La Jornada - [Tradução do Diário Liberdade] Desde o fim de semana passado, em Valência, a Polícia Nacional do Estado espanhol está reprimindo com violência inusitada os estudantes que protestam contra os cortes aos orçamentos educativos empreendidos pelo governo direitista que encabeça Mariano Rajoi, quem tenciona dessa maneira satisfazer as exigências da União Europeia e dos organismos financeiros internacionais antes que cobrir as necessidades sociais e garantir direitos fundamentais. Em suas tentativas por desalojar os revoltados "pais de família, professores, alunos e parlamentares" das ruas e de vários centros de ensino, as forças da ordem lesionaron a dezenas de pessoas, prenderam sem justificativa estudantes menores de idade, bateram em jornalistas e desataram perseguições judiciais com base em cargos que, segundo demonstraram em vários casos gravações de video, são inventados. O que mostram os videos, em troca, é que com frequência os elementos da força de choque espancaram pessoas que não cometeram mais falta que se encontrarem nos lugares em que se desenvolveram as cargas policiais. Uma expressão que ilustra a atitude encarniçada da polícia contra os manifestantes é a que utilizou o chefe policial Antonio Moreno, quem se referiu aos manifestantes como "o inimigo". Para maior exasperação cidadã, esse servidor público descreveu a atuação da polícia como uma resposta comedida e mesurada a supostos ataques físicos dos mobilizados em defesa da educação. Com certeza, a brutalidade policial, que várias vozes na mídia espanhola comparam com as cargas dos "grises" ("cinzentos"), como se era conhecida popularmente a força de choque da ditadura franquista, em referência à cor das suas fardas, tem aumentado exponencialmente o descontentamento inicial, e agora os manifestantes não só exigem que se deponha a determinação de cortar o orçamento educativo, como também demandam, ademais, a demissão da delegada do governo espanhol na Comunidade Valenciana, Paula Sánchez de León. É preciso não perder de vista que a brutalidade policial desatada pelo regime de Rajoi é só o mais recente episódio de uma saga de violência não necessariamente física do governo contra a população. Efetivamente, a classe política de Madri decidiu transladar os custos da crise na que se encontra sumido o país e a população em geral, a qual deve enfrentar o aumento do desemprego, a redução de seu nível de vida e a perda ou a redução de serviços educativos, de saúde, morada e outros. Se o governo do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) claudicou da sua plataforma política, que prometia a promoção e a defesa do estado de bem-estar, sua sucessão na Moncloa, a cargo do Partido Popular de Rajoi e de José María Aznar, faz frente ao mal-estar popular decorrente mediante a força bruta policial e deixa entrever, desde o início, as tendências autoritárias que justificam que se descreva essa organização política como pós-franquista, não só porque foi fundada principalmente por ex servidores públicos da ditadura, como o recentemente falecido Manuel Fraga, mas também por uma herança ideológica inocultável. Em definitivo, o Reino de Espanha foi colocado por seus governantes anteriores e atuais ante a possibilidade de uma escalada de explosões sociais, vagas repressivas e desesperança como a que tem lugar na Grécia. Se o cenário helénico chega a repetir-se em terras do Estado espanhol, Rajoi e sua equipe não poderão argumentar que ignoravam a perspetiva. Fonte: http://www.diarioliberdade.org |
terça-feira, 21 de fevereiro de 2012
Reino de Espanha, da brutalidade econômica à brutalidade repressiva
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