O comentárip é de Philip Inman, jornalista econômico, em artigo publicado no jornal The Guardian, e reproduzido pelo jornal O Estado de S. Paulo, 12-10-2010.
Os vencedores do Prêmio Nobel de Economia deste ano estudaram os motivos pelos quais os mercados não funcionam com a devida eficiência. Além disso, analisaram como é possível superar ou até eliminar as barreiras que impedem que o bom funcionamento aconteça.
O professor do MIT, Peter Diamond, os docentes Dale Mortenson da Northwestern University, e Christopher Pissarides, da London School of Economics, receberam o prêmio de 1 milhão de libras esterlinas (US$ 1,588 milhão) pelo estudo sobre um modelo de análise do mercado de trabalho que permite explicar as razões pelas quais os desempregados não conseguem encontrar trabalho quando existe oferta de empregos.
Mas a conclusão é a de que o capital precisa trabalhar muito mais e os trabalhadores devem se enquadrar melhor aos seus caprichos, que costumam mudar continuamente.
Pissarides procurou mostrar à União Europeia como liberalizar os mercados de trabalho com uma série de medidas como cortes de benefícios, incentivos fiscais e regulações restritivas.
Segundo seu superior na London School of Economics, John Van Reenen, "ele demonstrou que as regulações do mercado de trabalho, as barreiras ao ingresso no mercado de novas empresas de serviços, as políticas fiscais e previdenciárias afetam as disparidades do emprego em todo o mundo".
Pissarides defendeu a introdução de normas mais flexíveis no mercado de trabalho na Agenda de Lisboa sobre a criação de empregos e ganhou.
Van Reenen afirmou que essas normas se baseiam nos "princípios econômicos corretos, mas que as maiores barreiras à sua implementação decorrem da ausência de vontade política".
Esses "princípios econômicos corretos" foram abandonados porque afetam os eleitores comuns.
É importante examinar detalhadamente o funcionamento dos mercados. Existe, no entanto, um jogo político que mina as proteções do mercado de trabalho estabelecidas pelas normas em vigor na Europa continental. A intenção é obrigar os trabalhadores a aceitarem atividades mal pagas quando perdem seus empregos.
O corte de benefícios, como o subsídio à habitação, está no topo da lista de medidas do governo de coalizão da Grã-Bretanha e deverá tornar ainda maior a discrepância entre a renda dos desempregados e a dos empregados.
Esse corte de subsídio da habitação enquadra-se na teoria de Pissarides. Mas toda vez que é implementado sem atacar, ao mesmo tempo, os preços dos imóveis e os aluguéis acaba sendo uma receita para tornar muitas pessoas miseráveis.
Embora possa fazer com que um modelo de mercado de trabalho funcione como um instrumento de precisão, todos sabem que o corte do subsídio à habitação nos leva de volta à uma espécie de gueto americano, em que as pessoas pobres eram escorraçadas das áreas de alta renda mais até do que acontece agora.
Trata-se de um caso clássico em que todos concordarmos que as pessoas precisam de emprego e que os subsídios à habitação são excessivamente elevados.
Mas, se seguirmos o caminho recomendado por um inteligente economista, que afirma que a redução dos benefícios poderá permitir que tenhamos mais empregos, acabaremos criando um novo problema.
Fonte: http://www.ihu.unisinos.br/index.php?option=com_noticias&Itemid=18&task=detalhe&id=37210
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