As Cuestas de Botucatu
Relevo de Cuesta - À esquesda depressão periférica e à direita o Fronte da Cuesta com inicio da bacia sedimentar do Rio Paraná
Mapa do relevo do Estado de São Paulo
Mapa da APA Botucatu com front de Cuesta
Fronte da Cuesta - Rodovia Marechal Cândido Rondon
A região de Botucatu faz parte da província geomorfológica das Cuestas Arenítico-Basálticas, que se estende de
Minas Gerais até o Rio Grande do Sul. É uma região muito cobiçada pelos adoradores da geografia, da geologia, da paleontologia e da geomorfologia. É possível observar belíssimos paredões de de arenito e basalto, imponentes morros testemunhos e belas cachoeiras.
Morro Testemunho: Três Pedras, localizadas entre os municípios de Bofete, Botucatu e Pardinho
Morro Testemunho: Torre de Pedra /Torre de Pedra
Cachoeira da Marta - Botucatu
Cachoeira Pavuna - Botucatu
Cachoeira da Indiana
Cachoeira da Indiana
Cachoeira Véu da Noiva
A Cuesta Arenítico-basáltica pode ser percebida quando você viaja de carro em direção ao interior. Pela Rodovia Castelo Branco ou pela Rodovia Marechal Cândido Rondon, na região de Botucatu você observa um enorme paredão rochoso. Depois de subir este relevo íngreme, ao invés da esperada descida, lá do topo você encontra uma quase planície que vai descendo suavemente.
A palavra tem origem no idioma espanhol e significa encosta de uma colina ou monte. Em geologia e geomorfologia, cuesta refere-se especificamente a um cume assimétrico com inclinação longa e suave. As mais comuns são as cuestas arenítico-basálticas, intercalando sequências de camadas sedimentares de inclinação suave com níveis mais resistentes à erosão.
Identificação dos elementos que identificam uma Cuesta
A origem deste relevo se deu no Mesozoico, mas sua história começa no Paleozóico, com a formação da bacia sedimentar do Paraná.
Escala do Tempo Geológico
Trezentos milhões de anos atrás, os continentes estavam agrupados em uma grande massa continental, chamada Pangea (do grego Pangaea = toda a Terra).
O Supercontinente Pangea
Nesse período, a região de Botucatu estava coberta por um mar raso, ligado ao grande Pantalassa (do grego “todos os mares”).
A região de Botucatu estava inundada por um mar raso ligado ao Oceano Pantalassa
Oceano Pantalassa
Os avanços e as
regressões desse mar, por milhões de anos, deram origem a uma imensa bacia sedimentar, conhecida hoje como Bacia do Paraná.
Bacia Sedimentar do Paraná
Bacia Sedimentar do Paraná
Mapa geológico da Bacia do Paraná e área de distribuição da Formação Botucatu
A região de Botucatu localiza-se sobre a borda oeste da bacia do Paraná.
Há 200 milhões de anos, nessa região existia uma paisagem de dunas formadas pelo vento. Havia
também dunas úmidas, depositadas por meandros e lagoas.
Dunas
A deposição dessas dunas durou
40 a 50 milhões de anos, dando origem às rochas areníticas conhecidas como Formação
Piramboia.
Arenito Piramboia, visto nas proximidades do Km 160 da Rodovia Castello Branco.
Arenito Piramboia, visto na Rodovia Marechal Cândido Rondon
Depois, o clima foi ficando mais seco, e os riachos e lagoas desapareceram, mas os depósitos eólicos continuaram formando um
enorme deserto, de 1 milhão de km2
, em toda a extensão da Bacia
do Paraná. Era o Deserto Botucatu, presente entre 160 e 130 milhões de anos atrás, no período que corresponde ao Jurássico. Os
depósitos dessa espessa camada de areia deram origem às rochas
areníticas conhecidas como Formação Botucatu.
Indicação da área aproximada ocupada pelo paleodeserto Botucatu. 1 – Rochas mais antigas (embasamento); 2 – Cobertura sedimentar de diversas idades; 3 – Cadeia Andina; 4 – Camadas sedimentares do paleodeserto
Arenitos da formação Botucatu em leito de rio em Botucatu
Arenitos da formação Botucatu - Botucatu
Arenitos da formação Botucatu -Botucatu
Enquanto isso, ainda no período Jurássico, iniciou-se uma
grande mudança nas forças do interior do planeta, exercida pelas correntes de convecção do Manto e do Núcleo da terra. Isso
provocou o lento e gradativo deslizamento das placas tectônicas,
iniciando o processo chamado deriva continental, que separou a
América e a África. Esses continentes estavam ainda juntos, formando o grande Gondwana, e até hoje se afastam um do outro.
No período Jurássico (há 130 milhões de anos), o deserto de areia, com suas dunas, foi coberto por colossais derrames de lavas incandescentes. Durante esse processo, através de violentos movimentos sísmicos, a crosta terrestre rompeu-se, lançando, pelas fendas abertas, das profundezas do Planeta, minérios derretidos. Já era um prenúncio das imensas fraturas que iriam dividir o megacontinente Gondwana, separando a América do Sul, da África.
No período Jurássico (há 130 milhões de anos), o deserto de areia, com suas dunas, foi coberto por colossais derrames de lavas incandescentes. Durante esse processo, através de violentos movimentos sísmicos, a crosta terrestre rompeu-se, lançando, pelas fendas abertas, das profundezas do Planeta, minérios derretidos. Já era um prenúncio das imensas fraturas que iriam dividir o megacontinente Gondwana, separando a América do Sul, da África.
Derrames de lavas
Não sendo um processo de vulcanismo explosivo, mas de inundação, as lavas, muito fluidas, a 1200 graus centígrados, espalharam-se sobre as dunas de areia, preservando suas formas. Em suma, cobriam as dunas e, no longo tempo em que todo o processo perdurou, passaram a constituir as elevações sobre as quais hoje está construída a cidade. Ao se resfriarem, as lavas acrescentaram às formações arenosas, outros tipos de rocha, chamadas de basalto e diabásio. Essa lava, pastosa e incandescente, cobrindo os depósitos de arenito já existentes, ajudou a dar forma à elevação conhecida por Cuesta.
Lavas incandescentes encobrem as dunas
Lavas incandescentes encobrem as dunas
Neste momento, com as várias falhas e fraturas ocasionadas pelo evento da deriva continental, a bacia do Paraná passa a sofrer um processo de “compensação isostática” ou seja, o peso do interior da bacia, influenciado sobretudo pelos basaltos, faz que as bordas se ergam, formando então o relevo ora escarpado ora suave da Cuesta.
Todo o movimento das placas tectônicas provocou o soerguimento de grande parte da Bacia do Paraná, a quebra dos blocos de rochas e o dobramento da borda do continente. Esse processo, que se iniciou em meados da Era Mesozoica e se estendeu até o final do Terciário da Era Cenozoica, provocou a formação da Cordilheira dos Andes, da Serra do Mar e da Mantiqueira.
Todo o movimento das placas tectônicas provocou o soerguimento de grande parte da Bacia do Paraná, a quebra dos blocos de rochas e o dobramento da borda do continente. Esse processo, que se iniciou em meados da Era Mesozoica e se estendeu até o final do Terciário da Era Cenozoica, provocou a formação da Cordilheira dos Andes, da Serra do Mar e da Mantiqueira.
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