terça-feira, 20 de outubro de 2009

Brasil lidera ranking de combate à fome


BRASÍLIA - O grupo ativista ActionAid divulgou relatório sexta-feira elogiando o Brasil e a China pelos esforços feitos para combater a fome nos países. O Brasil, inclusive, aparece na liderança da luta contra a fome entre os países em desenvolvimento, de acordo com ranking divulgado pela ONG por ocasião do dia mundial da alimentação, comemorado sexta-feira.
A entidade estudou as medidas adotadas por 50 países e estabeleceu duas classificações, uma para os países em desenvolvimento e outra para os países ricos. Entre os países em desenvolvimentos, de acordo com a ActionAid, o Brasil “mostra o que é possível fazer quando o Estado tem os recursos e a vontade política de reduzir a fome”. O documento cita o programa Fome Zero, do governo federal, e destaca principalmente a redução de 73% da desnutrição infantil em seis anos e da mortalidade infantil em 45% no mesmo período.
A China, outro país elogiado no relatório, reduziu o número de pessoas que passam fome em 58 milhões ao longo de dez anos. O país aparece na segunda posição do ranking dos países em desenvolvimento. Dois pequenos países da África, Gana e Malauí, aparecem em 3º e 5º lugares, o que prova, segundo os pesquisadores, que a luta contra a fome não depende apenas da disponibilidade de recursos.
O destaque negativo ficou por conta da Índia, que apesar das elevadas taxas de crescimento econômico registradas nos últimos anos tem 30 milhões de pessoas com fome a mais que em meados dos anos 90 e aparece em 22º de uma lista de 29 países, atrás de nações muito pobres como Etiópia e Lesoto. A ActionAid chama a atenção, também, para o fato de que 47% das crianças com menos de 6 anos de idade estão abaixo do peso no país.
“Na Índia, a fome não é provocada pela falta de comida e sim pela dificuldade das pessoas de ter acesso à mesma”, afirmam os pesquisadores no documento. “Alguns dos países mais pobres do mundo estão fazendo progressos notáveis na redução do número de pessoas que sofrem fome, enquanto alguns países ricos estão ficando para trás”.
É o caso, segundo a ONG, de Japão, Estados Unidos e Nova Zelândia, que aparecem nos últimos três lugares da classificação dos países ricos e são duramente criticados pela ActionAid pela redução da ajuda ao setor agrícola e por não terem respeitado os compromissos de luta contra a fome.
O documento aponta ainda que a maioria dos países ricos vem descumprindo suas promessas de aumentar a ajuda alimentar e agrícola dada aos países pobres. De acordo com o relatório, as promessas recentes do G8 de gastar US$ 20 bilhões nos próximos três anos para ajudar os países pobres a se alimentarem não estão sendo cumpridas e nem mesmo um cronograma claro para as ações foi fixado. Segundo o levantamento, o número de pessoas que passam fome no mundo ultrapassou 1 bilhão este ano – 105 milhões mais que em 2008.
O ActionAid redigiu, ainda, uma tabela mostrando até que ponto os países ricos vêm cumprindo suas promessas de aumentar a ajuda. A tabela mede a ajuda dada para a agricultura e a segurança alimentar entre 2005 e 2007, comparando-a com um chamado lançado pela ONU por US$ 30 bilhões anuais em investimentos adicionais até 2012. De acordo com o documento, com a exceção dos três maiores doadores – Luxemburgo, Suécia e Noruega – , a maioria dos países ricos não cumpre nem sequer metade do que é esperado deles para atingirem o alvo fixado para 2012.
O embaixador dos EUA junto às agências alimentares da Organização das Nações Unidas disse em Roma nesta semana que Washington vai depositar no fundo os US$ 3,5 bilhões que prometeu como parte da iniciativa do G8, mas que a forma exata que o valor irá tomar ainda não foi determinada.
Bolsões
O relator especial das Nações Unidas para o Direito à Alimentação, Oliver De Schutter, elogiou sexta-feira o governo federal brasileiro pela diminuição da desnutrição e pela queda da mortalidade infantil na última década. Mas chamou a atenção, no entanto, para a manutenção do que chamou de “inaceitáveis bolsões” de fome em algumas regiões do país, principalmente na zona rural da Região Norte. De Schutter disse ainda que “a concentração fundiária é um problema no Brasil” e defendeu a estratégia do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem terra (MST) de ocupar áreas.
– É uma forma de chamar a atenção para o problema – ponderou. Na avaliação do relator da ONU, tanto o modelo de agricultura familiar quanto o agronegócio têm méritos, mas ele sugere que haja uma avaliação objetiva sobre os dois sistemas: não só considerando produtividade mas também geração de renda, emprego e preservação do meio ambiente. (Com agências)
Fonte: Jornal do Brasil - 17.10.2009

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