quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Copenhague - COP-15 mostra que não há como preservar o meio ambiente no capitalismo


Delegações presentes na Conferência Climática de Copenhague não apresentam planos contra aquecimento global
A 15ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-15) acontece em Copenhague até o dia 18 de dezembro. Delegações de 192 países estão reunidas para discutir sobre aquecimento global e deliberar de forma consensual um documento que garanta o comprometimento dos países envolvidos em reduzir a emissão de gases nocivos ao Planeta.
Na prática deveria ser um encontro para definir a melhoria das condições climáticas do planeta, porém, o que predomina, são os interesses imperialistas das grandes potências.
Os maiores poluidores, entre eles o Estados Unidos, rejeitam ampliar o corte de emissões proposto no encontro. A administração de Barack Obama diz que se compromete a cortar emissões de carbono em 17% até 2020, o que representa apenas 3% em relação a 1990. Junto com a China, os EUA são responsáveis por 40% das emissões de carbono mundial. Estes são os países que se abstém em aprovar um pacote climático, previsto para 2010.
A África, o continente mais afetado pelo aquecimento global, apesar de contribuir com menos de 4% às emissões de gases de efeito estufa de todo o planeta, se retirou em certo momento das negociações. Seus governantes tinham como objetivo pressionar por um acordo ambicioso com validade legal que realmente implemente iniciativas contra o aquecimento.
O Protocolo de Kioto, que já era ineficiente, corre o risco de deixar de existir, e ser substituído por um acordo pior. O encontro climático dá sinais claros de ser um fiasco, como já estava previsto.
Discurso e práticas diferentes - O presidente Lula embarcou na terça-feira (15) para Copenhague com o discurso populista de reduzir as emissões de gases de efeito estufa entre 36,1% e 39,8% até 2020. Mas, apesar, do discurso, no Brasil a realidade é outra. A Amazônia encontra-se cada vez mais devastada, os medidores de qualidade do ar das grandes metrópoles, como São Paulo, mostram uma realidade estampada: qualidade do ar ruim e um Brasil que deixa muito a desejar neste sentido.
Na semana passada, por exemplo, o governo federal prorrogou a entrada em vigor do decreto 6514, que regulamentava, após 44 anos, as punições previstas para crimes ambientais pelo Código Florestal Brasileiro. Como se não bastasse o adiamento, o presidente ainda concedeu uma anistia para todos os fazendeiros que desmataram ilegalmente até hoje. Para ser anistiado, basta o fazendeiro dizer onde deveria estar sua reserva legal, reconhecer que desmatou além da conta e prometer que vai recuperá-la num prazo de 30 anos. Assim, desaparecem as multas relacionadas a crimes ambientais. Calcula-se que a anistia significará a renuncia de R$ 10 bilhões que deixarão de ir para os cofres públicos.“Quem desmatou leva o perdão à vista, enquanto pode pagar o que deve ao país a prazo”, afirma um comunicado do Greenpeace sobre a medida.
Nessa semana o deputado Marcos Montes (DEM-MG), membro da bancada da motosserra na Câmara, tentará colocar em votação na Comissão de Meio Ambiente o projeto de lei 6424, chamado de Floresta Zero. O projeto, que conta com o apoio nada velado do Ministério da Agricultura, flexibiliza o código florestal e contribui para aumentar o desmatamento no país.
Repressão às manifestações - Diante disso, cerca de 100 mil manifestantes de todo mundo foram às ruas de Copenhague protestar contra a intransigência dos países ricos e contra este encontro que mostra a cada dia ser uma grande farsa. Mais de 500 organizações, de 67 países, têm participado dos protestos e cobrado resultados. Mais de 900 pessoas já foram presas.
Um esboço de um acordo internacional apresentado na terça-feira (15), em Copenhague não contém nenhuma menção a metas de cortes de emissões de gás carbônico, o que indica que as mudanças não aconteceram ou tendem a ser piores do que as anteriores. Isto já era de se esperar, uma vez que não faz parte dos planos do capitalismo evitar um colapso ambiental se isto implicar na revisão de seu sistema de produção e lucros.
O máximo que a conferência poderá produzir é um acordo de intenções e oportunidades de negócios através da criação de um novo derivativo, baseado na compra e venda do direito de poluir. Os chamados créditos de carbono movimentam hoje 120 bilhões de dólares e estão se tornando uma oportunidade para especuladores ganharem muito dinheiro enquanto o planeta agoniza.
Redação Conlutas - Com informações de G1, UOL e PSTU
Fonte: http://www.conlutas.org.br/exibedocs.asp?tipodoc= noticia&id= 4431

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