segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Código Florestal: desce Aldo Rebelo, sobe Ivan Valente


Por Leonardo Sakamoto

Dois congressistas se destacaram na Câmara dos Deputados, neste ano, por conta dos debates sobre a reforma do Código Florestal: de um lado, o relator do novo texto, Aldo Rebelo (PC do B-SP) e, do outro, um dos principais críticos à mudança, Ivan Valente (PSol-SP). No que pese ambos estarem em partidos à esquerda no espectro político, eles defendem posições opostas. Agora, analisando os números vindos das urnas, é possível afirmar que o debate chegou à sociedade e causou algum impacto nas votações que os dois receberam neste domingo.

De acordo com o site do Tribunal Superior Eleitoral, em 2006, Aldo teve 169.621 votos e Ivan, 83.719 eleitores.

Nesta eleição, a situação se inverteu: com 99,99% dos votos apurados, Aldo tinha 132.099 votos, enquanto Ivan ostentava 189.000. Aldo está 22% menor em comparação à situação de quatro anos atrás e Ivan 126% maior. Ou seja, mesmo com a previsão de ganho de simpatizantes entre os produtores rurais que se vêem beneficiados com seu discurso e prática (vale a leitura de matéria do jornal Valor Econômico sobre isso), o relator do novo Código Florestal não conseguiu compensar a perda de seus eleitores tradicionais, urbanos e de esquerda.

Vale ressaltar que ambos foram reeleitos e com as maiores votações de seus partidos em São Paulo.

Segundo informações passadas por quadros do PC do B e do aliado PT, eram muitos os que tecem críticas à forma através da qual o deputado está lidando não apenas com a reforma do Código mas também com temas caros a parcelas desses partidos, como o direito das populações indígenas a seus territórios. Analistas políticos esperavam que Aldo tivesse uma expressiva votação por conta do apoio político e financeiro de eleitores do agronegócio. Mas não contavam com uma forte queda na base tradicional do candidato. Ao mesmo tempo, Ivan Valente pode ter ganho votos entre esses mesmos insatisfeitos e junto aos que não concordam com as mudanças na legislação ambiental.

Ainda é cedo para uma análise mais profunda mas é possível que isso seja uma reação social à tentativa de mudança no Código. Uma sinalização que terá que, a partir de agora, ser considerada nos próximos passos do trâmite do novo texto.

A novela do Código – Por 13 votos a 5, uma comissão especial criada na Câmara dos Deputados para discutir a reformulação do Código Florestal aprovou o texto do relator Aldo Rebelo. A matéria ainda têm que passar pelos plenários do Congresso Nacional e ser sancionada pela Presidência da República, mas já causa polêmica entre produtores rurais e militantes sociais e ambientais. O novo texto anistia quem cometeu infrações ambientais, isenta propriedades de até quatro módulos fiscais (cerca de 400 hectares na Amazônia) de refazerem as reservas desmatadas e reduz a faixa mínima de mata ciliar que deve ser preservada à beira de cursos d’água, entre outros pontos. Também proíbe novos desmatamentos por um prazo de cinco anos, algo de difícil cumprimento uma vez que a política do fato consumado já mostrou que funciona. Aldo Rebelo foi um dos 13 e Ivan Valente um dos 5.

Fonte: http://blogdosakamoto.uol.com.br/2010/10/04/codigo-florestal-desce-aldo-rebelo-sobe-ivan-valente/

Um comentário:

  1. UM DIA DEPOIS DAS ELEIÇÕES - E AGORA?

    Um dia depois da eleição é um excelente momento para uma reflexão. Não que cada um de nós não tenha feito isso antes de votar – apesar de, infelizmente, muitos não fazerem – pois com este processo definimos mudanças, retrocessos ou “fica tudo para a próxima eleição”.

    Em um país onde os eleitores – distribuídos em diferentes níveis sociais e instrução – depois de algum tempo não lembram em quem votaram, como podem fazer, na eleição seguinte, uma avaliação do seu “agora novamente candidato”. Ou seja, para este grupo, as opções de mudança ou retrocesso ficam excluídas, restando apenas a velha opção do “fica tudo para a próxima eleição”.

    Hoje já sabendo quem foi eleito, se você é do grupo dos “conscientes”, já deve saber se haverá retrocesso ou mudança. Os eleitores do grupo dos “desligados” poderão, pelo menos, fazer uma reflexão do que poderá ocorrer com sua vida nos próximos quatro anos, análise onde poderia ter a oportunidade de mudar, mas, indiferentemente optou por um caminho sem a necessária prévia reflexão.

    Pelé disse que o brasileiro não sabe votar; na época foi muito criticado. Na verdade ele sabe votar – ir às urnas e colocar seu voto – porém, talvez, ainda não saiba como analisar as ações decorrentes de dar o seu voto. Certamente, para evitar uma nova polêmica, não estou me referindo aos “conscientes”, mas sim aos “desligados”.

    Em síntese, um dia depois da eleição, cada um sabe, ou deveria saber, o potencial reflexo do seu voto; ao longo do tempo, terá a sensação do reflexo real do seu voto e, quem sabe, sentir o sucesso ou o fracasso daquela linha política que optou por estar no poder político do país.

    Para as eleições de 2010, já não há mais a fazer, e esperamos que os brasileiros – em âmbito estadual e federal – tenham tido a felicidade de escolher um caminho positivo para o Brasil e para os brasileiros (pois nem sempre isso é a mesma coisa).

    Aos políticos vitoriosos desejamos que cada um saiba escolher seus ministros e secretários com os olhos nas promessas que fizeram na campanha, e não apenas pensando no próximo pleito. Se isso não ocorrer já podemos ter uma grande mudança no rumo da política no Brasil. Infelizmente esta pergunta não despontou em nenhum dos debates, certamente pois todos pensam que a preocupação maior dos políticos é de cumprir, em seu mandato, a totalidade (ou quase) das promessas que fez durante a campanha.

    Por outro lado, dos ministros, secretários e assessores escolhidos, o que se deseja é que entendam que foram escolhidos não para favorecer seus partidos ou pensarem ser candidatos na próxima eleição, mas sim trabalhar voltado unicamente a viabilização das promessas de campanha daquele que os escolheu. Quem sabe, se fizerem um trabalho bem feito, podem até ter pretensões para a próxima eleição, mas que esta possibilidade seja decorrente da avaliação da sociedade e não apenas dos interesses dos partidos.

    Mas isso tudo depende de que tenhamos uma efetiva redução dos eleitores “desligados”, uma vez que sem isso temos grande chance de ficar tudo para a próxima eleição. Para tal, antes de virar a página do processo eleitoral de 2010, cada um deve parar para fazer uma reflexão pessoal e reconhecer a importância do seu voto. Faça isso no âmbito da família e no seu ciclo de amizades; fale e escute e pense.

    Senhores políticos vitoriosos; a sociedade espera de vocês a realização de suas promessas de campanha. Tenha certeza que se o trabalho for bem conduzido, a sociedade voltará a colocá-lo no poder. Ou seja, a sociedade faz a sua parte e os políticos a sua. A sociedade confia – e por isso indicou quem fica no poder político – naqueles que foram eleitos. Por favor, não nos desaponte.

    Roosevelt S. Fernandes, M. Sc.
    Núcleo de Estudos em Percepção Ambiental / NEPA
    roosevelt@ebrnet.com.br

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