domingo, 19 de agosto de 2018

Projeções Cartográficas: Mercator x Peters

Um dos pilares da geografia é a cartografia. Dentro dessa ciência, as projeções cartográficas despontam com um dos temas mais interessantes.
Projeções cartográficas são formas de se transferir a superfície “esférica” da Terra para um mapa. Sendo mais específico, nosso planeta está longe de ser uma esfera perfeita, já que possui uma superfície tremendamente irregular e é levemente achatado nos polos, o que impossibilita a sua classificação em uma forma matemática. O mais próximo seria um elipsoide. Portanto, foi criado o termo geoide para classificar o formado terrestre.

Forma geoide da Terra em comparação a um elipsoide. imagem: Internet
Como nosso planeta é um objeto geoide 3D e um mapa é 2D, é importante salientar que todas as formas de representações provocam algum tipo de distorção.
1. Projeção Cilíndrica
Para se obter essa projeção, envolvemos nosso planeta com um cilindro imaginário. A partir desse ponto, todo o mapeamento da Terra é transferido para o cilindro, que, após aberto, conterá toda a superfície terrestre em uma carta plana e retangular. É uma das projeções mais utilizadas em livros didáticos.

Esquema mostrando como a projeção cilíndrica é obtida. Imagem: Internet
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Pontos positivos e negativos
É uma projeção muito interessante pois nos mostra todo o planeta em um único mapa. Por isso é tão utilizada. Entretanto, ela deforma o tamanho (área) dos continentes a medida que se afasta do Equador. Se nosso leitor pensar bem, perceberá que o cilindro que envolve nosso planeta encosta unicamente na região do Equador, transferindo o mapeamento desse local de forma muito fidedigna. O mesmo não ocorre, por exemplo, na região polar, que, com uma circunferência muito menor que a do cilindro, precisa ser muito esticada para encostar no mesmo, ampliando o tamanho da região.
1.1 Projeção cilíndrica de Mercator
Foi a primeira projeção cartográfica da Era Moderna. Este matemático, nascido nos Flandres (região da Bélgica atual), foi pioneiro ao conseguir representar toda a superfície da Terra em um plano. Sua projeção cilíndrica, em termos de propriedade geométrica é considerada conforme, ou seja, mantem inalterado a forma dos continentes, mas deforma bastante o tamanho deles (área).

Projeção de Mercator. Observem como a Groenlândia está quase do mesmo tamanho que a América do Sul, mesmo sendo bem menor. Imagem: Internet
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Um embuste europeu
Apresentada pela primeira vez em 1569, a inovadora projeção do europeu Gerhard Mercator privilegiava os interesses de seu continente, já que, além de colocar a Europa no centro do mapa, ainda distorcia seu tamanho. Como as projeções cilíndricas aumentam as regiões de latitudes médias, onde a Europa se encontra, ela também está proporcionalmente maior que seu tamanho real em relação aos outros continentes.
O mapa abaixo compara o tamanho do Groenlândia em 3 posições, em seu local verdadeiro, na latitude dos EUA e Europa e na Linha do Equador. Reparem a drástica diferença de área provocada pela distorção.

Esta interessante comparação nos mostra o tamanho do Groenlândia em 3 posições na Terra. Essa distorção é o maior problema do mapa de Mercator. Imagem: internet
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Isso não ocorre só com a Europa. O Hemisfério Norte possui muito mais terras nas latitudes médias do que o hemisfério sul. Assim, o norte tem amplo destaque nos mapas mundi em relação ao sul. Isso aumenta ainda mais a ideia de superioridade boreal em relação ao hemisfério austral.

Este mapa diferencia as zonas climáticas da Terra. Mas pode também ser utilizado para se entender a distorção nos mapas cilíndricos. A região tropical é pouco distorcida, sendo seguida por uma distorção mediana nas medias-latitudes e um aumento enorme nas regiões polares. A Europa, estando em uma latitude intermediária, se beneficia em relação a boa parte da África e América do Sul.
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1.2 Projeção cilíndrica de  Peters
Durante séculos a projeção de  Mercator reinou como a mais utilizada para se observar todo o mapeamento da Terra. Porém, em 1973,  um cartógrafo alemão de nome Arno Peters, produziu um mapa que “corrige” a distorção de área provocada pela mais famosa projeção cilíndrica.
A ideia é relativamente simples, como as regiões tropicais estão proporcionalmente menores que as temperadas e polares, Peters simplesmente fez um mapa em que, a medida que se afasta do Equador, a distância entre os ângulos da latitude diminuem. Assim sendo, a região tropical está mais espichada, com os países mais cumpridos que o normal, enquanto as regiões polares ficaram comprimidas.
Em termos de propriedade geométrica é uma projeção equivalente, já que mantém a proporção das áreas representadas, mas altera as suas formas.

projeção de Peters. Imagem: Internet
Em termos de área, de proporção entre os continentes, ele resolveu o problema, mas em termos de forma distorceu muito. Em seu mapa, além de esticados no eixo leste-oeste, as regiões de latitudes médias e altas também ficam compactadas no eixo norte-sul.
Existe também uma polêmica envolvendo esta projeção. Muito críticos afirmam que Peters simplesmente copiou uma projeção lançada em 1885 pelo escocês James Gall. Contrários a Peters afirmam que ele fez pouquíssimas mudanças na ideia original, tendo então cometido um plágio. Sendo assim, muitas pessoas também chamam a projeção de Gall-Peters.
Polêmicas a parte, a projeção de Peters tem grande importância, já que nos mostra, mesmo com alguma deformação, a real proporção entre os continentes. Não que isso resolva os problemas sociais do hemisfério sul (África e América do Sul), mas devolve a autoestima em relação ao enorme território que possuímos.
Comparação Mercator x Peters
O mapa abaixo sobrepõe as duas projeções para compararmos melhor:

Observem como o mapa de Peters  (verde) nos mostra outra realidade em comparação a Mercator. América do Sul e África ganham um destaque muito maior, o que, em termos de área, é a realidade. Imagem: Internet
Fonte: http://www.clebinho.pro.br

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