quarta-feira, 2 de junho de 2010

Polícia Militar reprime manifestação na Avenida Belmira Marin

Por Rodrigo Andrade
Os manifestantes não chegaram a andar quinhentos metros e foram fechados pelos policiais da Rocam, sendo cobertos, em seguida, por uma nuvem de gás e pelo barulho das explosões de bombas de efeito moral. Houve correria, uma das faixas foi tomada pelos policiais e a marcha se dispersou.
Cerca de cem pessoas realizaram uma manifestação na Avenida Dona Belmira Marin, distrito do Grajaú (SP), nesta sexta-feira, 28, exigindo ações do poder público para diminuir o caos no trânsito da região. Portando faixas, cartazes, apitos e manifestos, os manifestantes começaram a se reunir por volta das seis horas da manhã, em frente ao Circo-Escola Grajaú, chamando os passageiros dos ônibus e lotações [dois tipos de autocarros] para descer e participar do ato. A profissional autônoma Gorete, que não quis dizer o sobrenome, disse que é preciso a população fazer alguma coisa, pois, assim como outras pessoas, sua filha “leva duas horas a mais no trajeto e corre risco, pois volta andando sozinha”. De acordo com André, que também não quis dizer o sobrenome, membro da Juventude do PT, o objetivo do ato era chamar atenção do poder público “para construir uma audiência pública e debater o problema da Belmira Marin”, defendendo que não é mais possível “o pai de família descer lá na linha do trem e vir andando até o Cocaia, porque o trânsito não flui”. A Polícia Militar, que já estava à espera dos manifestantes desde as cinco horas, levou grande efetivo ao local e estava determinada a não permitir a ocupação da avenida pela população. Desde o início das negociações os policiais diziam que só deixariam a marcha adentrar a via após as oito horas. Mesmo assim, os organizadores do ato levaram adiante o planejamento, que havia sido amplamente divulgado por meio de manifestos que convidavam a população para o ato, de realizar uma marcha e parar o trânsito da Belmira Marin.
Reação Violenta
Os manifestantes, porém, não chegaram a andar quinhentos metros e foram fechados pelos policiais da Rocam [Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas], sendo cobertos, em seguida, por uma nuvem de gás e pelo barulho das explosões de inúmeras bombas de
efeito moral lançadas pelos policiais da Força Tática. Houve correria, uma das faixas foi tomada pelos policiais e a marcha se dispersou. A Polícia Militar acabou fechando, ela mesma, a avenida e desviando o tráfego no sentido centro por outras ruas da região. Cerca de 15 minutos depois a população se reuniu no estacionamento de uma padaria e, após nova conversa com os policiais, decidiu prosseguir a marcha pela calçada. A polícia acompanhou a marcha a bordo dos veículos, espirrando, vez por outra, spray de pimenta sobre os manifestantes. Paulo, outro que não quis dizer o sobrenome, vice-presidente da Associação dos Moradores do Jardim Eliana, teve o rosto queimado pelo spray que foi lhe atirado diretamente: “jogou assim, o jato na minha cara mesmo… tá queimando”. Além disso, quando algum manifestante se colocava na via, os policiais aceleravam violentamente os carros, chegando algumas vezes a atingir a pessoa para que essa voltasse para a calçada. Os participantes começaram a gritar palavras de ordem como “abaixo a ditadura” e “o povo na rua, Kassab a culpa é sua” e a cantar “eu sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor”, como única forma de reagir à truculência policial, já que o número de manifestantes era pequeno em relação ao número de policiais. Como resposta, a Polícia Militar soou as sirenes dos carros, tornando o canto quase inaudível a quem estava do outro lado da avenida.
Final Infeliz
Na chegada da marcha ao Terminal Grajaú a polícia cercou o local para impedir os manifestantes de o ocuparem. A população fez uma roda no estacionamento do Banco Bradesco, onde decidiu dar fim ao ato, prometendo realizar novas manifestações se o poder público não tomar providências quanto à situação do trânsito na região. Nenhum representante do poder público, governo ou secretaria de transportes compareceu à manifestação. Após a decisão de dispersar, um grupo de policiais se aproximou de onde estavam os organizadores do ato, querendo conversar com Dheison Silva, membro da juventude do PT. Houve correria e Dheison adentrou a Escola Estadual Professor Carlos Ayres, perseguido por três policiais. A população tentou acompanhá-lo, mas foi impedida por policiais que fizeram uma barreira no portão de entrada, não permitindo manifestantes nem imprensa no local. Após meia hora Dheison foi liberado.

Um comentário:

  1. MAS QUE COISA CHATA QUE ASVEZES AS PESSOAS TEM QUE FASER PARA CONQUISTAR
    OS SEU DIREITOS SABEMOS QUE NAO É SERTO MAS NAO TEM OUTRA OPISAO.

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