quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Resposta à GDB_Dyakuzy

Esse post é uma resposta ao internauta GDB_Dyakuzy.
Parte 1
Prof. Claudemir - Primeiramente, è um prazer ter um interlocutor provocativo como você. É de pessoas indignadas que nosso mundo precisa.. Portanto a linguagem nos faz humanos, é uma pena que a internet com seu simbolismo alfabético substitua a fala.
Vamos aos argumentos:


Anônimo - Sobre o MST eu concordo com o objetivo principal deles mas, infelizmente tem integrantes de má fé.
Prof Claudemir - (Também concordo contigo! Como têm pessoas de má fé na educação, na igreja, no judiciário, na política, entre o empresariado, entre os fazendeiros, ect. É impossível generalizar )

Anônimo -Um evento recente foi de invadirem uma propriedade e destruíram parte os laranjais. Um mais antigo foi a Volkswagen doar um terreno para eles, entretanto eles tentaram vender esse terreno...Concluo que alguns se aproveitam da bondade alheia para ter auto-benefíciamento e de terem planejados invasões para o proprietário ter prejuízo.
Prof. Claudemir - Primeiro, o MST (os militantes sérios - que são a maioria, eu me incluo nesse meio) Não saem “invadindo qualquer propriedade” seguimos a constituição. E ela diz que toda propriedade deve cumprir a função social da Terra. Não é “achismo” e não sou eu que estou dizendo é a constituição.
(Leia os artigos abaixo como pensa alguns procuradores e desembargadores)
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/12/temos-que-fazer-reforma-agraria-que-o.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/funcao-social-fundamenta-reforma.html
Quanto a “invasão da fazenda da CU/trale: se a fazenda fosse da Cu/trale até poderíamos aplicar os pressupostos constitucionais, mas, como verá nos artigos abaixo , ela obteve “ ilicitamente” tais terras. http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/cutrale-simbolo-do-agronegocio.
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http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/incra-confirma-fazenda-roubada-pela.html
Portanto, essa empresa não tem legitimidade moral e parece-me que nem jurídica (segundo o INCRA) para questionar a ação do MST. O crime foi praticado pela empresa, o movimento social só criou um fato político denunciando esse crime à sociedade.
Falta de estrutura: Você também está equivocado quanto à “não vocação” dos assentado para se sustentarem na terra. Sabemos que a verdadeira reforma agrária não é somente entrega de terras aos camponeses, mas juntamente com a terra é necessário: tecnologia, assistência técnica, inserção ao mercado, etc. (falarei sobre isso mais adiante)
Você deverá ainda levar em consideração a Questão Agrária, ou seja, os problemas políticos e econômicos do campo oriundos da dinâmica do capital (renda da terra, leis de oferta e procura, pressão econômica, etc) Então o que seria Questão Agrária?
Leia esse artigo:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/vejamos-titulo-de-conclusao-quais-sao.html
A questão agrária pode ser explicada pelo movimento do conjunto de problemas relativos ao desenvolvimento da agropecuária e das lutas de resistência dos trabalhadores, que são inerentes ao processo desigual e contraditório das relações capitalistas de produção.
Problemática da questão agrária:
§ Concentração da estrutura fundiária;
§ Processos de expropriação, expulsão e exclusão dos trabalhadores rurais: camponeses e assalariados;
§ Luta pela terra, pela reforma agrária e pela resistência na terra;
§ Produção, abastecimento e segurança alimentar;
§ Políticas agrícolas;
§ Acesso ao mercado;
§ Campo e a Cidade;
§ Qualidade de vida e a dignidade humana.
§ Renda capitalizada da terra;
§ Superexploração do trabalho e trabalho degradante;
§ Agronegócio e agricultura de precisão;
§ Impactos ambientais;
Sendo a questão agrária um elemento estrutural do capitalismo, ou seja, um conjunto de problemas constantes, não é possível ser solucionada. Podemos amenizá-la, diminuir suas escalas através de medidas de caráter político e socioeconômico para amenizar a intensidade dos problemas.
Nesse sentido temos: As políticas públicas por parte do Estado (reforma agrária, subsídios para a agricultura camponesa) e a luta dos trabalhadores como catalizadores do processo de “amortecimento” da questão agrária.
Como vimos não é possível eliminar os problemas agrários, no seio do capitalismo.
Porque? O pequeno agricultor, o camponês está em constante processo de destruição e recriação dentro do sistema capitalista. Se por um lado ao entrar na competição do mercado os arrendatários ou os camponeses, pequenos produtores acabam ou sendo expropriados de suas terras se transferindo para as cidades se transformando em assalariados urbanos ou sendo assalariados do campo. Por outro lado nesse processo de diferenciação ao mesmo tempo em que o capital destrói uma parcela do campesinato em um lugar recria-o em outro lugar e em outro tempo. Seja através da resistência as tentações do mercado, produzindo somente para a subsistência ou buscando inserir-se novamente na terra por meio da luta.
Só há uma saída para o eEstado burguês: a adoção de Medidas de caráter político e socíoeconômico para amenizar a intensidade dos problemas: Políticas públicas por parte do Estado ou a Luta política por parte dos trabalhadores.
Pulíticas Públicas estatais: Nesse contexto o Estado vem amenizar as escaramuças entre o capital e os trabalhadores.O estado tem o papel determinante na elaboração de políticas públicas que garantam a diminuição das desigualdades geradas pelo processo de diferenciação.Nos países que o estado cumpre seu papel (Europa), com políticas públicas de controle fundiário, crédito, e subsídios para os camponeses, o processo de expropriação é menos intenso.
O Estado e o Congresso são controlados pelos interesses do empresariado e dos ruralistas, são raríssimas as políticas públicas que contribuam para o desenvolvimento da agricultura camponesa.Reforma agrária – Mecanismo capitalista para amenizar as mazelas da reprodução ampliada do capital.
Política Fundiária: A política fundiária deve visar e promover acesso à terra daqueles que saibam produzir, dentro de uma sistemática moderna, especializada e profissionalizada. E, nesse contexto, a terra tem uma função social, que é justamente a produção agrícola para alimentar a população humana e a sociedade urbanizada. E a redistribuição das terras é normalmente um dos principais objetivos de qualquer programa de reforma agrária.
Função Social
O Estado mesmo reconhecendo o direito à propriedade privada tem o poder de intervir em todos os bens que se encontram em seu território. São meio de intervenção na propriedade: a desapropriação, a servidão administrativa, a ocupação, a requisição e a limitação administrativa. Esses pressupostos estão plenamente amparados nos preceitos constitucionais. O Estado tem o dever constitucional de realizar uma ampla reforma agrária.
Reforma agrária é “Conjunto de medidas que visa a promover uma melhor distribuição da terra, mediante modificações no regime de sua posse e uso, a fim de atender aos princípios de justiça social e ao aumento de produtividade”. (Estatuto da Terra, art. 1º, § 1º).
A reforma agrária não é contra a propriedade privada no campo. Ao contrário, descentraliza-a democraticamente, favorecendo as massas e beneficiando conjunto da nacionalidade. É um imperativo da realidade social atual, devendo atender a função social da propriedade, evitando-se assim, as tensões sociais e conflitos no campo. Uma no País, moderada e sábia, será uma das causas principais do progresso nacional.
Luta dos Trabalhadores: Diante da incompetência do Estado e da Elite econômica em resolver os problemas agrícolas os trabalhadores tomam para si essa responsabilidade.
Sobre esse tema leia:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/gestacao-e-nascimento-do-mst-1979-1985.html
Anônimo -Sobre a carga tributária, acho que o Brasil arrecada mais - os impostos os mais altos do mundo e a população a 5ª maior. Sobre a elite brasileira eu só me focalizo nos políticos porque eles são que fazem e desfazem com as manipulações exteriores e tal...Tanto que para mim é uma Oligarquia porque os poucos que governam não fazem o suficiente para elevar o potencial do país como você havia dito. Sobre minha hierarquia só posso afirmar que é estável, mas pode mudar para a melhor ou pior, isso depende da gente mesmo.
Prof. Claudemir - Se “batermos somente nos políticos” teremos uma “briga” eterna, pois de 4 em 4 anos votamos neles, (re) elegemos como nossos representantes. (não estou dizendo que não devemos criticá-los, pelo contrário devemos desvendar os conchavos, as negociatas, a corrupção que eles praticam). Más, só incluir os políticos nessa categoria é negligenciar a realidade. As injustiças, a corrupção não se pratica a sós.
E os corruptores? Portanto se denunciarmos somente os políticos corruptos, teremos sempre nossos “sacos de pancadas” e os problemas estarão ai sem solução. Quem são os corruptores? A Elite dominante. (Latifundiários, Banqueiros, Empresários, Políticos, etc)
Concordo contigo sobre a carga tributária .
Mas meu enfoque não é “VEJIANO” (vomitado pela revista veja).
A mesma elite que não paga a mesma carga tributária que a classe-que-vive-do-trabalho paga. “Os impostos no Brasil pesam mais sobre os que têm menor renda.Os 10% mais pobres pagam 44,5% mais do que os 10% mais ricos, de acordo com a pesquisa.Segundo o estudo, a carga tributária representa 22,7% da renda dos 10% mais ricos. Para os 10% mais pobres, no entanto, o peso equivale a 32,8% de sua renda”. (IPEA)
Leia mais em:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/09/ricos-concentram-75-da-renda-e-pagam.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/09/no-brasil-quem-paga-impostos-sao-os.html
Portanto, quem deveria reclamar da carga tributária são os pobres não os ricos.
Leia Também sobre o mito dos impostos em:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/08/o-mito-dos-impotos.html

Anônimo - A dependência da elite com a burguesia me faz acreditar que ambas tenham ‘’transformado o país em um grande mar de desigualdades’’ por estarem em uma situação confortável.
Prof. Claudemir - Concordo
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Anônimo - As pessoas negras e indígenas não são obrigadas a desistirem pelo racismo ou preconceito, pode acontecer mas não generalizo já vi negros advogados e indígenas com um status muito maior do que o meu então, o que falta é a luta(determinação) como o slogan do seu blog diz.
Prof. Claudemir - A Elite brasileira é a burguesia brasileira. Para, saber mais leia (“Os Donos do Poder – Raimundo Faoro” e sobre a perpetuação da elite agrária leia “Quatro séculos de Latifúndio – Alberto Passos Guimarães” postei um textos interessantes em :
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/11/quatro-seculo-de-latifundio-economico.html
Notei uma contradição muito forte nesse seu discurso. Você afirma que as pessoas devem luta e ter determinação e buscar “um lugar ao sol” na sociedade.
Eu lhe pergunto: O que estão fazendo os Sem-Terras, os Indígenas, os Quilombolas?
Lutando é claro! Por autonomia, por terra, contra a exploração, contra a neo-escravidão, contra a tortura, contra o descaso. Por dignidade.
Só queremos viver e sustentar nossa família.
Leia esse artigo ele é a prova de nossa luta histórica
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/brasil-500-anos-de-luta-pela-terra.html
Ora! Não estou entendendo sua linha de pensamento!
Se não lutamos somos vagabundos, preguiçosos, bandidos, aproveitadores. Se lutamos somos bandidos, violentos, aproveitadores.
É evidente que isso é preconceito de classe!!
Certamente a “luta” que a elite defende é a alienação sem crítica. È a subserviência ao patrão, é a obediência às hierarquias de classe dentro do capitalismo. É conteúdo implícito no discurso do Boris Casoy nesses últimos dias.
Meu caro, isso se chama exploração e subserviência. Para essa elite nós, os pobres, devemos lutar dentro dos limites das classes. Devo me digladiar com meus pares (classe trabalhadora) competir na escola, na universidade, no trabalho e na vida. Quando realmente lutamos por autonomia e liberdade somos considerados bandidos. Veja a história de Zumbi, Antônio Conselheiro, Padre Maria, Sepet Araju e muitos outros.
Aqui está a maior contradição de seu discurso.
Se liberte do opressor que te aprisionou. ( Leia: “Paulo Freire - Pedagogia do Oprimido”)
Autônomo - Sobre o governo me decepcionei completamente, mesmo com os avanços que eles dizem, tem coisas que deixam para depois, como por exemplo, o fluxo viário de metrópoles(SP, RJ ,BH, etc...) Até hoje o vale do Jequitinhonha está o mesmo, porque? Falta de vigilância nos políticos.Sobre o crise financeira ele foi prejudicial para quem trabalhou em multinacionais, mas, muitos bancos(brasileiros) tiraram uma boa parte de crédito e até hoje não devolveram essa parcela.
Prof. Claudemir - Nesse ponto concordo plenamente com seus argumentos.
Como afirmei acima, não é a política partidária que vai transformar a sociedade, mas sim a organização política da maioria. Quem é maioria na sociedade? A classe trabalhadora! É claro!
Dentro dos limites do Estado Burguês, deveríamos cobrar nossos representantes e buscar políticas para solucionar nossos problemas. Buscar a democracia representativa plena. Se nossos representantes não satisfazem nossas necessidades básicas de sobrevivência, devemos, portanto, “eliminar” esses “falsos representantes” e partir para a democracia participativa. È nosso desafio organizar nossa classe e construir um desenvolvimento para a maioria e não apoiar esse que têm privilegiado uma minoria.
Mas porque salvar os Bancos e não salvar os povos?
Porque o capitalismo está em crise?
Leia: “Marildo Menegatt – O Olho da Barbárie”
Anônimo - Sobre as questões para refletir:
1- Não, mas que tem, tem. Vagabundagem é um dos fatores e outros como: luxúria, avareza, inveja, soberba, etc... Podem acarretar na redução de oportunidades e de dinheiro.
2- É relativo, tem trabalhos que requerem a especialização e experiência ou qualificação e outros não, portanto essas faltas só sentiram aqueles que não conseguirem a especialização e experiência ou qualificação necessária do emprego.
3- Exercito de reserva, para falar a verdade não sei bem. Achatamento sei mas para mim é difícil de explicar...
4- A Modernização da agricultura, êxodo rural, concentração fundiária, MST e favelização,tem grande conexão porque, a agricultura moderna retira os bóias-frias para colocar um trator por exemplo, ocorre o êxodo rural e tem como produto a favelização. A concentração fundiária é fruto daquele proprietário que modernizou sua fazenda e que investe mais na compra de hectares para aumentar a produção juntamente com seu capital que pode comprar propriedades da região aumentando sua influencia e na compra terras dos que se tornaram futuramente integrantes do MST. Mas como você tinha falado, parece que todos os brasileiros têm direito de terras, se o ‘’seu principal objetivo é democratizar o acesso à terra e proporcionar a dignidade humana.’’
5. O trabalho escravo, tem que primeiro pensar que a bolsa família não ajuda o que ajudaria mesmo seria uma ‘’bolsa trabalho’’, segundo tem que saber que quem trabalha assim, não foi obrigado mas é necessário trabalhar pela sobrevivência. Eles (trabalhadores) não tem poder aquisitivo então um radio antigo seria um luxo, então eles vivem com o pouco que tem e dificilmente nós conseguiríamos viver nessa forma tão desumana.
6. Desculpe-me mas, não deixei nenhum preconceito com os pobre ou que são animais sem almas. Quando vejo uma pessoa pedindo esmola é inaceitável dar-lhe o dinheiro porque apenas tornará um vício ela estar lá, então ela ficará dependente de ‘’doações’’ mas, eu preferiria dar um trabalho a dar esmolas, mas o governo que deveria ajudar principalmente, mas, isso não acontece como deveria.

Prof. Claudemir - Refletindo:
1 . Esse discurso higienista sempre esteve na ordem do dia das classes mais abastadas brasileiras. Resultado: Legitimou o genocídio de indígenas, a escravidão negra. E agora legitima a política de extermínio do campesinato e dos favelados.
Criminalizar a pobreza! Essa foi a tática da elite brasileira para justificar sua exploração! Infelizmente você está reproduzindo essa máxima. Leia esses artigos:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/brasil-criminalizacao-da-pobreza.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/capao-redondo-mst-laranjas-e-injustica.html
2. Concordo. No capitalismo, o estado tem, no seu limite (dependendo das classes dominantes), um papel primordial para minimizar as desigualdades oriundas dos mercados. Temos que tratar desigualmente os desiguais. (as cotas são importantes, mas deve ser uma política afirmativa de curto prazo).
3. É parte da lógica da reprodução ampliada do capital. Controle de preços e de salários.
4. A concentração fundiária é fruto da questão agrária moldada dentro pos marcos do capital, como descrito acima. Logo o MST é fruto da Questão Agrária. Nesse contexto não foi o MST que criou os problemas agrários, mas sim o capitalismo brasileiro que cria/ou e molda/ou a questão agrária e provocou o surgimento do MST. Leia esses artigos:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/gestacao-e-nascimento-do-mst-1979-1985.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/uma-interpretacao-da-questao-agraria.html)
O estado tem a obrigação constitucional de fazer a desconcentração fundiária. E é isso que desejamos e é por isso que continuaremos lutando.
5. Trabalho escravo é trabalho escravo. Não há liberdade de escolha. Só cumprir a tarefa. Caso contrário... Leia os artigos:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/violencia-no-campo.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/09/os-entraves-politicos-no-combate-ao.html
6. Concordo em partes: Sou contra a bolsa-família na sua essência. Não por provocar culta a preguiça, vadiagem... Apesar de ser um programa que têm acabado com a subalimentação, a evasão escolar, e a precarização extrema do trabalho (trabalho escravo e degradante). Pois cria uma ciclo vicioso de dependência e não liberta-o a consciência. Falarei sobre esse tema mais adiante.
Resposta Parte 2

Parte 2
Anônimo - Então vamos imaginar uma situação hipotética, em 2010 você será o Presidente da Republica, mas vamos apenas focalizar no MST. Estaríamos fazendo um projeto que lotearia terrenos improdutivos ou propriedades que não cumprem a função social da ou ambiental. Assim todas as famílias do MST e famílias pobres teriam um lote.
Já se sabe que muitos usariam boa parte do lote para subsistência e como a taxa de natalidade é alta, todas as famílias são grandes. Posseiros infelizmente estariam dentro dessa faixa, mas não temos fiscalização suficiente para isso. Os beneficiados desse programa teriam necessidade de mais dinheiro para construir suas propriedades e a bolsa família não é suficiente, muitos também teriam problemas com o solo improdutivo e precisariam de adubo para resolver. Infelizmente por conseqüência teria uma crise de abastecimento (alimentos, materiais, etc) e teríamos que desembolsar para resolver isso.
Prof. Claudemir - Para Iniciar leia esses artigos:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/disputa-de-modelos-agricolas.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/agricultura-familiar-produz-70-do.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/reforma-agraria-x-agronegocio.html

Primeiro, eu não seria o Presidente do Brasil. Não acredito que o desenvolvimento venha de cima para baixo, mas ao contrário, de baixo para cima. Um representante da classe trabalhadora só terá sucesso se governar com a massa e pela massa. Não Acredito em um “Messias Brasileiro” que salvará todos e todas.
Acredito na organização da classe trabalhadora e em um projeto da classe trabalhadora para a classe trabalhadora. Afinal somos a maioria. Estamos em uma democracia. Seus pressupostos nos obrigam a governar para a maioria – a classe trabalhadora.
Dentro desse projeto deveríamos construir uma série de políticas pública para democratizar o Estado. Reforma Urbana, Reforma Agrária, Reforma dos meios de comunicação, Reforma Política, Reforma Constitucional, Reforma no Judiciário, Reforma na Educação, etc. (que contemple os anseios da classe trabalhadora.
Portanto nada de fazer “esses remendos” que você está propondo. O “se” deverá ser acompanhado de uma estratégia de longo prazo para construir a libertação dos brasileiros.
Certamente uma massiva distribuição de terras entre (sem preconceitos) posseiros, meeiros, extrativistas, ribeirinhos, indígenas, quilombolas, operários, sitiantes etc, traria um desenvolvimento inimaginável ao Brasil.
Só que esse processo deverá ser acompanhado por uma política agrícola estratégica, primeiramente fundamentada na produção de alimentos depois em produtos não alimentícios.
Que seja estratégica a autonomia do Brasil perante o mundo capitalista. (Muitos consideram essa autonomia fictícia, pois esse plano só funcionaria plenamente se fosse aplicado internacionalmente).
Eu te pergunto: De que adianta salvar os brasileiros se os paraguaios morem de fome ao nosso lado?)

Não será a implantação desse modelo de desenvolvimento que estou propondo o responsável pela crise. Ela já está instalada. E seus reflexos remontam a várias décadas.
Te pergunto novamente:
De que adianta plantar soja no Brasil inteiro para alimentar galinhas, porcos e vacas na China, na Europa e nos EUA se a população brasileira passa fome?
Não é comendo soja com açúcar e bebendo álcool sobre uma mesa e eucalipto que vamos trazer o desenvolvimento pleno ao Brasil.
Esse tipo de desenvolvimento é o responsável pela crise.
Leia os artigos:
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/12/um-bilhao-de-mortos-vivos-contra-as.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/12/rondonia-bandidagem-no-poder.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/11/nova-geopolitica-da-fome.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/11/as-transnacionais-contribuem-para.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/09/o-monopolio-e-causa-da-fome-no-mundo.html
A Crise, portanto reina na atualidade sob os mandos do capital, caro amigo.
Se esse sistema persistir e gerenciar esse suposto “meu projeto”, poderemos ter uma crise excesso de produção bem antes da crise da falta de alimentos.
Mas certamente um outro sistema econômico estaríamos gastando nessa fase. Um sistema que não poderá estar fundamentado no lucro absoluto e na produção de mercadorias, simplesmente. Mas algo que traga dignidade aos humanos. E satisfaça suas necessidades.
Concordo contigo! Certamente a Elite iría pagar a conta disso.
Eis o problema. Quem usurpou a riqueza através do sangue e do suor dos desfavorecidos, não vai largar o osso facilmente. Não saberia te responder quais seriam os desdobramentos disso....
Ou a elite se convence de que é necessário cessar a violência histórica contra os trabalhadores e as trabalhadoras e distribuir a riqueza ou uma guerra civil tem início...
Esse projeto deverá ainda possuir uma forte conscientização dos trabalhadores, e aparece uma outra reforma: a da educação (básica e superior) Cuja incumbência será difundir os novos valores culturais para a nova sociedade em gestação.
Nesse sentido é fundamental uma reforma agrária que esteja fundamentada na libertação do trabalhador e da trabalhadora e que não esteja baseada no sistema vigente. Da forma que esta posta hoje, querem uma reforma agrária, não para libertação, mas para tornar os camponeses proprietário e reproduzirem as relações de opressão. Novos patrões desejam novos empregados e o ciclo recomeça. A reforma agrária deverá estar alicerçada nos pressuposto da cooperação e do bem comum de toda sociedade, não a serviço do enriquecimento de uma minoria, como ocorre atualmente.
Para tanto esse projeto deverá estar acompanhado de um programa de associação de produtores (cooperativismo), com intensificação de técnicas (benéficas ao meio ambiente e ao ser humano) , de distribuição e de comercialização verticalizada dos produto. Que fique claro que os bens materiais deverão existir em função da sociedade, não a sociedade em função dos bem materiais.
Se isso ocorrer, não estaremos inventando a roda, pois muitos países no mundo assim a fizeram (EUA, Inglaterra, França, Japão, México etc).
No mínimo estaríamos livrando a população da fome extrema, extinguiríamos as favelas, e abaixaríamos os índice de violência drasticamente, traríamos muitos da vadiagem, parece quem é essa uma de suas preocupações.
Obs. 1: Nesse projeto de Estado o bolsa-família já não serviria, é uma política meramente assistencialista. Pois as bases estruturais para a autonomia da sociedade estariam dada. As famílias teriam, no mínimo, autonomia para se auto-sustentarem.
Obs. 2: Discordo veementemente da sua afirmação sobre a alta taxa de natalidade da sociedade brasileira e principalmente dos pobres. Segundo pesquisas recentes a taxa de natalidade da sociedade brasileira não é alta. Já fora. Hoje segundo o IBGE está em 2,2 filhos por família entre os mais pobres, portanto os pobres não vão se reproduzirem explosivamente e provocar mais miséria como previam os neomalthusianos. Leia mais nesses artigos
http://www.agenciabrasil.gov.br/noticias/2009/09/30/materia.2009-09-30.5555888811/view
http://zerohora.clicrbs.com.br/zerohora/jsp/default.jsp?uf=1&local=1&newsID=a2058575.xml)
Cuidado com essas concepções neomalthusiana!
Anônimo - Muitos grandes proprietários agropecuários se sentiram prejudicados já que perderam hectares e por conseqüência os produtos ficaram mais caros e precisamos subsidiar para não perder os prestígios dos países que importam nossos produtos. Proprietários de certas regiões intensificaram o desmatamento e a contratação de pistoleiros e precisamos das forças armadas.
Prof. Claudemir - Cadeia neles com expropriação de suas terras.
Anônimo - Os setores primários e secundários estariam abalados pela crise de abastecimento. Nós teríamos uma desaceleração da economia (esfriamento do progresso). Outra conseqüência seria da balança comercial (exportação x importação) estar negativa e se continuar assim entraremos numa crise econômica.
Prof. Claudemir - Pelo contrário, haveria mais dinheiro na economia e mais demanda por mais produtos agrícolas e industriais. Aumentaria a venda de tratores, e maquinários, e viabilizaria toda a cadeia produtiva. Aumento da riqueza. Crescimento econômico. Certamente a inflação começaria incomodar.

Anônimo - Na parte rural teríamos falta de empregados capacitados como: bombeiros, policiais, professores, médicos, etc. E também teríamos que construir ou melhorar essa estrutura para não ter o aumento nas taxas de mortalidade e analfabetismo principalmente, e precisamos importar esses empregados. Na parte urbana ocorreu o êxodo urbano porque os pobres estão à procura de melhores condições na parte rural.
Prof. Claudemir - Nesse ponto concordo contigo. Por isso que é importante uma reforma na educação (básica e superior) Os profissionais deverão ser formados conforme a demanda da sociedade. EDUCAÇÃO NÃO É MERCADORIA É UM BEM ESTRATÉGICO.
Vamos ao Vale do Jequitinhonha:
Quem quer exercer a medicina no sertão nordestino ou no vale do Jequitinhonha. Ninguém, pois não temos esse controle estratégico.
Dá para desconfiar porque o vale do Jequitinhonha é uma região pobre?
Será que é interessante ao capital pagar para um filho de camponês fazer um curso de medicina, para que ele exerça a profissão no seu território?
Será que é interessante ao Capital que um filho de camponês do Vale do Jequitinhonha seja formado em Agronomia para que depois ele exerça sua profissão no Vale ajudando os camponeses?
È claro que não! Se isso ocorrer não haverá mais pobres para serem controlados e explorados.
Os camponeses se tornarão autônimos em seu território.
Esse é o limite que a elite brasileira dá a classe trabalhadora, no mínimo trabalhar para o patrão.
Por exemplo: Quando o Estado dá cota a negros e indígenas e camponeses do Vale do Jequitinhonha nas universidades para exercerem a profissão no seu lugar de origem , a nata burguesa da sociedade fazem uma gritaria violenta nas Mídias, denunciando o reforço do racismo, o assistencialismo, o apoio a vadiagem e por ai vai...
O que a elite propõe: Ganhar com a miséria e controlar os miseráveis. Reforçar as desigualdades.
Não faço as reformas de base (agrária, educação, urbana, etc). Logo: crio um Pró-UNI, um bolsa-família e legitimo o criança-esperança, o tele-ton.
Para que fazer refoema agrário com distribuição de terras ? Crio um reforma agrária de mercado ou banco da terra. Cuja lógica é dar terra a quem tem dinheiro ou deixar o camponês a mercê do mercado endividado pagando sua terra.
“Os opressores, falsamente generosos têm necessidades, para que sua “generosidade” continue tendo oportunidades de realizar–se, da permanência da injustiça. A ordem social injusta é a fonte geradora, permanente desta “generosidade” que se nutre da morte, do desalento e da miséria” (Paulo Freire – Pedagogia do Oprimido – pág.31)
Leia também
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/o-problema-da-terra-no-brasil-e-as.html
Anônimo - Futuramente, as gerações seguintes da parte rural não teriam trabalhos suficientes por lá então estaria acontecendo o êxodo rural e a favelização das metrópoles.
Prof. Claudemir - Meu caro se o sistema for o capitalista, a reforma agrária deverá ser constante.

Anônimo - Se eu for um ingênuo e acreditar no seu discurso como poderei entender que a ruralização em pleno século XXI signifique progresso? Melhore seu discurso, tenha plano de visão e veja se o futuro não tenha conseqüências negativas.
Prof. Claudemir - Como é ? Tudo que é rural e atrasado? Tudo que é urbano é progresso? È pra rir ou é pra chorar?
O Rural e o urbano são espaços complementares.
Ou você acredita em um mundo de concreto, repleto de tecnologia, onde os recursos naturais serão inesgotáveis, e todos os humanos da terra utilizarão a tecnologia para a reprodução da vida conscientemente.
Não sei onde moras, mas vivo em São Paulo, dou aulas na periferia da capital e o que vejo da minha janela não é o que quero para minhas próximas gerações.
Meu pai é um camponês que mora no interior e vive bem mais feliz em seu "mundo rural" . Possivelmente retornarei à terra.
Portanto meu mundo ideal, que representa o progresso é um mundo rural. O urbano é degradação, é violência é barbárie.
Os artigos abaixo te ajudaram refletir um pouco sobre isso.
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/resenha-planeta-favela.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/11/serie-conflitos-urbanos.html
http://profcmazucheli.blogspot.com/2009/10/elite-destrutiva-segregacao-urbana.html
Meu caro anônimo, você realmente não é um ingênuo. É um romântico. Acredita que o mundo cabe na palma de sua mão. E que o que vê na Globo e na Revista Veja é a realidade. Sinto desapontá-lo.
O mundo é mais complexo. Ele é cruel para os mais pobre e é uma festa para os mais abastados. Mas esse realidade está mudando. È bom estar do nosso lado no dia em que cobrarmos a dívida histórica que essa elite perdulária tem com os-que-vive-do-trabalho.

Uma visita á biblioteca lhe faria uma diferença muito grande na elaboração da defesa de seus argumentos.
A três públicas paulistas tem teses espetaculares.
Anônimo - Então Presidente acho melhor você mudar a constituição e se tornar um ditador assim terá bastante tempo pra resolver esse problema.
Prof. Claudemir - Pelo contrário, não necessitamos de um “messias” todo poderoso, opressor, assassino, vingativo, necrófilo. Necessitamos apenas de autonomia.
“A libertação é um parto. E um parto doloroso. O homem que nasce desse parto é um homem novo que só é viável na e pela superação da contradição opressores-oprimidos que é a libertação de todos”.(Paulo Freire)
Liberte-se do opressor que há dentro de ti. Não tenha medo da liberdade.
Que em 2010 você venha fazer parte de nossa linha de frente na luta por uma sociedade mais democrática.
Viva o MST!
Viva Zumbi
Viva Sepet Araju!

Atenciosamente, Prof. Claudemir Mazucheli

2 comentários:

  1. Olá professor,
    Foi muito produtiva nossa conversa, foi melhor que minhas expectativas. Li tudo, ótimo trabalho o que o senhor fez, estou orgulhoso em ter conversado com você! Sim, vou ler tudo o que me indicou. Como estarei ocupado, peço que tire duvidas sobre qualquer coisa que você ache que deva ser esclarecida.

    Atenciosamente GDB_Dyakuzy

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  2. Estamos a disposição da difusão do conhecimento.
    Infelizmente a internet ainda é um instrumento para poucos...
    Espero ainda viver num pais realmente democrático em que os meios de cominucação dê vazão a todos os discurso, não somente ao pensamento único da classe dominante, enquanto isso vamos dialogando pelo blog.
    Boa leitira!!
    É sempre um grande prazer discutir com os espíritos inquietos são esses que transformam o mundo.
    abraços.

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