Por Bettina Barros, de São Paulo
O Greenpeace realizou na semana passada denúncia formal ao Ministério Público Federal (MPF) do Pará sobre um novo foco de desmatamento na Fazenda Eldorado do Xingu, pertencente à Agropecuária Santa Bárbara, ligada ao grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas. A organização ambientalista cruzou informações de satélite do governo com as imagens georeferenciadas da propriedade rural, que apontou o desmatamento de 450 hectares de floresta entre abril e junho deste ano.
Em nota, a empresa negou que tenha realizado desmatamentos ilegais na fazenda. Mas a JBS, maior companhia de carne bovina do mundo, informou que suspendeu as compras de boi da propriedade depois da divulgação das imagens pelo governo. "Essa fazenda está suspensa para nós", afirmou ao Valor Angela Garcia, porta-voz da empresa.
O frigorífico diz ter comprado gado bovino da propriedade pela última vez em 26 de junho, quatro dias antes da divulgação das imagens oficiais. A companhia não informou o volume de carne oriunda da Eldorado do Xingu.
O desmatamento entre os meses de abril e junho foi apontado pelo Deter, levantamento mensal do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que serve para agilizar as ações de fiscalização das autoridades ambientais. Em São Félix do Xingu, onde está a propriedade denunciada, o sistema apontou aproximarmente 988 hectares de floresta nativa destruídos nesse mesmo período - a Fazenda Eldorado do Xingu, portanto, foi responsável por quase a metade da área.
A localização exata da propriedade e a sobreposição da sua imagem às do satélite do Deter só foram possíveis porque a Eldorado do Xingu possui o chamado Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma exigência legal que funciona como o R.G. da propriedade. Entre outros dados, informa as coordenadas georreferenciadas da propriedade rural.
Após o cruzamento de dados, o Greenpeace realizou a verificação de campo - o sobrevoo para checar se houve, de fato, o desmatamento. A ONG registrou centenas de árvores tombadas, que formam um efeito "paliteiro" de troncos caídos vistos do céu. De acordo com Márcio Astrini, da campanha "Amazônia" do Greenpeace, é um sinal de que a queimada será realizada ainda neste ano para plantio de pasto.
Embora negue os desmatamentos, a Agropecuária Santa Bárbara afirma que "não tem conseguido evitar que invasores pratiquem barbáries, matem gado, destruam instalações, provoquem incêndios e desmatem ilegalmente, criando fatos como o ora denunciado". A empresa diz, ainda, que a denúncia "parece ser mais um cruel desdobramento de campanha difamatória patrocinada por organismos internacionais contra a pecuária brasileira e particularmente os produtores do Pará, com o objetivo de sujar a imagem de todo o agronegócio nacional". Com 118 mil hectares, a fazenda já foi embargada no passado pelo Ibama.
Para o Greenpeace, o evento mostra a vulnerabilidade do consumidor brasileiro em relação à carne que consome. Isso porque a Eldorado do Xingu vende também para médios e pequenos frigoríficos, que não pactuam do acordo para desmatamento zero na Amazônia firmado em 2009 entre MPF, Greenpeace e grandes frigoríficos. Se não houver pressão, a carne ilegal continuará a chegar ao varejo. "Estamos comendo essa fumaça", diz Astrini.
Fonte: Jornal Valor Econômico (06.09.2010)
O Greenpeace realizou na semana passada denúncia formal ao Ministério Público Federal (MPF) do Pará sobre um novo foco de desmatamento na Fazenda Eldorado do Xingu, pertencente à Agropecuária Santa Bárbara, ligada ao grupo Opportunity, do empresário Daniel Dantas. A organização ambientalista cruzou informações de satélite do governo com as imagens georeferenciadas da propriedade rural, que apontou o desmatamento de 450 hectares de floresta entre abril e junho deste ano.
Em nota, a empresa negou que tenha realizado desmatamentos ilegais na fazenda. Mas a JBS, maior companhia de carne bovina do mundo, informou que suspendeu as compras de boi da propriedade depois da divulgação das imagens pelo governo. "Essa fazenda está suspensa para nós", afirmou ao Valor Angela Garcia, porta-voz da empresa.
O frigorífico diz ter comprado gado bovino da propriedade pela última vez em 26 de junho, quatro dias antes da divulgação das imagens oficiais. A companhia não informou o volume de carne oriunda da Eldorado do Xingu.
O desmatamento entre os meses de abril e junho foi apontado pelo Deter, levantamento mensal do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) que serve para agilizar as ações de fiscalização das autoridades ambientais. Em São Félix do Xingu, onde está a propriedade denunciada, o sistema apontou aproximarmente 988 hectares de floresta nativa destruídos nesse mesmo período - a Fazenda Eldorado do Xingu, portanto, foi responsável por quase a metade da área.
A localização exata da propriedade e a sobreposição da sua imagem às do satélite do Deter só foram possíveis porque a Eldorado do Xingu possui o chamado Cadastro Ambiental Rural (CAR), uma exigência legal que funciona como o R.G. da propriedade. Entre outros dados, informa as coordenadas georreferenciadas da propriedade rural.
Após o cruzamento de dados, o Greenpeace realizou a verificação de campo - o sobrevoo para checar se houve, de fato, o desmatamento. A ONG registrou centenas de árvores tombadas, que formam um efeito "paliteiro" de troncos caídos vistos do céu. De acordo com Márcio Astrini, da campanha "Amazônia" do Greenpeace, é um sinal de que a queimada será realizada ainda neste ano para plantio de pasto.
Embora negue os desmatamentos, a Agropecuária Santa Bárbara afirma que "não tem conseguido evitar que invasores pratiquem barbáries, matem gado, destruam instalações, provoquem incêndios e desmatem ilegalmente, criando fatos como o ora denunciado". A empresa diz, ainda, que a denúncia "parece ser mais um cruel desdobramento de campanha difamatória patrocinada por organismos internacionais contra a pecuária brasileira e particularmente os produtores do Pará, com o objetivo de sujar a imagem de todo o agronegócio nacional". Com 118 mil hectares, a fazenda já foi embargada no passado pelo Ibama.
Para o Greenpeace, o evento mostra a vulnerabilidade do consumidor brasileiro em relação à carne que consome. Isso porque a Eldorado do Xingu vende também para médios e pequenos frigoríficos, que não pactuam do acordo para desmatamento zero na Amazônia firmado em 2009 entre MPF, Greenpeace e grandes frigoríficos. Se não houver pressão, a carne ilegal continuará a chegar ao varejo. "Estamos comendo essa fumaça", diz Astrini.
Fonte: Jornal Valor Econômico (06.09.2010)
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