sábado, 26 de junho de 2010

Parcela da dívida pública em mãos de estrangeiros atinge nível recorde


Não há dinheiro para melhorar o transporte público!
Não há dinheiro para fazer a reforma agrária!
Não há dinheiro para melhorar as consdições de trabalho aos professores!
Não há dinheiro para construir casas para os atingidos pelas chuvas!


Mas há muito dinheiro para salvar os bancos e sustentar a elite predatória mundial que vive das dívidas externas e internas dos paises!


Por Luciana Otoni, de Brasília

A participação de estrangeiros na dívida pública em títulos federais atingiu 8,95% em maio, o maior nível da série histórica iniciada em 2006 pelo Tesouro Nacional. Para se ter uma ideia, em outubro de 2008, quando a crise internacional ganhou força, essa fatia era de 5,65%. Com esse resultado, o estoque de papéis brasileiros em poder dos não residentes totalizou R$ 133 bilhões.
As estatísticas oficiais sobre a dívida evidenciam que a piora do quadro fiscal nas economias europeias e os juros mais altos no Brasil aumentaram o apetite desses investidores pelos títulos e têm levado fundos soberanos e fundos de pensão a flexibilizarem exigências para o ingresso no mercado de renda fixa do país.
Em maio do ano passado, o total de títulos em poder de estrangeiros estava em R$ 71,5 bilhões. Esse montante subiu para R$ 109 bilhões em dezembro, R$ 121,5 bilhões em março e R$ 126,4 bilhões em abril, seguido da elevação já mencionada em maio.
A expectativa é que a participação do investidor não residente continue em alta. Nos períodos mais tensos da crise financeira global, os estrangeiros desmontaram parte das operações. Em seguida, explica o coordenador-geral de Operações a Dívida Pública, Fernando Garrido, recompuseram e ampliaram as carteiras. "Países emergentes como México, Turquia e Colômbia sofreram queda na participação de estrangeiros em 2008 e 2009. O Brasil é um caso diferente. Nossa redução foi menor que a dos demais, rapidamente nos recuperamos e já ultrapassamos os níveis pré-crise de participação de não residente na dívida mobiliária", disse.
Ele comentou que fundos soberanos e alguns fundos de pensão mais exigentes, que somente investem em países que possuem duas notas acima do investment grade, mudaram esse critério para adquirir papéis brasileiros. "Nossos títulos possuem maior estabilidade frente aos títulos de alguns países europeus. Os juros reais altos contribuem também, com certeza. Mas houve épocas em que o Brasil possuía juros altos e nem por isso a participação de estrangeiros na dívida mobiliária aumentava", argumentou.
O interesse maior é por prefixados e títulos de longo prazo, com destaque para NTN-F. Nessas operações, o não residente recolhe o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e possui isenção do Imposto de Renda. "Diria que o IOF explica o porquê do interesse maior por parte do investidor com perfil de longo prazo. Para o de perfil de curto prazo, essa cobrança torna a aplicação menos atrativa".
Ainda que a participação de não residentes esteja aumentando, ainda está em níveis bem inferiores ao registrado por economias do leste europeu onde, a Hungria, por exemplo, possui 30% de participação de estrangeiros no passivo.
De forma geral, o montante da dívida pública em títulos federais atingiu em maio R$ 1,519 trilhão, com alta de 1,79% frente a abril. As emissões líquidas somaram R$ 21,27 bilhões, os resgates ficaram em R$ 11 bilhões e a apropriação de juros em R$ 15 bilhões.
O forte aumento dos IGPs, que saíram de deflação no ano passado para taxas de variação positivas em 2010, tiveram impacto na rolagem dos papéis. O custo médio em 12 meses da dívida em títulos passou de 10,76% ao ano para R$ 10,94%, segundo o BC.
Fonte: Jornal Valor econômico (25.06.2010)

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