O que está acontecendo? Não podemos cair em “explicações” simplistas e circunstanciais que atribuem cada uma destas desgraças à estupidez do político de volta. A causa última, a raiz comum que conecta a proliferação de guerras e de terror; o aumento da miséria não só no Terceiro Mundo, mas também nos países mais adiantados; o crescente desastre meio-ambiental e a sucessão de catástrofes “naturais” convertidas em autênticas catástrofes sociais, etc. é o agravamento da crise histórica deste sistema de exploração, cujas leis (a concorrência entre capitais nacionais, à necessidade da acumulação de capital, a exploração da força de trabalho como base da existência do sistema,…) fazem-no cada vez mais incompatível com a sobrevivência da humanidade e do planeta mesmo.
Onde vamos parar? Tal sucessão de desgraças mostra uma aceleração desse agravamento da crise histórica do capitalismo, que se manifesta, sobre tudo, na extensão ao coração mesmo do mundo capitalista das matanças e os atos de guerra (depois do 11-S, e o 11-M, agora o 7-J em Londres); da miséria, os campos de refugiados e os inúmeros desabrigados (como se viu recentemente em Nova Orleans), das catástrofes ecológicas bem repentinas (terremotos, tufões, incêndios,…) ou de uma permanente degradação (secas, aquecimento dos mares, mudanças climáticas,…). Por muito que seus políticos se encham a boca de discursos hipócritas e promessas demagógicas, o certo é que o capitalismo não pode oferecer mais futuro que a destruição da humanidade.
Escravo de suas próprias leis e de suas próprias contradições, o sistema capitalista está forçosamente exposto a sacrificar cada vez mais vítimas na guerra imperialista em que diferentes frações da classe exploradora lutam por manter seus interesses no cenário internacional ou meramente local. Presos por uma irrefreável carreira pela manutenção de suas posições no mercado mundial, os sucessivos planos de “salvação” das empresas praticam milhares de demissões ou a chantagem de evitá-los a custa de salários de pobreza ou prolongações da jornada de trabalho cada vez mais extenuante. Obrigados a manter a cabeça por cima do marasmo econômico mundial, todos os capitais nacionais se converteram ao “fanatismo religioso” da redução de custos, sacrificando por um lado o chamado Estado do bem-estar (recortes de pensões e subsídios, diminuição dos gastos com saúde e saneamento,…), e por outro diminuindo as dotações orçamentárias destinadas à manutenção das infra-estruturas, como se viu neste mesmo verão nos meios destinados a combater os incêndios em Portugal e Espanha, as inundações não só Romênia como também na Áustria ou Suíça, ou as conseqüências dos furacões, não apenas no Sudeste Asiático, como também no país mais poderoso da Terra.
O que podemos fazer? Esta tendência irrefreável à destruição das bases mesmas da sobrevivência da humanidade não nasce de tal ou qual fração da classe exploradora, mas sim das necessidades mesmas de sobrevivência do sistema de exploração. Nada se arruma, portanto, trocando a equipe governante, como tampouco podemos nos iludir em que “pressionando” as autoridades; lhes fazendo ver que a “opinião pública” está contra eles; etc., o Estado capitalista vai deixar de exercer a sua função de manter este sistema de pé a todo custo. Não há mais solução que acabar com o capitalismo.
Só a luta do proletariado mundial pode levar a cabo esta titânica missão que constitui, entretanto a única esperança para o gênero humano. Através do desenvolvimento de suas lutas contra a exploração onde se opõem irreconciliáveis às necessidades humanas contra as necessidades do sistema capitalista. Mediante o desenvolvimento de sua solidariedade e a união por cima de divisões de categorias ou setores como se viu recentemente nas lutas no aeroporto de Londres (Heathrow) (1), na Argentina (2), mas também na reação contra o desastre social do Katrina onde se viu que é possível antepor ao sentimento da comunidade humana ao “salve-se quem puder” que promulga, e pratica, a classe dominante. Desenvolvendo, por último, sua consciência de que é possível uma alternativa revolucionária ao mundo, uma sociedade diferente em que os recursos da humanidade estejam a seu serviço e não aos de uma minoria exploradora.
Accion Proletaria n° 184.(18/09/2005)
Fonte: http://pt.internationalism.org/icconline/2005_acabar_capitalismo
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