quinta-feira, 5 de julho de 2012

O "Mundo Livre" e seus parceiros liberticidas da América Latina


           Tratei, na última postagem, dos pactos assumidos pelas potências ocidentais com os tiranos pró-capitalismo asiáticos e africanos.  Esta tendência, contudo, de forma alguma se limitou às regiões que então saíam da dominação colonial direta.  Coube sobretudo aos Estados Unidos a manutenção do status quo nos países da América Latina, que embora dispusessem de governos autônomos desde o século XIX estavam presumidamente incluídos numa vasta área de influência norte-americana; na verdade, os eventos continentais ligados à Guerra Fria reviveram, mediante outras estratégias, a política do Big Stick, que resultara, na primeira metade do século XX, em invasões pelos marines de nações como Cuba, Haiti e Nicarágua.      
           A bandeira do anticomunismo por vezes serviu de pretexto para legitimar o poder de ditadores truculentos e corruptos, porém comprometidos com os interesses das multinacionais sediadas no "mundo desenvolvido"; em outras ocasiões, como justificativa para a derrubada de governantes democraticamente eleitos, porém portadores de ambições de autonomia tidas como inconvenientes em tempos de Guerra Fria, fossem ou não efetivamente apoiados pelos comunistas.  Limito-me novamente, por questões relacionadas à administração do espaço, a três exemplos.          





Anastasio Somoza Debayle (1925-1980)
Anastasio Somoza Garcia (1896-1956)


                                                                        









Sua obra:

Bruit 93/94

Seus parceiros:


Bruit 94


Peña 316


Fulgencio Batista (1901-1973)

Sua obra:


Gott 174


Gott 180/181

Seus parceiros:


Gott 186

Gott 189/190


Augusto Pinochet (1915-2006)

Sua obra:


Rossi 50


Rossi 55


Rossi 56

Seus parceiros:



Peña 323/324


Referências:

BRUIT, Héctor H.  Revoluções na América Latina.  São Paulo: Atual, 1988.
GOTT, Richard.  Cuba: uma nova história.  Rio de Janeiro: Zahar, 2006. 
PEÑA, Paco.  As intervenções norte-americanas na América Latina.  In: O livro negro do capítalismo/org. Gilles Perrault.  Rio de Janeiro: Record, 2000. 
ROSSI, Clóvis.  A contra-revolução na América Latina.  São Paulo: Atual; Campinas: Unicamp, 1987.

                                                                    Adendo

O poeta uruguaio Mario Benedetti (1920- 2009) expressa seus sentimentos ao saber da morte de Pinochet:

Obituario con hurras 

Vamos a festejarlo
vengan todos
los inocentes
los damnificados los que gritan de noche
los que sueñan de día
los que sufren el cuerpo
los que alojan fantasmas
los que pisan descalzos
los que blasfeman y arden
los pobres congelados
los que quieren a alguien
los que nunca se olvidan
vamos a festejarlo
vengan todos
el crápula se ha muerto
se acabó el alma negra
el ladrón
el cochino
se acabó para siempre
hurra
que vengan todos
vamos a festejarlo
a no decir
la muerte
siempre lo borra todo
todo lo purifica
cualquier día
la muerte
no borra nada
quedan
siempre las cicatrices
hurra
murió el cretino
vamos a festejarlo
a no llorar de vicio
que lloren sus iguales
y se traguen sus lágrimas
se acabó el monstruo prócer
se acabó para siempre
vamos a festejarlo
a no ponernos tibios
a no creer que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto de mierda.


Fonte: http://gustavoacmoreira.blogspot.com.br/

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