sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Especialista da guerra suja na América Latina: Otto Reich e a contra-revolução

Por Arthur Lepic e Paul Labariaque - Traduzido por José Luis Álvarez

Para impor sua ordem em América Latina, George W. Bush recorreu a um inflexível especialista da contra-revolução: Otto Reich. A pesar dos protestos de todos os Estados latino-americanos e do Senado, fez dele o seu emissário especial no continente.
O passado de Otto Reich é revelador: planejador de desestabilizações, propagandista, protetor de terroristas e organizador de golpes de Estado. Aliás, brincando com princípios e conveniência, promove os interesses dos seus clientes pessoais, como Bacardí e Lockheed.
Otto Reich nasce em Cuba em 1945, de pai austríaco e mãe cubana. Abandona Cuba em 1960, um ano depois da chegada de Fidel Castro ao poder. Estuda na Universidade de Carolina do Norte, aonde obtém um “bachelor degree” (diploma de primeiro ciclo) em Estudos Internacionais.
Em 1973, obtém um mestrado em Estudos Latino-americanos na universidade de Georgetown. Ali é recrutado por Frank Calzon, experto em desinformação da CIA, que vê nele um aluno habilidoso e valente.
Ambos conceberão juntos as bases da reforma da Freedom House, «think-tank» (instituto o centro de conferencias e debates) pensante Estadunidense presidido hoje por James Woolsey, ex-chefe da CIA.
Convertido em oficial do exército de Estados Unidos, Otto Reich é enviado ao Panamá de 1967 a 1969 e começa em América Latina, coto privado de Washington, sua carreira na diplomacia da sombra.

Nicarágua: batismo de fogo da guerra psicológica
Sob a presidência de Ronald Reagan, Otto Reich é nomeado diretor do departamento para América Latina da Agência norte-americana para o Desenvolvimento Internacional (USAID), de 1981 a 1983 [1]. John Bolton, hoje subsecretario de Estado para o controle de armas e a segurança internacional, era naquele tempo conselheiro geral da organização. A Agência servia, segundo ele, «como filial da CIA, cujo objetivo era promover os interesses políticos e econômicos do governo federal graças ao financiamento de programas de ajuda ao estrangeiro» [2].
De 1983 a 1986, Reich é escolhido por Walter Raymond, ex-agente da CIA e especialista em propaganda, para dirigir o famoso "Office of Public Diplomacy" (OPD), «uma unidade secreta de guerra psicológica e de intoxicação mediática» sob a tutela do coronel Oliver North, então membro do Conselho de Segurança Nacional. Segundo Walter Raymond, o papel do OPD era «vender» nos Estados Unidos um novo produto: «América Central» [3].
Naquele tempo, Estados Unidos está implicado no apoio às guerrilhas de extrema direita dos Contras, que se opõem à Nicarágua dos sandinistas. O papel do Office of Public Diplomacy em esse assunto consiste em prover informação falsa à imprensa Estadunidense e internacional para influenciar a opinião pública em favor dos Contras.
Assim afirmou-se que os soviéticos estavam entregando aos sandinistas aviões MIG e que os guerrilheiros marxistas compravam jornalistas Estadunidenses com prostitutas. Um relatório de atividade do "Contralor" geral Estadunidense fechado em 1987 [4], concluía que Otto Reich tinha levado a cabo «atividades de propaganda proibidas e secretas, dirigidas a influenciar os meios e o público para que sustentaram a política da administração em América Latina» [5]. Essas atividades de desinformação maciça não implicaram na menor complicação para Otto Reich. Pelo contrario, asseguraram a sua carreira. Em agradecimento pelos seus excelentes serviços, é nomeado embaixador de Estados Unidos em Caracas, Venezuela, em 1986. Pouco depois de assumir seu cargo, um juiz venezuelano reabre o caso do exilado terrorista Orlando Bosch e lhe da a liberdade, depois de dez anos de prisão pelo atentado contra um avião cubano de passageiros, cometido em 1976, que provocou 73 vitimas, entre as quais se encontrava todo o equipo olímpico cubano de esgrima.
A pesar das suspeitas de corrupção que pesam sobre o juiz e a negativa de 30 países em dar asilo político a Bosch por causa de seu passado criminal, Reich pressiona Washington para que seja aceito no seu território. É em vão. Aliás de não expressar arrependimento, Bosch tinha confirmado os seus contatos com Reich lhe expressando o seu agradecimento numa carta dirigida aos organizadores de uma conferência de exilados cubanos em Caracas, segundo revela então a imprensa venezuelana, o qual Reich qualificou como de «propaganda soviético-cubana» [6].
A pesar da negativa de Washington na outorga de asilo político a Bosch, esse vá a Miami donde é novamente preso, agora por entrada ilegal nos Estados Unidos. Entre a gente que lhe apóia nos Estados Unidos, Bosch conta sobre tudo com a candidata ao Congresso Ileana Ros-Lehtinen, quem lhe qualifica como herói e patriota, e cujo responsável de campanha não é outro que Jeb Bush. Esse último, filho do presidente George Bush pai, fará que fosse liberado finalmente, em 1990, lhe outorgando a seguir a permissão de residência nos Estados Unidos, isso que o New York Times qualifica de «dilapidação da credibilidade de Estados Unidos em questões de terrorismo». Essa mesma administração de Bush pai nomeará Reich como representante de Estados Unidos perante a Comissão da ONU sobre os Direitos Humanos em Genebra de 1991 a 1992.
Interrogado acerca das suas relações com Bosch pelo Comitê de Relações Exteriores do Senado, Reich declarará: «Eu não conhecia as atividades criminais do senhor Bosch o suficiente como para emitir um juízo sobre seu estatuto legal» [7]. Razoavelmente, ninguém pode acreditar nele. Anti-castrismo e «pro-Bacardismo»
Otto Reich se implicou muito na luta dos cubanos anti-castristas da Florida. Em 1996 funda RMA International, firma de relações públicas e “lobby” político, com o seu amigo Jonatham Miller, quem conheceu no Office of Public Diplomacy. O principal cliente de ambos é o fabricante de rhum Bacardí Martini, que fugiu de Cuba depois da revolução castrista. Essa sociedade financia a golpe de milhões de dólares os grupúsculos anti-castristas da Florida. RMA International tem recebido de Bacardí más de 600 000 dólares pelas suas atividades de “lobby”.
Em 1994, Reich é membro do coletivo «Cidadãos por uma Cuba livre», composto «de personagens conservadores da política Estadunidense e de cubano-americanos que, numa carta aberta ao presidente Clinton, pediam dentre outras coisas: "intensificar as transmissões para Cuba de Radio e Televisão Martí [8], e de outros canais de comunicação, com o fim de informar e de motivar o povo"» [9]. Elliot Abrams, então subsecretario de Estado, é também um dos assinantes, igual do que José Soriano, outro amigo de Otto Reich, William Clark, do Conselho de Segurança Nacional, e Jeanne Kirkpatrick, embaixadora Estadunidense na ONU. A iniciativa recebe o apoio de «vários importantes diretores e acionistas da companhia Bacardí» [10].
Aliás Reich dirige o Centro por uma Cuba Livre (Center for a Free Cuba) junto com Jeanne Kirkapatrick, Luis Aguilar, William Doherty e «o grande chefe de Bacardí Manuel J. Cutillas, (...) presidente do conselho de administração» [11]. O Centro por uma Cuba Livre é uma das organizações que «más pressão tem feito para que a criança Elián González fique nos Estados Unidos, contra a vontade do seu pai, como arma política contra o governo cubano». O caso foi um fiasco: Washington aceitou finalmente o retorno da criança a Cuba no entanto o seu pai rejeitava dois milhões de dólares oferecidos pela extrema direita cubana anti-castrista para que pedisse asilo político nos Estados Unidos.
Os elos que tem tecido com a comunidade cubana anticastrista de Miami e sobre tudo com a empresa Bacardí abrem para Otto Reich as portas do mundo dos negócios, quando deixa momentaneamente as intrigas de Washington no final dos anos 1980.
De 1990 a 1996, dirige assim o Brock Group, gabinete de lobby que trabalha para o ministério alemão do Comercio e a companhia British Americam Tobacco. O grupo representa também os interesses de Bacardí em Washington, Bermudas e Bahamas.
Nessa mesma óptica, Reich é dos primeiros em testemunhar perante o Congresso em favor da lei Helms-Burton, como presidente do Conselho para as Relações Estados Unidos-Cuba, o 30 de junho de 1995. O texto final, adotado pelo presidente Bill Clinton o 12 de março de 1996, declara ilegais as nacionalizações e confiscos efetuados pelo governo cubano em 1959, suprime a proteção das marcas que comercializam produtos de empresas assim nacionalizadas e proíbe a entrada nos Estados Unidos de todo aquele que se tenha beneficiado com ditas vendas.
Isso afeta diretores de empresas, seus conselheiros, etc., assim como todo aquele que invista em Cuba. Poucos dias depois da entrada em vigor da lei, «os membros da direção e os acionistas da companhia italiana Stet, da mexicana Domos e a caninguémnse Sherrit receberam individualmente um ata do governo Estadunidense. Nela foram ameaçados com cancelar seus vistos de entrada nos Estados Unidos se não paravam de "traficar" em Cuba com propriedades nacionalizadas» [12].
Pernod-Ricard e a companhia agrícola israelita BM foram ameaçados da mesma maneira. O ataque contra a firma francesa não é casual: pouco antes da promulgação da lei, começam a circular em Washington fofocas que qualificam o texto de «lei Bacardí». Seu objetivo seria permitir à firma recuperar seus bens em Cuba, apartando ao mesmo tempo seu grande rival Pernod-Ricard do mercado norte-americano, com o pretexto de suas relações com Cuba. A intervenção de Otto Reich no caso não tem, por conseguinte, nada de anedótico.
No caso de que Fidel Castro seja derrocado, a lei Helms-Burton exige por outro lado que o presidente Estadunidense crie uma instituição encarregada da reestruturação econômica do país. Segundo a seção 203 do texto, dita instituição se chamará Conselho Estados Unidos/Cuba e deverá assegurar a coordenação entre o governo federal e o setor privado para garantir o retorno de Cuba à economia de mercado assim como encontros entre os representantes dos setores privados Estadunidenses e cubanos, para facilitar o comercio bilateral. O especial da situação reside em que esse Conselho existe já: foi criado, e incluso presidido durante algum tempo, por Otto Reich.
RMA International: negócios e mercado de armamento
RMA International, a sociedade de lobby de Reich, representa também os interesses da Lockheed Corporation, para a qual obteve a suspensão da proibição de vender material militar de alta tecnologia em América Latina, imposta durante vinte anos pelo Congresso. Esse sucesso permitiu ao gigante Estadunidense do armamento vender vários aviões de caça F16 a Chile em 2001 [13].
Como se as suas atividades de lobby em favor de industrias tão éticas como as do álcool, o fumo e o armamento não fossem suficientes, Reich ocupou o cargo de vice-presidente de um organismo financiado pela industria têxtil, que anuncia-se como «rede global de vigilância das condições de trabalho das fábricas têxteis do mundo inteiro», o WRAP (Worldwide Responsível Apparel Production) [14].
As atividades pseudo-sindicais desse organismo criado no 2000, principalmente orientadas para a comunicação, estão dirigidas na realidade em preservar a produção têxtil não sindicalizada aplicando aos produtos uma etiqueta «ética» na realidade muito laxista já que se baseia essencialmente em critérios ambientalistas. Isso permite afastar desse papel de vigilantes os organismos independentes que defenderiam realmente os trabalhadores e esquivar com habilidade qualquer medida em favor da proteção dos seus direitos.
A WRAP representa essencialmente às sociedades têxteis Estadunidenses de baixos preços e que produzem em locais dispersos, como as firmas Kellwood, Sara Lee, Hanes, Leggs ou VF (antigamente Vanity Fair). Seu conselho administrativo está composto na sua maior parte por representantes da industria, não denuncia publicamente os abusos observados nas fábricas e se opõe à maior parte dos direitos sindicais.
Fora de ser um assunto de publicidade pessoal, a razão pela qual Otto Reich ocupou o cargo de vice-presidente do WRAP está longe de ser clara já que não tinha nenhuma experiência sindical ou na industria têxtil. Em troca, encontramos ao seu lado velhas relações da guerra fria, como Joaquín Otero, do Comitê Sindical por uma Cuba Livre de 1990 e ex-agente da CIA, o Lawrence Doherty, filho da figura do sindicalismo de direita William Doherty Jr. Uma nomeação delicada
As redes que apóiam Otto Reich som certamente poderosas, mas não populares. Em março de 2001, o flamejante presidente dos Estados Unidos George W. Bush anuncia seu desejo de lhe nomear secretario de Estado adjunto encarregado do «hemisfério ocidental», posto desde o qual monitoraria a política estrangeira de Washington para a região. A eleição é imediatamente qualificada de «verdadeiramente inacreditável» pelo chefe da diplomacia cubana, Felipe Pérez Roque [15].
O Congresso Estadunidense se opõe também a essa nomeação, que será rejeitada por primeira vez depois do retorno de uma maior parte democrata ao Senado em junho de 2001. Em outubro de 2001, é por conseguinte o secretario de Estado em pessoa, Colin Powell, quem tenta convencer os senadores para que aprovem o retorno de Otto Reich à Washington. Em novembro, recebe o apoio de três antigos secretários de Estado: James Baker, George Schultz e Lawrence Eagleburger [O texto da carta aberta enviada ao Washington Post, acompanhado com um texto de apoio ao Center for Security Policy, pode ser consultado no sitio web].
A Comissão de Relações Exteriores do Senado se resiste e recusa lhe receber nem sequer para uma audiência a meados de dezembro. O presidente Bush aproveitará finalmente as férias parlamentares para ratificar sua nomeação, em janeiro de 2002. Sua primeira missão oficial lhe conduze a Colômbia onde, acompanhado pelo subsecretario de Estado para os Assuntos Políticos, se reúne com o general Estadunidense do US Southern Command para abordar com ele, e com o presidente colombiano Andrés Pastrana, as modalidades de aplicação do plano Colombia [16].
Sua principal preocupação então é a defesa do principal oleoduto colombiano, que os guerrilheiros das FARC atacam periodicamente. O tom do Reich corresponde à política que a administração Bush defende em América Latina: a da força. Em março de 2002, anuncia que o Departamento de Estado «cancelará os vistos» dos dirigentes latino-americanos que tenha identificado como participantes «nos casos comprovados de corrupção e de lavagem de dinheiro nas altas esferas do poder» [17].
Otto Reich dirige por controle remoto o derrocamento abortado de Chávez em abril de 2002
Em abril de 2002, depois do fracassado golpe de Estado contra Hugo Chávez em Venezuela, uma fonte anônima do Departamento de Estado assegura que Otto Reich advertiu ao líder dos golpistas, Pedro Carmona, para que não dissolverá a Assembléia Nacional, cosa que esse se apressará a fazer não obstante no momento mesmo em que se autoproclama presidente. Essa confissão, segundo a AFP, «deixa entender que Washington estava plenamente informado sexta feira sobre as intenções dos sediciosos antes de que eles fossem fatos públicos» [18]. A informação será por conseguinte imediatamente desmentida pelo interessado. Pouco depois, no entanto a imprensa começa a interessar-se pelo papel de Washington na tentativa abortada de derrocamento do regime chavista, Otto Reich afirma que quatro aviões cubanos se encontravam nas pistas do aeroporto de Caracas durante os acontecimentos. Em nossa própria investigação sobre o golpe de Estado, nós revelávamos que: «(Elliot) Abrams e [Otto] Reich [tinham] recebido juntos numerosas pessoalidades venezuelanas em Washington nas semanas anteriores ao golpe de Estado, entre elas Elías Santana (Queremos Eleger) e o sindicalista Carlos Ortega (CTV). As viagens (eram) financiados pelo IRI (International Republican Institute, que independe do National Endowment for Democracy [19]. Foram entregues fundos pelo ACILS-Solidarity Center ao sindicato operário venezuelano CTV, no entanto o CIPE financiava o sindicato patronal Fedecamaras» [20].
Aproveitando-se novamente de suas competências em matéria de propaganda, Otto Reich participou também, durante todo o período, na manipulação dos meios, graças à inestimável ajuda do magnata Gustavo Cisneros «quem possui sobre tudo AOL Latin America, DIRECT TV Latin America (trezentas estações de radio e televisão em 28 países) e Univisión (a estação Estadunidense de língua hispânica)». Foi a través desses meios que se transmitiram as mentiras que afirmavam que Hugo Chávez tinha ordenado disparar contra seus opositores. Otto Reich não negou, por certo, que esteve em contato com Gustavo Cisneros por aqueles dias.
Segundo nossas informações, inclusive haveria selecionado ele mesmo os oficiais golpistas, na sua qualidade de administrador do Wessern Hemisphere Institute for Security Cooperatiom (WHISC) de
Fort Benning, antes conhecido sob o nome de Escola das Américas [21]. Essa escola oferece formação a militares latino-americanos e serve para recrutar agentes na região.
Otto Reich, emissário especial
Em janeiro de 2003, para evitar outra prova de força com o Senado, o presidente Bush lhe substitui por Roger F. Noriega, embaixador de Estados Unidos perante a Organização de Estados Americanos (OEA) e principal conselheiro do ex-senador Jesse Helms. Reich é nomeado então «emissário especial para as iniciativas do hemisfério ocidental», cargo que não requere a aprovação do Senado [22].
No seu novo posto Otto Reich continua a mesma política. Em dezembro de 2003, declara que Venezuela atravessa, sob a presidência de Hugo Chávez, «a pior crise de toda América Latina», que «dos terços dos venezuelanos rejeitam» seu presidente e que a oposição tem conseguido juntar «até quatro milhões de assinaturas» com vistas a organizar um referendum para destituí-lo. Afirmações que são rapidamente desmentidas pelo vice-presidente venezuelano, José Vicente Rangel, quem reafirma, o 20 de dezembro, que «os caminhos da comunicação e da compreensão entre Venezuela e Estados Unidos estão abertos permanentemente» [23].
Reich intervém também em Haiti. Já em março de 2002, Reich declarava ao Wall Street Journal que os passos dados para colaborar com o presidente Jean-Bertrand Aristide não oferecem resultado nenhum: «No há democracia, não há desenvolvimento econômico, há muita criminalidade, muita corrupção e denuncias de tráfico de estupefacientes» [24].
Em março de 2003, chega à ilha para supervisar as negociações entre o presidente haitiano e a oposição, apoiada por Washington. Ali participa de novo em operações de propaganda destinadas a criar a imagem de um regime haitiano em total decadência, ignorando deliberadamente as manifestações de apoio a Aristide para refletir somente as que pedem a sua renuncia, organizadas sob a égide da Convergência Democrática, ligada pela sua vez ao programa Estadunidense da USAID intitulado Democracy Enhancement [25].
Em 4 de maio de 2004, Otto Reich anunciou que apresentava sua renuncia para criar sua própria sociedade de consultoria, mas também para poder dedicar-se à campanha presidencial de George W. Bush. O balanço que faz de sua própria ação à cabeça da diplomacia Estadunidense em América Latina lhe deixa insatisfeito: «teria gostado de acelerar o fim da ditadura cubana e ajudar o povo venezuelano a proteger-se da ditadura» [«Bush Latin America Adviser to Leave», AP, 4 de maio de 2004.]. Não obstante, a vontade política existe: em 10 de outubro de 2003, o presidente George W. Bush pronunciou um discurso perante a elite do Anti-castrismo floridano, em presencia de Colin Powell e de Otto Reich.
Ali anunciava a criação de uma «Comissão de Assistência a uma Cuba Livre, prevendo os dias felizes em que o regime de Castro não existirá e a democracia será instaurada na ilha. Essa comissão estará dirigida conjuntamente pelo Secretario de Estado, Colin Powell, e o Secretario de Habitação e Desenvolvimento Urbano, Mel Martínez. Eles recorrerão a expertos do nosso governo para planejar a transição em Cuba de um regime estalinista para uma sociedade livre e tolerante, e encontrar os meios para acelerar essa transição».
Essa comissão, que funciona desde há más de seis meses segundo os conselhos do clarividente Otto Reich, planeja em efeito as formas de derrocar Fidel Castro. Por conseguinte, as eleições de novembro de 2004 oferecerão quiçá uma segunda oportunidade ao senhor Reich.
______
[1]
Biography of Otto Reich, sitio web da embaixada de Estados Unidos em Uruguai, 16 de janeiro de 2002..
[2] «
Friends of terrorism», por Duncam Campbell, The Guardian, 8 de fevereiro de 2002.
[3] «
The President’s Favourite Terrorists», por Jim Carey, Red Pepper Investigations, março de 2002.
[4] O Contralor Geral preside a Geral Accounting Office (GAO), equivalente Estadunidense da Cour des comptes, organismo francês encarregado de examinar os gastos e confirmar sua legalidade.
[5] Correspondência do Contralor Geral Jack Brooks ao presidente da Comissão parlamentaria para as Relações Exteriores, Dante B. Fascell, 30 de setembro de 1987.
[6] Cuba Confidential, de Ann Louise Bardach, Vintage Books, 2002.
[7] «
Friends of terrorism», por Duncam Campbell, The Guardian, 8 de fevereiro de 2002.
[8] Radio e Televisão Martí foram criadas com a aprovação de Ronald Reagan em 1983, ao mesmo tempo que o Projeto Democracia, e começaram a transmitir para Cuba em maio de 1985. Seu lançamento foi confiado a Richard Dulles, então membro do Conselho de Segurança Nacional, com o apoio da Fundação Nacional Cubano-Americana, de Richard Stone, Dante Fascell, Robert McFarlane et Jeanne Kirkpatrick, entre outros.
[9] Rhum Bacardi - CIA, Cuba et mondialisation, de Hernando Calvo Ospina, Editions EPO, 2000.
[10] Ibid.
[11] Ibid.
[12] Ibid.
[13] «
Jets for Chile-A Risk Worth Taking ? », in Case Studies in Policy Making & Implementation, Naval War College, 2002.
[14] «
Otto Reich's Dirty Laundry», Alec Dubro, in Foreign Policy in Focus, abril 2001.
[15] «Cuba "préoccupé" par la nomination de Otto Reich» (Cuba "preocupada" pela nomeação de Otto Reich), AFP Agência France Presse, 26 de março de 2001.
[16] Ver «Cocaïne, pétrole et mercenaires» (Cocaína, petróleo e mercenarios), Voltaire, 25 de febrero de 2004.
[17] «Washington refusera l'entrée aux dirigeants corrompus d'Amérique latine (presse)» (Washington negará a entrada a dirigentes corrutos de América Latina (imprensa), AFP, Agência France Presse 11 de março 2002.
[18] «Le régime d'Hugo Chavez évite de jeter de l'huille sur le feu avec Washington» (O regime de Hugo Chávez evita jogar lenha no fogo com Washington), por Jacques Thomet, AFP, 17 de abril de 2002.
[19] Ver: «NED: a Fundação Estadunidense para a democracia. As redes da ingerência "democrática"», Red Voltaire, 21 de novembro 2004.
[20] Ver: «Implicação das redes secretas da CIA para derrubar Chávez» Red Voltaire 18 de maio de 2002.
[21] «
The Coup Master: Otto Reich Named to Board for US Army's School of the America's», CounterPunch Wire, 3 de maio de 2002.
[22] «Bush Sidesseps Controversy Naming Top Diplomat», por Paul Richter, Los Angeles Times, 10 de janeiro de 2003.«Bush Sidesseps Controversy Naming Top Diplomat», por Paul Richter, Los Angeles Times, 10 de janeiro de 2003.
[23] «
Venezuela-US Relations Will Not be Affected by Otto Reich’s Statements », VenzuelaAnalysis, 22 de dezembro de 2003.
[24] «
Otto Reich Tackles a Big Repair Job, Hemisphere Policy», por Mary Anastasia O'Grady, Wall Street Journal, 1 de março de 2002.
[25] «
Otto Reich in Haiti», por Kevin Pina, Indymedia UK, 6 de março de 2004.
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