Tempo
cronológico e tempo histórico
As diferenças entre tempo
cronológico e tempo histórico são fundamentais para se compreender bem a
disciplina de História
O tempo cronológico é diferente do
tempo histórico, mas ambos se complementam
· Observação dos fenômenos naturais e
contagem do tempo
O tempo é uma questão fundamental para a nossa
existência. Inicialmente, os primeiros homens a habitar a terra determinaram a contagem desse item por meio da constante observação dos fenômenos naturais. Dessa
forma, as primeiras referências de contagem do tempo estipulavam que o dia e a noite, as fases da lua, a posição de outros astros, a variação das marés ou o crescimento das colheitas pudessem metrificar “o quanto de tempo” se
passou. Na verdade, os critérios para essa operação são diversos.
· Consciência da finitude
Não sendo apenas baseada em uma
percepção da realidade material, a forma com a qual o homem conta o tempo
também pode ser visivelmente influenciada pela maneira com que a vida é
compreendida. Em algumas civilizações, a ideia de que houve um início em que o
mundo e o tempo se conceberam juntamente vem seguida pela terrível expectativa
de que, algum dia, esses dois itens alcancem seu fim. Já
outros povos entendem que o início e o fim dos tempos se repetem por meio de
uma compreensão cíclica da
existência.
· Definição de
tempo histórico
Apesar de ser um referencial de suma
importância para que o homem se situe, a contagem do tempo não é o principal
foco de interesse da História. Em
outras palavras, isso quer dizer que os historiadores não têm interesse pelo
tempo cronológico, contado nos calendários, pois sua passagem não determina as mudanças e acontecimentos (os
tais fatos históricos) que tanto chamam a atenção desse
tipo de estudioso. Dessa maneira, se esse não é o tipo de tempo trabalhado pela
História, que tempo tal ciência utiliza?
O tempo empregado pelos
historiadores é o chamado “tempo histórico”, que possui uma importante
diferença do tempo cronológico. Enquanto os calendários trabalham com
constantes e medidas exatas e proporcionais de tempo, a organização feita pela
ciência histórica leva em consideração os eventos de curta e longa
duração. Dessa forma, o
historiador se utiliza das formas de se organizar a sociedade para dizer que um
determinado tempo se diferencia do outro.
Seguindo
essa lógica de pensamento, o tempo histórico pode considerar que a Idade Média dure
praticamente um milênio, enquanto a Idade Moderna se estenda por apenas quatro séculos. O
referencial empregado pelo historiador trabalha com as modificações que as
sociedades promovem na sua organização, no desenvolvimento das relações
políticas, no comportamento das práticas econômicas e em outras ações e gestos que
marcam a história de um povo.
Além disso, o historiador pode ainda
admitir que a passagem de certo período histórico para outro ainda seja marcado
por permanências que
apontam certos hábitos do passado, no presente de uma sociedade. Com isso,
podemos ver que a História não admite uma compreensão rígida do tempo, em que a
Idade Moderna, por exemplo, seja radicalmente diferente da Idade Média. Nessa ciência, as
mudanças nunca conseguem varrer definitivamente as marcas oferecidas pelo
passado.
· Importância
das duas formas de tempo
Mesmo parecendo que tempo histórico
e tempo cronológico sejam cercados por várias diferenças, o historiador utiliza
a cronologia do tempo para organizar as narrativas que constrói. Ao mesmo tempo,
se o tempo cronológico pode ser organizado por referenciais variados, o tempo
histórico também pode variar de acordo com a sociedade e os critérios que sejam
relevantes para o estudioso do passado. Sendo assim,
ambos têm grande importância para que o homem organize sua existência.
Gostaria de fazer a referência deste texto em um
trabalho escolar ou acadêmico? Veja:
SOUSA, Rainer Gonçalves. "Tempo cronológico e tempo
histórico"; Brasil Escola. Disponível em <https://brasilescola.uol.com.br/historia/o-tempo-cronologico-tempo-historico.htm>.
Acesso em 28 de junho de 2018.
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