terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

MST ocupa fazenda de ex-algoz


Foto: Henry Milléo/ Gazeta do Povo
Um grupo de aproximadamente 200 pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)ocupou na madrugada deste sábado (6) uma fazenda na região do Botuquara, no município de Ponta Grossa. Seguranças armados teriam reagido à entrada dos sem-terra, inclusive com tiros, no entanto, a Polícia Militar em ponta Grossa, que já se deslocou para a fazenda, não confirma se houve enfrentamento.A área - que teria origem pública - é do tenente-coronel reformado da Polícia Militar do Paraná Valdir Copetti Neves.Durante muitos anos no governo Jaime Lerner, Neves foi comandante do Grupo Águia, tropa de elite da PM criada, a princípio, para combater quadrilhas especializadas em assaltos a ônibus de turismo. Mais tarde o grupo passou a realizar despejos violentos contra o MST. O tenente-coronel desenvolveu a estratégia de realizar os despejos na madrugada onde crianças eram separadas dos pais, realizava prisões arbitrárias e praticava torturas contra militantes do
A reportagem é de Maria Gizele da Silva, Rogério Galindo e Patrícia Fernanda e está publicada na Gazeta doPovo, 07-02-2010.
A ocupação aconteceu por volta de cinco horas da manhã, num terreno ao lado de outro acampamento do MST, o Emiliano Zapata. As primeiras informações dão conta de que a propriedade seria do tenente-coronel reformado da Polícia Militar ValdirCopetti Neves, que já tem condenação judicial por liderar milícias armadas no interior do Paraná. Até o momento, não há informações sobre feridos ou mortos.
Esta não é a primeira vez que sem-terra ocupam uma área pertencente a Copetti Neves. Em 2005, o MST já havia comandado uma ocupação a um sítio de 60 alqueires do tenente-coronel.
Copetti Neves foi condenado em dezembro passado pela Justiça Federal no estado a cumprir pena em regime fechado por 18 anos e 8 meses. A sentença foi da juíza Sílvia Regina Salau Brollo, da 1.ª Vara Federal em Ponta Grossa. Copetti foi acusado pelo Ministério Público de montar uma milícia armada para proteger fazendas em Ponta Grossa e por ser mentor de uma série de ações contra o acampamento de sem-terra no sítio São Francisco II, de sua propriedade. Todos os réus poderão recorrer em liberdade.Ao todo, 19 pessoas foram denunciadas, sendo 10 condenadas. “Ele (o tenente-coronel reformado Copetti Neves) teria contratado uma espécie de milícia para agir contra o MST, inclusive com três PMs aposentados, para fazer ‘ronda’ na região. A justificativa seria prevenir roubos”, relatou na época o procurador da República Oswaldo Sowek Júnior.
Conforme denúncia do procurador Alessandro José Fernandes de Oliveira, o grupo para-militar foi formado em outubro de 2004, quando houve a extinção do programa de patrulhas rurais no estado. O serviço contemplava patrulhamento armado e era remunerado, realizado com armamento sem registro e de origem estrangeira, conforme o MP.
Segundo a sentença da juíza, ficou provado que membros do grupo praticaram os crimes de tráfico internacional de armas, exercício arbitrário das próprias razões, constrangimento ilegal e formação de quadrilha.

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