Vencem neste ano as onze maiores dívidas públicas (US$ 8 trilhões) e enormes volumes de títulos das multinacionais; compra e venda é feita com recursos públicos. Juros e déficits em aumento. BRICs tentam atrair capitais especulativos
Os vencimentos das dívidas públicas dos países do chamado G7 (as sete principais potências imperialistas: França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá) e do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) ultrapassarão os US$ 7,6 trilhões em 2012. Considerando os juros do ano, o valor ultrapassa os US$ 8 trilhões.
Os vencimentos das dívidas públicas dos países do chamado G7 (as sete principais potências imperialistas: França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido, Estados Unidos e Canadá) e do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) ultrapassarão os US$ 7,6 trilhões em 2012. Considerando os juros do ano, o valor ultrapassa os US$ 8 trilhões.
O governo do Japão enfrentará vencimentos por US$ 3 trilhões e juros por US$ 117 bilhões. O Japão teve um balanço de contas correntes positivo em 2011, mas deverá piorar em 2012 devido à queda das exportações provocada pelo aprofundamento da recessão a nível mundial. Os títulos públicos japoneses pagaram, em 2011, juros menores que 1%, apesar da sua dívida pública representar 200% do PIB.
O governo dos EUA terá vencimentos de US$ 2,8 trilhões e juros por US$ 212 bilhões. O déficit público, assim como na maioria dos países, continua aumentando e ultrapassará os US$ 1,5 trilhões em 2012.
Somente para manter o pagamento dos serviços da dívida pública, os países da Zona do Euro emitirão € 794 bilhões em 2012. O governo da Itália deverá emitir € 220 bilhões com esta finalidade, de um total de US$ 428 bilhões que deverá refinanciar, além de US$ 72 bilhões para o pagamento de juros. O governo italiano conseguiu vender somente € 7 bilhões dos € 8,5 bilhões títulos públicos que eram a meta em 28 de dezembro.
O governo da França enfrentará vencimentos por US$ 367 bilhões e juros por US$ 54 bilhões. O governo da Alemanha por US$ 285 bilhões e US$ 45 bilhões respectivamente. O Canadá por US$ 221 bilhões e US$ 14 bilhões; o Brasil por US$ 169 bilhões e US$ 37 bilhões; a Grã Bretanha por US$ 165 bilhões e US$ 67 bilhões; a China por US$ 121 bilhões e US$ 41 bilhões; a Índia por US$ 57 bilhões e US$ 39 bilhões; e a Rússia por US$ 13 bilhões e US$ 9 bilhões.
A Grécia deverá rolar 27% do seu PIB em 2012. A Itália 24%; a França 15%; a Espanha 15% e a Alemanha 9%. Os EUA 20%. O Japão 40%. O Brasil 15%. Mas, além da rolagem propriamente dita, os déficits estatais estão em contínuo aumento, são emitidos grandes volumes de títulos com vencimentos no próprio ano, há enormes volumes de recursos que são repassados através de mecanismos legais e ilegais para os especuladores, resgates das multinacionais parasitárias em bancarrota etc. Contemplando esses vários aspectos, a realidade é que praticamente todos os recursos da sociedade estão direcionados para a especulação financeira.
Dívida da Grã Bretanha: um exemplo do profundo fracasso histórico do capitalismo
A dívida total da Grã Bretanha, contemplando a dívida pública, municipal, dos consumidores e das empresas alcança 466% do PIB. O crescimento da sua economia, assim como acontece com os países europeus, Japão e EUA, é anêmico e, em 2012, entrará em recessão. As medidas adotadas para suportar o chamado “crescimento econômico”, que, de fato, referencia mecanismos, cada vez mais distantes do crescimento produtivo, para suportar a manutenção dos repasses de recursos públicos para os especuladores financeiros, está baseado no fomento artificial do crédito tomando como base a impressão de papel moeda para injetar recursos públicos nos bancos imperialistas.
O crédito tem sido usado de maneira obscena desde o fortalecimento das políticas neoliberais, a partir da década dos 80, e está na base da disparada especulativa dos preços dos ativos financeiros. Os enormes volumes de papel moeda injetados tiveram resultados nulos em relação a crescimento econômico.
Os juros dos títulos públicos (e privados) continuarão aumentando em 2012 para sustentar a ciranda financeira
Os bancos centrais têm mantido as taxas de juros muito baixas e comprado títulos públicos dos tesouros através da impressão de papel moeda (política conhecida como quantitative easing) com o objetivo de manter o controle das despesas de custeio do estado, os repasses para os especuladores financeiros e os ataques contra o nível de vida das massas trabalhadoras através da perda do seu poder de compra. O presidente da FED (Reserva Federal – banco central) dos EUA, Ben Bernacke, declarou que tem como objetivo a manutenção de taxas de juros entre 0% e 0,25% para os empréstimos interbancários overnight (de um dia para o outro).
As taxas de juros médias pagas em 2011 nos EUA foram de 2,18%, no Japão menos de 1%, e na Alemanha 1,9%. A previsão para 2012 é que aumentem, pelo menos, para 2,6%, 1,35% e 2,5% respectivamente.
As taxas de juros dos títulos públicos a 10 anos continuarão aumentando devido ao acirramento da especulação financeira, que inclui a degradação das notas da maior parte dos países europeus já colocadas em perspectiva negativa pelas agências qualificadoras de risco, e a escassez de crédito. O aumento deverá ser de, pelo menos, 39% de acordo com análise da Bloomberg.
Os juros dos títulos italianos a 10 anos ultrapassaram os 7% no último trimestre de 2011 e chegaram a 6,98% no final de dezembro. Este foi o nível que levou à bancarrota os governo de Grécia, Portugal e Irlanda.
Apesar da inundação dos bancos europeus com € 500 bilhões, no último trimestre de 2011, com recursos provenientes do BCE (Banco Central Europeu), os resultados continuam sendo pífios, apesar de terem atingido o seu objetivo principal que é manter os lucros dos especuladores financeiros a curto prazo a qualquer custo.
A compra e venda de títulos dos governos é feita com recursos públicos
As multinacionais imperialistas, principalmente as que atuam no setor financeiro, somente sobrevivem como parasitas dos recursos do estado. Sem isto, elas quebrariam imediatamente, o que revela a semente do socialismo crescendo dentro da própria sociedade capitalista em estado de putrefacção.
O governo dos EUA, através da chamada Operação Twist está vendendo US$ 400 bilhões de títulos a curto prazo e reinvestindo em títulos a longo prazo. Somente neste mês, comprará em torno de US$ 45 bilhões, do sistema financeiro imperialista parasitário, e venderá aproximadamente US$ 44 bilhões: operação simples, mas que garante altas taxas de lucro para os especuladores.
O governo dos EUA emitiu títulos públicos por US$ 2,135 trilhões em 2011. Para cada dólar emitido através desses títulos, injetou US$ 3,04 dólares na economia através de repasses ao sistema financeiro norte-americano.
Os bancos centrais mundiais diminuíram os seus estoques de títulos públicos do Tesouro dos EUA em mais de US$ 70 bilhões. O governo japonês interveio em sentido contrário, comprando US$ 100 bilhões.
Em contrapartida, com o objetivo de reduzir a exposição ao risco, os 10 maiores fundos de investimentos norte-americanos têm diminuído os empréstimos aos bancos europeus desde o terceiro trimestre de 2011; somente no mês de outubro, a diminuição foi de 9%. A exposição aos bancos franceses diminuiu de 6,7% para 5,5%. Os empréstimos chamados “repos”, que envolvem seguros colaterais, aumentaram em 24%, mas com exigências de colateralização cada vez maiores. Tem aumentado a tendência à retirada dos depósitos das multinacionais dos bancos espanhóis, italianos, franceses e belgas.
O Banco do Japão comprou títulos públicos por US$ 260 bilhões em 2011 e tem mantido as taxas de juros abaixo de 0,5%. O Banco da Inglaterra comprou títulos públicos por US$ 431 bilhões em 2011 e continua mantendo a taxa de juros em 0,5%.
O BCE (Banco Central Europeu) reduziu as taxas de juros de 1,5% para 1% e, em cima dessa taxa, repassou € 489 bilhões em empréstimos a três anos para os bancos imperialistas no final de 2011. Uma nova rodada de repasses está prevista para o próximo dia 28 de fevereiro. Uma parte importante desses recursos será usada para a compra de títulos públicos, o que ajudará na tentativa de manter sob controle as taxas de juros nos primeiros meses deste ano.
O BCE tem comprado € 212 bilhões de títulos públicos da Grécia, Portugal e da Irlanda nos chamados mercados secundários desde maio de 2010 para conter a disparada dos juros. A partir de agosto, incluiu na operação os títulos da Espanha e da Grécia.
A expectativa dos especuladores financeiros é o aumento da monetização da dívida pelo BCE.
Acentua-se a maior destruição de riqueza da história da humanidade
Somente na zona do euro, US$ 6,3 trilhões foram varridos das bolsas de valores em 2011. Os mercados globais perderam 12,1% e caíram para US$ 45,7 trilhões. No mês de setembro, já tinha havido uma queda de US$ 56 bilhões quando as taxas de juros a 10 anos passaram para o menor valor desde 1945, 1,67%.
Nos EUA, o governo tem injetado nos bancos imperialistas mais de US$ 25 trilhões desde o colapso de 2007-2008. A sua produção real tem declinado em ritmos acelerados. A máquina de impressão de papel moeda sem lastro produtivo continua trabalhando a todo vapor, transformando-se no principal componente das exportações norte-americanas e inundando o mundo com dólares baseado no controle das transações de petróleo através dos chamados “petrodólares”.
Na Europa, os repasses feitos nos últimos três anos ultrapassam os € 10 trilhões.
Perante o aprofundamento da crise capitalista, os países do chamado BRIC tentam atrair capitais especulativos
O Brasil conseguiu atrair um saldo positivo de US$ 65 bilhões de capitais especulativos em 2011. US$ 55 bilhões foram usados para fechar o balanço de contas correntes do ano. No próximo período, devido à queda do superávit das exportações, que já começou no último trimestre, e ao aumento das importações, o País ficará ainda mais dependente dos capitais especulativos. As últimas medidas do Ministério da Fazenda reduzem os impostos para a entrada e a saída dos capitais especulativos.
A China continental está levantando as restrições dos mercados financeiros aos especuladores financeiros com o objetivo de balancear o forte endividamento dos bancos e o iminente estouro das bolhas imobiliárias e das obras de infraestrutura.
Na Índia, o governo levantará as restrições para os investimentos diretos nos mercados financeiros internos a partir do dia 15 de janeiro, anteriormente restritos aos fundos mutuais e outros fundos. As exportações indianas têm diminuído sensivelmente devido à queda da demanda mundial. O índice Sensex caiu 25% em 2011. A rúpia indiana caiu 17% contra o dólar o que contribuiu para diminuir os lucros dos especuladores imperialistas e a sua cotação continua descontrolada apesar das intervenções do governo. Em 2011, o fluxo de investimentos externos foi negativo em US$ 380 milhões contra um fluxo positivo de US$ 29 bilhões em 2010. No passado mês de dezembro, a Bolsa de Mumbai, que é a quarta maior da Ásia, perdeu US$ 1 trilhão o que representou o seu pior nível desde maio de 2010. Na declaração de Réveillon, o primeiro ministro Manmohan Singh disse que as altas de crescimento do País não poderão ser mantidas com investimentos públicos em obras de infraestrutura, como tem sido feito na China, pois o déficit público tem crescido após o colapso capitalista de 2007-2008 a níveis que ameaçam a estabilidade fiscal do governo. Neste ano, o déficit de contas correntes será entre 7% a 9% do PIB, acima de US$ 60 bilhões. O déficit público atingiu 2,9% do PIB em 2011, contra 1% (US$ 9,6 bilhões) em 2006. A inflação ultrapassa os 10%. As taxas de juros foram aumentadas 13 vezes desde o mês de março de 2009. O parlamento indiano está debatendo uma série de reformas para tentar conter a crise. As medidas deverão ser as mesmas que estão sendo implementadas a nível mundial sob o controle dos grandes especuladores financeiros: maior liberalização econômica para atrair os capitais especulativos, principalmente nos setores de varejo, a indústria de aviação e a comercialização das terras, o aumento dos impostos, os cortes dos gastos públicos principalmente nos programas sociais e investimentos produtivos. Há uma bolha enorme em andamento relacionada com os preços da terra; na província de Punjab aumentaram 200% no último ano.
O RBI (banco central da Índia), seguindo políticas muito similares ao QE ou Twister da FED dos EUA, sob o programa denominado LAF (liquidity adjustment facility) tem comprado títulos dos bancos por 2 bilhões de rúpias para possibilitar que eles comprem títulos públicos.
Devido ao aprofundamento da crise capitalista, todos os governos estão há procura de mecanismos para atrair capitais especulativos. Os custos de capital (taxas de juros e lucro) têm aumentado e continuarão aumentado ainda mais devido ao aumento da procura e da aversão ao risco.
Em 2012, vencerão enormes volumes de títulos das multinacionais
Um enorme volume de títulos emitidos pelas multinacionais imperialistas europeias vencerão em 2012 e deverão ser refinanciados, pois a maior parte dos CLOs (collateralised loan obligations), que são títulos financeiros que permitem a compra de empréstimos feitos a empresas financeiras para financiar aquisições, começaram a escassear. As regras dos CLOs não permitem ser usados para comercializar refinanciamentos de empréstimos já existentes ou reinvestir os ganhos recebidos nos empréstimos pré-existentes. Até 2014, mais de 98% dos CLOs na Europa entrarão em estado “estático” de acordo com a Standard & Poor’s. O impacto será a perda de uma fonte de crédito para refinanciar € 250 bilhões que foram outorgados como empréstimos alavancados (a empresas fortemente endividadas).
Na prática da especulação financeira, quando todos os contratos são liquidados e compensados enfrenta-se uma situação altamente deflacionária como o evidenciou o colapso capitalista de 2007-2008. Em 2008, um dos componentes da crise capitalista foi a crise do crédito que levou a que US$ 5 trilhões não tivessem sido compensados. Mas, quando esses contratos foram compensados ou anulados contra os títulos colaterais correspondentes, o valor líquido das obrigações (títulos) remanescentes caiu para US$ 200 bilhões. Essas gigantescas diferenças levaram o sistema financeiro imperialista mundial à bancarrota e estão na base dos gigantescos volumes de recursos repassados para os especuladores financeiros.
Nos últimos três anos, a especulação financeira não só não diminuiu, mas aumentou muito, pois cada vez fica mais difícil para as multinacionais imperialistas extraírem lucros das atividades produtivas devido às próprias leis do capitalismo. Os especuladores têm aumentado o arsenal de títulos e documentos financeiros; uma verdadeira “sopa de letrinhas” para camuflar a espoliação dos recursos da sociedade: CDO's; SPVs, incluindo os ABS, RMBS e CMBS; os CDS; os REPO's; RE-HYPOTETICATION; liquidity SWAPS etc.
A brutal sangria dos recursos da sociedade teve como resultado em 2011 uma enorme queda no valor acionário dos principais bancos imperialistas, o que se traduz no aumento dos custos de financiamento e a necessidade de maior socorro estatal. O Bank of America perdeu 60,38%; o Citibank 44,76%; o Goldman Sachs 46,41%; o JPMorgan 23,03%; o Morgan Stanley 45,24%; o RBS 50%; o Barclays 34,32%; o Lloyds 63,02%; o UBS 29,33%; o Deutsche Bank 28,55%; o Crédit Agricole 56,04%; o BNP Paribas 37,67% e o Société Générale 59,57%.
O capitalismo, na sua atual etapa altamente parasitária, levou à recessão econômica, acentuada pelos cortes aos investimentos produtivos e os programas sociais, e ao destino parasitário dos recursos públicos e privados que são usados na compra e recompra de papéis, que em essência são papéis podres, pois não agregam absolutamente nenhum valor à economia real e têm como única finalidade garantir altas (altíssimas) taxas de lucro a qualquer custo para o punhado de especuladores financeiros imperialistas que dominam o mundo.
Fonte: PCO
Muito bom seu blog. É sim hora de mudar o curso da nossa História. Quem sabe assim saímos da pré-história, e construímos algo de verdade, humano, bom, pacificador, útil a todos, uma vida digna de ser bem vivida. E não essa realidade que vem se repetindo há milenios de lamas de sangue , cheiro de destruição e garras de ganância.
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