdadeira história daquela fazenda, bem revelam o quanto governadores estaduais, imprensa e capital fazem parte da mesma quadrilha; a selvagem repressão sobre os cidadãos e cidadãs que exerciam seu legítimo direito de protesto ante as falcatruas do governo do Distrito Federal não deixa dúvidas do tipo de fascismo que impera neste país.

E, para coroar o ano de 2009, pudemos ouvir o presidente da República dizer que é preciso tirar o povo da m..., isto depois de sete anos de governo fazendo promessas e mais promessas que não se cumprem. Porém, da m... mesmo ele só conseguiu tirar as empresas que se disseram em dificuldades financeiras. Na m... continuam os serviços de saúde e de educação públicas, o saneamento básico, a moralidade pública...
Apesar disso tudo, Feliz Natal e melhor Ano Novo a todos os nossos leitores.
Fonte: Blog Molotov e Correio da Cidadania

domingo, 27 de dezembro de 2009

Lembrar Gaza hoje porque todos somos Palestina - contra o massacre e o genocídio dos palestinianos




Todos somos PalestinaNo ano passado, a 27 de Dezembro de 2008, Israel lançou a Operação Chumbo Fundido contra Gaza, utilizando a força bruta de um dos mais bem equipados exércitos do mundo contra a população indefesa de Gaza com o pretexto de silenciar os foguetes do Hamas que eram lançados sobre territórios ocupados por Israel.


Os efeitos da invasão foram catastróficos.

Pelos direitos inalienáveis do povo palestiniano

Não ao massacre e genocídio do povo palestiniano

Fim à ocupação israelitaNão ao Muro do Apartheid

O Sionismo não é só inimigo da Palestina,mas de toda a Humanidade







sábado, 26 de dezembro de 2009

A grande mídia e a 2ª Confecom


Por Venício A. de Lima - Versão ampliada de artigo originalmente publicado na Agência Carta Maior, 18/12/2009

Concluída a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que aconteceu em Brasília, de 14 a 17 de dezembro, com a participação de mais de 1.600 delegados, democraticamente escolhidos em conferências estaduais realizadas nas 27 unidades da federação, representando movimentos sociais, parte dos empresários de comunicação e telecomunicações e o governo – independentemente da avaliação de suas deliberações – é hora de tentar compreender as razões que levaram os principais grupos empresariais brasileiros de mídia a boicotarem o evento.
O anúncio público da retirada das seis entidades empresariais da Comissão Organizadora da 1ª Confecom se deu após reunião realizada entre elas e os ministros das Comunicações, Hélio Costa, da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins e da Secretaria-Geral da Presidência, Luiz Dulci, no dia 13 de agosto. Os membros da Comissão haviam sido designados em 25 de maio e a primeira reunião se realizado havia pouco mais de dois meses. Estava-se, portanto, apenas no início de um longo processo.
Uma nota divulgada logo após a retirada e assinada conjuntamente pela Abert – Associação Brasileira de Emissoras de Radio e Televisão; Abranet – Associação Brasileira de Internet; ABTA – Associação Brasileira de TV por Assinatura; Adjori Brasil – Associação dos Jornais e Revistas do Interior do Brasil; ANER – Associação Nacional dos Editores de Revistas e ANJ – Associação Nacional de Jornais afirmava, dentre outros pontos, o seguinte:
"Por definição, as entidades empresariais têm como premissa a defesa dos preceitos constitucionais da livre iniciativa, da liberdade de expressão, do direito à informação e da legalidade.
"Observa-se, no entanto, que a perseverante adesão a estes princípios foi entendida por outros interlocutores da Comissão Organizadora como um obstáculo a confecção do regimento interno e do documento-base de convocação das conferências estaduais, que precedem a nacional.
"Deste modo, como as entidades signatárias não têm interesse algum em impedir sua livre realização, decidiram se desligar da Comissão Organizadora Nacional, a partir desta data."
É importante registrar que permaneceram na Comissão Organizadora duas entidades empresariais: a ABRA – Associação Brasileira de Radiodifusores, uma dissidência da Abert fundada pelas redes Bandeirantes e Rede TV!, em maio de 2005; e a Telebrasil – Associação Brasileira de Telecomunicações, criada em 1974, que tem como missão "congregar os setores oficial e privado das telecomunicações brasileiras visando a defesa de seus interesses e o seu desenvolvimento".
Controle social e censura
A realização da Confecom – a última conferência nacional a ser convocada de todos os setores contemplados pelo "Título VIII – Da Ordem Social" na Constituição de 1988 – sempre encontrou enormes resistências dos grandes grupos de mídia. Não seria novidade, portanto, que na medida em que avançassem as difíceis e complexas negociações, e antes mesmo do desligamento das seis entidades empresariais, surgissem também os "bordões de combate" à sua concretização, reiterados na narrativa jornalística (ver, neste Observatório, "
Controle Social da Mídia – Por que não discutir o assunto?").
O que foi inicialmente identificado na nota dos empresários como uma divergência interna em torno dos "preceitos constitucionais da livre iniciativa, da liberdade de expressão, do direito à informação e da legalidade" na Comissão Organizadora, foi aos poucos se transformando em insinuação permanente de que até mesmo a simples realização da conferência se constituía em grave ameaça à liberdade de expressão. Seu foco, dizia a grande mídia nas raríssimas ocasiões em que o tema foi pautado, era o ameaçador controle social da mídia, isto é, o retorno aos tempos do autoritarismo através da censura oficial praticada pelo Estado.
No dia de abertura da 1ª Confecom, 14 de dezembro, o
Jornal Nacional da Rede Globo, que até então se silenciara sobre sua realização, deu uma nota que exemplifica a postura da grande mídia: questiona a representatividade do evento e insinua que seu foco seria o controle social da mídia, equacionado sem mais com a censura que cerceia a liberdade de expressão e o direito à informação. Vale conferir:
"Fátima Bernardes: Começou hoje, em Brasília, a primeira Conferência Nacional de Comunicação, que pretende debater propostas sobre a produção e distribuição de informações jornalísticas e culturais no país. Entre as propostas estão o controle social da mídia por meio de conselhos de comunicação e uma nova lei de imprensa. O fórum foi convocado pelo Governo Federal e conta com 1.684 delegados, 40% vindos da sociedade civil, 40% do empresariado e 20% do poder público.
"William Bonner: Mas a representatividade da conferência ficou comprometida sem a participação dos principais veículos de comunicação do Brasil. Há quatro meses, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, a Associação Brasileira de Internet, a Associação Brasileira de TV por Assinatura, a Associação dos Jornais e Revistas do Interior do Brasil, a Associação Nacional dos Editores de Revistas e a Associação Nacional de Jornais divulgaram uma nota conjunta em que expõem os motivos de terem decidido não participar da conferência. Todos consideraram as propostas de estabelecer um controle social da mídia uma forma de censurar os órgãos de imprensa, cerceando a liberdade de expressão, o direito à informação e a livre iniciativa, todos previstos na Constituição. Os organizadores negam que a intenção seja cercear direitos. A conferência foi aberta com a participação do presidente Lula."
No dia do encerramento da 1ª Confecom (17/12) o
Jornal Nacional praticamente repetiu a nota anterior incluindo agora um curioso comentário sobre as propostas aprovadas – como "recriar" uma lei de imprensa extinta pelo Supremo Tribunal Federal? – e a "reiteração" da posição das seis entidades. Confira abaixo:
"Fátima Bernardes: Terminou hoje, em Brasília, a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), que aprovou 672 propostas sobre a produção e a distribuição de informações jornalísticas e culturais no país. O fórum foi convocado pelo governo federal e, durante quatro dias, reuniu 1.684 delegados, 40% vindos da sociedade civil, 40% do empresariado e 20% do poder público. Entre as propostas aprovadas está a criação de um observatório nacional de mídia e direitos humanos para monitorar o conteúdo das publicações e produções brasileiras. Os delegados também aprovaram a criação de dois conselhos para fiscalizar as atividades jornalísticas e a recriação de uma lei de imprensa, que recentemente foi extinta pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que a considerou inconstitucional. Todas as sugestões servirão para elaborar propostas de lei.
"William Bonner: A representatividade da conferência ficou comprometida sem a participação dos principais veículos de comunicação do Brasil. Há quatro meses, a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão, a Associação Brasileira de Internet, a Associação Brasileira de TV por Assinatura, a Associação dos Jornais e Revistas do Interior do Brasil, a Associação Nacional dos Editores de Revistas e a Associação Nacional de Jornais divulgaram uma nota conjunta em que expõem os motivos de terem decidido não participar dessa conferência. Todos consideraram que as propostas que estavam esboçadas na ocasião e que acabaram mesmo sendo aprovadas estabelecem uma forma de censurar os órgãos de imprensa, cerceando a liberdade de expressão, o direito à informação e à livre iniciativa, que são todos previstos na Constituição. Essa posição foi reiterada hoje depois da aprovação das propostas."
A reclamação do presidente e a resposta dos empresários
Na abertura da 1ª Confecom, o presidente Lula fez uma
queixa pública em relação à ausência das entidades empresarias e manifestou desconhecer as razões que teriam levado a tal comportamento. Disse ele:
"Lamento que alguns atores da área da comunicação tenham preferido se ausentar desta Conferência, temendo sabe-se lá o quê. Perderam uma ótima oportunidade para conversar, defender suas idéias, lançar pontes e derrubar muros. Eu, que sou um homem de conversa e de diálogo, volto a dizer: lamento. Mas cada um é dono de suas decisões e sabe onde lhe aperta o calo. Bola pra frente, e vamos tocar nossa Conferência."
Dois dias depois,
matéria publicada no jornal O Estado de S.Paulo ouviu representantes de duas das seis associações que se retiraram da Confecom sobre a reclamação do presidente e sobre quais teriam sido as razões da retirada. Eles insistem em que o problema foi a ameaça do controle social da mídia.
Roberto Muylaert, presidente da ANER, afirmou:
"Não temos nada contra os movimentos sociais, mas os representantes das empresas ficaram em minoria, em grande desvantagem.
"Um controle [social da mídia] pressupõe uma mudança da Constituição, que atualmente assegura a livre iniciativa."
Já Miguel Ângelo Gobbi, presidente da Adjori-Brasil disse:
"Queríamos ter voz ativa, mas éramos voto vencido" (...) [participamos] "de quase 45 horas de reuniões sem conseguir avançar.
"Controle social da mídia é algo que arrepia todo mundo."
Lições para o futuro
No nosso país, não há tradição de debate democrático entre os atores dominantes (governo e grupos privados de mídia) e a sociedade civil na definição das políticas públicas do setor de comunicações. Em outras ocasiões, tenho chamado de "não-atores" os movimentos sociais que lutam historicamente pela democratização da comunicação.
O processo constituinte de 1987-88 talvez tenha sido o exemplo mais acabado de como os atores dominantes conseguem articular e fazer prevalecer seus interesses ignorando as reivindicações da sociedade civil – ou fazendo concessões aparentes que se transformam em letra morta, simplesmente porque não regulamentadas pelo Legislativo.
A incapacidade crônica de se avançar em relação, por exemplo, à regulação das rádios e televisões comunitárias e a lamentável situação do Conselho de Comunicação Social falam por si só (ver "
CCS: Três anos de ilegalidade").
Por tudo isso, a 1ª Confecom é a realização de uma reivindicação histórica dos movimentos sociais e constitui um avanço democrático com o qual os grupos privados de mídia, atores historicamente dominantes no setor, não souberam lidar. Apesar de interessar a todos os atores um marco regulatório atualizado para as comunicações, os empresários privados parecem acreditar que as políticas públicas continuarão sendo indefinidamente estabelecidas com a exclusão da cidadania. Não só porque, de outra forma, seus interesses correriam riscos, mas também porque não estão acostumados a negociar com a sociedade civil, a levar em conta o interesse público que se manifesta de forma organizada e, sobretudo, democrática.
Não é difícil compreender, portanto, por que, mesmo afirmando que sua retirada da Comissão Organizadora "não (impediria) que os associados decidam, individualmente, qual será sua forma de participação – uma demonstração cabal de nosso ânimo agregador e construtivo em relação a este evento", a grande mídia tenha sistematicamente insinuado – apesar de saber, por óbvio, que as conferências são fóruns propositivos e não deliberativos – que a ameaça da 1ª Confecom era a restauração da censura através de um controle social da mídia definido a priori como autoritário.
Está com razão o presidente Lula ao conclamar na abertura da 1ª. Confecom:
"O país precisa travar um debate franco e aberto sobre a comunicação social. Não será enfiando a cabeça na areia, como avestruz, que enfrentaremos o problema. Não será tampouco fechando os olhos para o futuro ou pretendendo congelar o passado que lidaremos corretamente com a nova situação.
"Isso vale para todos nós: governo, empresas de comunicação e de telecomunicações, trabalhadores, movimentos sociais, leitores, ouvintes, telespectadores e internautas.
"É chegada a hora de uma nova pactuação na área da comunicação social que resgate os acertos do passado, mas também corrija seus erros, e seja capaz de responder às enormes interrogações e às extraordinárias oportunidades que temos diante de nós."
Espera-se que as seis entidades empresariais que se retiraram da Comissão Organizadora da 1ª Confecom, sempre tão zelosas na defesa da liberdade de expressão e da democracia, revejam suas posições e participem ativamente da organização e dos debates da 2ª Confecom.

sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

INVASÕES AMERICANAS NO MUNDO


Organizado por Alberto da Silva Jones (professor da UFSC)

Entre as várias INVASÕES das forças armadas dos Estados Unidos fizeram nos séculos XIX, XX e XXI, podemos citar:

1846 - 1848 - MÉXICO - Por causa da anexação, pelos EUA, da República do Texas1890 - ARGENTINA - Tropas americanas desembarcam em Buenos Aires para defender interesses econômicos americanos.

1891 - CHILE - Fuzileiros Navais esmagam forças rebeldesnacionalistas.

1891 - HAITI - Tropas americanas debelam a revolta de operáriosnegros na ilha de Navassa, reclamada pelos EUA.

1893 - HAWAI - Marinha enviada para suprimir o reinado independente anexar o Hawaí aos EUA.

1894 - NICARÁGUA - Tropas ocupam Bluefields, cidade do mar do Caribe, durante um mês.

1894 - 1895 - CHINA - Marinha, Exército e Fuzileiros desembarcam no país durante a guerra sino-japonesa.

1894 - 1896 - CORÉIA - Tropas permanecem em Seul durante a guerra.

1895 - PANAMÁ - Tropas desembarcam no porto de Corinto, província Colombiana.

1898 - 1900 - CHINA - Tropas dos Estados Unidos ocupam a China durante a Rebelião Boxer.
1898 - 1910 - FILIPINAS - As Filipinas lutam pela independência do país, dominado pelos EUA (Massacres realizados por tropas americanas em Balangica, Samar, Filipinas - 27/09/1901 e Bud Bagsak, Sulu, Filipinas 11/15/1913) - 600.000 filipinos mortos.
1898 - 1902 - CUBA - Tropas sitiaram Cuba durante a guerrahispano-americana.
1898 - Presente - PORTO RICO - Tropas sitiaram Porto Rico na guerra hispano-americana, hoje 'Estado Livre Associado' dos Estados Unidos.
1898 - ILHA DE GUAM - Marinha americana desembarca na ilha e a mantêm como base naval até hoje.1898 - ESPANHA - Guerra Hispano-Americana - Desencadeada pela misteriosa explosão do encouraçado Maine, em 15 de fevereiro, na Baía de Havana. Esta guerra marca o surgimento dos EUA como potência capitalista e militar mundial.
1898 - NICARÁGUA - Fuzileiros Navais invadem o porto de San Juan del Sur.
1899 - ILHA DE SAMOA - Tropas desembarcam e invadem a Ilha em conseqüência de conflito pela sucessão do trono de Samoa.
1899 - NICARÁGUA - Tropas desembarcam no porto de Bluefields e invadem a Nicarágua (2ª vez).
1901 - 1914 - PANAMÁ - Marinha apóia a revolução quando o Panamá reclamou independência da Colômbia; tropas americanas ocupam o canal em 1901, quando teve início sua construção.
1903 - HONDURAS - Fuzileiros Navais americanos desembarcam em Honduras e intervêm na revolução do povo hondurenho.
1903 - 1904 - REPÚBLICA DOMINICANA - Tropas norte americanas atacaram e invadiram o território dominicano para proteger interesses do capital americano durante a revolução.
1904 - 1905 - CORÉIA - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos desembarcaram no território coreano durante a guerra russo-japonesa.
1906 - 1909 - CUBA -Tropas dos Estados Unidos invadem Cuba e lutam contra o povo cubano durante período de eleições.
1907 - NICARÁGUA - Tropas americanas invadem e impõem a criação de um protetorado, sobre o território livre da Nicarágua.
1907 - HONDURAS - Fuzileiros Navais americanos desembarcam e ocupam Honduras durante a guerra de Honduras com a Nicarágua.
1908 - PANAMÁ - Fuzileiros Navais dos Estados Unidos invadem o Panamá durante período de eleições.
1910 - NICARÁGUA - Fuzileiros navais norte americanos desembarcam e invadem pela 3ª vez Bluefields e Corinto, na Nicarágua.
1911 - HONDURAS - Tropas americanas enviadas para proteger interesses mericanos durante a guerra civil, invadem Honduras.
1911 - 1941 - CHINA - Forças do exército e marinha dos Estados Unidos invadem mais uma vez a China durante período de lutas internas repetidas.
1912 - CUBA - Tropas americanas invadem Cuba com a desculpa de proteger interesses americanos em Havana.
1912 - PANAMÁ - Fuzileiros navais americanos invadem novamente o Panamá e ocupam o país durante eleições presidenciais.
1912 - HONDURAS - Tropas norte americanas mais uma vez invadem Honduras para proteger interesses do capital americano.
1912 - 1933 - NICARÁGUA - Tropas dos Estados Unidos com a desculpa de ombaterem guerrilheiros invadem e ocupam o país durante 20 anos.
1913 - MÉXICO - Fuzileiros da Marinha americana invadem o México com a desculpa de evacuar cidadãos americanos durante a revolução.
1913 - MÉXICO - Durante a Revolução mexicana, os Estados Unidos bloqueiam as fronteiras mexicanas em apoio aos revolucionários.
1914 - 1918 - PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL - Os EUA entram no conflito em 6 de abril de 1917 declarando guerra à Alemanha. As perdas americanas chegaram a 114 mil homens.
1914 - REPÚBLICA DOMINICANA - Fuzileiros navais da Marinha dos Estados invadem o solo dominicano e interferem na revolução do povo dominicano em Santo Domingo.
1914 - 1918 - MÉXICO - Marinha e exército dos Estados Unidos invadem o território mexicano e interferem na luta contra nacionalistas.
1915 - 1934 - HAITI- Tropas americanas desembarcam no Haiti, em 28 de julho, e transformam o país numa colônia americana, permanecendo lá durante 19 anos.
1916 - 1924 - REPÚBLICA DOMINICANA - Os EUA invadem e estabelecem um governo militar na República Dominicana, em 29 de novembro, ocupando o país durante oito anos.
1917 - 1933 - CUBA - Tropas americanas desembarcam em Cuba, e transformam o país num protetorado econômico americano, permanecendo essa ocupação por 16 anos.
1918 - 1922 - RÚSSIA - Marinha e tropas americanas enviadas para combater a revolução Bolchevista. O Exército realizou cinco desembarques, sendo derrotado pelos russos em todos eles.
1919 - HONDURAS - Fuzileiros norte americanos desembarcam e invadem mais uma vez o país durante eleições, colocando no poder um governo a seu serviço.
1918 - IUGOSLÁVIA - Tropas dos Estados Unidos invadem a Iugoslávia e intervêm ao lado da Itália contra os sérvios na Dalmácia.
1920 - GUATEMALA - Tropas americanas invadem e ocupam o país durante greve operária do povo da Guatemala.
1922 - TURQUIA - Tropas norte americanas invadem e combatem nacionalistas turcos em Smirna.
1922 - 1927 - CHINA - Marinha e Exército americano mais uma vez invadem a China durante revolta nacionalista.
1924 - 1925 - HONDURAS - Tropas dos Estados Unidos desembarcam e invadem Honduras duas vezes durante eleição nacional.
1925 - PANAMÁ - Tropas americanas invadem o Panamá para debelar greve geral dos trabalhadores panamenhos.
1927 - 1934 - CHINA - Mil fuzileiros americanos desembarcam na China durante a guerra civil local e permanecem durante sete anos, ocupando o território chinês.
1932 - EL SALVADOR - Navios de Guerra dos Estados Unidos são deslocados durante a revolução das Forças do Movimento de Libertação Nacional - FMLN - comandadas por Marti.
1939 - 1945 - SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - Os EUA declaram guerra ao Japão em 8 de dezembro de 1941 e depois a Alemanha e Itália, invadindo o Norte da África, a Ásia e a Europa, culminando com o lançamento das bombas atômicas sobre as cidades desmilitarizadas de Iroshima e Nagasaki.
1946 - IRÃ - Marinha americana ameaça usar artefatos nucleares contra tropas soviéticas caso as mesmas não abandonem a fronteira norte do Irã.
1946 - IUGOSLÁVIA - Presença da marinha americana ameaçando invadir a zona costeira da Iugoslávia em resposta a um avião espião dos Estados Unidos abatido pelos soviéticos.
1947 - 1949 - GRÉCIA - Operação de invasão de Comandos dos EUA garantem vitória da extrema direita nas "eleições" do povo grego.
1947 - VENEZUELA - Em um acordo feito com militares locais, os EUA invadem e derrubam o presidente eleito Rómulo Gallegos, como castigo por ter aumentado o preço do petróleo exportado, colocando um ditador no poder.
1948 - 1949 - CHINA - Fuzileiros americanos invadem pela ultima vez o território chinês para evacuar cidadãos americanos antes da vitória comunista.
1950 - PORTO RICO - Comandos militares dos Estados Unidos ajudam a esmagar a revolução pela independência de Porto Rico, em Ponce.
1951 - 1953 - CORÉIA - Início do conflito entre a República Democrática da Coréia (Norte) e República da Coréia (Sul), na qual cerca de 3 milhões de pessoas morreram. Os Estados Unidos são um dos principais protagonistas da invasão usando como pano de fundo a recém criada Nações Unidas, ao lado dos sul-coreanos. A guerra termina em julho de 1953 sem vencedores e com dois estados polarizados: comunistas ao norte e um governopró-americano no sul. Os EUA perderam 33 mil homens e mantém até hoje base militar e aero-naval na Coréia do Sul.
1954 - GUATEMALA - Comandos americanos, sob controle da CIA, derrubam o presidente Arbenz, democraticamente eleito, e impõem uma ditadura militar no país. Jacobo Arbenz havia nacionalizado a empresa United Fruit e impulsionado a Reforma Agrária.
1956 - EGITO - O presidente Nasser nacionaliza o canal de Suez. Tropas americanas se envolvem durante os combates no Canal de Suez sustentados pela Sexta Frota dos EUA. As forças egípcias obrigam a coalizão franco-israelense- britânica, a retirar-se do canal.
1958 - LÍBANO - Forças da Marinha americana invadem apóiam o exército de ocupação do Líbano durante sua guerra civil.
1958 - PANAMÁ - Tropas dos Estados Unidos invadem e combatem manifestantes nacionalistas panamenhos.
1961 - 1975 - VIETNÃ. Aliados ao sul-vietnamitas, o governo americano invade o Vietnã e tenta impedir, sem sucesso, a formação de um estado comunista, unindo o sul e o norte do país. Inicialmente a participação americana se restringe a ajuda econômica e militar (conselheiros e material bélico). Em agosto de 1964, o congresso americano autoriza o presidente a lançar os EUA em guerra. Os Estados Unidos deixam de ser simples consultores do exércitodo Vietnã do Sul e entram num conflito traumático,que afetaria toda a política militar dali para frente. A morte de quase 60 mil jovens americanos e a humilhação imposta pela derrota do Sul em 1975, dois anos depois da retirada dos Estados Unidos, moldou a estratégia futura de evitar guerras que impusessem um custo muito alto de vidas americanas e nas quais houvesse inimigos difíceis de derrotar de forma convencional, como os vietcongues e suas táticas de guerrilhas.
1962 - LAOS - Militares americanos invadem e ocupam o Laos durante guerra civil contra guerrilhas do Pathet Lao.
1964 - PANAMÁ - Militares americanos invadiram mais uma vez o Panamá e mataram 20 estudantes, ao reprimirem a manifestação em que os jovens queriam trocar, na zona do canal, a bandeira americana pela bandeira e seu país.
1965 - 1966 - REPÚBLICA DOMINICANA - Trinta mil fuzileiros e pára-quedistas norte americanos desembarcaram na capital do país São Domingo para impedir a nacionalistas panamenhos de chegarem ao poder. A CIA conduz Joaquín Balaguer à presidência, consumando um golpe de estado que depôs o presidente eleito Juan Bosch. O país já fora ocupado pelos americanos de 1916 a 1924.
1966 - 1967 - GUATEMALA - Boinas Verdes e marines americanos invadem o país para combater movimento revolucionário contrario aos interesses econômicos do capital americano.
1969 - 1975 - CAMBOJA - Militares americanos enviados depois que a Guerra do Vietnã invadem e ocupam o Camboja.
1971 - 1975 - LAOS - EUA dirigem a invasão sul-vietnamita bombardeando o território do vizinho Laos, justificando que o país apoiava o povo vietnamita em sua luta contra a invasão americana.
1975 - CAMBOJA - 28 marines americanos são mortos na tentativa de resgatar a tripulação do petroleiro estadunidense Mayaquez.
1980 - IRÃ - Na inauguração do estado islâmico formado pelo Aiatolá Khomeini, estudantes que haviam participado da Revolução Islâmica do Irã ocuparam a embaixada americana em Teerã e fizeram 60 reféns. O governo americano preparou uma operação militar surpresa para executar o resgate, frustrada por tempestades de areia e falhas em equipamentos. Em meio à frustrada operação, oito militares americanos morreram no choque entre um helicóptero e um avião. Os reféns só seriam libertados um ano depois doseqüestro, o que enfraqueceu o então presidente Jimmy Carter e elegeu Ronald Reagan, que conseguiu aprovar o maior orçamento militar em época de paz até então.
*1982 - 1984 - LÍBANO - Os Estados Unidos invadiram o Líbano e se envolveram nos conflitos do Líbano logo após a invasão do país por Israel - e acabaram envolvidos na guerra civil que dividiu o país. Em 1980, os americanos supervisionaram a retirada da Organização pela Libertação da Palestina de Beirute. Na segunda intervenção, 1.800 soldados integraram uma força conjunta de vários países, que deveriam restaurar a ordem após o massacre de refugiados palestinos por libaneses aliados a Israel. O custo para osamericanos foi a morte 241 fuzileiros navais, quando os libaneses explodiram um carro bomba perto de um quartel das forças americanas.
1983 - 1984 - ILHA DE GRANADA - Após um bloqueio econômico de quatro anos a CIA coordena esforços que resultam no assassinato do 1º Ministro Maurice Bishop. Seguindo a política de intervenção externa de Ronald Reagan, os Estados Unidos invadiram a ilha caribenha de Granada alegando prestar proteção a 600 estudantes americanos que estavam no país, as tropas eliminaram a influência de Cuba e da União Soviética sobre a política da ilha.
1983 - 1989 - HONDURAS - Tropas americanas enviadas para construir bases em regiões próximas à fronteira, invadem o Honduras
1986 - BOLÍVIA - Exército americano invade o território boliviano najustificativa de auxiliar tropas bolivianas em incursões nas áreas decocaína.
1989 - ILHAS VIRGENS - Tropas americanas desembarcam e invadem as ilhas durante revolta do povo do país contra o governo pró-americano.1989 - PANAMÁ - Batizada de Operação Causa Justa, a intervenção americana no Panamá foi provavelmente a maior batida policial de todos os tempos: 27 mil soldados ocuparam a ilha para prender o presidente panamenho, Manuel Noriega, antigo ditador aliado do governo americano. Os Estados Unidos justificaram a operação como sendo fundamental para proteger o Canal do Panamá, defender 35 mil americanos que viviam no país, promover a democracia e interromper o tráfico de drogas, que teria em Noriega seu líder na América Central. O ex-presidente cumpre prisão perpétua nos Estados Unidos.
1990 - LIBÉRIA - Tropas americanas invadem a Libéria justificando aevacuação de estrangeiros durante guerra civil.
1990 - 1991 - IRAQUE - Após a invasão do Iraque ao Kuwait, em 2 de agosto de 1990, os Estados Unidos com o apoio de seus aliados da Otan, decidem impor um embargo econômico ao país, seguido de uma coalizão anti-Iraque (reunindo além dos países europeus membros da Otan, o Egito e outros países árabes)que ganhou o título de "Operação Tempestade no Deserto". As hostilidades começaram em 16 de janeiro de 1991, um dia depois do fim do prazo dado ao Iraque para retirar tropas do Kuwait. Para expulsar as forças iraquianas do Kuwait, o então presidente George Bush destacou mais de 500 mil soldados americanos para a Guerra do Golfo.
1990 - 1991 - ARÁBIA** SAUDITA - Tropas americanas destacadas para ocupar a Arábia Saudita que era base militar na guerra contra Iraque.
1992 - 1994 - SOMÁLIA - Tropas americanas, num total de 25 mil soldados, invadem a Somália como parte de uma missão da ONU para distribuir mantimentos para a população esfomeada. Em dezembro, forças militares norte-americanas (comando Delta e Rangers) chegam a Somália para intervir numa guerra entre as facções do então presidente Ali Mahdi Muhammad e tropasdo general rebelde Farah Aidib. Sofrem uma fragorosa derrota militar nas ruas da capital do país.
1993 - IRAQUE -No início do governo Clinton, é lançado um ataque contra instalações militares iraquianas, em retaliação a um suposto atentado, não concretizado, contra o ex-presidente Bush, em visita ao Kuwait.
1994 - 1999 - HAITI - Enviadas pelo presidente Bill Clinton, tropasamericanas ocuparam o Haiti na justificativa de devolver o poder aopresidente eleito Jean-Betrand Aristide, derrubado por um golpe, mas o que a operação visava era evitar que o conflito interno provocasse uma onda de refugiados haitianos nos Estados Unidos.
1996 - 1997 - ZAIRE (EX REPÚBLICA DO CONGO) - Fuzileiros Navais americanos são enviados para invadir a área dos campos de refugiados Hutus onde a revolução congolesa ?Marines evacuam civis? iniciou.
1997 - LIBÉRIA - Tropas dos Estados Unidos invadem a Libéria justificando a necessidade de evacuar estrangeiros durante guerra civil sob fogo dos rebeldes.
1997 - ALBÂNIA - Tropas americanas invadem a Albânia para evacuarem estrangeiros.
2000 - COLÔMBIA - Marines e "assessores especiais" dos EUA iniciam o Plano Colômbia, que inclui o bombardeamento da floresta com um fungo transgênico fusarium axyporum (o "gás verde").
2001 - AFEGANISTÃO - Os EUA bombardeiam várias cidades afegãs, em resposta ao ataque terrorista ao World Trade Center em 11 de setembro de 2001. Invadem depois o Afeganistão onde estão até hoje.
2003 - IRAQUE - Sob a alegação de Saddam Hussein esconder armas de destruição e financiar terroristas, os EUA iniciam intensos ataques ao Iraque. É batizada pelos EUA de "Operação Liberdade do Iraque" e por Saddam de "A Última Batalha", a guerra começa com o apoio apenas da Grã-Bretanha, sem o endosso da ONU e sob protestos de manifestantes e de governos no mundointeiro.
As forças invasoras americanas até hoje estão no território iraquiano, onde a violência aumentou mais do que nunca. Na América Latina, África e Ásia, os Estados Unidos invadiam países ou para depor governos democraticamente eleitos pelo povo, ou para dar apoio a ditaduras criadas e montadas pelos Estados Unidos, tudo em nome da "democracia" (deles).

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Documentário - Democracia nas ruas

Democracia nas ruas (THIS IS WHAT DEMOCRACY LOOK'S LIKE) – documentário sobre as mobilizações em 1999 contra a globalização capitalista em Seattle por ocasião da reunião da OMC (Organização Mundial do Comércio)


Parte 1


Parte 2


Parte 3


Parte 4


Parte 5


Parte 6


Parte 7


Fonte:
http://pimentanegra.blogspot.com/2009/12/democracia-nas-ruas-this-is-what.html

O capital mafioso contra os povos

por Raúl Zibechi [*]
Uma das consequências de longo alcance da crise económica em curso é a potenciação das actividades mafiosas como modo principal de acumulação de capital e, portanto, de financiamento das enormes dívidas dos estados. A rigor, não é novidade que os negócios sujos sejam uma das principais fontes de lucros das multinacionais e dos estados.
O novo é que a crise reforça essa tendência do capital desde que, no princípio dos anos 70, o sector financeiro substituiu a produção como motor do sistema. É claro que isto não acontece só em momentos de crise. Desde que o capital se voltou para o roubo, a especulação e a pilhagem da natureza, dos povos, de países inteiros e de outros capitais, no que se resolveu chamar "acumulação por despojamento", a diferença entre dinheiros legítimos ou legais e os ilegítimos e ilegais esfumou-se rapidamente.
Os exemplos abundam. O Grupo de Trabalho de Alto Mar (High Seas Task Force) denunciou que em 2005 havia 800 barcos pesqueiros a realizar pesca irregular em águas da Somália, país que não pode controlar a depredação das suas costas. Os pesqueiros espanhóis capturam na Somália 200 mil toneladas anuais de atum de modo ilegal, abastecendo 40 por cento do consumo interno. Contudo, a União Europeia regula cuidadosamente a pesca nas "suas" águas. Esta mesma semana, após árduas negociações, foi levantada a interdição de quatro anos e meio para a pesca da anchova no mar Cantábrico, admitindo apenas a captura de 7 mil toneladas anuais, restringindo severamente zonas de pesca com a ameaça de rever as permissões.
Todas a Europa regula a pesca nas suas águas: a do bacalhau esteve proibida durante 10 anos no Atlântico Norte. Aquando do tsunami de 2004, apareceram nas costas da Somália contentores de lixo tóxico que haviam sido lançados ao mar em segredo. "A Europa, através da máfia italiana, desfaz-se de resíduos tóxicos em águas somalis", assinala um relatórios de Ecologistas em Acção.
No velho continente, cada tonelada de resíduos tóxicos que se processa custa entre dois e três mil euros, mas despejá-los na Somália vale apenas dois euros e meio. Para não falar da Barrick Gold, a maior multinacional mineira dedicada à extracção de ouro do mundo.
Os seus negócios na América do Sul já representam 47 por cento das suas reservas provadas e prováveis. Diversos estudos sustentam que Adnan Khashoggi foi fundados da Barrick Gold e quem realizou a maior parte do investimento junto com amigos que "organizavam a troca de armas e drogas entre o Irã, Israel e Nicarágua, que em 1986 levou ao escândalo do Irão e dos contra". Khashoggi tem vínculos estreitos com Peter Munk, presidente da Barrick, e este com George H. W. Bush. A Barrick, juntamente com outras multinacionais mineiras, foi responsável pela guerra do Zaire em 1997, que se saldou em 3 milhões de mortos, para apoderar-se das maiores reservas mundiais de coltan , minério chave no mundo da electrónica.
O Nobel Alternativo 2004, Raúl Monenegro, presidente da Fundação para a Defesa do Ambiente, denunciou as ameaças de morte recebidas por jornalistas da província de San Juan, Argentina, por dizerem a verdade sobre o impacto ambiental provocado pela empresa mineira canadiana Barrick Gold. Acrescentou que vários jornalistas "sofrem censura prévia ou são deslocados dos seus programas por abordar amplamente os danos ambientais provocados pela empresa mineira".
Aquela multinacional impediu a apresentação no Canadá de um livro que denuncia as suas atrocidades em África. Esta semana a imprensa britânica informou que o director do Gabinete contra as Drogas e o Crime das Nações Unidas (UNODOC), António Maria Costa, assegurou que o capital proveniente do crime organizado foi "o único investimento de capital líquido" no segundo semestre de 2008 que esteve à disposição dos bancos à beira do colapso.
Trata-se de 351 mil milhões de dólares dos lucros do negócio da droga que contribuíram para salvar a situação em plena crise de liquidez do sistema financeiro. "O dinheiro das drogas", afirmou Costa, "converteu-se num factor importante" para muitos bancos, o que permite pensar que o capital financeiro é cada vez mais capital mafioso. O assunto tem duas derivações para aqueles querem mudar o mundo.
A primeira é constatar que o roubo e destruição do meio ambiente e dos povos hoje é a principal forma de acumulação de capital. Isto quer dizer que a pilhagem se intensificará porque é o caminho mais rápido para sair da crise. Quando os Estados Unidos e seus aliados falam em combater o narcotráfico e o terrorismo, deve entender-se que se propõem a destruir outros capitais, mafiosos ou não, como forma de continuar a concentrar riqueza. E poder. Mas essa mesma atitude converte-os em máfias institucionais toda a vez que recorrem aos mesmos métodos. TIPO DE REGIME POLÍTICO A segunda questão tem a ver com o tipo de regime político adequado para a protecção e estímulo à pilhagem.
Trata-se de regimes eleitorais que permitem a rotação das equipes dirigentes, mas bloqueiam mudanças estruturais. [NR] Trata-se de democracias tuteladas pelo poder suave dos meios maciços de comunicação que condicionam a agenda política e pelo poder duro do império, o capital financeiro e as multinacionais.
O Estado foi modelado e ultrapassado pelo capital mafioso; não poderá ser a alavanca principal das mudanças necessárias. Avizinham-se tempos difíceis. O capital mafioso, hegemónico hoje numa América Latina que não sai – não pode ou não quer – do modelo extractivista (mineração e monoculturas), precisa de estados à sua imagem e semelhança, o que explica as razões pelas quais alguns aparelhos estatais naufragam na impotência.
Uma agudização de um problema histórico que merece debates orientadores da acção colectiva.
[NR] Sublinhado de resistir.info [*] Jornalista, uruguaio.