quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Sem-terra marcham contra a crise e pela reforma agrária

A jornada de lutas do Movimento dos Sem-Terra (MST), que exige ao governo brasileiro a realização da Reforma Agrária e o fortalecimento dos assentamentos, mobilizou milhares de trabalhadores de 11 estados nesta quarta-feira, com a manutenção de ocupações de superintendências do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em sete estados, além de marchas e protestos. As marchas pela reforma agrária e contra a crise continuam até sexta-feira.
O MST faz nesta semana uma jornada de lutas, na qual exige o descontingenciamento de cerca de 300 milhões de euros (800 milhões de reais) do orçamento do Incra para este ano e aplicação na desapropriação e obtenção de terras, além de investimentos no passivo dos assentamentos.
As acções também reivindicam a actualização dos índices de produtividade, que são os mesmos desde 1975, e investimentos para o fortalecimento dos assentamentos na áreas de habitação, infra-estruturas e produção agrícola. Parte significativa das famílias acampadas do MST está à beira de estradas desde 2003 e 45 mil famílias foram assentadas apenas no papel.
Na quinta-feira as entidades organizadoras as centrais sindicais, movimentos populares e organizações de estudantes, que fazem uma grande manifestação contra a crise económica e as demissões, dentro de uma jornada de lutas nacional organizada por mais de 20 entidades, fizeram uma conferência de imprensa no Palácio dos Trabalhadores, da Força Sindical, com a participação do integrante da coordenação nacional do MST, João Pedro Stedile.
Na quinta-feira de manhã um grupo de cerca de 500 manifestantes do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) interditavam parcialmente a rua Major Natanael, na zona oeste de São Paulo. Os manifestantes fazem uma marcha em direção ao Palácio dos Bandeirantes.
No passado dia 12 os representantes do governo receberam dirigentes dos movimentos e afirmaram estar empenhados em atender as exigências apresentadas, mas pediram um prazo de uma semana para estudá-las e elaborar um calendário de trabalho.
Até o novo encontro, marcado para a próxima terça-feira, os sem-terra manterão a mobilização de âmbito nacional.
Protestos em todo o Brasil
No Rio Grande do Sul, cerca de cem integrantes do MST ocuparam o escritório do Incra em São Gabriel. Outros 700 manifestantes ocuparam a fazenda Southall e mais 300 pessoas ocuparam o prédio da prefeitura do município. As famílias reivindicam melhorias na infraestrutura no assentamento criado na cidade no fim de 2008 em parte da fazenda.
Em Roraima, cerca de 800 manifestantes ligados ao MST, ao MMC (Movimento de Mulheres Camponesas), à CPT (Comissão Pastoral da Terra), à Fetag e aos sindicatos de professores continuam acampados na sede do Incra, em Boa Vista.
Na Bahia, cerca de 600 integrantes do MST continuam a ocupação na superintendência do Incra, em Salvador, em protesto contra os cortes do orçamento para a reforma agrária e em defesa do assentamento das 28 mil famílias acampadas em todo o Estado.
No Pará, 850 trabalhadores do MST continuam ocupando a sede do Incra em Belém. Ontem, os sem-terra ocuparam a delegacia do Ministério da Fazenda em Belém depois de sete dias de marcha de 200 quilómetros pela rodovia Belém-Brasília.
No Rio Grande do Norte, cerca de 600 sem-terra continuam a ocupar a sede do Incra em Natal. Eles cobram o assentamento das 2.000 famílias acampadas no Estado.
Em Pernambuco, cerca de 150 famílias do MST continuam com a ocupação da sede do Incra em Petrolina.
No Ceará, 200 sem-terra continuam com ocupação no Incra em Fortaleza. Foram realizados protestos em mais três municípios do Ceará.
Em Goiás, cerca de 2.000 integrantes do MST e do Fórum Estadual pela Reforma Agrária fizeram uma acção na Assembleia Legislativa em defesa da reforma agrária e da educação, saúde e assistência técnica nos assentamentos do Estado.
Em São Paulo, os 1.000 trabalhadores rurais da marcha do MST fizeram uma acção em frente ao TRF (Tribunal Regional Federal).
Em Santa Catarina, o MST ocupou uma de área de 200 hectares, em Florianópolis, em protesto contra a área cedida pelo governo do Estado para dois grupos empresariais do ramo de hotelaria.
No Mato Grosso do Sul, cerca de 850 sem-terra continuam a marcha iniciada no sábado, que chegará sexta-feira à Campo Grande. Com o lema "Terra, Trabalho e Soberania", a 6ª Marcha Estadual alerta sobre necessidade da reforma agrária para a construção de uma alternativa à crise económica.

Texto original publicado em:
http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=13134&Itemid=1

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