sexta-feira, 22 de junho de 2012

Derrotar o golpe de estado made in CIA e construir uma alternativa revolucionária operária e camponesa ao governo Lugo

Derrotar o golpe de estado made in CIA e construir uma alternativa revolucionária  operária e camponesa ao governo Lugo

Exatamente três anos após orquestrar um exitoso golpe de Estado em Honduras, a administração Obama está por trás de um novo processo golpista, o atual impeachment relâmpago de Fernando Lugo, executado por uma frente ampla de partidos oposicionistas com participação ativa do Partido Colorado e encabeçada pelo vice presidente do Partido Liberal. Assim como em Honduras, a Casa Branca tratou de reconhecer a legitimidade do golpe ao passo que trata de maquiar sua posição, reivindicando cretinamente a volta à estabilidade política do país e o respeito ao devido processo judicial a que tem direito o presidente.
Apesar de pequeno, o Paraguai é o campeão da concentração de propriedade privada do planeta. 2% dos proprietários dominam cerca de 80% do espaço rural destinado à produção agropecuária. Com o fim dos anos 1980 entra em crise o modelo econômico vigente durante a ditadura Stroessner e por fim a própria ditadura, que se apoiava na condição de ter convertido o país em um entreposto de contrabando de mercadorias manufaturadas de segunda linha da grande indústria mundial, para desenvolver a agricultura de monocultura extensiva de commodities (soja) e a pecuária. Boa parte desta “nova economia” é de propriedade dos brasiguaios. Os barões da soja brasileiros posseiros no país vizinho não passam de comissionistas do grande capital fiananceiro internacional. Os sojeiros ocupam um quarto de todas as terras agrícolas no Paraguai e, desde 1995, têm crescido a uma taxa de 320 mil hectares por ano. Os brasiguaios, sojeiros, pecuaristas e o capital bancário que lhes financia, atuam como atravessadores, comissionistas associados a grandes corporações imperialistas como a Cargill, Bunge, Calyx Agro e o Banco estadunidense JP Morgan. O governo Lugo representa esta correlação de forças que torna o grande capital latifundiário do Brasil um sócio de grande relevância na drenagem dos recursos naturais paraguaios para o imperialismo.
Todavia, a crise mundial capitalista acentua as disputas inter-burguesas e a concentração de capitais. O que está em jogo com a destituição de Lugo, e que tanto apavora neste momento o governo brasileiro que lidera uma missão na UNASUL ao país vizinho para salvar seu pupilo, é a eliminação dos capitalistas intermediários brasiguaios. O imperialismo estadunidense então age no sentido de buscar eliminar os intermediários brasileiros do processo de sangria dos recursos naturais paraguaios.
O momento esperado pelo imperialismo e pela oposição burguesa para desferir o ataque foi o desgaste extremo do governo de frente popular com suas bases sociais após Lugo cair em uma provocação armada pelo latifúndio, desferindo a serviço deste último uma violenta repressão aos sem terras paraguaios na fazenda do milionário Blas Riquelme, ex-senador do Partido Colorado, onde foram mortos quase duas dezenas de carpeiros (sem terras paraguaios).
No atual conflito palaciano entre dois bandos burgueses os revolucionários não podem ficar neutros porque sabem que o que a população paraguaia vem chamando de "golpe parlamentario" pavimenta o aumento do parasitismo imperialista sobre o país.
Os revolucionários também não defendem o governo burguês de Lugo assentado sob os interesses do latifúndio paraguaio e brasiguaio. Convocamos a população trabalhadora do campo e da cidade a combater o golpismo imperialista sem nutrir nenhuma confiança pelo atual governante frente populista que ordenou o assassinato de quase duas dezenas dos nossos irmãos carpeiros. É preciso aproveitar-se da crise inter-burguesa para organizar a ação direta das massas a fim de derrotar o golpismo da CIA e da oposição burguesa de direita! 
Construir comitês armados de autodefesa das massas para avançar na luta pela reforma agrária (inclusive contra o latifúndio brasiguaio) e por um autêntico governo operário e camponês!

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