sábado, 17 de outubro de 2009

O que a Midia nativa e a direita reacionária não quer ver II

ONU destaca “estratégia orquestrada” para tirar credibilidade do MST
Representante das Nações Unidas critica pesquisa da CNA sobre assentamentos e releva vandalismo que destruiu pés de laranja em fazenda de São Paulo
Por Josie Jeronimo,do R7 em Brasília
O relator especial da ONU (Organização das Nações Unidas) para o Direito à Alimentação, Olivier De Schutter, afirmou nesta sexta-feira (16) que existe no Brasil “estratégia orquestrada” para tirar a credibilidade do MST (Movimento dos Sem-Terra). O representante da ONU não citou quem seriam os responsáveis pela tarefa de desqualificar o MST, mas criticou a CNA (Confederação de Agricultura e Pecuária) por pesquisa divulgada no início da semana que indicou falta de produtividade e geração de renda nos assentamentos.
Existe uma estratégia orquestrada para tirar a credibilidade do MST. Até um estudo foi encomendado pela CNA para tirar conclusões com base em nove assentamentos em meio a 8 mil existentes no país. A ocupação foi o último recurso encontrado por essas pessoas para que fossem ouvidas. É impressionante que as pessoas não consigam se alimentar porque não tem terra disponível. O MST chama a nossa atenção para a dificuldade que muitas famílias sofrem ao viver no campo.
O relator da ONU saiu em defesa dos sem-terra, mas não quis comentar "ato de vandalismo" (negrito meu) realizado por integrantes do MST em fazenda do interior de São Paulo quando pés de laranja foram destruídos por tratores.
- Eu ouvi falar na destruição de pés de laranja, mas não vou comentar.
Schutter veio ao Brasil a convite do governo para produzir relatório sobre os progressos no combate à fome no país e reuniu-se com os ministros Celso Amorim (Relações Exteriores), Patrus Ananias (Ministério do Desenvolvimento Social) e Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário). A visita teve início dia 12 e foi encerra nesta sexta-feira. Os programas sociais do governo foram amplamente elogiados, Schutter disse que o Brasil está "na vanguarda do combate à fome", mas o relator da ONU criticou o modelo brasileiro de produção de cana-de-açucar e sugeriu que os administradores só apoiem o plantio quando se certificarem que os trabalhadores têm direitos garantidos.
Antes de pensar na produção de álcool e biodiesel, defende Schutter, é preciso garantir condições sociais dos trabalhadores dessa área. O representante da ONU sugeriu que integrantes do Judiciário e do Ministério do Meio Ambiente visitem canaviais para conhecer de perto a realidade brasileira.
O excesso de áreas plantadas com cana-de-açucar prejudicaria a agricultura familiar e concentraria terras apenas nas mãos de grandes produtores. A ONU também sugere que o governo brasileiro dê incentivos para que prefeitos ajudem pequenos agricultores em vez de grandes produtores de cana.
- O modelo de cana-de-açucar está ocupando demais o cenário brasileiro. O governo deve apoiar a produção de cana apenas quando algumas condições tenham sido cumpridas. Excesso de cana pode se tornar prejudicial para alguns municípios.
A ONU também vê com bons olhos, de acordo com o relator, a destinação de recursos do pré-sal para programas sociais de combate à fome. O representante da organização citou como exemplo emenda do deputado Nazareno Fonteles (PT-PI) ao projeto que trata da utilização do dinheiro do petróleo. A proposta do deputado prevê que parte dos recursos continuem mantendo o Bolsa-Família e outros programas de combate à fome.

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