Tratei, na última postagem, dos pactos assumidos pelas
potências ocidentais com os tiranos pró-capitalismo asiáticos e
africanos. Esta tendência, contudo, de forma alguma se limitou às
regiões que então saíam da dominação colonial direta. Coube sobretudo
aos Estados Unidos a manutenção do status quo nos países da América
Latina, que embora dispusessem de governos autônomos desde o século XIX
estavam presumidamente incluídos numa vasta área de influência
norte-americana; na verdade, os eventos continentais ligados à Guerra
Fria reviveram, mediante outras estratégias, a política do Big Stick, que resultara, na primeira metade do século XX, em invasões pelos marines de nações como Cuba, Haiti e Nicarágua.
A bandeira do anticomunismo por vezes serviu de pretexto para
legitimar o poder de ditadores truculentos e corruptos, porém
comprometidos com os interesses das multinacionais sediadas no "mundo
desenvolvido"; em outras ocasiões, como justificativa para a derrubada
de governantes democraticamente eleitos, porém portadores de ambições de
autonomia tidas como inconvenientes em tempos de Guerra Fria, fossem ou
não efetivamente apoiados pelos comunistas. Limito-me novamente, por
questões relacionadas à administração do espaço, a três exemplos.
Sua obra:
Bruit 93/94
Seus parceiros:
Bruit 94
Peña 316
Fulgencio Batista (1901-1973)
Sua obra:
Gott 174
Gott 180/181
Seus parceiros:
Gott 186
Gott 189/190
Augusto Pinochet (1915-2006)
Sua obra:
Rossi 50
Rossi 55
Rossi 56
Seus parceiros:
Peña 323/324
Referências:
BRUIT, Héctor H. Revoluções na América Latina. São Paulo: Atual, 1988.
GOTT, Richard. Cuba: uma nova história. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
PEÑA, Paco. As intervenções norte-americanas na América Latina. In: O livro negro do capítalismo/org. Gilles Perrault. Rio de Janeiro: Record, 2000.
ROSSI, Clóvis. A contra-revolução na América Latina. São Paulo: Atual; Campinas: Unicamp, 1987.
Adendo
O poeta uruguaio Mario Benedetti (1920- 2009) expressa seus sentimentos ao saber da morte de Pinochet:
Obituario con hurras
Vamos a festejarlo
vengan todos
los inocentes
los damnificados los que gritan de noche
los que sueñan de día
los que sufren el cuerpo
los que alojan fantasmas
los que pisan descalzos
los que blasfeman y arden
los pobres congelados
los que quieren a alguien
los que nunca se olvidan
vamos a festejarlo
vengan todos
el crápula se ha muerto
se acabó el alma negra
el ladrón
el cochino
se acabó para siempre
hurra
que vengan todos
vamos a festejarlo
a no decir
la muerte
siempre lo borra todo
todo lo purifica
cualquier día
la muerte
no borra nada
quedan
siempre las cicatrices
hurra
murió el cretino
vamos a festejarlo
a no llorar de vicio
que lloren sus iguales
y se traguen sus lágrimas
se acabó el monstruo prócer
se acabó para siempre
vamos a festejarlo
a no ponernos tibios
a no creer que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto de mierda.
la muerte
no borra nada
quedan
siempre las cicatrices
hurra
murió el cretino
vamos a festejarlo
a no llorar de vicio
que lloren sus iguales
y se traguen sus lágrimas
se acabó el monstruo prócer
se acabó para siempre
vamos a festejarlo
a no ponernos tibios
a no creer que éste
es un muerto cualquiera
vamos a festejarlo
a no volvernos flojos
a no olvidar que éste
es un muerto de mierda.
Fonte: http://gustavoacmoreira.blogspot.com.br/
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