Os protestos na embaixada de Israel no Cairo com ataques contra suas instalações que chegaram a derrubar a bandeira de Israel e obrigou o embaixador e sua equipe a fugir no meio da noite, demonstram para onde caminha a Primavera Árabe.
Alguns jornalistas e escritores acreditam e afirmam que processos revolucionários na Tunísia, Egito e Líbia, fortalecem o imperialismo e seus representantes na região: o Estado de Israel.
Ledo engano o processo revolucionário árabe caminha em sentido inverso: ameaça as ditaduras apoiadas pelo governo norte-americano, fortalece a causa palestina e questiona diretamente a existência do Estado de Israel.
Pilares do poder colonial, como o regime de Mubarak e Kadafi caíram, deixando um vazio político em seus paises. Israel e Netanyahu estão perdendo seus aliados na região.
O FIM DA PAZ DOS CEMITÉRIOS
Em 1979 foi assinado o Tratado de paz israelo-egípcio, após os Acordos de Camp David (1978), com eles o Egito se tornou o primeiro país árabe a reconhecer oficialmente o Estado de Israel. De um lado Anwar Sadat de outro Menahem Begin
A Península do Sinai que esteve entre os territórios ocupados desde a Guerra dos Seis Dias, em 1967, foi devolvida ao Egito em 1982. Com a condição de sua desmilitarização.
A Faixa de Gaza ocupada por Israel, foi desocupada em 2005, mas permaneceu bloqueada por mar, terra e ar.
Em janeiro deste ano o governo de Israel foi obrigado a aceitar a entrada de 800 soldados do Egito no Sinai.
Este foi um primeiro passo para em maio o governo provisório, frente a muitas manifestações de massas, determinar a abertura da passagem de Rafah, que liga a península do Sinai à Faixa de Gaza. Permitindo a entrada de ajuda humanitária e aliviando o bloqueio mantido por Israel. Rafah é o único ponto de passagem para a Faixa de Gaza não controlado por Israel.
Um gesto simbólico no mesmo mês em que os palestinos celebram a Nakba (Catástrofe), que lembra a expulsão e usurpação palestina com a criação em 1948 do Estado de Israel.
Apesar de Israel manter suas denuncias de contrabando de armas para o Hamas a partir desta fronteira.
Mubarak havia determinado, a mando de Israel, a restrição da entrada de pessoas e bens no território, em 2007, quando o Hamas tomou o controle da Faixa de Gaza.
O primeiro-ministro egípcio, Esam Sharaf, tenta afastar-se das políticas de Mubarak pró-Israel, para apaziguar as demandas populares, e afirma que o “tratado de Camp David pode a qualquer momento ser discutido ou modificado”.
No entanto, a fraca resposta por parte dele ao assassinato de soldados egípcios por Israel, desencadeou uma ação popular dramática.
Israel matou quatro agentes de segurança egípcios quando um avião israelense, alegando perseguir dois terroristas, disparou contra membros das forças egípcias. Israel alega que o grupo entrou no pais pela Faixa de Gaza, através do deserto do Sinai.
O governo do Egito tentou neutralizar a crise diplomática gerada, mas começaram os protestos. O ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, disse lamentar as mortes.
Mas logo um manifestante escalou vários andares da embaixada de Israel no Cairo, para tirar a bandeira de israelita e substituí-la pela do Egito. Ahmad al-Shahat, ficou conhecido no Twitter como "Flagman", enquanto os jornais passaram a considerá-lo um herói.
Centenas de manifestantes permaneceram na frente da embaixada, à beira do Rio Nilo, vigiados por soldados e policiais. Um protesto de qualquer tamanho, perto da embaixada de Israel, teria sido rapidamente sufocado nos tempos do ex-presidente Hosni Mubarak.
Então, depois de semanas de protestos, o povo egípcio invadiu a embaixada israelense em 9 de Setembro e expulsaram o embaixador e sua equipe de volta para Tel Aviv. Ao custo de três vidas e mais de mil feridos.
TURBULÊNCIA NA JORDÂNIA
Dias após o embaixador israelense no Egito ter deixado o país em virtude dos protestos, combates semelhantes surgiram em torno da Embaixada de Israel na Jordânia, forçando a saída dos diplomatas.
Foi convocada uma "marcha de um milhão" contra a embaixada israelense, em um dos dois únicos países árabes que têm acordos de paz com Israel.
Forças de segurança jordanianas montaram um cordão de isolamento ao redor do prédio, impedindo o acesso dos manifestantes.
A representação de Israel em Amã foi esvaziada de forma preventiva por temor de que a situação se tornasse insustentável, como ocorreu no Cairo.
Mais da metade dos seis milhões de habitantes da Jordânia são de descendência palestina.
ESTREMECIMENTOS COM A TURQUIA
A Turquia é um importante aliado israelense, mas as relações diplomáticas estão criando grandes inconvenientes para o governo após o episódio ocorrido com a Frota pela Liberdade de Gaza, atacada pela marinha israelense e seus comandos, que mataram oito cidadãos turcos e um cidadão dos EUA de origem turca, em águas internacionais do Mediterrâneo.
Por muito tempo o governo turco apoiou a indústria de guerra israelenses e a ocupação da Palestina. A Turquia é o segundo maior importador de armas de Israel, importou mais que o dobro da quantidade do que qualquer outro país em 2009, e realizou exercícios conjuntos de treinamento militar.
No entanto a negativa de Israel a se desculpar pelo ataque em 2010 cria atritos entre os governos e enfurece a população turca.
No inicio de setembro pelo menos três diplomatas israelenses foram expulsos da Embaixada de Israel em Ancara. Além disso Ankara suspendeu sua cooperação militar com Israel e anunciou um aumento da presença militar turca no leste do Mar Mediterrâneo.
Para se compatibilizar com a revolta da população turca o primeiro-ministro turco, Recip Tayyip Erdogan, em visita ao Egito disse que Israel se isolou e terá de "pagar o preço", chamando-o de "menino mimado" da região e de apoiar o "terrorismo de Estado".
Ao mesmo tempo, Erdogan está apresentando-se mais e mais como um defensor para os palestinos.
Logicamente os planos do político burguês Erdogan é tentar transformar a Turquia em uma potência regional semelhante ao status que detinha como Império Otomano e ganhar credibilidade na região para negociar em melhores condições com a União Européia.
De qualquer maneira isso não é bom para o governo de Israel.
PROTESTOS EM ISRAEL
Para complicar ainda mais a vida do governo de Israel mais de 70.000 pessoas participaram das manifestações, em mais de uma dezena de cidades por justiça social.
Reclamam que as aposentadorias estão baixas, os hospitais lotados e os aluguéis e alimentos, caros.
Sua lista de reivindicações inclui a redução no imposto do valor agregado, controle de aluguéis, creches gratuitas e aumento no salário mínimo e um fim da privatização.
Muitos que sobreviveram ao Holocausto nazista, hoje, vivem na pobreza. A pobreza afeta quase 20% de todas as famílias de Israel.
Os protestos unem uma nação dividida e aproximam judeus e árabes israelenses. Cerca de 87% dos israelenses apóiam os protestos.
Um importante núcleo de revoltados são cidadãos que fazem serviço militar obrigatório, pagam impostos e tentam pagar suas dívidas, ficando sem nada no final de cada mês.
Para tentar conter as mobilizações o primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, estabeleceu uma comissão de especialistas e adiou um aumento nos preços da gasolina. O orçamento da defesa provavelmente também será congelado.
Durante anos, a política israelense girou primariamente em torno do terrorismo e da proteção do país contra ataques externos e a política social foi marginalizada. Os gastos sociais estão caindo consistentemente, enquanto os gastos com defesa estão entre os mais altos do mundo.
Isto é Israel esta se transformando em um país de terceiro mundo.
Enquanto isso magnatas têm permissão para construir monopólios. Colonos ganham novas estradas e empréstimos a juros baixos, e os judeus ortodoxos ganham bolsas para poderem se dedicar mais ao estudo da Torá.
Mas ainda há limites no movimento, seus lideres se recusam a incluir o conflito palestino em suas reivindicações, dizem querer resolver primeiro os “problemas internos”.
No entanto em algumas cidades árabes e judeus se sentam juntos para preparar as mobilizações. Este novo espírito de comunidade está rompendo barreiras dentro da sociedade.
Por isso a dinâmica dos protestos pode destruir os pilares que sustentam a política de ocupação sionista. E com isso objetivamente ajudar também a causa palestina.
ISOLAMENTO POLITICO
Com a Revolução Árabe uma tempestade está em formação para Israel, como não se via em um período de décadas. Com certeza o sentimento do primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu e seu governo é que o país esta cercado por inimigos.
A diferença com o passado é que agora não são somente os governos dos países vizinhos, ao contrario, muitos deles ajudaram a sustentar Israel no ultimo período, o problema é que agora os povos árabes os vêem claramente como inimigos.
O jornal israelense “Haaretz”, insiste em que as negociações é a única maneira de aliviar as tensões políticas. Nos últimos meses, vários ex-chefes de inteligência manifestaram opiniões similares.
A pergunta que fica é “Os israelenses poderão ficar mais seguros em cercado por democracias árabes ??? Ou este processos revolucionários avançam a luta do povo palestino????”.
Os eventos do Oriente Médio são indicativos de mudanças nas relações de força na região.
PELO FIM DO ESTADO DE ISRAEL
São mais de 60 anos em que o Estado de Israel ocupa 55% do território da Palestina. Neste então a organização sionista mundial e as potências imperialistas (EUA e Inglaterra), com o aval da burocracia stalinista, utilizaram como desculpa o drama dos milhares de refugiados judeus europeus, brutalmente perseguidos pelo nazismo, para transferir uma parte deles até a Palestina, de modo totalmente artificial.
Financiados por vários milionários judeus europeus e norte-americanos, como os banqueiros Rothschild, o bilionário da Oracle Software, Lawrence Joseph Ellison, o dono de cassinos Sheldon Adelson e os colecionadores de arte Guggenheim.
Com isso foi criado um verdadeiro enclave imperialista. Um território usurpado da nação palestina em que se instalaram milhares de imigrantes provenientes da Europa Oriental, totalmente dependentes desse respaldo financeiro do imperialismo para sobreviver.
Os laços entre o Estado de Israel e o imperialismo dos Estados Unidos é profundo, Ben Gurion, um dos principais dirigentes sionistas e primeiro presidente de Israel, expressou esta associação entre o sionismo e o imperialismo norte-americano: “era evidente que a Grã Bretanha, inclusive vitoriosa, sairia muito debilitada do conflito. Por isso, não tinha dúvida de que o centro de gravidade de nossas forças deveria passar do Reino Unido à América do Norte, que estava em vias de assumir o primeiro lugar no mundo”.
Com a fundação de Israel este enclave, de cara já se apropriou de mais 20% do setor outorgado aos palestinos e expulsou seus habitantes. Com métodos terroristas contra a população civil. De inicio 800 mil palestinos (um terço da população da época) foram expulsos de sua terra iniciando o drama dos refugiados, atualmente são mais de 6 milhões nas nações árabes, que vivem em precários acampamentos.
O movimentos sindical e popular deve apoiar incondicionalmente a luta do povo palestino contra o Estado sionista.
[1] Américo Gomes do ILAESE
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