sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Escravos Modernos


Brasil, em seu boletim de hoje, chama a atenção para um tema ainda pouco tratado, mas nem um pouco irrelevante, a chamada “escravidão moderna”. Um estudo da Organização Mundial do Trabalho, concluído em 2005, apontou a existência de 12,3 milhões de pessoas vítimas de escravidão no mundo. Já a ong Free The Slaves (FTS) estima que o número real de “escravos modernos” alcance a assutadora quantia de 27 milhões. Destes, segundo a FTS, 23 milhões estão na Ásia, 1,3 milhões na América Latina e outros 920 mil no conjunto África/Oriente Médio. Ainda conforme a FTS, 90 dólares (70 euros) é o preço médio de venda de um escravo no mundo hoje.
Para piorar as coisas, a Anistia Internacional chama a atenção para um detalhe: as novas formas com que esta perversidade vem se dando, tornam mais difíceis o seu combate. A escravidão, na sua perspectiva histórica, em que o escravo era legalmente considerado como uma mercadoria e vendido em praça pública foi abolida na legislação em todo o mundo. “No entanto, novas formas de escravidão têm surgido no contexto da globalização”, diz a portuguesa Luísa Marques, coordenadora de campanhas e estruturas da Anistia, “e os pressupostos são ainda semelhantes aos que durante séculos inferiorizaram milhares de pessoas”.
Tráfico de seres humanos para exploração sexual, laboral e para a venda de órgãos, a exploração laboral de trabalhadores migrantes, a escravidão sexual na prostituição e como forma de intimidação em contexto de guerra, o uso de crianças em conflitos armados e o tráfico de crianças associado às redes de pornografia infantil são os modelos mais comuns da chamada “escravidão moderna”.
Segundo a Anistia, os alvos preferenciais ainda são as minorias, as populações mais carentes e as pessoas que de uma forma geral são percebidas como mais frágeis, como as mulheres e as crianças . “São formas de escravidão menos visíveis que tornam mais difícil o seu combate. Exploram a vulnerabilidade e as carências, especialmente financeiras, das potenciais vítimas que mutas vezes são apanhadas sem se aperceberem que se tornaram escravas. Trabalham em condições degradantes, são obrigadas a viver em habitações sobrelotadas e sujeitas a outros abusos, incluindo maus tratos físicos por parte de empregadores e agentes de recrutamento”, detalha Luisa Marques.
Seja o número da OIT de 12,3 milhões, seja o da FTS de 27 milhões, o fato é que no século XXI há mais escravos do que em qualquer outra época da história mundial. (Maneco)

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