Por Mauro Zanatta
Beneficiada por um discurso radical em defesa do agronegócio durante as discussões sobre a nova legislação ambiental, a bancada ruralista deve crescer de tamanho e ter ainda mais peso nas decisões da Câmara e do Senado.
O núcleo mais ativo do ruralismo na Câmara, composto por 30 deputados, deve ser quase todo reeleito em outubro e terá reforços influentes para compor uma frente suprapartidária estimada em 100 parlamentares. No Senado, alguns ex-governadores ajudarão a dobrar o tamanho de um dos maiores grupos de pressão em ação no Congresso.
Na teoria, os ruralistas têm hoje 230 deputados e senadores. Mas em votações mais importantes no plenário, como a apreciação de Propostas de Emenda Constitucional (PECs), registra-se a articulação conjunta de 80 deputados e 15 senadores ligados ao setor rural. No Senado, figura como nome mais influente do novo "time do campo" um dos maiores empresários rurais do país, o ex-governador Blairo Maggi (PR-MT). Na Câmara, o reforço mais vistoso deve ser o jovem empresário Irajá Abreu (DEM-TO), filho da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO).
No topo da agenda da "nova bancada" ruralista, vitaminada por doações de empresas e associações corporativas do setor rural, estão a alteração do Código Florestal Brasileiro, a revisão dos índices de produtividade usados na reforma agrária e a renegociação das dívidas rurais. "Os ruralistas avançaram muito durante o governo Lula. Barrou a revisão dos índices da reforma agrária, a votação da PEC do trabalho escravo e liberou os transgênicos", avalia o cientista político Edélcio Vigna, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).
O radar da "nova frente" inclui, ainda, temas espinhosos como mudanças na legislação trabalhista, fundiária, tributária, indigenista e quilombola. O lema da nova agenda é "preservar com pragmatismo". O grupo persegue uma legislação ambiental e social "moderna", mas com garantias de preservação da competitividade do setor. "A bancada verde deve perder em quantidade e será difícil recuperar qualidade. E quem faz o contraponto, os ruralistas, virá mais forte com as reeleições e caras novas", afirma o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz.
Os parlamentares de uma das mais influentes e organizadas frentes do Congresso também devem concentrar esforços para tratar de questões como a limitação da compra de terras por estrangeiros, ampliação da infra-estrutura e logística, criação de novas unidades de conservação, mudanças climáticas e energias renováveis. A "fiscalização e controle" sobre a ação de ONGs ambientalistas no Congresso deve acirrar o embate. "Sabemos que os ruralistas vão fazer pressão, mas estamos nos organizando para tocar nossa pauta no Congresso", diz o diretor de Políticas Públicas da ONG SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, um dos coordenadores da Frente Parlamentar Ambientalista.
As pesquisas de intenção de voto nos Estados indicam a eleição de nomes emblemáticos para o setor rural. Entre os favoritos para assumir uma cadeira no Senado, estão os ex-governadores Blairo Maggi (PR-MT), Ivo Cassol (PP-RO), Marcelo Miranda (PMDB-TO), Wellington Dias (PT-PI), Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), Germano Rigotto (PMDB-RS), João Alberto (PMDB-MA). O ex-vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e os deputados Claudio Vignatti (PT-SC), Dagoberto Nogueira (PDT-MS) e Waldemir Moka (PMDB-MS) têm amplas chances. Também vinculados ao campo, a jornalista Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Hugo Biehl (PP-SC) são bastante cotados. Na Câmara, o "novo time do campo" deve incluir João Lyra (PTB-AL), Amir Lando (PMDB-RO), Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR), Júlio Campos (DEM-MT), Jerônimo Goergen (PP-RS), Marchezan Jr. (PSDB-RS), Alexandre Kireeff (PMDB-PR), Pedro Guerra (DEM-PR), Renan Filho (PMDB-AL), Daniela Amorim (PTB-RO), Elton Rohnelt (PSDB-RR) e o ex-senador Wellington Salgado (PMDB-MG).
Fonte: Jornal Valor Econômico (14.09.2010)
Beneficiada por um discurso radical em defesa do agronegócio durante as discussões sobre a nova legislação ambiental, a bancada ruralista deve crescer de tamanho e ter ainda mais peso nas decisões da Câmara e do Senado.
O núcleo mais ativo do ruralismo na Câmara, composto por 30 deputados, deve ser quase todo reeleito em outubro e terá reforços influentes para compor uma frente suprapartidária estimada em 100 parlamentares. No Senado, alguns ex-governadores ajudarão a dobrar o tamanho de um dos maiores grupos de pressão em ação no Congresso.
Na teoria, os ruralistas têm hoje 230 deputados e senadores. Mas em votações mais importantes no plenário, como a apreciação de Propostas de Emenda Constitucional (PECs), registra-se a articulação conjunta de 80 deputados e 15 senadores ligados ao setor rural. No Senado, figura como nome mais influente do novo "time do campo" um dos maiores empresários rurais do país, o ex-governador Blairo Maggi (PR-MT). Na Câmara, o reforço mais vistoso deve ser o jovem empresário Irajá Abreu (DEM-TO), filho da presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO).
No topo da agenda da "nova bancada" ruralista, vitaminada por doações de empresas e associações corporativas do setor rural, estão a alteração do Código Florestal Brasileiro, a revisão dos índices de produtividade usados na reforma agrária e a renegociação das dívidas rurais. "Os ruralistas avançaram muito durante o governo Lula. Barrou a revisão dos índices da reforma agrária, a votação da PEC do trabalho escravo e liberou os transgênicos", avalia o cientista político Edélcio Vigna, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc).
O radar da "nova frente" inclui, ainda, temas espinhosos como mudanças na legislação trabalhista, fundiária, tributária, indigenista e quilombola. O lema da nova agenda é "preservar com pragmatismo". O grupo persegue uma legislação ambiental e social "moderna", mas com garantias de preservação da competitividade do setor. "A bancada verde deve perder em quantidade e será difícil recuperar qualidade. E quem faz o contraponto, os ruralistas, virá mais forte com as reeleições e caras novas", afirma o analista político do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), Antônio Augusto de Queiroz.
Os parlamentares de uma das mais influentes e organizadas frentes do Congresso também devem concentrar esforços para tratar de questões como a limitação da compra de terras por estrangeiros, ampliação da infra-estrutura e logística, criação de novas unidades de conservação, mudanças climáticas e energias renováveis. A "fiscalização e controle" sobre a ação de ONGs ambientalistas no Congresso deve acirrar o embate. "Sabemos que os ruralistas vão fazer pressão, mas estamos nos organizando para tocar nossa pauta no Congresso", diz o diretor de Políticas Públicas da ONG SOS Mata Atlântica, Mário Mantovani, um dos coordenadores da Frente Parlamentar Ambientalista.
As pesquisas de intenção de voto nos Estados indicam a eleição de nomes emblemáticos para o setor rural. Entre os favoritos para assumir uma cadeira no Senado, estão os ex-governadores Blairo Maggi (PR-MT), Ivo Cassol (PP-RO), Marcelo Miranda (PMDB-TO), Wellington Dias (PT-PI), Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), Germano Rigotto (PMDB-RS), João Alberto (PMDB-MA). O ex-vice-governador Ricardo Ferraço (PMDB-ES) e os deputados Claudio Vignatti (PT-SC), Dagoberto Nogueira (PDT-MS) e Waldemir Moka (PMDB-MS) têm amplas chances. Também vinculados ao campo, a jornalista Ana Amélia Lemos (PP-RS) e Hugo Biehl (PP-SC) são bastante cotados. Na Câmara, o "novo time do campo" deve incluir João Lyra (PTB-AL), Amir Lando (PMDB-RO), Paulo Cesar Quartiero (DEM-RR), Júlio Campos (DEM-MT), Jerônimo Goergen (PP-RS), Marchezan Jr. (PSDB-RS), Alexandre Kireeff (PMDB-PR), Pedro Guerra (DEM-PR), Renan Filho (PMDB-AL), Daniela Amorim (PTB-RO), Elton Rohnelt (PSDB-RR) e o ex-senador Wellington Salgado (PMDB-MG).
Fonte: Jornal Valor Econômico (14.09.2010)
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