Tomando o Centro
Hoje, a Periferia tomou o Centro. Fomos, cerca de duzentos companheiros e companheiras, exigir o que é nosso. Chega de despejos truculentos! Chega de esconder os projetos das famílias! Chega de tratar a população da periferia como se fôssemos lixo!
Nosso recado foi claro: nenhuma casa será derrubada; queremos uma alternativa habitacional para os moradores que tiveram suas casas interditadas; e exigimos o projeto de “urbanização” do Jd. Prainha. E não para daqui a um ano, mas AGORA!
Entregamos nossa reivindicação, e demos um prazo para uma resposta. Caso nossa exigência não seja atendida, vamos de novo para a luta, com ainda mais força, e reunindo outras comunidades que se encontram na mesma
situação.
Um salve aos camaradas do Jd. Pantanal, do Campo Limpo, e das demais comunidades do Extremo Sul, além dos compas da Rádio Várzea, que representaram no dia de hoje.
ABAIXO O MANIFESTO DOS MORADORES DA REGIÃO:
Por que estamos protestando?
Só em nossa região, dezenas de comunidades estão sendo alvo de despejos e políticas truculentas de criminalização da pobreza, levadas a efeito pelo Estado e pelas grandes construtoras, com o objetivo de abocanharem montanhas de dinheiro público e lucrarem com a especulação imobiliária.
Quando é apresentada alguma alternativa aos moradores removidos, ela consiste numa pequena indenização, que os força a permanecerem em uma área irregular, de mananciais, ou de risco, ou no cheque-despejo disfarçado de “auxílio-aluguel”. Atualmente mais de 15 mil famílias se encontram recebendo esse tal “auxílio”, o que fez com que os preços dos aluguéis disparassem por toda a periferia, mas perguntamos: quantas casas estão sendo construídas para atender essa demanda? E para atender o número muito maior de famílias há anos cadastradas no CDHU, e noutros programas públicos? E a população de rua, os que vivem em situação precária, enfim, o imenso déficit habitacional de São Paulo?
Diante da falta de uma política habitacional efetiva, e de formas de organizar a ocupação do solo urbano, os discursos de defesa do meio ambiente ou de proteção da vida das pessoas se revela uma enorme mentira. Essa mentira também vem à tona quando vemos que as grandes empresas, os condomínios de luxo, as grandes casas noturnas, as mansões, que se encontram em áreas de mananciais, permanecem intocadas.
Algumas famílias do Jd. Prainha passaram um ano solicitando algum tipo de amparo do “poder público”, depois de suas casas terem ficado em situação de risco, em função das fortes chuvas do ano passado. Há pouco mais de uma semana essas famílias foram surpreendidas pela Guarda Ambiental e pela Defesa Civil, que iniciou a derrubada das casas sem oferecer um centavo aos seus moradores.
Com a mobilização da comunidade essa destruição foi impedida. Somente a partir desta organização é que surgiu, como num passe de mágica, uma alternativa habitacional a essas famílias.
Mas essa conquista não é suficiente!
Exigimos que o projeto completo de “urbanização” do Jd. Prainha seja apresentado e discutido com o conjunto dos moradores de nossa comunidade, e que os diferentes níveis do governo parem com essa política de despejos em massa e de criminalização da pobreza, que anda de mãos dadas com a criminalização daqueles que lutam contra esse tipo de injustiça!
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