Diego Cruz, da  redação do Opinião Socialista     
Lula esperou até o último momento para anunciar a sua decisão sobre a MP dos aposentados aprovada pelo Congresso. Finalmente, divulgou o que faria poucas horas antes do primeiro jogo da seleção brasileira na Copa do mundo. E não surpreendeu. Mantendo aquilo o que já vem fazendo em seu governo, Lula vetou o fim do fator previdenciário, medida aprovada pela Câmara e pelo Senado após diversas mobilizações dos aposentados.
O fator havia sido imposto pelo governo FHC em 1999 e tem como objetivo postergar ao máximo as aposentadorias. Ele estabelece uma conta para o cálculo das aposentadorias que leva em conta a expectativa de vida, o tempo de contribuição e a idade do assegurado, fazendo com que o trabalhador receba menos quanto mais cedo ele se aposentar. Na prática, obriga os trabalhadores a trabalharem cada vez mais, sob o risco de terem seus benefícios reduzidos.
Reajuste
Se Lula vetou o fim do fator,  por outro lado, mesmo a contragosto, o presidente foi obrigado a  sancionar o reajuste de 7,7%. Mesmo insuficiente, ele é maior que os  6,14% que o governo havia combinado com as centrais sindicais como CUT e  Força Sindical. No Congresso, a pressão dos aposentados fez com que  esse índice subisse para 7,7%, mesmo com todas as ameaças e chantagens  do governo.       
O líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT), que integrou a tropa de choque contra os aposentados no Congresso, chegou a dizer que os aposentados “não tem o que reclamar”. Ele reafirmou que o índice havia sido um acordo com as centrais. “Os 6,14% foram um acordo entre as centrais e o governo federal. Não foi um número cabalístico”, disse, expondo o papel que CUT e Força Sindical cumpriram, de rebaixar o reajuste que até o governo estaria disposto a conceder.
Mesmo assim, o ministro da Fazenda Guido Mantega, afirmou que o governo vai compensar o reajuste aumentando o corte no Orçamento para além dos R$ 10 bilhões anunciados recentemente. Para isso, vai cortar mais R$ 1,6 bilhão. “O presidente Lula nos liberou para fazer os cortes necessários, que vão compensar os 7,7%”, disse Mantega.
A luta não terminou
O veto de Lula  reafirma sua política para os aposentados. Só para lembrar, em 2003,  logo em seu primeiro mandato, Lula impôs a reforma da Previdência no  setor público. Já em 2006, vetou o reajuste de 16,6% aprovados pelo  Congresso, como parte da recomposição das perdas desde o governo Collor.  Agora, veta o fim do fator. Esse caso agora, expõe de forma mais clara o  papel cumprido pela CUT que, além de não defender o fim do fator  previdenciário, negociou um reajuste ultrarebaixado com o governo, que  foi até mesmo rechaçado pelo Congresso. O índice negociado foi ainda  utilizado pelo governo a toda hora para negar um reajuste maior.      
A lição que fica, porém, é da força da mobilização dos aposentados. Foi a luta que desbloqueou a negociação rebaixada da CUT, impôs o fim do fator no Congresso e garantiu o reajuste de 7,7%. E, mesmo com o veto de Lula, a luta pelo fim do fator previdenciário não terminou. O Congresso pode ainda derrubar o veto. A mobilização dos aposentados agora tem que girar novamente do Planalto para o Congresso, obrigando os parlamentares a derrubarem o veto e pondo um fim em definitivo nesse famigerado fator.
Fonte: Blog Defesa do Trabalhador, Advocacia, Cultura e Socialismo
 
 
 
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