domingo, 18 de dezembro de 2011

Brasil: A dívida eterna



O Brasil gasta 44% do Orçamento Geral da União com o pagamento de juros, amortizações e refinanciamento da dívida, enquanto setores-chave como saneamento básico, transportes, urbanismo e cultura não chegam a ter 1% da fatia. (Le Monde Diplomatique)
O vídeo é baseado no espetacular texto-denúncia de Maria Lucia Fattorelli, Auditora Fiscal da Receita Federal e coordenadora da Auditoria Cidadã da Dívida.
O Brasil gasta 44% do Orçamento Geral da União com o pagamento de juros, amortizações e refinanciamento da dívida, enquanto setores-chave como saneamento básico, transportes, urbanismo e cultura não chegam a ter 1% da fatia. Este vídeo-experimento do jornal Le Monde Diplomatique Brasil, baseado no artigo de Maria Lúcia Fatorelli da edição 47 http://diplomatique.uol.com.br/artigo.php?id=942 mostra que as teorias econômicas buscam conscientemente esta opção há décadas e optam por confundir a maioria da população brasileira com uma linguagem de difícil compreensão.

No artigo, Vera critica o método como o Banco Central usa as taxas básicas de juros para controlar a inflação (mais juros, menos investimentos, créditos etc). Seu argumento é que esse método só funcionaria se a inflação viesse pelo excesso de demanda (procura por produtos e serviços), o que não é o caso do Brasil. Ela diz:
 No Brasil, ao contrário do que alegam governo e rentistas, a inflação atual não é causada por suposto excesso de demanda, mas tem sido provocada por contínuos e elevados reajustes dos preços de alimentos e preços administrados, tais como combustíveis, energia elétrica, telefonia, transporte público, serviços bancários
Exatamente por isso, seria fácil ao governo controlar tais preços, porque em tese deveriam ser “geridos pelo poder público”. No entanto, as privatizações ocorridas na década auge (?) do neoliberalismo,  dificultam o processo.
Outro fato preocupante com relação a alta de juros é a dívida que fica ao emitir os títulos do governo. Então, baseando-se em uma ortodoxia míope para governar a economia, o Estado ao mesmo tempo que faz a alegria dos poucos especuladores (quem não quer 12% ao ano de um devedor que dificilmente vai quebrar?), se endivida e faz a população pagar indiretamente com assimetrias imorais no orçamento público: 45% da conta vai para pagar juros e amortizações. A educação, por exemplo, fica com 2,8%! E pra completar, favorece a entrada de capitais de portifólio, voláteis, interesseiros, especulativos, curtoprazistas (e apesar de algumas vozes contrárias, não produtivas diretamente), jogando o dólar lá pra baixo e concluindo o balaio da desindustrialização nacional.
Vera também critica as vozes ouvidas na construção da taxa de juros. Diz:
(…) a imensa maioria deles (95%) faz parte do setor financeiro, ou seja, são representantes de bancos, fundos de investimento ou consultores de mercado. São justamente os maiores interessados nas elevadas taxas de juros, que lhes proporcionam elevados lucros, configurando evidente conflito de interesses
E, como toda denúncia deve vir acompanhada de alguma sugestão, finaliza com um caminho que a ortodoxia neoliberal e grande parte da mídia simplesmente dizem ser inviável:
Alternativas para o efetivo combate à inflação existem e são muito mais eficientes: redução da taxa de juros; controle e redução dos preços administrados; reforma agrária para garantir a produção de alimentos não sujeitos à variação internacional dos preços de commodities; controle de capitais para evitar o ingresso de capitais abutres, meramente especulativos, e fugas nocivas à economia real; adoção de medidas tributárias apropriadas ao controle de preços. Para que essas medidas sejam adotadas, é necessário enfrentar o endividamento público, cancro que adoece nosso rico país e impede o curso da Justiça.
 Fonte: http://autonomizando.wordpress.com

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